quinta-feira, 18 de março de 2010

27122/23/24

27122



“Não desperta alta noite em sobressalto”
Quem sabe sossegada a sua vida,
Mas quando se prepara a despedida,
O mundo se expressando ora em ressalto.

Escuto ao longe a voz de quem desejo
E sei quanto difícil tal distância
Sem nada que talvez ainda alcance-a
Dos sonhos meramente algum lampejo.

Pudesse ser feliz, ah Quem me dera!
Viver cada momento sem limites,
Mas sei que neste amor não acredites,
Não pode florescer sem primavera...

E quando te percebo junto a mim,
A história se aproxima do seu fim...


27123


“A queixa amarga e o clamoroso brado”
Somente o que inda trago vivo em mim,
Lembrando do passado de onde vim,
O tempo tantas vezes destroçado.

Pudesse acreditar num amanhã,
Mas como se não tenho mais nos olhos
Senão imensidão feita em abrolhos,
Colheita em meu canteiro fora vã.

Anseio novos dias, mas bem sei
Que o vento benfazejo não retorna,
Não quero brisa frágil, nem a morna
Manhã que ora tão longe eu encontrei.

Fulgores não percebo, mas prossigo,
Na busca de talvez um raro abrigo...

27124


“Nem das vítimas ouve da injustiça”
A voz incessante e traiçoeira,
Aonde amor podia ser bandeira
Apenas dá vazão à vã cobiça.

Quisera ter nas mãos a solução
Que tanto procurara e não sabia,
Enquanto a vida passa amara e fria,
Jamais se percebendo algum verão.

Esqueço dos meus erros quanto tenho
Nos braços este amor que me redime,
A solidão parace um triste crime,
E nela se perdendo todo o empenho.

Acato os dissabores, mas além
Vislumbro um sol imenso que já vem...

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