sexta-feira, 26 de março de 2010

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27558


“Que se fique a escutar quando outro canta”
Assim num ato nobre e tão gentil,
Pudesse renovar-se o que partiu
Gerando sobre a sorte, rara manta.
Aos píncaros eleva-se tal sonho
E nele se permite um novo templo,
Além do que em verdade já contemplo,
Usando da emoção, assim proponho.
Versando sobre a glória de quem sabe
E vive a poesia com alento,
Por vezes, solitário me atormento,
No quanto uma ilusão, tola, desabe.
Assim quando te leio, caro amigo,
O que há dentro de mim; sentir. Consigo...

27559


“É ainda existir um pássaro no mundo”
Que possa traduzir em raro canto,
O quanto a vida gerando encanto
E dele com certeza já me inundo,
Canora fantasia traça o todo,
E deixa para trás o sofrimento,
No quanto ao percebê-lo, enfim me alento,
Diverso do que eu vivo; imenso lodo,
Saber ser mais plausível do que quando
Negara ao meu caminho a boa sorte,
Ouvindo o passarinho que conforte
Meu mundo noutra senda se tomando,
Percebo quão real a divindade,
No som que mavioso; tudo invade.


27560


“O que mais no fenômeno me espanta,”
Da vida refazendo da vida
Na eternidade assim já percebida,
Mutável caminhar em força tanta.
Alenta-me pensar na primavera
Após a primavera do passado,
O sonho noutro sonho recriado,
É mais do que talvez uma alma espera,
Pretensas emoções, dias sombrios,
Mortalha do viver em tais granizos,
Mas quando se percebem paraísos,
Reato da paixão, diversos fios.
E tento após a chuva e o temporal,
Momento mais feliz, no meu final.

27561


“Não é, por si, o alto poder dessa ave”
Levando aos mais diversos sonhos que
Ainda se transborda quando vê
O encanto que jamais nada inda trave,
Assim ao perceber quão soberano
O canto diluído pelos ares,
É como se pudesse nos altares
Viver além do medo e desengano,
Singrando os mais sobejos mares belos
Rasgando os céus em naves fabulosas,
Sorvendo este perfume, raras rosas,
Tomando a consciência de castelos
Traçados pelas notas musicais
Além do que pensara. Magistrais!

27562


“O que, porém, me faz cismar bem fundo”
Além de um tão perfeito caminhar,
Vencendo esta distância a se mostrar
Nas ânsias mais sutis das quais me inundo,
Bebendo em tal fartura, esta beleza
Realça-se deveras cada sonho,
E quando ao mais sobejo me proponho,
Percebo quão divina esta grandeza.
Escassas luzes tive no passado,
E agora ao perceber tanta fartura,
Já não concebo a vida tão escura,
Caminho com bravura desvendado,
Proclamo em voz suave o quanto quero
De um mundo mais audaz, porém sincero.

27563


“Eu próprio sei quanto esse canto é suave;”
E dele me entranhando maravilhas,
Aonde com certeza sei que brilhas
Felicidade além de simples nave.
O gesto ritual de uma amizade
Permite que se veja claramente
Beleza sem igual, nada desmente,
E nela com certeza uma alma brade
Além do quanto pude conceber,
Numa ânsia maviosa em luzes feita,
Assim a soberana e mais perfeita
De tantas fantasias posso ver,
Sabendo da existência deste canto,
E dele desfrutando todo encanto.

27564

“O canário sutil cessa o pipilo”
Ouvindo o bardo em canto incomparável,
Assim sorvendo além do imaginável,
Suprema maravilha em ti destilo,
E crendo ser possível magnitude
Suprema no teu canto sedutor,
Vencido pelas ânsias de um amor,
Permito que meu rumo se transmude
E sinto ser feliz quem ouve enfim
A magistral canção que agora entoas,
Gerando maravilhas nestas loas
A florescência toma o meu jardim,
E a lua emoldurando este cenário,
Acompanhando o encanto do canário.

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