sexta-feira, 2 de abril de 2010

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28338


“E os loureiros do porvir”
Dizimados desde já
Onde o tempo mostrará
O que não posso sentir
No reinado do vazio,
Nesta terra sem destino,
O meu verso pequenino,
Onde o fim ora desfio,
Mergulhando no que fora
Traça dias de ilusão
Outros tempos mostrarão
Paisagem desoladora
Dela nada a se mostrar,
Terra, céu, luar e mar.

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“Canta os louros do passado”
Quem deveras poderia
Ter nas mãos um novo dia,
Nossa senda outro legado,
Mas realidade nua
Se expressando em dor e tédio
Já não vendo mais remédio
Senda torpe continua
Em matizes tão grisalhos
Somente restos se vêm
Procurando por alguém
Nem a sombra nem atalhos
Tudo em trevas, nada vendo,
Qual será meu dividendo?

28340

“O Francês — predestinado —“
Sonhadores em Paris
Nem ao menos cicatriz,
Percebe-se em desolado
Caminhar sobre o vazio,
Brasas, cinzas, labaredas
Onde havia as alamedas
Solidão, eu prenuncio,
E mergulho dentro em mim
Procurando alguma luz,
Mas deveras reproduz
Esta falta de jardim,
E o que fora primavera
Noutra dor, nova quimera.

28341

“De Nelson e de Aboukir.. .”
De momentos magistrais
Tão somente o nunca mais
É que posso enfim ouvir,
Dita o rumo do futuro
O não ser e nada crer,
Onde poderia haver
Solo agreste, frio e duro,
Percebendo o solitário
Caminhar por terra nua,
Onde a sorte não atua,
Qualquer brilho é temporário
E corsário deste nada,
Sem o sol, sem alvorada.

28342


“Lembrando, orgulhoso, histórias”
De outros tempos, velhos dias
Revivendo as fantasias,
Nestas horas merencórias,
Solitário navegante
De um planeta ensandecido,
Totalmente destruído
Num cenário degradante,
Tão mesquinho este presente
Amanhã em voz terrível
Expressando esta possível
Caminhada que pressente
Quem deveras se fez sonho,
Neste enredo que componho.

28343

“Rijo entoa pátrias glórias,”
Quem se fez insensatez,
Bem diverso do que crês,
Inda imerso em vãs vanglórias
O caminho se apresenta
Desolado em fúria tanta,
O que uma alma teima e canta,
Tempestade violenta
Destruindo o que restara
De uma história tão bonita,
Se mostrando esta desdita
Se tocando nesta escara
Quem sabe talvez consiga
Perpetrar outra cantiga?


28344


“Que Deus na Mancha ancorou,”
Uma história feita em brilho,
Outro tanto um andarilho
Percebeu onde encontrou
No passado intensa luz,
Mas na ausência desta fonte,
Nada vendo no horizonte
Nada disso reproduz
E sedento sem saber
Onde pode haver a mina,
Cada dia se alucina
E mergulha no não ser,
Matizando este cenário,
Desolado e solitário...


28345


“Porque a Inglaterra é um navio,”
Porque a América se fez
Com soberba em altivez,
Onde houvera qualquer fio
Do passado ainda tento
Vislumbrar um só instante
Mais feliz ou deslumbrante
Tão distante deste vento,
As escórias se mostrando
O calor é infernal,
Morte sendo triunfal,
Onde houvera um dia brando,
Nada sei e não terei,
No vazio eu dito a lei.

28346


“Que ao nascer no mar se achou,”
Navegante do passado,
No presente desolado
Nem a sombra ele encontrou,
O perfil deste planeta
Se mostrando mais venal,
Qualquer ponto num astral,
Carrossel dita o cometa
Que sem rumo ou direção
Vaga sem saber para onde
Nem deveras já se esconde
Nem os dias mostrarão
Nova luz em tanta treva,
Novo grão se nada ceva?

28347


“O Inglês — marinheiro frio,”
Navegante do passado,
Já deixara por legado
Universo em desafio,
Mas agora nada havendo
Nem sequer o próprio mar
Sem ter onde navegar
Um planeta que estupendo
Se transforma de repente
Num deserto sem igual,
O caminho triunfal
Desta edênica serpente
Traduzindo em nada ser,
Demonstrando o seu poder.

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