quarta-feira, 24 de março de 2010

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27439


“Olha o mar perigoso em que lutava,”
O bravo comandante, um vil corsário,
E assim o amor se mostra um adversário
Em meio à tempestade neve e lava.
O quanto ser feliz ainda tento,
E sei que não consigo, mas persisto,
O tanto quanto outrora foi benquisto
O encanto permitindo algum alento,
Mas nada do que fui já se apresenta,
A vida se transforma e quando a vejo,
Distante dos meus olhos o desejo,
A sorte se tornando violenta.
A morte talvez seja a solução
De quem somente ouviu, da vida, o não.

25


“O meu ânimo assim, que treme ansioso,”
Tentando descobrir algum destino
Por onde sem pensar, eu me alucino,
Num dia sem sentido, torporoso.
A glória feita em sonhos se transforma
E tudo o que pensara não existe,
O coração deveras segue triste
E perde do que fora, toda a forma,
Mortalhas no futuro e no presente,
Enlutando meus dias, noites vãs,
Aonde se pensara nas manhãs,
Percorro ruas tantas, qual demente
E sei que na verdade sem o sol,
Jamais amanhecendo no arrebol.

26

“Volveu-se a remirar vencido o espaço”
Quem tanto quis um dia mais feliz,
E quando a realidade contradiz
Ao léu, sem ter destino, alheio, eu passo.
Vencida cada etapa no final
Apenas o vazio é recompensa,
A vida se mostrando tanto tensa,
O riso jamais fora triunfal,
Sarcástico caminho percebido
Em meio aos mais diversos temporais,
A vida me repete que jamais
O quanto se queria, decidido,
Verei e não podendo me encontrar,
Apenas vejo ao largo, céu e mar...

27


“Que homem vivo jamais passou ditoso”
Pelas sendas cruéis de uma ilusão
E nelas tantas dores moldarão
Um dia em dores tantas, assombroso.
Pudesse ser feliz ou mesmo até
Vivesse uma alegria mais sutil,
Diverso do que outrora se previu,
Não perco neste instante, minha fé.
Apenas poderei viver segundo
O quanto desejara e não consigo,
Aonde imaginara algum abrigo
Somente dos terrores eu me inundo.
E sigo contra a força, relutando
Querendo um dia manso, claro e brando...


28


“Tendo já repousado o corpo lasso,”
Depois de tanta luta vida afora,
A sorte que desejo se demora
Enquanto cada sonho já desfaço.
Caminho em espinheiros, duro cardo,
E o tempo se mostrando mais venal,
Aonde poderia; desigual
Destino se tornando imenso fardo.
Alvissareiras noites? Não as vejo,
Somente o peso amargo do não ser,
E quando se percebe amanhecer
Diverso deste sol que ora desejo,
Nublada em cinza feita esta manhã
Mostrando quanto a vida é mesmo vã.

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