sábado, 13 de março de 2010

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972

Austeridade é tudo o que pretendo
E não mais saberia prosseguir
Sabendo do vazio no porvir
Depois dum caminhar tão estupendo.

Bebendo a solidão não posso mais
Tentar a solução em novas sendas,
E quando as minhas ânsias tu desvendas
Prepara esta armadilha em vendavais.

Mordaça em minha boca, não comporta
A sina de uma tola caminheira,
Que mesmo entre estas pedras já se esgueira
Tentando adivinhar se existe porta.

A furiosa dor explode num senão
E teima sem destino na amplidão.


973



E teima sem destino na amplidão
Quem tanto se pensara mais feliz
A vida se deveras me desdiz
Traçando novo rumo ou direção

Não pode nem sequer trazer com ela
O sonho mais audaz, pois sinto morto
E quando procurara um simples porto
Imensa solidão já se revela.

Vagando como fosse algum cometa,
Depois de tantos anos sem ninguém
Apenas o vazio me contém
E nele uma alma amarga se arremeta

Melhor do que viver a fria cena
Aonde a turbulência se fez plena.



974


Aonde a turbulência se fez plena
Jamais encontrarei a calmaria
O mundo a cada sonho não veria
Sequer uma emoção que me serena

Nefasta tal imagem que conduzo
E nela me espelhando nada vejo,
O quanto se pensara em vil desejo
Configurando agora tanto abuso.

Usar com maestria uma palavra
E dela perceber a qualidade
Enquanto o nada ser ainda invade
Destroça-se em verdade minha lavra

Quem tenta e da ilusão já não deserta
Não poderia ser assim liberta.


975


Não poderia ser assim liberta
Uma alma sonhadora que se deu
Durante a tempestade em pleno breu
Vagando pelo mundo quase incerta.

Servil e sofredora não consegue
Vencer os seus anseios, sofre tanto
E quando se percebe em desencanto
Por mais que uma esperança inda navegue

Alvissareiras luzes, dores tantas,
Mergulhos num vazio dentro em mim,
Pudesse crer na força de um jardim,
Mas como se não restam flores, plantas...

E sigo sem defesa ou direção
Exposta aos temporais, ledo verão.


976


Exposta aos temporais, ledo verão
Não sei se poderia crer na luz,
Que tanto me maltrata e me seduz
Trazendo em si deveras negação.

Poeira se transborda a cada passo,
E não consigo mais outra esperança,
A sorte se transforma enquanto lança
Vazia sensação e me desfaço.

Vencer estas tormentas e seguir
Devendo ter no olhar bem mais sombrio,
Veneno que ora sorvo inda porfio
Traçando tão medonho o meu porvir

E quando a tempestade se faz plena
Nem mesmo a fantasia me serena.

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