sábado, 20 de março de 2010

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“As fontes da esperança... E não cedeste”
Às tentações diversas que poluem
E quando as maravilhas se diluem
O solo se transforma em tom agreste.

Apego-me aos teus passos, velha amiga,
E bebo cada gota que espalhaste,
A vida com o medo diz contraste
Ao ter quem nos acolhe e nos abriga.

Sensíveis emoções, doces promessas
E nelas se traduz um dia claro,
O quanto te querendo ora declaro
Diversas alegrias me confessas.

E sendo um escudeiro mais fiel,
Contigo vejo próximo, meu céu.

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“A dor de ver secarem pela estrada”
As flores que espalhamos no passado,
Sabendo do futuro destroçado
E após tanta batalha, ver o nada.

À parte, não podemos desistir
Seguindo contra a força das marés,
Jamais suportaremos as galés,
A liberdade estampa este porvir.

E quando se embrenhasse em nós a dor,
Tomados pela fúria e rebeldia,
Talvez não percebêssemos que o dia
Renova-se em momentos de calor.

Fulguras sobre todos os caminhos,
Traçamos no infinito nossos ninhos...


27273


“Também te vi chorar... Também sofreste”
E neste sofrimento percebi
O quão maravilhoso existe em ti,
Sabendo que a verdade; conheceste.

Apego-me aos tormentos, vez em quando,
E neles aprendendo dia a dia,
Da dor a liberdade ora se cria,
Mesmo se o sonho, eu vejo desabando.

Aprende-se a viver com cada queda,
A mansidão se aprende enquanto ensina
Deveras mui complexa nossa sina
Caminho que se abrindo já se veda.

E o pêndulo da vida, fabuloso,
Transforma uma tortura em pleno gozo.



27274


“Feitos cinza que em pranto ao vento espalho,”
Os cantos muitas vezes tão dispersos,
Vagando por extensos universos,
Ao mesmo tempo eu sei o quanto é falho

O passo em contradança e contrafeito,
Escuto do vazio, cada voz
E nelas percebendo algum algoz
Do todo este pedaço sendo feito.

Mergulho nas insânias e demências
E nelas bebo a luz que a poesia
Por vezes, com fulgor tanto irradia
Gerando mesmo em tais incoerências.

A carga do viver nos atormenta,
Pois a alma sem limites é sedenta...

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“Em que arderam meus sonhos cristalinos”
Momentos tão diversos quanto extremos,
E tendo em minhas mãos, prováveis remos,
Não sei se ainda creio nos destinos.

Anseios se transformam no vazio,
Ou mera fantasia realiza
Da tempestade imensa à branda brisa,
Porquanto cada engano eu mesmo crio.

Somando as provisões no meu farnel
Por vezes permaneço insaciável,
Aonde poderia ser palpável
Diversidade expressa amargo e mel.

À cântaros chovendo vez em quando,
Aprendo muito mais se me enganando...


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“De ti, que tens a chave dos destinos”
E sabes comandar a minha vida,
Enquanto se prepara a despedida,
Dobrando num momento tantos sinos.

Esgueiro-me deveras, mas não creio
Possível libertar-me, pois em ti
Além do que deveras eu vivi
Singrando mesmo quando estou alheio.

Tu és a redenção e o desalento,
Medonhas emoções, vagos sentidos,
Caminhos que percorro decidido
Levados ao sabor do insano vento.

Dos acertos e enganos as lições,
Que agora como sempre tu me expões.

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