domingo, 28 de março de 2010

27817/18/19/20/21/22/23/24

27817


“Abranda as rochas rígidas, torna água”
A crença de um momento mais suave,
Ou mesmo algum terror que nos agrave
Incendiando uma alma eterna frágua.
Assim ao se trazer castigo e prêmio
Tratando humanidade como fosse
Criança que ganhando brinde e doce,
Gerando com igual pensar um grêmio
O peso se dilui e até sorrimos
Ao ver noutro momento o que hoje somos,
Criando um belo fruto destes gomos,
Tentamos sonegar, barros e limos.
No fundo se execrando tal idéia
Apenas se mostrando pra platéia.

27818


“Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,”
Durante certo tempo traduzira
Um último bastião mantendo a pira
Tornando mais potável qualquer água.
No fundo simplesmente uma falácia,
A fonte se esgotando a cada dia,
Gerando a mais terrível heresia
Tomando cada ser com fria audácia.
Não quero e não suporto julgamentos
Apenas por pensares mais diversos
Libertos com certeza são meus versos
E deles traduzindo os alimentes
Que a mente necessita e nada mais,
Não vou ficar exposta a tais boçais.

27819


“A realidade de uma esfera opaca”
Gerada pelo mesmo nada ser
Que tanto poderia dar prazer,
Mas sempre o caminhar com fúria empaca.
O traste se vestido com fineza
Transforma qualquer ser mais palatável,
Discurso sendo assim bem mais amável
Deveras alcançando a realeza.
Não quero a majestade da mentira,
Tampouco vou vender as ilusões,
Enquanto paraísos tu expões
Ou mesmo inferno em dura, eterna pira,
Do nada ao nada vejo a realidade,
Não quero fantasia que degrade.

27820

“Dentro da elipse ignívoma da lua”
Vulcânicas mentiras, ledo engano,
E quando a sorte muda todo o plano
Expondo a realidade nua e crua,
Fantasmas que geramos e matamos,
A cada novo tempo me permite
Pensar no quanto tênue este limite
Que separa tais servos de seus amos.
A crença de um eterno navegar
É como brincadeira de criança
O gozo pelo qual ela se lança
Pensando no que a possa premiar.
Assim nesta nefasta alegoria,
Estupidez voraz, logo se cria.


27821

“Assim também, observa a ciência crua,”
Ultrapassando as hordas mentirosas
E quando se percebem não há rosas
Mentira que deveras se cultua
Aliviando a dor dos ignorantes,
Escracha fantasia gera a cena,
Querendo qualquer coisa que serena,
Não vendo os seus caminhos vacilantes,
Acreditando em falsas profecias,
Mergulham no vazio de quem crê
Além do que devia e sem por que
Tocados por tenazes heresias
Religião se torna estupidez,
Resposta incoerente ao que não vês.


27822


“Quando o prazer barbaramente a ataca”
A vida se transforma e gera fatos
Que traçam novos deuses, desacatos
Mergulham numa insânia que inda aplaca
A fúria desejosa do animal
Que existe e não se cala, mas consente,
E quando se tornando incoerente
Aflora este delírio mais carnal,
Hedônico onde edênico seria,
Orgasmos tão diversos valem mais,
E assim nos mais supernos rituais,
Aflora-se deveras a heresia,
E o pânico gerado pelo gozo
Tornando-se decerto fabuloso.

27823

“De que a dor como um dartro se renova,”
Herpéticos prazeres que luéticos
Jamais se poderiam ser mais éticos
Trazendo toda a fúria em gozo à prova.
Perpetuando assim dores e risos,
E neles gerações seguem tais mitos,
Aonde se pensaram infinitos
Aqui se transbordando paraísos.
Ocasos entre ocasos são sarcásticos
Espasmos pós espasmos, militâncias
Geradas por loucuras e ganâncias,
Em atos simplesmente mais orgásticos.
Bacantes tempestades assolando,
Bezerros tão dourados se adorando.


27824

“Ah! Dentro de toda a alma existe a prova”
Do quanto somos mesmo animalescos
Delírios verdadeiros e dantescos,
No quanto este prazer já se renova.
Atemporais verdades ditam normas
E delas gerações se embebedando,
Vertentes variáveis toscos bandos,
Enquanto toda a crença já deformas,
Nocauteando deuses com delírios
E deles se fazendo torpe imagem
Decoram tão somente esta paisagem,
Condenam aos estúpidos martírios.
E atrás desta figura caricata
Um vendilhão coleta a “podre” prata...

Nenhum comentário: