terça-feira, 13 de abril de 2010

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29626

“uma sombra de rosas; cai o sono”
E quanto me permito crer no todo
A vida se traçando em tanto engodo
Gerando a cada passo o quanto adono
Do verso frágil manso tento e clono
Viver fartura invés de dor e lodo
Pudesse ter ao menos deste modo
O amor querido e na verdade um dono
Sabendo sempre o que talvez pudesse
Sentir com toda a fúria a imensa messe
Da qual e pela qual mergulho ainda
Vivenciando o passo enquanto audaz
E dele moldo a voz porquanto faz
A sorte fera que este amor deslinda.

29627


“em meio aos ramos; cobre este lugar”
O corte dita o meu caminho em paz
E dele todo mostra o quão mordaz
O passo feito enquanto jogo ao mar
A prenda lúdica traçando amar
Se dela vejo o meu caminho e traz
O quanto posso ou mesmo sou capaz
E neste tanto quanto faço o altar
Ao percorrer o meu sobejo mundo
E quanto posso e mesmo enfim me inundo
Do sonho vivo em tempestade atroz
Sabendo deste sempre fero rio
Aonde tento o verso e assim desfio
Buscando tanto percorrer a foz.


29628

“Aqui a água fria rumoreja calma,”
E dela mesma se produz o canto
Enquanto tento este possível manto
Aonde todo fim traduzindo acalma
E dele sinto mesmo terna luz
Vencida pelo anseio medo ou corte
E tento esguia noite feita um norte
Aonde sempre ao adentrar conduz
Traçando brusco caminhar presente
Seguindo a sorte deste tosco mar
E nele posso então viver o amar
Diverso deste quando tanto sente
A quem a noite transgredindo o sonho
Deveras muito mais do quanto ponho.

29629


“das folhas trêmulas
Dos dias tais
Meros cristais
Do mar anêmolas
Escassas vênulas
Riscos iguais
Aos magistrais
Que ora em fórmulas
Ditas prefácio
Amor? É fácil?
Bem sabes não
Assim se vê
Sem ter por que
Nem direção.


29630

“o odor do incenso”
Amor refaz
A sorte audaz
Caminho imenso
E quando penso
Na minha paz
Sede voraz
Não recompenso
No tanto posso
No quanto faço
Se tanto é nosso
O que não traço
Vivo remoço
E me refaço.

29631

“e dos altares sempre se levanta”
A sorte tanta de quem sabe a luta
E quando audaz se jamais reluta
Vestindo enfim esta terrível manta
E dela vejo o que se faz e espanta
Quem tanto quis e na verdade astuta
Percebe quando o caminhar disputa
Com quem deveras ao sentir quebranta
Pereço enquanto posso tanto ou menos
Viver os dias que julguei amenos
Ao mergulhar neste delírio insano
E quando tento decifrar meu rumo
Os erros fartos com certeza; assumo
E sei deveras o meu próprio engano.

29632


“ao redor há um bosque de macieiras”
E nele sei do caminhar disperso
Aonde tanto poderia um verso
Falar da noite em que tu foges. Beiras.
As sortes frágeis e deveras queiras
Falar do quando se imagina imerso
Quem pensa mesmo que se vê diverso
Do quanto podem noites vãs, bandeiras
E sinto cedo o tal terror sublime
Aonde amor se mostraria um crime
E sendo assim ao mergulhar além
O quanto posso, mas jamais se crê
No tanto quando procurar por que
Embora saiba se esta luz convém.

29633

“Eu vos rogo, ó cretenses, vinde ao templo”
E sabei vós o que deveras sinto
Neste vulcânico caminho extinto
Enquanto amor ainda aqui; contemplo,
Reflete então esta maior beleza
E nela vejo o que não sei nem tento
Calando agora em tanto amor o alento
Sentindo mesmo ter tão grã pureza
Quem na verdade ao se saber imensa
Conhece o canto pelo qual me expresso
O verso sáfico ao trazer começo
Do encanto tal que deste amor convença
A sorte rara pela qual a messe
Sobeja glória em que este sonho tece.

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