sexta-feira, 2 de abril de 2010

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28420


“a ampara sobre a água”
Nada dita senão isso,
O mergulho movediço
Noutra senda gera a frágua
E o cavalo galopando
Na seara mais dileta
A minha alma se completa
Neste tempo amargo ou brando
Sinto o vento a me tocar,
Liberdade se reclama,
Acendendo logo a chama
Toco os raios do luar,
E o coração do cigano
Não permite desengano.

28421

“Um carambano de lua”
Desce a Terra em claridade
E deveras já me invade
Coração cedo flutua
E galopa em raro céu
Ao gerar um helianto
Tendo a lua como encanto
Liberdade diz corcel
Fera atroz, homem vazio,
Fera atroz, insensatez
O meu canto a cada vez
Sem destino dita o frio,
E mergulho no repente,
Como fosse um penitente.


28422


“com olhos de fria prata”
Bebo os raios de luar,
Navegando sem parar
Coração logo desata
E não sabe da paragem
Vaga em pleno turbilhão,
Produzindo a sensação
Novo tempo, nova aragem
E a certeza nestes olhos
De momentos mais felizes,
Se em verdade contradizes
Sigo alheio aos tais abrolhos
Que cevaste no jardim,
A manhã vislumbro; enfim.


28423

“Verde carne, tranças verdes,”
Tua glória, nossa sorte
Solidão já não comporte
O que tanto agora perdes
Sabes bem vencer o medo
Tempestade tão comum,
O temor dita nenhum,
Mais até do que concedo
Num enredo tão diverso
Caminheiro coração
Vai buscando a direção
Encontrando este universo
E cigano camarada
Sabe tudo e não diz nada...

28424

“balançava-se a cigana”
Caminhando sem destino
Quando vejo e me fascino,
Coração dita em profana
Voz o tanto que queria
O medonho caminhar
Cada passo irei trilhar
Nas venturas da alegria
Ou talvez em passo lento,
Sem temor em liberdade
Procurando a claridade
E me expondo ao manso vento
Brisa mansa, sol e lua,
A alma leve já flutua.

28425

“Sob o rosto da cisterna”
Sob a face do não ser,
Tanto medo ou desprazer
Se perdendo em voz mais terna
Perpetua a fantasia
Se deveras nada cala,
Adentrando quarto e sala
Solução já se recria
E o galope do cavalo
No caminho mais liberto
Trilha céus, ganha desertos
Sem temor e sem abalo,
Um cigano coração
Vai sem rumo ou direção.

28426

“aqui na verde varanda”
Esperança diz vergel
Ganha espaço, livre céu,
Minha sorte não desanda
Segue assim sem ter parada
Vaga estrela ganha espaço
E deveras quando traço
Sobre a sorte desvendada
Vou trilhando sem destino
Caminheiro do infinito
Liberdade mais que mito
Novo encanto e me fascino
Sigo alheio aos temporais
Procurando um rumo, um cais.

28427

“cara fresca, tranças negras,”
O sorriso emoldurado
Ganha as sendas do passado
E supera velhas regras
Dita normas sabe bem
Do momento mais ditoso
Canto tanto prazeroso
Quando a noite chega e vem
Sendo assim a liberdade
Verdejando dentro em mim,
Verde rama no jardim,
Verde sonho que me invade,
Verde mata, verde encanto
Esperança em cada canto.

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