terça-feira, 30 de março de 2010

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28059

“Que o minute se espraie em séculos fecundos”
Gerando a fantasia aonde caminhara
Depois da tempestade em noite e mansa clara,
Tocando em minha pele imensos, raros mundos,

Vencendo esta quimera em vales mais profundos
A glória a cada instante a voz doce declara
E a sorte do passado, outrora dura e rara,
Agora se transforma e invade por segundos

Entorna-se em beleza e assim proporciona
O rito feito em paz, sobeja maravilha,
Aonde o coração em paz desenha e trilha

E a dor que tanto fere aos poucos se abandona,
O amor regendo tudo é como se pudesse
Ter neste olhar macio, a imensidão da prece.


28060


“Do minuto que passa em obra de tal monta”
A vida se demonstra além de simples fato,
E quando noutra senda o amor tanto retrato,
O canto se transforma e a dor já se desmonta,

O quanto do desejo a sorte não faz conta,
Deveras tão distante, às vezes me maltrato,
O medo com certeza aos poucos desacato,
A realidade atrai, enquanto o sol desponta

Tomando este cenário em cores mais sutis,
E o coração audaz se mostra então feliz
Bebendo cada gota aonde poderia

Viver além do cais, imensidade plena,
A sorte me tomando, invade e me serena,
Raiando na amplitude intenso e belo dia.


28061


“Se podes empregar os sessenta segundos”
Em torno da alegria a quem já se entregara,
Deixando no passado a sorte tão amara,
E bêbado de luz, entregue aos tantos mundos,

Sentidos mais gentis, em raios tão profundos,
Negando à dor que chega o prazer das escaras,
Então felicidade eu sinto que escancaras,
Matando mansamente os medos mais imundos,

Sabendo discernir a sorte que virá
E nela com certeza, o sol mais brilhará
Tornando assim o dia intenso e belo além

Do que já poderia ausente da tristeza
Desta luz sorvida, intensa esta clareza
Que toda a maravilho, eu sei, sinto, contém.


28062


“Se quem conta contigo encontra mais que a conta”
E sabe que jamais tu negarás o braço,
Por mais que a vida mostre um doloroso traço,
A sorte em tuas mãos, a própria vida aponta,

E quando em alegria a senda se desponta,
O quanto de tristeza aos poucos já desfaço,
Seguindo a cada dia, assim teu manso passo,
A lua se dourando em rara e bela conta

Perdura neste céu imensa e prateada,
Traçando em paz sobeja, a mais sublime estrada
Guiando cada passo além deste infinito,

Reinando sobre tudo, a deusa ora desnuda,
Assim eu posso crer que a cada nova ajuda,
A salvação desta alma é mais que simples mito.


28063


“São iguais para ti à luz da eternidade”
Aqueles que se dão ao medo e dor intensa,
Assim também terás; do Pai a recompensa,
Na luz que já te toma e doura enquanto invade.

Seara magistral por onde a liberdade
Encontro além da vida, e sei do quanto imensa
A glória de saber que em todos sempre pensa
Quem ama e faz do amor um hino à claridade.

Meu filho, em teu olhar, a mansidão que vejo
Permite que se creia além deste desejo
No sol que existe em ti, e gera em profusão

Calor que tanto sei e necessito enfim,
Floresce em paz superna, assim o teu jardim,
Garantindo afinal, eterna floração.

28064


“Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre”
Consegues perceber em igual caminhada,
E neles tanta luz, sem diferenciada
Beleza se traduz, e assim já se descobre,

No quanto a pele traz e a realidade encobre
Diverso prosseguir numa diversa estrada,
Mas sempre pelo sol, decerto iluminada,
Final da mesma história a do plebeu, do nobre.

E assim ao perceber diversidade da alma,
Independentemente o quanto diz da palma
Palavra que meu filho, eu sinto que tu és

Liberto caminheiro em noite tão sombria
E Deus a cada passo, eu sinto que te guia,
Rompendo esta corrente, ausentes as galés.


28065


“Se vivendo entre os reis, conservas a humildade”
E sabes respeitar quem tanto te respeita,
Por mais que sobre seda ou lã pura se deita
Conheces afinal, a plena liberdade.
E quando a noite em treva aproxima e te invade,
A dor que já virá uma alma pura aceita,
E mesmo em dor venal, ou quando se deleita
Não perde um só segundo, enfim, tranqüilidade.
Nem mesmo quando o frio inverno sem igual,
Tampouco quando chega intenso vendaval,
A sorte traiçoeira assim não mudará
O rumo desenhado em paz e em plena luz,
Caráter tão somente o que já te conduz,
Deveras o teu sol, eterno brilhará.

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“Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre”
E assim sem maltratar tampouco maltratando
O vento que exalaste eternamente brando,
Verdade feita em luz em ti já não encobre,
Não importando mais se pouco ou muito cobre,
Caminho para a glória em vida vai traçando,
No coração a paz, aos poucos transbordando,
O mundo ao fim de tudo em sonho te recobre,

E quando a noite vir, imensa e traiçoeira
A morte que é da vida eterna mensageira
Terás em paz serena esta certeza audaz,

Do quanto foste além de mera criatura,
O paraíso então divino se afigura,
E assim quem tanto bem tem fez se compraz.

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