quinta-feira, 15 de abril de 2010

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29866



“Ajustar sílabas num verso estreito”
Traçando o sentimento em poucas linhas
E quando se percebe te avizinhas
Do rumo que deveras satisfeito
Trazendo viva voz ao mais perfeito
Fazendo das palavras tuas, minhas,
Plantando maravilhas, não daninhas,
O encanto num soneto tem seu pleito
E dele se mostrasse em tom suave
Liberto caminheiro sabe da ave
E como fosse assim um passarinho
O coração cigano de um poeta
Grassando em fantasia se liberta
Bebendo das palavras, raro vinho.

SOBRE VERSO DE ÁLVARES PARAHYBA




29867


“Um sereno mirante em sáfara vereda”
Transgride com tal fúria a que se fez bacante
E vendo este caminho enquanto se agigante
A sorte noutro encanto, ao menos já conceda
A quem se fez poeta e assim quer e segreda
Falando sobre o tanto aonde fascinante
Orgástica alameda e nela a cada instante
O mundo se traduz; loucura em que proceda
O rito sensual e dele não se negue
Sequer a fantasia aonde já navegue
O tanto que desejo e sei ser muito além
Da senda preferida e sempre desejada
Alçando o paraíso insana madrugada
Aonde cada gozo, o que mais nos convém...


SOBRE VERSO D FÁBIO R


29869


“Depois da benzedura fico quieto”
Já não comporta a porta em que engana
Assim a minha vida é mais profana
E o sexo meu assunto predileto,
E quando se prepara algum afeto
A morte não se mostra soberana
Enquanto este calor em mim se ufana,
Meu verso não seria mais completo
Não fosse esta certeza aonde vejo
Momento mais tranqüilo em azulejo
Ditando alguma sorte pra quem tanto
Sabendo usufruir sem mais perguntas
As almas em sevícia seguem juntas
Usando da nudez divino manto...


SOBRE VERSO DE JIMII

29870

“A vida que tem também faces ferozes”
Ao trazer a dor repete velha história
E dela se faz o que bem sei vanglória
E ninguém mais escuta nossas vozes
Os dias comuns, mordazes quando atrozes
Não sabem jamais o que fora vitória
E traçam do não destroços da memória
Sabendo o terror e neles meus algozes
E do que passou prevejo o que virá
Caso a direção não mude desde já
Mudança sutil ao menos poderia
Gestar nova luz e dela com certeza
O que se faz vil devorando tal presa
A faca nas mãos matando a fantasia.

SOBRE VERSO DE ROMMEL WERNECK

29871

“O azul do beija-flor, o azul da arara,”
Azulejando o céu de uma esperança
Aonde o olhar azul da sorte lança
O sul em azuis tons, o sol aclara,
E quando outrora blues agora em rara
Sobeja fantasia a vida avança
E assim em tons marinhos não se cansa
E a cada nova sorte anil declara,
Esboças o matiz desta alvorada
E nela se porfia novo tempo,
Deixando em tons sombrios contratempo
Iridescência em sonhos declarada
E nesta confluência, belos tons
Os dias com certeza serão bons.

SOBRE VERSO DE NILZA AZZI.


29872

“Pinta o sete, celeste e tupi,”
Coração que se fez mais feliz
Um eterno e sincero aprendiz
Do que tanto sabia ou perdi
Existindo a promessa que em ti
Reconheço e deveras eu quis
Não permita maior cicatriz
Do que aquela que sei desde aqui
A esperança traçando outra senda
Onde outrora se fez mais cruel
Verdejante esta mata, este céu
De um anil bem maior se desvenda
Atendendo ao que tanto sonhei
Da justiça dourando esta grei.

SOBRE VERSO DE AMARGO







29873

“Pra quê querer a cruz, dar asas à vaidade?”
Não poderia mesmo ainda acreditar
Num dia em que esta vida imersa em luz solar
Diversa deste nada aonde já degrade
Encanto de outro tempo, esboço uma saudade
E vejo tão somente o frio me tomar
Matando o que pensei em sol por sobre o mar,
E apenas o vazio enfim domina e invade.
Seara destroçada, assim vejo o futuro
Aonde poderia um cais manso e seguro
Palavra que se lavre em paz e temperança
Agora sem esteio eu sinto amortalhada
A velha poesia ausente ou desolada,
Ao ver o teu soneto entranha esta esperança!

SOBRE VERSO DE FIORE CARLOS

29874

“onde o vento feroz vem celebrar a Morte”
Assisto à derrocada aonde houvera um sonho
Cenário se enlutando em ar duro e medonho
Pudesse ter aqui ao menos novo norte
Das brumas tão venais a vida em vil aporte
O quanto em solidão num ar torpe e tristonho
Enquanto outro momento, às vezes eu proponho
E dele qualquer luz, espero que comporte.
Mas sei quanto é sofrida a vida de quem tenta
Vencer com calmaria a fúria da tormenta
E nada conseguindo, entraves corriqueiros
E neles se revela a sorte desdenhosa
De quem ao ver a dor, da dor intensa goza
Meus versos do final são meros mensageiros...


SOBRE VERSO DE VIDENTE








29875


“Há de entender que as cores da saudade”
Transformam o passado em viva voz,
E assim ao mergulhar em cena atroz
Apenas a lembrança desagrade,
E cria novamente tola grade
Aonde poderia em novos nós
Matar este passado mais feroz
E quando isto se torne realidade
A espessa maravilha feita em luz
Pudesse novamente além da cruz
Gerar outro momento em luz sublime,
Mas quando renascido este vazio,
A cena em que meu verso, pois desfio
Desnuda em torpe luto, um velho crime

SOBRE VERSO DE CIRO DI VERBENA


29876


“ATUA EM MINHA VIDA, ASSIM TÃO BELA”
A sorte desenhada em tantos brilhos
Os sonhos são deveras andarilhos
Enquanto a poesia me revela
O tanto que se em luzes farta sela
A vida em novos rumos, claros trilhos
Não vendo a cada passo os empecilhos,
Perfaço a poesia como a tela
Que tanto poderia me trazer
Além de simplesmente algum prazer
A magistral idéia do perfeito,
Distante desta senda, nada faço
E tento reparar errôneo traço,
Mas mesmo assim no verso eu me deleito!


SOBRE VERSO DE RONALDO RHUSSO


29877


“Ser feliz é um átimo na vida”
Um instantâneo apenas, nada mais
Enfrento a cada dia os vendavais
Buscando, labirinto, uma saída
E tanto se prepara a despedida
Enquanto os versos fossem mais venais
E deles adivinho este jamais
Do qual a sorte atroz se faz urdida,
Esgueiro-me entre as sendas mais terríveis
Buscando novos tempos impossíveis
E neles o que tanto ainda agrade
Quem sabe poderei de certa forma
Beber a fantasia que transforma
Gerando enfim em mim: felicidade!

SOBRE VERSO DE EMÍLIO CASTRO ALVES



29878

“Acendo outro cigarro, o fumo me conforta...”
Assim ao me entregar aos sonhos do passado
O mundo que eu sonhara há tanto abandonado
Abrindo o coração; antiga e torpe porta
Enquanto esta ilusão ainda chega e aporta
O corte a cada não eu sinto aprofundado
O amor que eu tanto quis; num bar tão desolado
Seara da esperança eu sinto agora morta,
E o vento na janela, a vida noutro rumo
E como este cigarro aos poucos eu me esfumo
E vejo a solidão tomando todo espaço
Aonde poderia ainda crer na sorte
Diversa da que tenho e ainda me porte
O olhar nesse horizonte, ausente, morto, lasso...

SOBRE VERSO DE GOLBERY CHAPLIN


29879


“Pra que meu mundo só de azul se vista”
Entranho pelos céus em azulejo
E quando alguma bruma inda prevejo
Momento que envilece não assista
Quem tanto percebera e até insista
Singrando cada via do desejo
E tanto se formando num lampejo
A sorte que é deveras tão benquista
Assisto aos derradeiros pesadelos
E quando vejo o azul ora envolvê-los
Tornando a minha noite mais risonha
Agraciando a messe de viver
Com tal imensidão feita em prazer,
Uma alma tenta o anil, liberta sonha...

SOBRE VERSO DE OKLIMA


29880


“Invento, quando em vez, fazer aposta”
Sabendo da derrota antes do fato
E tanto quanto posso me maltrato
A vida a cada passo mais desgosta
De quem se imiscuindo sabe a crosta
E dela se percebe novo trato
O vento se transcorre em desacato
Palavra; eu não aceito quando imposta,
E tento a liberdade a cada passo
E tanto se pudesse, mas não faço
Do gozo temerário em vaga sorte,
Reveses eu conheço já de cor,
Não sei ser se menor tanto ou maior
Apenas que o prazer dome e comporte.

SOBRE VERSO DE PAULO CAMELO

29881


“Duração de uma ruga retocada”
Especular vontade num aborto
Assim uma esperança em ar já morto
Não deixa que se veja além mais nada
E quando se propõe uma alvorada
Nefanda realidade dita o porto
E sigo; quantas vezes, mais absorto
Revivo a cada não a madrugada
Aonde em disparates me perdera
E tanto não pudera ou concebera
Ainda o renascer, mesmo tardio
Percorro as velhas sendas do que fora
E agora se percebe tentadora
A morte em cada verso, desafio...


SOBRE VERSO DE CARTA E VERSO

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