sábado, 27 de março de 2010

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27648

“A gente à crença antiga se acostuma”
E traça a cada dia velho encanto
Gerando dentro em nós um belo canto
Aonde se percebe a mesma espuma
Do mar que volta e meia beija a praia,
Reinando eternidade em tantas ondas,
E quando se perfazem novas rondas,
A sorte sobre o dito se desmaia,
Por tempos tão diversos motes tais
Envolvem com seus braços nossos sonhos,
E quando se mostrando mais risonhos
Caminhos conhecidos, magistrais,
O todo se refaz e o que se trace,
Pensara já perdido, mesma face.

27649


“Como cercada de invisível bruma,”
Divina criatura reina em paz,
E quando me percebo mais audaz,
Minha alma ao te tocar, em sonho esfuma,
E o pendular caminho ora refeito,
Permite que se tenha esta certeza
De ser eternamente tua presa,
E desta forma estando satisfeito,
Sabendo desde sempre a maravilha
Do quanto é necessário ser feliz,
Vivendo da maneira que bem quis,
Ousando me prender nesta armadilha
Aonde a deusa traça com malícias
Caminho feito em ânsias e delícias.

27650

“Ao ver-te com esse andar de divindade,”
Jamais eu poderia imaginar
Que a vida se faria em luz solar
Enquanto o brilho farto ora me invade,
Sedento do calor de teu carinho,
Vencendo os meus antigos desalentos
Entregue sem pensar mais em tormentos,
Do Olimpo em plena vida, me avizinho.
E sinto em teu perfume esta certeza
Do néctar desfrutado, da ambrosia,
O amor quando demais cedo porfia
E gera além de tudo tal beleza,
E nela me envolvendo, seduzido,
O tempo do sofrer ledo, esquecido...

27651

“Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma”
Deixando assim em paz já divisado
Caminho há tanto tempo desejado,
E nele toda a sorte se acostuma
A ter em rara fonte saciada
A sede de saber eternos ritos,
Os dias do teu lado tão bonitos,
A redenção da dor anunciada
Permite a geração de um novo tempo
Aonde eu possa crer num raio imenso,
E a cada amanhecer eu me convenço
Já não percebo mais um contratempo,
E alheio ao sofrimento de outras eras
Encontro nos teus olhos, primaveras...

27652

“Que tem teu ar, a tua majestade,”
Já sabe caminhar entre as estrelas,
Belezas sensuais ao envolvê-las
Na insânia que mais forte grite e brade
Perpetuando a luz que tu me emanas,
Esqueço dos momentos mais vazios,
E encontro do futuro nobres fios
Palavras e delícias soberanas,
A fonte se transborda em luzes tantas
E nelas eu sacio minha sede,
Descanso nos teus braços, bela rede,
Enquanto com mais força tu me encantas
Acende-se esta chama dentro em mim,
Do amor que tanto quero, e não tem fim...

27653


“Mas das deusas alguma existe, alguma”
Perdida no universo dos mortais
Vencendo os dissabores, temporais,
Aonde o coração em paz se apruma,
Esgueiro-me entre pedras, vejo em ti
A deusa que deveras procurava,
A sorte feita em luz rompendo a trava
Traduz o que quisera e pressenti,
Perenes os caminhos de quem ama
E sabe cultivar este jardim,
O amor que tanto espero sei em mim,
Selando com ternura antigo drama.
O quanto te desejo e tu também
Vivendo a plenitude e muito além.

27654


“Foram-se os deuses, foram-se, eu verdade;”
Pensara há tanto tempo poder ver
O dia num raríssimo volver
Tocado pela luz que não degrade
E faça cada instante ser aquele
Que tanto desejara e mostraria
Além de simplesmente fantasia
O quadro que em belezas se revele.
Assisto ao conhecer-te a imensa cena
Aonde se perfaz um velho sonho,
E quando Olimpo aqui eu recomponho,
Minha alma com ternura se serena.
Viver este momento intenso e raro,
É tudo o que desejo e em paz declaro.

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