terça-feira, 23 de março de 2010

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27409


“Em zéfiros suaves, e mimosos”
O tempo poderia ser assim,
Felicidade nunca tendo fim,
Dias serenos, calmos, fabulosos.
Mas quando me percebo em solidão
Angustiosamente a vida passa
Esvai-se qual somente uma fumaça
Os dias novas cores não verão.
Agrisalhada sorte me tortura,
Pudesse ter enfim a claridade
Do olhar que agora opaco, ainda invade
Trazendo esta semente da amargura.
Cevara com cuidado este canteiro,
Agora sem destino, jardineiro...


27410


“Tornam-se os campos de prazer gostosos”
Ao serem estercados com carinho,
Mas quando me percebo mais sozinho,
Os dias não seriam majestosos.
Ausente dos meus olhos teu olhar,
Que faço se não posso prosseguir,
Na ausência maios completa do porvir,
Somente no vazio mergulhar.
E ter sem direção o meu saveiro
Que tanto desejou em ti seu Norte,
Aguardo em desventura a minha morte,
Momento mais tranqüilo, o derradeiro,
E tudo se esfumaça num segundo,
Das dores, trevas tantas eu me inundo...


27411


“Por eles a alegria derramada,”
Trazendo o que talvez inda pudesse
Ser para um sonhador divina messe,
Mas quando se percebe, não há nada.
Perdendo as esperanças sigo só,
Do quanto desejei não resta ao menos
Momentos que pudessem ser amenos,
Perdendo a direção, somente o pó
Tomando a minha estrada aonde outrora
Em flórea senda vi o meu futuro,
O dia amanhecendo frio e escuro,
A dor que se aproxima me apavora.
O teu olhar; responde aonde encontro?
Na vida me perdendo em desencontro...


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“Os doces frutos da estação dourada”
Já não consigo mais colher, portanto
Aonde poderia haver encanto
Deveras esquecida a velha estrada,
E nela os meus diversos descaminhos
Razões para viver já não percebo,
O amor que agora agindo qual placebo
Impede que se crie novos ninhos.
E sendo solitário este andarilho
Que tanto procurara paz percebe
Quão turva se mostrara agora a sebe
Por onde, sem descanso teimo e trilho.
Mortalha de um amor que me recobre
Matando um sonho outrora belo e nobre...


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“Não são para os mortais tão preciosos”
Momentos em que sinto a divindade
Do olhar que mansamente quando invade
Permite ao sonhador diversos gozos.
Pudesse ter apenas um segundo
Envolto pela clara maravilha,
Porém a vida feita em armadilha,
Transforma neste instante em frio mundo
O que pensara eterno, este universo
Aonde descobrira a ninfa rara
E quando em teu olhar a sorte aclara,
Destino que queria, bem diverso.
Mergulho na total escuridão,
Inverna dentro em mim, forte verão...


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“Que belos, que gentis, e que formosos”
Momentos que tivemos no passado,
Destino vez em quando disfarçado
Transforma o que pensara majestosos
Em trevas tão somente e nada mais,
E o medo se entranhando em minha pele,
Delírio de um anseio me compele
Derrama os mais terríveis vendavais.
Pudesse ter no olhar este farol
Guiando em noite escura e tenebrosa,
Mas quando se percebe caprichosa
A sorte me arremete num atol,
E solitário vejo a embarcação
Rumando em outra senda e direção.


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“Estes os olhos são da minha amada:”
Faróis que tanto quero e necessito,
Alçando num momento este infinito,
Trazendo em plena noite uma alvorada.
Percebo quão luzentes olhos tens
E saiba que deveras sou feliz,
Ao ter tanta beleza que bendiz
E nela com certeza fartos bens,
Ausente dos meus dias a tristeza
Que tanto declara em duros versos,
Meus dias sendo agora tão diversos
Entranham-se em ti com tal clareza
Fartando-se da luz que ora irradias,
Mudando a direção de antigos dias...

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