terça-feira, 30 de março de 2010

28112/13/14

28112


“A qualquer deus - se algum acaso existe,”
Eu clamo em desespero por alguém
E quando a solidão retorna e vem,
O coração deveras ledo e triste
Cansado desta luta sempre inglória
Na busca por quem tanto desejara
A noite dos meus sonhos nunca é clara,
A lua se declina merencória
E o peso do viver vergando tanto
Somente o desencanto se porfia
Aonde poderia a fantasia
Encontro a cada dia outro quebranto,
Medrando o caminheiro em noite vã,
Jamais conhecerá outra manhã.





28113


“A me envolver em breu - eterno e espesso,”
Não posso nem devia caminhar,
Na ausência mais completa de um luar
O quanto em solidão; creio, mereço,
Vencido a cada dia pelo medo,
Aonde se mostrara em abandono
Perdendo a lucidez, morto de sono,
Desenho solitário novo enredo,
Mas nada se aproxima da verdade,
O quanto ser feliz, ah se pudesse,
Nem mesmo com ternura, reza e prece,
Por mais que uma alma sonhe ou mesmo brade,
Cansado de lutar inutilmente,
Somente a noite fria se pressente.


28114


“Do fundo desta noite que persiste”
Depois de ter tentado melhor sorte,
Sem ter quem na verdade me conforte,
O coração deveras já desiste,
E sinto que talvez nunca mereça
A senda venturosa de um amor,
Aonde se escondera o sonhador,
A dor tomando assim minha cabeça,
E o fogo da paixão que outrora via
Perdendo a cada dia o seu sentido,
O amor que desejara em vago olvido,
Deixando em seu lugar esta agonia,
E o comandante segue em temporais
Ausente do que outrora quis, um cais.

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