sábado, 27 de março de 2010

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27641


“Sente o culto da forma e da beleza
Suprema maravilha em belas formas,
E quando em deusa viva te transformas
Diana com certeza tem a presa.
Entregue aos teus caprichos, nada vejo
Senão cada momento feito em glória,
A vida que pensara merencória
Tomada pela insânia de um desejo
Transcorre em loucos dias, delicados,
Arcando com ternuras e delícias
Envolto tão somente por carícias,
Os dias entre cores bem traçados,
Sentindo-te presente a todo instante
Deidade em plenitude. Deslumbrante!

27642
“Que possuis é de estátua que ora extinto”
Olhar entristecido, medo exposto,
E quanto mais percebo em contragosto
Deveras sem pensar sequer, eu minto.
Atemporal vontade de saber
Aonde se escondera esta verdade,
Ausente dos meus olhos, liberdade,
Delírio toma conta do viver,
E sei o quão se fez urgente a luz
E todos os temores que adivinho,
Porquanto caminhara tão sozinho,
O amor ao sonho nunca fez mais jus,
E o caos tomando conta do cenário,
Quando o ato de sonhar é temerário.

27643


“Pisas alheia terra... Essa tristeza”
Deixando alguma luz que ainda creio
Vagando pelo tempo, sinto alheio
Desejo que traduz tanta incerteza.
Ariscas caminheiras, esperanças
Por vezes maltrapilhas, maltratadas
Seguindo sem destino tais estradas
Enquanto um brado tosco ainda lanças
Vencidos pelos mesmos desenganos,
Logrando tão somente dor e medo,
Se algum momento até penso e concedo
Mudando a direção de antigos planos.
O quanto desejara ser risonho
Futuro a cada dia decomponho.


27644


“Rútilo rola o teu cabelo esparto”
Cobrindo os ombros, vejo tal beleza
E quando se percebe a natureza
Do encanto que tu geras, quedo farto.
Embevecido, sigo tal imagem
E nela se traduz tanta ternura,
Minha alma se entorpece e te procura,
Vagando paraísos na viagem
Que faz pelos recônditos mais belos,
E traça sem fronteiras o reinado,
Das ânsias do prazer, sinto tocado
Vivendo fantasias de castelos,
E traço em tais momentos meus anseios
Cabelos soltos cobrem belos seios...

27645

“O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,”
Sensuais novelos ditam formosura
E quando se percebe tal ventura,
O amor que antes julgara quase extinto
Refaz e revigora num delírio
Gerando esta ternura mais audaz,
E quando este desejo satisfaz
Matando qualquer sombra de um martírio,
Desfilas maravilhas pela sala,
As luzes refletindo-se em teus pelos
O sol que se agiganta só por vê-los
Minha alma de tua alma uma vassala,
Rescendes a perfumes delicados
Meus olhos por sobejos tons tocados.


27646


“De lá trouxeste o olhar sereno e garço,”
E assim ao se mostrar nua e tão bela
A divindade plena se revela
Olhando com volúpia mal disfarço,
O tempo se transforma e num repente
Aquilo que pensara ser vazio
Tornando caudaloso e raro rio
E a foz maravilhosa se pressente
Um mar de imenso azul tens num olhar
Que tanto se traduz imensidão,
Os dias do teu lado moldarão
Além do que pudera imaginar,
E assim ao perceber tal majestade
Minha alma de ternura ora se invade.

27647

“E do Olimpo se lembra com saudade”
Aquela que domina o pensamento
Trazendo para os sonhos o sustento,
Certeza de viver felicidade.
Aonde se mostrara dor imensa
Agora se conhece luz profana,
A deusa já desnuda em luz emana
O gozo; mais sublime recompensa.
Tecendo em plena vida eternos dias
E neles porfiando maravilhas,
Enquanto intensamente sei que brilhas
Descreves nos anseios poesias,
E assim ao te sentir aqui por perto,
Os medos do passado já deserto...

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