quinta-feira, 18 de março de 2010

27129/129/130

27128


“Oh! Ditoso mil vezes o operário”
Que tantas vezes luta e pouco tem,
Assim também seguindo sem ninguém,
Destino em minhas mãos, vão, procelário.

Angustiadamente vejo o dia
Ressurgindo das sombras do passado
E quando me percebo abandonado
Somente uma ilusão atroz me guia

Levando para os vales mais profundos,
E neles não encontro algum tesouro,
O barco sem saber ancoradouro,
Vagando sem destino, ganha os mundos

E perde a direção, naufrágio é certo,
Assim como o meu peito vai deserto...


27129


“Prendem-o cego aos cálculos dos maus”
Impedindo esta luz que ainda guie
E sem ter nada mais que fantasie
Distantes de algum cais, prosseguem naus.

Espero pela chance de poder
Viver a paz que tanto desejara,
A noite não se fez jamais tão clara,
Somente se percebe escurecer.

Esgarçam-se esperanças, nada levo,
Sementes espalhadas, solo agreste,
E quando tanto amor tu não me deste,
Num deserto terrível cismo e cevo.

Perdendo desde sempre esta alegria,
O que resta no peito: uma agonia...


27130


“Ame embora a verdade, ocultos laços”
Jamais desenovelam o futuro,
E quando alguma luz em vão procuro,
Os dias se demonstram bem mais lassos.

Perenes ilusões inda carrego
E delas faço o mote preferido,
Por mais que nada trague, duro olvido,
Persisto caminhante mesmo cego.

Andanças por estrelas e cometas,
Espaços siderais, noites de frio.
E tudo quanto mais eu desafio,
Distante dos meus braços te arremetas.

Fugidias manhãs, sóis inconstantes,
Não tenho qualquer luz nem por instantes...

Nenhum comentário: