sexta-feira, 2 de abril de 2010

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“E o cavalo na montanha
Na cigana sensação
Libertária solução
Vez em quando perde ou ganha
E completa a sua sanha
Com temor, com decisão
Novos dias mostrarão
O calor de outra montanha?
Nada digo, nada espanta
Coração em fúria tanta
A proposta dita o rumo
Do que pode ou mesmo vago,
Bebo a sorte e em cada trago
Os meus erros, eu assumo.

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“O barco por sobre o mar
Se dourando em forte sol,
Esperança diz farol
Um prazer onde ancorar
Caminhando contra o vento
Necessário ter enfim
Toda a força e crer no fim
Do que fora desalento,
Venço o medo e sigo em frente
Nada temo, nem passado,
O caminho já traçado
Solução que se apresente
Peito aberto, soberano
Coração solto, cigano.

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“verde vento, verdes ramas”
Verdes olhos do futuro
Navegando já procuro
Quando distante me chamas
Vou buscando esta esperança
Cavaleiro sem paragem
Verdejando a paisagem
Noutro rumo já se lança
Não percorro o mesmo trilho
Das sementes, a colheita
Alma livre se deleita
E deveras bebo o brilho
Da manhã em bela aurora,
Tanta luz que nos decora!

28415

“Verde que te quero verde,
Tudo ganha quem batalha,
Coração feroz retalha
Com certeza não se perde
E sabendo a direção
Cada passo esperançoso
Traduzindo o pleno gozo
Dos momentos que virão
Ascendendo ao infinito
Cavaleiro ganha espaços
E seguindo antigos traços
Vai traçando um mais bonito
Sorte alheia, sorte tanta
Coração feroz se encanta.


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“brutais, à porta chamavam.”
E teimavam contra a sorte
Traduzindo logo a morte
Pelo vão tanto clamavam
Os cavalos ganham luzes
Vidas novas, cicatrizes
E deveras se desdizes
Noutro rumos me conduzes
Liberdade, liberdade
Caminheiro coração
Novos dias mostrarão
Tanto brilho que me invade
Traduzindo esta esperança
Ao vergel minha alma lança.

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“bêbados guardas-civis,”
Expressando insensatez
Do que tanto agora vês
São caminhos meros, vis
Os medonhos dissabores
Os terríveis caminhares,
Onde outrora quis altares
Já morreram tantas flores
A mortalha da esperança
Negrejando este vergel,
O cavalo, meu corcel
Novo rumo não alcança
E a cigana já previra
O apagar da velha pira.


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“qual uma pequena praça,”
Como fosse alguma troça
A história esta carroça
Lava os olhos quando traça
O futuro em mão sombria
Adivinha a sorte insana
O que outrora soberana
Se pressente agora fria
Mergulhando neste vão
Tão nefasto caminhar,
Procurando me encontrar
Já não vejo solução
O cigano caminheiro
Solo agreste, em espinheiro.

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“A noite tornou-se íntima”
A manhã se prometendo
Num momento que estupendo
Se desnuda em face que ínfima
Nada gera nem tampouco
Nem o medo nem a glória
A certeza da vitória
Sensação do canto em louco
Rumo feito insensatez
Nova senda se desbrava,
Quando uma alma não escrava
Propagando o que desfez
Caminhando sem destino,
Sem temor, me desatino.

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