sexta-feira, 19 de março de 2010

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“Minha'ahna em notas de chorosa endeixa”
Explode-se em terrível solidão,
Ausente dos meus olhos o verão,
Apenas invernal e dura queixa.

A fúria do não ser tanto atormenta
Quem pode acreditar num novo dia,
Mas sem ter alegria e poesia
Descrente do futuro vai sedenta.

Pudesse ter nas mãos quem tanto eu quis,
Sonhando com seus lábios... não consigo
Viver além do duro e vão castigo,
Seguindo pela vida, um infeliz.

Ouvindo a voz tristonha da verdade,
Por mais que a fantasia ainda brade...


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“O bosque acorda desde o albor da aurora,”
Recebe em cada raio deste sol,
Beleza que se espalha no arrebol,
Dourando maravilhas que o decora.

Mas quando se percebe mais nublado
O amanhecer se torna amargo e frio,
E quando a realidade eu já desfio,
Percebo o sonho há tanto destroçado.

Escravizando uma alma em tristes dores,
Ausente dos meus olhos luz intensa,
Não tendo uma alegria que convença
Não posso perceber claros albores.

E vivo tão somente por viver,
Aonde se escondeu o meu prazer?


27194


“E como a rola que em sentida queixa”
Aguarda tão somente um estilingue
A sorte a cada dia mais se extingue
E o vago em seu lugar, chorosa, deixa.

Eu pude perceber algum momento
Aonde acreditei ter na esperança
O brilho que deveras já se lança
E nele vez em quando me apascento.

Mas quando se percebe a realidade,
Audaciosos passos? Não mais vejo,
E tendo o sofrimento e sem desejo,
Somente este vazio que degrade

A par do que não pude nem sabia,
Presente nos meus olhos, a agonia...


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“Bóia nas águas de gentil lagoa”
Um barco que procura um cais sereno,
Mas quando em tempestade me enveneno
As águas invadindo logo a proa.

O caos tomando conta dos meus dias,
Espúrias ilusões já fenecendo,
O quanto imaginara em estupendo
Momento são deveras noites frias.

Esgoto a minha força, nada sei,
Partícipe do infausto que domina
A cena e sem perdão me desatina
Traçando na desgraça a sua lei.

Descrevo com terror o meu futuro,
Tristeza torna o mundo mais escuro...


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“Bem como a folha que do sul batida”
Estraçalhada e mesmo amarelada,
Deixando no lugar o mesmo nada
Que tanto representa a minha vida.

Apática ilusão morrendo em vão
Acasos dominaram cada passo,
E quando novo dia ainda traço,
Somente os meus terrores mostrarão

Que tudo se perdera num tormento,
E nele com certeza a vaga luz,
Pesando em minhas costas feito cruz,
Tomando em dor imensa o sentimento.

Ocaso se mostrando insanamente,
Quem tenta e se aproxima, também mente...

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