sábado, 20 de março de 2010

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“Em sons cadentes, que derramam n'alma”
Encontro uma real satisfação,
Vivendo claramente uma estação,
Realidade dói? Também acalma.

As cores de um outono, invernal frio,
Primaveril beleza, imenso sol,
O quanto se transforma este arrebol,
É como perceber um desafio.

Envelhecer com arte e galhardia,
Saber da mocidade com fulgor,
Matizes tão diversos de um amor,
Que a cada novo tempo, sempre guia.

E ter uma certeza nesta vida
Cada etapa terá que ser cumprida.


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“Ou lânguida na lira se transforma”,
Ou trágica se faz a cada passo,
O quanto muitas vezes me desfaço,
Impede que se tenha a mesma forma.

Dicotomias trago em cada passo,
E nelas a melhor das decisões
Por vezes bem diversa do que expões,
Nem sempre o melhor rumo, ainda traço.

E vivo sem temer as tempestades,
Nefastas? Muitas vezes redentoras,
As horas mais doídas, sofredoras
Aquelas que nos dizem mais verdades.

Servindo de repasto para a dor,
Um novo amanhecer saber propor...

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“Dá linguagem sublime à estátua muda,”
Cada momento aonde se entregando
Não sei se em temporal ou ar mais brando,
O tempo tão instável se transmuda.

E quando aprendo dele sem terrores
Amadureço em mim a própria morte,
E nela algum descanso que conforte
No renovar da vida, risos, dores.

Existo e sei que basta esta existência,
Se dela eu perceber quem mesmo sou,
Já sei qual o destino pr’onde vou,
O fim é do começo, a conseqüência.

Renova-se destarte eternidade
Gerando com fulgor, diversidade...

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