quinta-feira, 18 de março de 2010

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27151


“Feriu-me a bala no bater das asas”,
O encanto que se fez tempestuoso
Aonde imaginara sorte e gozo,
Apenas ardentias, toscas brasas.

E o fogaréu tomando este cenário,
Jamais imaginei tão triste fim,
O amor que ainda trago dentro em mim
Tomado pelo medo, vil corsário...

E quando procurava um manso ninho,
Vagando pelo espaço, sem destino,
Vontade na verdade não domino,
Mas sei que permaneço, então sozinho.

Existe ao menos traços de um futuro
Se o céu se torna sempre tão escuro?


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“Pombo selvagem, quis voar contente”,
Mas não sabia então das armadilhas
E enquanto mais tranqüila sei que trilhas,
O olhar de quem te adora, vai demente.

Escusas caminhadas pela vida,
As horas em que ausente ainda sonhas,
Deveras são terríveis e tristonhas
Minha alma pelas trevas envolvida.

O beijo que sonhara e nunca dado,
O riso prazeroso é de ironia,
E quando estrela falsa ainda guia,
Momento de prazer sempre negado.

Persisto como andejo caminheiro,
Ausente de meus olhos um luzeiro...


27153


“Esp'ranças altas... Ei-las já tão rasas!...”
Já não consigo mais saber se ainda
Consiga perceber se a luz deslinda
Enquanto dos meus braços te defasas.

Assisto ao derrocar das esperanças
E a morte anunciada a cada dia,
Transforma num terror a poesia,
Diversas dimensões cruéis alcanças.

E a perda do que fora um trilho outrora
Atalhos que levassem para o Céu
Se não percebo mais luz e corcel,
A solidão deveras me devora.

E tendo este vazio no meu peito,
Tristeza dominando cada pleito...


27154


“Ai! loucos sonhos de mancebo ardente”,
Traçando nos meus dias ilusões
E quando a realidade tu me expões
O fim desta emoção já se pressente.

Não quero e não consigo mais vencer
As duras tempestades, temporais,
Se ausente dos meus olhos vejo o cais,
Meu barco simplesmente a se perder.

O quanto poderia ter a sorte
De ter felicidade, pelo menos,
Mas quando os dias mansos e serenos
Não tendo da alegria algum aporte

Naufrago nos terrores da tristeza,
Tão forte se mostrara a correnteza...


27155


“Que em doce canto me atraiu na infância”
Uma ilusão sobeja e mais tranqüila,
Porém a realidade já destila
O fel na mais completa discrepância.

Acaso poderei ter novo sonho?
Não sinto qualquer chance e assim me perco,
Das dores e tristezas eu me acerco
Futuro se desenha tão medonho.

Apenas a saudade me guiando
Trazendo um ar mais calmo e mais sereno,
E quando no presente me enveneno,
As alegrias fogem, louco bando.

E o pranto se derrama no meu rosto,
Assim aos vendavais bem mais exposto...

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