terça-feira, 13 de abril de 2010

29579/80/81/82/83/84

29579


“Guias teus passos,”
Sigo teus rastros
Vagando em astros
Ganhando espaços
E sinto nos traços
As bases e os mastros
Da vida meus lastros
Olhares baços
Procuram sorte
Aonde o corte
Se aprofundara
Não resta tanto
Resta o quebranto
O corte, a escara...


29580


“Que pelas sombras da rua”
Nada mais eu poderia
Encontrar se a poesia
Noutro tanto não flutua
Bebo a sorte, solta e nua
Onde busco a fantasia
Perco o rumo e a alegria
Nesta noite ausente lua
Vicejando apenas isso
No vazio não me viço
E se eu tento, nada vejo
Tão somente o mesmo frio
E decerto sem estio,
O que vale meu desejo?





29581

“Flor soturna”
Noite imensa
Se convença
Da ternura
Que procura,
Mas não pensa
Recompensa?
Amargura
Viva além
Saiba bem
Que se fez
Simplesmente
Se pressente
Pequenez...

29582

“Desabrochas em meus braços”
Esperança que talvez
Inda ao longe quando vês
Esboçando novos traços
Perseguindo rastros, passos
Encontrando a insensatez
Toda a glória se desfez
E deveras sem compassos
Perco o senso e nada digo
Ao me ver em desabrigo
Navegando em mar sombrio,
O que tanto imaginara
Noite calma, doce e clara,
Nessa senda não desfio...


29583


“Que com a lua”
Ausente sol
Sem ter farol
Que restitua
O brilho amua
E caracol
Sonho de escol?
Não ganha rua
Mortalha viva
A alma se priva
E morre só
Sabendo disto,
Ainda insisto,
Retorno ao pó.


29584


“Flor nocturna”
Lua cheia
Incendeia
Tal candura
A brandura
Segue alheia
Perde a veia
Não perdura
Gira o tempo
Contratempo
Temporal,
Vida passa
E a fumaça,
Ato final...

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