segunda-feira, 22 de março de 2010

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“A pétala de rosa arrancada aos teus dias”
Deveras poderá quem sabe te trazer
Alguma novidade em raro amanhecer
Diversa do que outrora ainda mais querias.

Servindo como posso à tua fantasia
Quem dera se pudesse em mim vivo poder
De ter em minhas mãos, o quanto te querer
E nele traduzir a luz que se irradia

Tocando em teu olhar o brilho deste sol,
Reinando soberano em todo este arrebol,
Traçando uma esperança em plena solidão.

Da pétala arrancada eu sinto que talvez
Refaça-se o perfume embora já não vês
Primaveras em paz, transbordando em verão.

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“Desde que vi cair na onda da minha vida”
A imensa maravilha em luzes tão sutis
Deveras me fazendo, então bem mais feliz
Traçando de repente, enfim uma saída.

A sorte que pensara outrora já perdida
Agora se permite em cores menos gris
Trazer mais soberano amor que sempre quis
Deixando no passado a sorte dolorida

De quem se fez tão só, buscando a claridade
E tendo em meu caminho, amor que é de verdade
A força sem igual decerto me movendo,

Negando a palidez do medo que se estampa
Moldando uma esperança, invés de fria campa
Na glória de um prazer, fantástico e estupendo...


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“Dissipar-me da fronte as densas brumas frias,”
Gerando com certeza o amor que mais desejo
Sabendo a cada instante além deste lampejo
O quanto é necessário as várias alegrias.

Tomando o coração divinas poesias
E nelas o melhor, do todo que prevejo
Traduz felicidade, além do quanto almejo,
Sonhando em farta luz, belas alegorias.

Não vejo outro caminho a não ser o do amor
E quando nele imerso eu penso em vos propor
Além de um simples passo em rumo à eternidade

A sorte mais audaz de um infinito sonho,
Deixando adormecido o mundo tão tristonho,
Bebendo desta fonte, amor, que nos invade...

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“Pois que um raio senti do teu astro, querida,”*
E dele se percebe a intensa claridade
Trazendo ao meu olhar sublime liberdade
Mudando num repente a direção da vida.

O quanto eu te desejo e sonho a cada instante
Mergulho em teu abraço e bebo da saliva
Deliciosamente em ti, a noite é viva
E a lua sobre nós, deveras deslumbrante.

Quisera ter agora o quanto necessito
Do amor que tu me deste e nele se moldar
Além da soberana estrela constelar
O gosto sem igual, intenso do infinito.

E amar-te é muito além de simples poesia,
É ter em minhas mãos, total soberania!

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“A boca em minha boca e os olhos nos meus olhos”
Assim eu poderia enfim saber da glória
Do amor que tanto tenho e nele esta vitória
Cevando cada flor, matando então abrolhos.

Viver a fantasia e nela perceber
O quão maravilhoso é ter bem junto a mim,
Aquela que domina, em luzes meu jardim
Na fonte delicada, em gozos me embeber.

Pudesse ter no olhar apenas a lembrança
Da rara poesia aonde amor se deu,
O mundo na verdade eu sei, seria meu,
E a sorte mais ausente, a mente agora alcança

Vivendo esta beleza em face deslumbrante,
No amor que com certeza, aos poucos me agigante!


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“E tive o teu sorriso e enxuguei o teu pranto,”*
Deveras tanto amor jamais imaginara
A vida sempre fora, atroz e sendo amara
Trouxera tão somente a dor e o desencanto.

Agora quando eu vejo o olhar ensandecido
O tempo que se foi, na ausência de um carinho
Mergulho em tal abismo e sigo então sozinho,
Vivendo do passado aonde encontro olvido?

O quanto se perdeu e tudo fora em vão
Somente em meu olhar a dor me consumindo,
O mundo que pensara outrora ser infindo
As dores do viver, em trevas mostrarão

O rumo em descaminho em mim eu sei se esconde
E amor por onde estás? Responda. Diga aonde...

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“Que vem do coração, dos íntimos refolhos,”
E neles falsidade encontro invés de paz,
Apenas o vazio, imenso e duro antraz
Penetra duramente invadindo os meus olhos.

Recebo tão somente a voz da ingratidão
E nela não encontro além deste vazio
Que em verso triste agora, aos poucos eu desfio,
Negando desde sempre a força de um verão.

Pudesse transformar a lágrima em sorriso,
Vivendo plenamente o amor que tanto quis,
Seria finalmente, então bem mais feliz,
Quem sabe assim veria, enfim o Paraíso?

Mas quando eu te percebo; ausente e tão alheia,
A solidão, somente, aos poucos me rodeia...


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“Visto que te escutei tanto segredo, tanto!”
E agora não podendo enfim seguir meu rumo,
Os erros que cometo, engodos que eu assumo,
Traçando em meu caminho um turvo e negro manto.

Acordo e quando vejo o leito solitário
Percebo que jamais terei o teu amor,
Sem ele com certeza, a vida perde a cor,
E o tempo se tornando, então duro corsário

Levando o meu tesouro, o barco perde o cais,
E sem ancoradouro, aonde poderei
Viver se não consigo encontrar noutra grei
Momentos que bem sei já foram magistrais,

Recebo a tempestade e nela tanto medo,
E embora inda relute, afinal, eu já cedo...

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