terça-feira, 23 de março de 2010

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“Quantas vezes, Razão me tens curado?”
O Amor que tanto atrai enquanto dói
Ao mesmo tempo tudo já constrói
Depois se vê deveras destroçado.
Assim nesta diversa maravilha,
O medo quando em luzes se transforma,
Mudando a cada instante a sua forma
Porquanto nova senda sempre trilha.
Pudesse ter nas mãos a direção
Qual fora um velho e bravo timoneiro,
Mas quando se mostrando corriqueiro
Rebenta num momento este timão.
E o tanto que pensara ser um cais,
Esbarra em tão diversos vendavais.

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“Quantas vezes Amor, me tens ferido?”
E traças com terror o que era nobre,
A manta me aquecendo já descobre
E o frio novamente se é sentido.
Percebo nestas luzes tão complexas
Resíduos da sombria ingratidão,
Aonde se pensara no verão
Inverno traz tormentas desconexas.
Perfilo dor e pranto em pleno gozo,
E sinto quão diversa a vida traça
Às vezes se perdendo na fumaça
O quanto se pensara fabuloso.
Porém no amor insisto e não me canso,
Mesmo tempestuoso, frio ou manso...

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