terça-feira, 30 de março de 2010

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28033



“Em cujo ventre o pus se unia à podridão”
Regando com prazer o olhar mais rapineiro,
O encanto desta cena, um gozo verdadeiro,
E nele se percebe as ânsias da emoção
Deveras o que eu quero a cada noite traz
O olhar frio e venal, que tanto desejara
Numa ânsia sem igual exposta cada escara
A fúria que ora anseio, aos poucos tão mordaz,
Tomando cada cena, auspiciosamente
E o quanto se deseja, ao menos se mostrando
Sanguínea maravilha invade e me tomando,
Só deixe que eu perceba a morte que pressente
Trazendo plena vida a quem deseja tanto,
O gole deste sangue, um ar atroz e santo.


28034


“À procura de um beijo, uma outra eu vi então”
Desnuda em colo branco, uma delícia a mais,
Expondo em raro gozo, em ares divinais,
Ascendo num instante a toda podridão
Revela-se o prazer e nele me entranhara,
Um furioso sonho imerso em tal loucura
Cessando neste instante o que fora procura,
A sorte desenhada exangue cena ampara
Vertendo a jugular em lúbrico desejo,
Sensualidade plena, angústia delicada,
E nela se porfia em toda a madrugada
O que deveras sei, além do que prevejo,
Maravilhosamente o fogo do prazer,
No gozo desta insânia, em sangue a se verter.

28035


“Para ela me voltei já lânguido e sem gula”
Após ter saciado a sede que me impele,
Acaricio então a doce e bela pele,
E o olhar tão mansamente o corpo pasmo ondula
Orgástico delírio em frágeis, mas tenazes,
Momento em que percebo ansiedade plena
Assim ao ter no olhar o gozo que serena,
Diverso do que outrora ainda noutras fases
Pudesse imaginar a torpe criatura
Que tanto se encontrara às vésperas do sonho
No qual a cada instante além já me proponho,
Na senda fabulosa expondo-se à loucura,
E dela se sorvendo a gota mais atroz,
E tendo esta certeza, eternizando os nós.


28036


“Quando após me sugar dos ossos a medula,”
Desejo sensual, angélica tortura,
Bebendo até fartar, cessando esta procura,
A cada novo instante, o quanto já se engula
Do gotejar divino, ansiedade imensa,
Vencendo o dissabor, ausente do vazio
A intensa maravilha assim quero e porfio
Orgástica paixão e nela a recompensa,
Açoda-me o demônio e dele já surgindo
Um gozo em sacramento, um êxtase sobejo,
E quando num espasmo encontro o que ora almejo
Momento se mostrando intensamente lindo,
Alvissareira noite ao máximo se erguendo,
O fogo se desvenda em ar tão estupendo.

28037


“Perder-se-iam por mim os anjos impotentes”
Satânica vontade invade cada ponto,
E quando se percebe o gozo, quase tonto,
Por mais que inda relute, invado corpos, mentes
E sagro este momento à glória de Satã
Tornando a minha vida envolta na neblina
Que tanto te seduz, enquanto me alucina,
Negando qualquer luz, impede uma manhã
Noctívago cantor, em cruas serenatas,
Orgasmo após orgasmo, ensandecido creio
Na glória que se vê a cada novo anseio,
E nele toda a fúria, e nela te arrebatas
Moldando sensual cenário onde se vê
O quanto é fabulosa a vida sem por que.

28038


“Que sobre tais coxins macios e envolventes”
Deitando com langor, astuciosa face,
Por mais que ainda creia ou mesmo ao longe passe
Cravando neste colo os afiados dentes,
Bebendo a me fartar, não posso mais deixar
De ter tanto prazer no amor que agora sinto,
Vulcânico delírio outrora em dor extinto
Espalha sobre a terra a fúria a me tomar,
Deixando para trás o medo do não ser
A vampiresca sorte, agora se porfia
Gerando neste olhar insana fantasia,
E nela a podridão aos poucos se verter,
Gerando imensidade aonde quis tal glória
A vida não seria atroz nem merencória.


28039


“Ingênua ou libertina, apática ou arisca,”
Não importando mais o rumo desejado,
Apenas se sabendo o quanto saciado
Quem tanto propusera a vida mostrando isca,
Na sorte mais audaz, o gozo proferido,
E tudo se desnuda em noite antes malsã
E agora se louvando à glória de Satã
Caminho delicado, em sangue percorrido,
Demônios vejo então em célere festança
A sorte se desnuda em tanta maravilha,
E o coração mordaz, seguindo cada trilha,
Aos poucos o infinito, encontra e logo alcança,
Nefasta natureza em lúbrica loucura,
Sorvendo gota a gota após tanta procura...


28040


“Ou quando o seio oferto ao dente que mordisca,”
Escassos, pois, outrora, agora em farta mesa,
Encontro o que bem sei audácia em tal beleza,
A morte desconheço, a sorte mesmo arisca
Adentra em cada veia e nela se perfila
Prazer que tanto quero entranha-me deveras
E nele se expressando a volúpia das feras,
O sórdido prazer, o olhar quer e destila
Mereço muito além do gozo sensual,
Querendo cada espasmo e nele me aprofundo,
Galgando neste instante o mais profano mundo,
Matando a minha sede, intenso ritual,
Arcando com a fúria insana e desejada,
Avanço em tez sombria imensa madrugada...

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