sexta-feira, 12 de março de 2010

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A sorte num instante destempera
E nada restará do nosso sonho,
Diverso deste encanto que proponho
Já nem sequer um brilho nos tempera.

Morrendo pouco a pouco, esta ilusão
Deixando como herança o sofrimento,
Por vezes com ternura ainda tento
Vencer as tempestades de verão

E o gesto sendo inútil não repito,
Cansada de lutar contra a maré,
Ainda que restasse alguma fé,
Já não suporto mais tanto conflito

E assim ao me perder na madrugada
A porta que se abrira está fechada.





A porta que se abrira está fechada
E nada representa a realidade,
O medo do futuro quando invade
Trazendo a minha noite tão nublada

Expressa a solidão da qual eu bebo
Esta aguardente amarga que me deste
O solo se tornando mais agreste
Diverso do prazer que inda concebo.

Esqueço dos meus dias mais felizes
E sigo esta brumosa noite insana,
A sorte muitas vezes nos engana
Deixando tão somente cicatrizes,

Se eu tenho algum prazer só fantasia
E o gozo de quem tanto quis um dia.




E o gozo de quem tanto quis um dia
Jamais se mostrará ora presente,
Por mais que novo tempo se apresente
Não posso conceber mais alegria.

O corte aprofundado dentro da alma,
Imensas as escaras que carrego,
O passo cada vez audaz e cego,
Gerando em desamor terrível trauma,

Mesquinhos os caminhos de um amor
Que tanto desejei e nunca tive,
Vontade simplesmente sobrevive
E nela posso mesmo até propor

Um tempo feito em paz, suave abrigo;
Caminho pelo qual já não consigo...

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