quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOL 01

0001
Andréia...
O mundo não me trouxe tais respostas,
Aguardo calmamente este desfecho.
Chicotes vão lanhando as minhas costas,
Na luz dos meus amores, nenhum fecho...
Quem dera minha sorte sem desleixo,
Quem dera meu destino, vida em postas,
O peso desta vida, não me queixo.
Queria só saber se tu me gostas!
Apostas que já fiz, perdi de vista.
Amor não é nenhuma panacéia...
Não creio em sentimento que resista
Aos ventos e tempestas da saudade...
A noite de meus sonhos, claridade
Encontra nos teus olhos, linda Andréia...
0002
Ângela
Noite vem outra vez, me encontra só...
Os raios deste sol não me aqueceram.
A vida se refaz, retorno ao pó
A sorte e meus amores me esqueceram...
Destino tão cruel quanto o de Lot,
As rodas da fortuna se perderam.
Quem quis da vida festa e pão de ló
Já sabe que alvoradas não romperam.
No fundo se perdeu, sem despedida...
Saudade que já tive e não trarei.
A morte vem tecendo sua lei,
Desfeita a liberdade, morte em vida...
No peito o frio vago nega a vela,
Só Ângela, num anjo se revela...
0003
ANA
ANA: cheia de graça.
Vinda da noite estrela que me guia,
Seu brilho transformando minha vida.
O canto desta noite, fantasia,
A lua não pretende despedida.
Nos olhos dos cometas, ventania,
Minha alma, em desalento, vai perdida.
Silêncio nos amantes, noite fria,
A noite vai morrendo, amanhecida...
Embora tão distante, dos meus braços,
O canto que se escuta, não disfarça.
Teu rosto nos espaços, finos traços...
Coretos alegrando plena praça,
Em gracioso desejo, branca garça.
Vai Ana, caminhando, plena graça!
0004
ANGÉLICA
ANGÉLICA: pura como um anjo.
Celestiais delírios dum poeta!
Compostos de ilusão e de tormento.
A vida se perdendo em nova meta:
Caminho que me leve o pensamento.
No mundo tantas vezes fui asceta,
Distâncias percorri, amado vento.
Tentando ser teu arco, fui a seta.
Amor que me deflagra o sentimento!
Ah! Celestes desejos! Fantasias...
Nas telas que pintaste teus arranjos,
As cores boreais, as poesias...
Por quantas vezes alma levo bélica,
Mas os teus braços, mansos, calmos, anjos
Sossegam meus tormentos, minha Angélica!
0005
ANITA com estrambote
A luz que te traria me enganou,
Não trouxe nem sequer um vago lume.
Saudade que senti, ressuscitou
Nas asas desse amor, um vaga-lume!
Carrego o muito pouco que sobrou,
A dor, o medo, a ponta de ciúme,
A dúvida feroz, ser o que sou?
Não posso perseguir o teu perfume,
(A rosa que deixaste, não brotou...)
Perdoe se não posso estar contigo,
Meu grito nunca mais te importará.
À noite, adormecido, não consigo,
Saber o quanto a dor traga infinita,
Estrela dos teus olhos brilhará
No que me restará de vida, Anita!
0006
APARECIDA
No mel de tua boca, pleno gozo,
Nos ventos, meu orgulho de lutar.
Por vezes, meu caminho é andrajoso,
Distantes esperanças, céu e mar...
Vitórias sempre deixam orgulhoso
Quem sempre se perdeu por não amar.
Chama queimará pobre teimoso
Ao largo das estrelas, ao luar...
Travando mil batalhas contra a sorte,
Espero preservar a minha vida.
O coração boêmio teme a morte.
A juventude morre, má, fendida.
Amor que representa duro corte,
Renasce em teu olhar; Aparecida!
0007
ARACI: a mãe do dia, a aurora.
Noite que me traria teu amor,
É noite engalanada maviosa.
Explode-se nas chamas, esplendor!
Perfuma meu desejo, linda rosa,
Vestido carmesim, cadê rubor?
Se entrega no festim, audaciosa,
Vulcânica, desmancha-se em calor,
Em meus braços, dilui-se, vaporosa!
Na noite dos desejos e carícias,
Imerso em teus delírios e delícias,
Prazeres que em loucura revesti.
É mar que, enluarado, me convida,
Orgástico, fecunda e se engravida,
Na aurora, mãe do dia, em Araci...
0008
ARIADNE
ARIADNE: castíssima.
Magia encantadora conheci,
Nos frêmitos divinos, coração!
Por mundos tão fantásticos saí,
Procurando encontrar a solução
Do vazio que estava todo aqui,
Na quimera feroz, a solidão.
Anseio seus mistérios, me perdi,
À procura do afago, seu perdão!
És pura, teus caminhos sem deslizes,
Sem marcas, que enodassem teu passado.
Por mais que sempre foram infelizes,
Os dias que passast; mas, dulcíssima
Perdoa coração apaixonado.
Ariadne, mulher linda e castíssima!
0009
Angelina
Angelina: Aquela que é como um anjo, pura
Num vestido de chita bem rodado
Caminha esta princesa e me domina.
No tempo que sofri, e foi passado,
Procurando, nas matas, rica mina.
Meu mundo parecia desgraçado,
A lua no meu céu já não domina.
Embalde vasculhei o povoado,
Queria te encontrar, bela menina!
Olhando para o chão, onde buscava,
Não pude discernir tua beleza.
A luz do sol já não iluminava,
Meu mundo resumia-se em tristeza.
Mas, quando mais eu me desesperava
Achei em Angelina, tal pureza!
0010
Antonia
Antonia: Aquela que está na vanguarda, inestimável
Alvorada que busco, meu desejo..
Nos braços das estrelas, adormeço.
O canto que dedicas, não mereço,
O medo de morrer me enche de pejo!
Na palidez tristonha, nada vejo,
A vida me transmuda sem tropeço.
Espero fantasias, adereço,
Em meio a tempestades, peço um beijo!
Nos campos procurando uma açucena,
A cor maravilhosa da verbena
Encanta meus olhares, me alucino...
Por quantas noites, tive tanta insônia,
Amor é sentimento em desatino.
A minha salvação: amada Antonia!
0011
Antonieta
Amor que recomeça e não termina,
Se faz destas terríveis emoções.
É fonte do desejo, minha mina,
Embalde procurando corações.
Escuto tua voz; é minha sina,
A vida vai passando aluviões...
Gorjeio da saudade me alucina,
As pálpebras verbênicas, paixões!
Os olhos baços, tristes te procuram,
Num átimo te encontram, mas cometa...
As dores que provocas não se curam.
A morte se aproxima, mas me engana...
Noutro momento, lúbrica espartana
Deitada em minha cama, Antonieta!
0012
Arlete
Arlete: Penhor, garantia
Trago-te meu delírio e meu remendo...
Minha alma se esgotou sem teus pendores...
As ondas que navego, sem as cores,
São lumes que jamais, de novo, acendo...
Carinhos tão chagásicos vivendo,
Palpitam no meu sol, meus estertores...
Martírios deste mundo sem amores,
O corte do desejo repreendo!
Meu mundo não precisa fantasia,
Fanáticos momentos são inglórios...
A morte dos meus sonhos, sem velórios,
O canto da saudade é garantia.
Meu astro se desfaz, puro confete,
Renasce nos teus braços, Bela Arlete!
0013
Astride
Astride: Rainha dos belgas
Tu vais tranquilamente pelas ruas,
Procuro tuas cores, belo outono...
Imagens de mulheres lindas, nuas
Meu mundo se resume em abandono!
As bocas que sonhei, deveras cruas,
Agora não freqüentam o meu sono.
Mulheres se passaram, foram luas.
De destino cruel, eu sou o dono!
Mas eis que minha sorte se revela,
Na curva desta estrada, se avizinha!
A luz que bruxuleia como vela,
Num segundo, em farol já se transforma.
Beleza sem igual, a noite forma,
Astride, neste outono, uma rainha!
0014
Augusta
Augusta: Aquela que é majestosa
Pensei que conhecesse meus desejos...
Pensei apenas soube dos meus erros
Ao conhecer os campos dos desterros
Onde repousam, néscios, nossos beijos!
Procurei por entranhas e sentidos,
Os vales, cordilheiras, foram vãos.
Pensávamos amores como irmãos
No fundo, sentimentos corrompidos...
Agora que conheço meus defeitos,
Meus lábios te procuram como um sol...
Meus olhos devorando fartos peitos.
Na vida, esse delírio já me incrusta
Eu te amo! Te procuro, girassol,
Na tua majestade, amada Augusta!
0015
Áurea
Áurea: Aquela que é dourada, de ouro
Olhos fitos buscando por um sol.
Encontro essa riqueza que deixei.
Em meio aos arquipélagos, atol,
Ilha aonde pensava ser o rei!
Minha boca ansiosa te beijei,
Num momento julgava-me farol.
Como é cruel, Meu Pai, a tua lei!
Agora vou sozinho, um catassol!
Dourados os caminhos que passara,
Inebriei-me, tonto, mas passou...
A jóia que dispunha; viva e rara
Depois desta tormenta, sobrou nada!
Vazio o coração agora vou,
Buscando te encontrar: Áurea dourada!
0016
Núria
A vida, caminheira, não se cansa.
Traduz-se em divinais formas e brilho.
Trazendo no seu bojo uma esperança.
Depois de tanta dor, me maravilho
Com olhos que iluminam canto e dança.
Percebo-te num claro e belo trilho,
A luz desta esperança já te alcança.
Num lago, fino amor, de mãe e filho...
Quimeras e disfarces, falsos medos...
Os mágicos delírios de mulher.
No fundo, desvendando-se segredos.
Nos mares, nas montanhas cessas fúria,
Caminhos d’oceanos se quiser,
Teus versos sempre encantam, maga Núria!
0017
Bárbara
Bárbara: Estrangeira
As cinzas apagadas, quero o fogo!
Nas chamas destes braços, meus confeitos
Eu peço, te repeço, tanto rogo!
Amores que plantei eram perfeitos...
Nas sendas dos meus sonhos, teu olhar...
No mundo que encontrei és um vulcão!
Por tantos universos vou te amar!
Explodes em delírios coração.
Na brasa que trouxeste meu desejo.
Quimeras esquecidas não as tenho...
Embora tantas vezes feche o cenho.
Na noite que rolamos verdadeira...
Sentidos e carícias relampejo.
Bárbara, meu amor, luz estrangeira!
0018
Benedita
Nossa casa, resquícios dum passado
Cruel, difícil, livre, encantador!
Vivemos triste mundo amortalhado,
A vida já não tem nenhum valor!
Maldita esta saudade, vou de lado,
Espero por um dia redentor!
De colmo, nossa casa, seu telhado,
Porém era sincero, teu amor.
Num êxtase vivemos nossa história.
Idílico caminho sem volta
O tempo derramou a nossa glória.
A noite que nos viu, morrendo aflita,
Em loucos sentimentos, se revolta...
Saudades do teu brilho, Benedita!
0019
Berenice
Berenice: Portadora da vitória, vencedora
Esmolei tantas vezes teu carinho!
Meus versos em total monotonia...
Um coração morrendo, pobrezinho,
Espera enfim, nascer de novo, um dia...
Meu velho paletó recende linho,
A chuva no meu peito, nunca estia...
No meu canto, assum preto fez o ninho,
Calada, adormecida, a poesia!
Cinzentas brumas, mares inconstantes,
Derrotado procuro por teu colo.
Um dia fomos lúdicos amantes,
O tempo tão cruel tudo desdisse...
Altos céus mergulhei, caí ao solo.
Tu és vitoriosa, Berenice!
0020
Bernadete
Bernadete: Aquela que tem a força de um urso
A nossa casa, amor, já não existe...
Procuro meus quintais, não mais os vejo.
Meu bem, a vida queda-se tão triste!
A morte vem chegando, em seu cortejo!
Um frágil coração jamais resiste
À ausência dolorosa do teu beijo!
Sou pássaro faminto, sem alpiste,
Sou tarde que perdeu seu azulejo!
Vivendo de ilusões cadê a casa
Onde fomos felizes? Sem jardim,
Mergulho esse infinito, sem ter asa.
Meu mundo se perdendo, sem confete...
É quarta feira, cinzas, mesmo assim,
Teu nome irei gritando: Bernadete!
0021
Bernarda
Eu ando a mendigar pelas estradas
Buscando por amparo e nada vem...
Ninguém a me sorrir, noites geladas,
Anseio por carinhos, mas ninguém!
As rosas se morreram desfolhadas,
Os cálices de vinho, quero alguém!
As ondas se passaram naufragadas
Distantes dos meus sonhos. Perco o trem...
Não tenho mais saída, sou revés.
Rastejo pelo mundo, quebro os pés.
A morte, redentora, não se tarda!
Uma esperança frágil inda resta,
Quem sabe voltarei de novo à festa
Da vida, nas mãos santas de Bernarda!
0022
Berta
Berta: Brilhante, gloriosa
No fundo do oceano revoltoso,
Serpentes, calabares tão terríveis
Abismo tão profundo, tenebroso.
Gigantes monstruosos, invencíveis!
Tanto brilho estrelar, misterioso,
Dos peixes abissais, seres incríveis!
Caminham quais cometas! Glorioso
Mar de fantasmagóricos desníveis...
Céus de estrelas diversas, tão gigantes...
Nas luzes de cometas e quasares,
Universos de cores radiantes!
Amor, no sentimento delirante,
Amantes se iluminam nos luares...
E Berta, gloriosa e tão brilhante...
0023
Betânia
Betania: Simplicidade, humildade
Trago as sombras antigas de quimeras,
Caminhando por pedras entre urzes...
As fontes desejadas, as esperas,
Já se despedaçaram, velhas cruzes...
Derradeiros prazeres, mortas eras,
Invernaram-se inteiros, negam luzes...
Soledades, tristezas, vis crateras;
Em guerra corações, setas, obuses...
Distante do castelo das perfídias,
Uma bela mulher adormecida...
Em volta da tapera, mil orquídeas.
Toda simplicidade da beleza...
És última esperança desta vida,
Betânia, teu amor, uma riqueza!
0024
Bianca
Noite clara de amor, imensidão!
Nos céus e nas montanhas tanta alvura...
Nas palavras, no vento, mansidão..
Um sendeiro fantástico de ternura.
Marinhos caracóis trazem paixão
As ondas se rebentam com brandura...
Espumas, calmaria... Na amplidão
A lua se deslinda em paz, brancura...
Uma nova sereia traz o mar.
Os cavalos marinhos, os corais,
As águas transparentes, o luar...
Estrelas desfilando; noite branca...
Amor que revelou-se mostra a paz,
Nos olhos radiantes de Bianca!
0025
Brígida
Na derradeira noite deste amor
Que nos trouxe tristeza e alegria
A vida se mostrou ao teu dispor,
Em plenas convulsões da fantasia
Dançávamos felizes sem temor
Das horas de torpor, melancolia...
Esquecemos que toda bela flor
Por certo murchará, num triste dia!
Dores antigas matam sentimento.
Nada mais restará senão adeus...
Palavra sem sentido, leva o vento.
Minha alma não se cansa de lembrar
O beijo que trocamos, sonhos meus,
Ah! Brígida! No amor, foste ao luar!
0026
Brigite
Brigite: Aquela que guia
Tateando, procurei por teu carinho
Como se fora náufrago sedento.
Por tanto tempo, pálido, sozinho,
Clamando por teu nome, livre vento...
Aos poucos, sem te ter, tanto definho,
Pois não me sais jamais do pensamento!
Sou pássaro tristonho sem ter ninho,
A chaga terebrante pede ungüento!
Angústias acompanham meu desejo.
Quem me dera beijar salgada pele...
Caminhar por estradas de azulejo,
De ladrilhos dourados, tua trilha...
É beleza sem par que me compele
Brigite, teu caminho, maravilha!
0027
Bruna
Bruna: Escura, parda
O sol se transformando em espetáculos!
As praias, belos mares e sereias
Amor se diluindo, seus tentáculos,
Invadem litoral, quentes areias...
Morenas desfilando. Nos oráculos,
A febre dos amores me incendeias...
Nos altares divinos, tabernáculos,
Nas praias os desejos entram veias...
Caminhos de corais, longas jornadas,
As ilhas tão distantes, minha escuna..
Belas sereias, nuas, encantadas...
Elfos e silfos, vento manso, sonho...
Num marulho suave, um barco ponho...
Meu barco, meu amor, morena Bruna...
0028
Cacilda
Cacilda: Lança de combate
Não temo esses combates nem as lutas.
Cerrando os tristes olhos, te encontrei.
As noites sem carinho são mais brutas,
Nos campos de batalha fui o rei!
Agora que, distante, tudo enlutas
Agora que, perdido, não te achei;
Escondo-me, procuro escuras grutas,
Feridas que me causas, não curei.
Flamejas nas mortalhas que me deste,
Penetras corações com tuas setas...
A vida passa a ser um simples teste.
Desfolhas, nos teus beijos, toda flor!
Qual Eros, suas flechas prediletas,
Cacilda, tua meta é meu amor.
0029
Camila
Camila: Aquela que nasceu livre
Liberdade! Meu canto te procura
Nas penumbras longínquas, siderais...
A noite terminou bem mais escura,
Espreita negras nuvens colossais.
A dor de amar demais jamais se cura.
Crepúsculos tristonhos, abismais...
Bebendo desta mágoa, sem brandura,
A vida emoldurando catedrais!
Nos dourados veludos, no cetim
A maciez da pele, veleidade...
Encantamentos, lábio carmesim...
O mel que tua boca já destila,
O canto deste amor à liberdade:
Só encontrei no teu cantar, Camila!
0030
Cândida
Cândida: Aquela que é alva, pura
Folhas secas, tristonhas, sobre o chão...
Silenciosas tardes, vento frio.
Meu pranto de ansiedade, coração,
Esperando, seguindo tão vazio...
Tanto tempo perdido, vou em vão...
A chuva me impedindo o claro estio,
Em busca simplesmente do perdão.
Deste nada, total nada, sombrio...
Mas, de repente, brilhos no horizonte...
A Terra se cobrindo de esplendor.
As águas renascendo velha fonte.
A luz iluminando noite escura.
De novo conhecer o que é amor!
Olhos desta mulher, Cândida, pura...
0031
Carina
Carina: Aquela que tem graça, delicadeza
Tuas mãos delicadas, tão sensíveis.
Promessas de carinhos e de paz...
Teus passos pelas ruas, inaudíveis,
Flutuas, com certeza! Sou capaz
De naufragar meus sonhos impossíveis
Nos mares que me trazes. Tanto faz
Se, nas estradas loucas, invisíveis
Preciso for voar, serei audaz!
Teus dias se transcorrem graciosos,
A vida sem teu beijo, desatina...
Os dias se tornando belicosos
Se não estás comigo, cristalina!
Meus olhos te procuram, ansiosos,
Onde está delicado amor? Carina...
0032
Carla
Desejados carinhos desta lua...
Infinitos os raios que me dás,
À noite, a esperança que flutua
Me traz a verdadeira e mansa paz..
A visagem serena, bela, nua,
Desta mulher fantástica, voraz,
Que navega meu mar, numa charrua...
Na visão mais dileta, mais audaz...
Um escultor, ao vê-la, disse: parla!
Meu canto de louvor a ti dedico.
As palavras, não gasto numa charla.
Meu rimar, ao sonhar-te, sempre rico.
Amor igual ao meu, somente explico
No brilho dos teus olhos, bela Carla!
0033
Carmem
Carmem: Poema, versos, poesia
Quem dera ser poeta e te dizer
Das nuvens e das chuvas que não trazes
Da noite que te encontra meu prazer.
Da vida que te trouxe tantos ases.
Das asas que carregas, sem saber.
Tua vinda renasce em mim, as frases
Vindas do coração. Tento ler
No livro de esperanças, luas, fases...
Quem dera em mansos versos proclamar
Beleza que encontrei no teu olhar.
Quem dera conhecer a fantasia
Que encharca tua noite de luar.
Que traz toda a pureza deste dia,
Quando encontrei-te, Carmem, poesia...
0034
Carmo
Carmo: Religiosa
Altares dos amores que sonhei
Nossas manhãs, cetim e veludo.
Amor que sempre, louco, procurei
Tuas mãos são promessas. Não me iludo.
Teus palácios, castelos, tua lei.
No templo do talvez e do contudo,
No teu mundo de sonhos, mergulhei.
Retorno do teu reino, quieto, mudo...
Amar perdidamente, minha sina...
Os versos de ansiedade e de tortura...
A noite simplesmente me alucina.
Nas torres, teu castelo, tanta altura,
Meus olhos se turvando em tal neblina.
Meu amor te encontrou, Carmo, tão pura...
0035
Carol
A vida amanhecendo ensolarada.
Andorinhas, pardais, cantam bom dia,
Nas árvores louvando. A passarada,
Plena satisfação na cantoria!
Um manto de esplendor, de fantasia,
Se espalha na manhã, linda, orvalhada!
O mundo inteiro vive essa alegria,
Todos, menos minha alma apaixonada!
Uma nuvem tristonha perde o sol,
Embora tanta vida se deslinde.
A natureza, bela neste brinde,
Esquece deste pobre girassol.
Antes que esta manhã, linda, se finde;
Espero por teu beijo enfim, Carol!
0036
Carolina
Nos campos verdejantes, belas flores...
Perfumes de diversas qualidades.
Abelhas, passarinhos, tantas cores.
Batendo um coração, tristes saudades...
Nos céus as alvoradas são favores
Divinos. Nestes campos, nas cidades,
Procuro pelos rastros dos amores;
Embalde, nunca vejo claridade!
A vida sem te ter, já se amofina,
O mundo não permite um triste canto.
A noite, no meu peito descortina,
Ofusca essa beleza, nega encanto.
Meus dias procurando Carolina,
Nas águas deste rio, todo o pranto!
Carolina: Fazendeira
0037
Cassandra
És minha companheira mais fiel!
Toda dor que esta vida sempre dá
Momento tão difícil, mais cruel,
Na lua que jamais retornará,
És a certeza plena que há um céu!
Amiga, onde estiveres, estou lá,
És todo o meu sustento, meu farnel!
Meu sonho, nunca mais, se findará!
Por vezes me encontraste abandonado,
Sozinho, sem promessas de esperança.
A vida parecendo um peso, um fardo...
Rastejo minhas dores, salamandra,
Teus braços me levantam, na aliança
Eterna deste amor, minha Cassandra!
Cassandra: Auxiliar do homem
0038
Cássia
Minerva, num delírio sedutor,
Ao ver esta mulher que caminhava.
Momento de raríssimo esplendor,
Um pássaro a voar, manso, cantava
Os hinos mais perfeitos ao amor.
Aurora deslumbrante demonstrava
Belezas e perfumes, rara flor...
Vulcânicos fulgores formam lava.
Minerva, se encantado, prontamente,
Mandou iluminar os teus caminhos...
Levando seus talentos para a mente
Desta mulher. Das flores, fez acácia
Beleza feita em cachos de carinhos...
Ao mundo, então, brindou contigo, Cássia!
Cássia: Distinta, sábia
0039
Cassiana
É certo que pequei, eu não discuto.
Errei ao perseguir teus mansos passos.
Tantas vezes, perdido, fui tão bruto.
Outras tantas, busquei-te, vãos abraços...
Ao longe, transtornado, então me enluto;
Por ter, assim, entrado em teus espaços;
Tens razão: destruir um podre fruto,
Rebentará, decerto, falsos laços.
Mas peço, por favor, por caridade,
Não deixes este sonho se acabar!
Em vão, já procurei pela verdade,
A luta se mostrou leda, temprana...
A noite, meu amor, trouxe o luar,
Te espero, minha amada Cassiana!
Cassiana: Justiça
0040
Catarina
Mocidade vibrante, me estonteia...
Audácias e desejos são constantes.
Nas luas e nas ruas tece teia,
Viaja por planetas mais distantes.
A noite, nas delícias, incendeia,
Os raios do luar, simples amantes...
Nos cantos e motéis, noturna ceia,
Os corpos se entrelaçam, delirantes.
Mocidade... Faz tempo que não vejo...
Meus carinhos dormitam na incerteza,
O peito, démodé qual realejo,
Na visão de teu corpo se alucina...
És manto de pureza e de beleza.
Por que tu demoraste, Catarina?
0041
Cátia
Sim, decididamente não me queres!
Os teus olhos trazendo esta verdade.
Tantas vezes carrego meus halteres
Tentando convencer-te. Vaidade
E suplícios. Em vão! Sei que preferes
Palavras envolventes, claridade,
Os lumes estrelares. Caracteres
Mais concisos, assim, restou saudade!
Que poderei fazer? Não faço verso!
Meu mundo se resume: academia!
Nos músculos está meu universo!
Cátia, estarei buscando um claro dia,
Torrente caudalosa e tão completa,
Que me faça acordar, livre, poeta!
0042
Cecilia com estrambote
Não podes ver o brilho deste sol,
A tarde emoldurada, várias cores.
O lume não te serve de farol,
Nem beleza incerta destas flores!
Porém, toda a candura dos olores,
A forma delicada, o girassol,
Ternura que carregas, teus pendores!
No canto mais feliz do rouxinol
(Delícia de saber tantos amores!)
Por certo teus sorrisos em malícias
Demonstram feminino ar, armadilha...
Carinhos e desejos, nas carícias,
No olor e maciez da bela tília.
A vida se transborda nas delícias
Dos olhos deste amor. Minha Cecília!
Cecilia: Ausência de visão, cega
0043
Célia
Amar como eu te amei, a vida inteira...
Sem medo e sem vontade d’um adeus.
Em cada noite, a lua mensageira
Trazendo claridade nos meus breus.
A tarde das angústias, derradeira,
No amor, meu sacrifício, louva-deus!
Não canto despedida, faço esteira
Dos raios, dos luares, louvo a Deus...
Embora já temi o meu destino,
A morte não trará essa incerteza.
A vida noutra vida outra beleza!
Eterno coração, velho menino...
Amor igual ao nosso, mansa fera,
Só Célia me traria, tão sincera!
Celia: Aquela que é sincera e verdadeira
0044
Celina
Nasceste na nascente do universo,
Olhar primaveril tão envolvente!
Te canto mergulhado no meu verso,
Procuro teu olhar em toda a gente.
Meu mundo sem teu canto é tão disperso,
Em tristes melodias, de repente,
Transborda neste mundo. Sou reverso,
Avesso, sem te amar perdidamente!
Nos céus donde vieste, na alvorada,
Promessas benfazejas de fortuna!
A noite em tempestades, mais soturna,
Espreita, de tocaia, me alucina!
Eu canto esta canção desesperada,
Na espera de te amar, linda Celina!
Celina: Filha do céu
0045
Christiane
Num templo abandonado no deserto,
Encontro tua imagem, cristalina.
Dos sonhos que já tive, estive perto,
Imagem tão risonha, me alucina!
Não sabia: sonhava ou mais desperto,
À sombra do retrato, minha sina!
Amor, o sentimento que eu oferto,
Àquela cuja imagem determina.
Um sonho? Vão delírio de um poeta?
Não posso precisar, falta certeza.
Qual força me enlouquece e arquiteta
O rosto desta bela criatura?
Em pleno afresco fosco, esta beleza,
A amada Christiane brilha, pura!
Christiane: Seguidora de Cristo
0046
Cibele
Acima do que posso imaginar,
Repousa tão fantástica beleza!
O Olimpo, certamente faz brilhar,
Com lume e com potência de princesa.
Dos seus braços, nasceram terra e mar
Seu seio amamentou a realeza!
À noite resplandece no luar,
A vida fez nascer, sua grandeza.
O mundo, seus pecados e delícias,
Etéreos passageiros, sombra e luz.
O campo das estrelas, as malícias.
As ninfas, seu carinho e sua pele.
Nas Plêiades, desejo seu transluz,
Consorte, lhe encontrei, minha Cibele!
Cibele: Mãe de todos os deuses
0047
Cinira
No país dos meus sonhos mais sensíveis,
Um canto merencório me alucina.
Cantado por sopranos invisíveis,
A música me invade, cristalina!
Acordes dissonantes, tão incríveis,
A noite dos idílios descortina.
Trazendo tais tristezas incabíveis.
A lágrima maltrata e me domina!
Um som maravilhoso, mas tristonho,
Qual fosse maldição que se cumprira.
Meu mundo se refaz, procuro o sonho,
Envolto está no canto que delira...
Nos barcos deste sonho então me ponho.
Nesta harpa delirante de Cinira!
Cinira: Harpa de som triste
0048
Cíntia
Nas luzes tão serenas, minha amada,
Nos montes, nas florestas e nas matas.
Por entre cachoeiras e cascatas;
A vida se transcorre iluminada!
A sorte que me deste, minha fada,
Nas horas mais difíceis, me desatas.
Os cardos mais cruéis, tu não maltratas,
A seta que carregas, perfumada!
Os meus desejos são tuas vontades...
Dominas meus anseios com vigor.
Nas lutas pela vida, claridades,
És poderosa chama, sou fumaça;
Na vida sempre fui um caçador,
Mas, em teus braços, Cíntia, sou a caça!
Cíntia: Um dos nomes da deusa Diana ou Ártemis
0049
Clara
Os ventos e as nuvens, tempestade!
A noite se nublou, escureceu...
Na vida procurando claridade,
O mundo que sonhava, já morreu.
Tantas vezes vivendo ansiedade,
Mal posso definir, em pleno breu,
Àquela a quem amava de verdade.
A noite em minha vida, já choveu!
Minha alma em plenitude procelária,
Espera ansiosamente por um lume.
A morte, que antes fora imaginária,
Num átimo ressurge, já se aclara.
Minha esperança, frágil vaga-lume,
Repousa em teu desejo, ilustre Clara!
Clara: Brilhante, ilustre
0050
Clarisse com estrambote
Trazes todas estrelas que quiseres,
Os céus só são brilhantes porque existes.
Em todos os amores que me deres,
Meus versos deixarão de serem tristes!
Tu és rainha e deusa, bela Ceres
Mas, verdadeiramente, não são chistes,
Eu encontrei em ti, tantas mulheres.
Apaixonadamente, lanças, ristes
(És banquete completo, mil talheres...)
Trago, nas entranhas, tantas dores...
Dum tempo que morri e ressuscito.
Vida se diluindo em estertores.
Vieste como luz, que enfim eu visse,
Trazendo as esperanças, vivo grito,
Da vida renascer em ti, Clarisse!
Clarisse: Brilhante, ilustre
0050
Claudia
Cordilheiras andinas, os condores
Trazendo liberdade em suas asas...
Desfraldam-se dezenas de pendores
Abertos encimando tantas casas.
Seus vôos, maviosos, redentores!
Embaixo, as dores lembram outras Gazas,
Triste povo, sofrendo suas dores,
As chamas da miséria, vivas brasas...
Cordilheiras andinas, liberdade!
Os altos das montanhas são nevados.
O frio que maltrata também arde,
Assim como meus olhos congelados
Na espreita deste amor que nunca vem...
Condores, liberdade, Cláudia, bem...
0051
Clementina
Perdoe se não faço-te feliz.
Os erros do passado no presente...
A lua se revolta e me desdiz.
Quem ama, de verdade, tudo sente.
O sol do nosso caso está poente.
A vida vai passando, por um triz;
Amar é necessário e tão urgente!
Jardim que não floresce flor de lis.
Perdoe meu amor que é inconstante,
Te peço tão somente a paciência.
Quero viver cada feliz instante,
Profusamente! A vida me alucina,
Te imploro tão somente por clemência,
Terás felicidade, Clementina!
Clementina: Aquela que possui bondade e clemência
0052
Cleonice
Amar é meu tormento mais constante,
Os versos que te faço, meu empenho...
Palpita um sentimento delirante,
Sem forças, vou tentando e me contenho!
Amor que me transforma num gigante,
É mais do que consigo e do que tenho.
No canto que te faço, minha amante,
Eu tento transformar teu duro cenho.
Fogueira que me abrasa, forte chama.
Meu amor desenhando sua trama,
Não diga, por favor, não é tolice.
A dor que me exaltando, me levanta,
Também é semente para a planta.
Assim como p’ra vida, Cleonice!
0053
Conceição
Mina aurífera, fonte cristalina
Etéreo sentimento penetrando...
Cobrindo meus delírios na cortina
Alvirubram desejos misturando!
Cores, formas, anseios e a menina
Diáfana, redentora... Completando
Este cenário audaz, lua divina!
Meus humores, prazeres até quando?
Os céus se multiplicam em primores,
As hordas de falenas que desfilam,
Em busca do teu lume; nos odores
Perfumantes que exalas, na paixão!
Nossos desejos, carinhos já destilam,
Na música que emanas, Conceição!
0054
Cremilda
Brados descomunais, noite pujante.
No ganido longínquo, sofrimento...
Disforme sentimento dum gigante,
A vida se refaz cada momento.
Melancolia chega, estonteante,
O vento se resume: açoidamento.
Na lápide dos sonhos, minha amante.
A dor em mim procura alojamento...
Soberba e soberana, lua atroz...
Não sabes nem sequer minha existência!
Um brado delirante, tão feroz;
Percorre por espaços siderais...
Quem sabe, enfim, terás santa clemência
Cremilda, ouvindo o brado e os meus ais!
0055
Creuza
Amor marmorizado na lembrança,
Em todo seu primor, se destruiu...
No pedestal erguido pela esperança
O meu peito artesão; o amor buril...
Teu corpo contornado de pujança,
Alumbrando meu sonho mais viril.
Eterno reviver desta aliança,
Do amor mais vigoroso e dor sutil...
No páramo tristonho, solitário,
As mãos tão delicadas, maltratei...
Desejo se tornou totalitário,
Ferindo ferozmente a minha deusa...
Assim quem, tolamente, achou-se rei,
Em prantos vem pedir: te espero, Creuza!
0056
Cristina
Das noites sepulcrais, revivo, pasmo;
Grilhões que me maltratam, são quimeras...
Vivendo num caótico marasmo,
Não quis a parcimônia com que esmeras
Os casos teus de amor. Entusiasmo
Contido, sentimentos sem panteras
Nem garras, sem dentadas nem sarcasmo.
Amor que não promete loucas feras!
Distante de teus olhos, alma exora...
Presume teu perdão, com galhardia.
Preciso refazer meu mundo agora,
A dor desta saudade me alucina!
Não deixe-se acabar a fantasia,
Rebenta tais grilhões d’amor Cristina!
0057
Custódia
Biparti meus desejos, hoje choro...
Amores não permitem tais propostas.
De lágrimas ferozes me decoro,
Os lanhos deste açoite fazem postas.
Perdão, filha do sonho, eu já te imploro!
Aguardo ansiosamente essas respostas.
Truão, vero canalha, mas te adoro!
Punhais que aprofundei nas tuas costas!
Falar de traição é tão difícil!
É como disparar um torpe míssil
Matando todo amor que sempre deste.
Quem dera não houvesse essa rapsódia!
A dor nunca seria minha veste.
Imploro teu perdão; volta Custódia!
0058
Daisy
Amor se prometendo mais sincero,
Em busca de teus olhos, vago o dia...
Por vezes te encontrei, sentido fero,
Nas outras me embalava a fantasia...
Sozinho, por teus lumes sempre espero
Na brusca indecisão sem valentia.
Amor, simples palavra que venero,
Embalde te esperei com galhardia...
Agora, com meu tempo se esvaindo,
A tarde se mostrando mais feroz.
No dia que renasce, claro, lindo;
Escuto teu cismar pela montanha.
Remoendo-me inteiro, vem veloz,
Explodindo-se em Daisy, força estranha!
Daisy: Olho do dia
0059
Dalila
No colar perolado do meu sonho,
Encontrei tal sereia em devaneios...
Pensei que novamente mal medronho
Viria destruir belos anseios...
Entretanto, ao sentir-me mais risonho,
Carinhos mergulhei, teus belos seios...
Cansado do viver tão enfadonho,
Penetro por teus mares, rios, veios...
Relances imprecisos, meu passado,
Um beijo tão sutil, amor destila.
Reflete-se em teus olhos verde prado,
Como a me convidar a ser feliz.
Floresce neste campo a flor de lis;
Maviosa, com delícias de Dalila!
0060
Daniela
Felicidade, sonho que naufraga
Nas ondas deste mar imaginário.
A vida se devora qual a draga
Que me transformará, pobre cenário...
Fragata sem destino, busca plaga
Onde ancorar. Encontra meu aquário,
Roto, qual fora, simplesmente, praga...
Felicidade, sonho solitário!
Em meio a devaneios, aquarela
De cores infindáveis, rutilantes...
Na busca dos prazeres inconstantes,
Um sorriso emoldura toda a tela.
Nascendo dos meus medos, triunfante,
Espelha uma esperança, Daniela!
0061
Darlene
Minhas cismas vagueiam, vão a esmo...
Confusas tempestades doidivanas...
Amor que se pretende ser o mesmo,
Não pode se esconder destas ciganas...
A sorte está lançada não quaresmo,
Nem tento descobrir as espartanas
Vontades. Tantas vezes me ensimesmo
Calado, minha ermida... Não me enganas!
Os olhos embuçados negam céu...
Explodem meus amores, tantas cismas...
Não quero que ninguém, louco, me apene...
Vênus adormecida em meu dossel...
A vida se explodindo em aneurismas,
Esperanças? Encontro em ti, Darlene...
0062
Débora
Mulher que me entolece com olhares
Sutis e penetrantes qual um raio...
Em meio a cataclismos estelares,
Deponho meus desejos. Tonto, caio...
Levando meus anseios, corcel baio,
Desesperadamente, lejos mares...
Ausculto teus cantares nos altares
Ofusca-me este lume, então desmaio...
Mulher que me entristece se não vejo!
Emblemático manto do futuro.
No canto que decifro, meu desejo.
Uma abelha rainha , sou zangão,
Esperando esta morte, com apuro,
Débora, me devora o coração!
0063
Denise
Lua nova, nos claustros e nos mares...
Meu sonho peregrino te procura.
Flamejas entre breus, trevas, olhares;
És guia, fosforesces noite escura...
Qual deusa rediviva nos altares,
Transcreves, nos caminhos, toda alvura
Encontrada somente nos luares...
Sombreias qualquer uma criatura!
Lua nova, comparsa dos meus planos!
Companheira de todos os enganos
E promessas que nunca cumprirei!
Aceitas, sem pensar, qualquer deslize
Pois sabes, teus desejos são a lei.
Lua nova, me traga, enfim, Denise!
0064
Desirreé
Em flocos invernais, meu sentimento...
Desmorona-se a cada tempestade...
O medo que comporta o frio vento,
Amaro gosto, sangra a saudade...
As falhas pressupõem longo tormento.
Meu arrependimento, veio tarde.
Inverno derramando violento,
A morte se mostrando, na inverdade...
Nos pinheirais flocados pela neve;
A sombra estonteante, porém breve,
Me traz as esperanças de viver!
É fronde que promete-se tenaz;
Desejo bem mais forte, renascer,
Desirrée, desejada, traz a paz...
Desirreé: Desejada
0065
Diana
Tantas vezes reveses e derrotas...
Pássaros que chilreiam meus lamentos;
Nas gaiolas, os pávidos tormentos...
Torturas, sofrimentos: plenas cotas!
Constantes meus martírios não derrotas.
Em plena insensatez, tais sentimentos
Revigoram-se, fortes como o vento.
Perdidos passarinhos caçam rotas...
Liberdade, refém de vil pantera
(saudade). Temerária noite engana.
Ataca a formidável, rara fera,
Nas mãos somente, versos, sou poeta...
Uma deusa surgindo mira a seta,
Me libertando. Salva-me Diana!
0066
Dinah:
Ao trazeres teus louros da vitória,
Nevrálgicos sentidos me revelas.
Na vida sempre foste meritória
De todas as belezas destas telas
Que pintam artesãos à tua glória!
As flores me negaste, mais singelas.
Teus planos invadiram minha história,
Faróis que sempre ofuscam pobres velas...
Liberdade resulta em tanto pejo.
Enojada, me mostras os teus feitos
Sabendo que jamais terás cortejo.
Mas amo tua forma de brilhar!
Teus olhos e teus cantos são perfeitos...
Dinah, resplandecente qual luar!
0067
Dinorah
Ao musicalizar teu nome amada,
Pressinto uma canção maravilhosa!
Homenagens te faço em verso e prosa,
Dedico uma cantiga apaixonada
Recendendo a pureza de uma rosa,
Trazendo bela noite enluarada.
Sentado aqui, na beira da calçada,
Em serenatas canto a terna fada!
Um simples andarilho na incerteza,
Encontra teu castelo iluminado.
Ao longe num respiro de princesa,
Mostrando que o palácio era encantado.
A voz linda se ouvia... Em tal beleza,
(Dinorah, Dinorah),iluminado!
Dinorah: Luz
0068
Dirce
Meu rumo sem teu rastro morre cedo.
Buscando por prazeres e delícias,
Na espera de viver contente, ledo,
Gozando de perfeitas mãos, carícias...
A vida me omitindo seu segredo,
Tortura-me feroz, duras sevícias...
Trazendo-me fatal, cruel medo.
Não deixa-me sequer outras notícias
Do tempo em que, felizes, encontramos
Os olhos e seus brilhos confundidos...
Do tempo onde sinceros, nos amamos.
A fonte do prazer adormecida...
Fonte da juventude já perdida.
Procuro minha Dirce, tempos idos...
0069
Diva
Um dia me sentindo tão cansado
Das dores mais diversas desta vida;
Sonhei com novos campos, belo prado;
A paz, enfim, sonhada e conseguida.
Meu verso, tantas vezes disfarçado
Num canto agonizante de partida;
O fardo do viver, recompensado,
Nos braços desta deusa enlanguescida.
Um sonho tão perfeito, feito em paz;
Depois de ter lutado insanamente,
O barco finalmente, chega ao cais...
Minha alma sem grilhões, antes cativa,
Liberta, me remete a tanta gente!
Só meus olhos, ‘stão presos em ti, Diva...
Diva: Deusa
0070
Divina
À vida, não me prendo, pois é frágil.
Minha alma, sim, eterna caminhante...
O tempo de viver, esse é tão ágil,
Transcorre num segundo delirante.
A dor que te consome e que palpita,
Por certo findará, tenha certeza.
Toda tristeza passa, pois finita.
Manhã quando renasce traz leveza.
A amarga solidão, seu desconforto,
O látego ciúme, tudo passa...
Os males procelários acham porto...
A vida se refaz, tão cristalina...
Minha alma anda feliz e não disfarça,
Pois encontrou, enfim, seu par: Divina!
Divina: De Deus
0071
Dora
Andava tão tristonho, tantas urzes...
Buscando um sentimento que pensara
Estar adormecido sem ter luzes
Que pudessem luzir jóia tão rara.
Mal sabia, entretanto, que produzes,
Emanando dos olhos luz tão cara.
Me acalmando tal qual os alcaçuzes,
Ao mesmo tempo, forte, me antepara.
Essa força gentil, tão procurada,
Tantas vezes passou despercebida;
Quantas vezes pensei: não será nada!
Somente bem depois, há pouco, agora,
Percebendo a rudeza desta vida,
Descobri esta dádiva que é Dora!
Dora: Presente, dádiva de Deus
0072
Dóris
Netuno, num momento de paixão,
Encontrou no seu mar bela sereia.
Revoltoso oceano: ebulição!
Em tsunamis desmancha-se na areia!
Um amor gigantesco quando arpeia
Um fantástico deus, seu coração,
Todo o mar, num momento, se incendeia;
Num segundo, este mar vira sertão.
Da beleza do encontro deste deus,
Com a linda sereia, encantadora,
Uma chama flameja, cessam breus.
A sereia engravida-se dolente...
Semi-deusa encantando toda gente,
Meu amor, em teus braços Dóris, mora...
Dóris: Filha do oceano
0073
Dulce
A encontrarei tão calma na alvorada
Dos dias que serei bem mais feliz.
A sua alma serena, iluminada,
Uma cor radiante em seu matiz.
Pois você tem tal dom locomotriz
Que não permite medo nem parada,
É de todas as forças, a raiz
É início e rumo desta estrada.
Como posso viver sem a ternura
Que emana de você, meiga e tão pura
É o fulcro que tanto procurei...
As feridas, com calma, já demulce
Aprendi a viver em sua lei,
É tão terna e tão doce, meiga Dulce...
Dulce: Meiga, doce, terna
0074
Edwiges
Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.
Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...
Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...
Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!
Edwiges: Guerreira rica
0075
Edna
Eternidade! Sonho dos mortais
Escombro sem sentido, sentimentos...
As regiões profundas, abissais,
Demonstram minhas ânsias e tormentos...
As sombras dos amores, espectrais,
Vagando por meus loucos pensamentos.
Abrindo seus caminhos, meus portais,
Espraiam-se na fúrias destes ventos!
Quem me dera encontrar a compaixão
De quem fora imortal pressentimento...
Fantásticos meandros da paixão,
Devorando, ignorando resistência,
Amor em desespero bate lento...
És minha razão, Edna, de existência!
Edna: Amiga próspera
0076
Edite
Não quero o desconforto da saudade,
Meus dias não serão em vão, perdidos...
Passado me negando claridade,
Os bosques dos prazeres, esquecidos...
A vida sempre nega eternidade
Os tempos mais felizes, tempos idos...
Meus mundos que velei, sem claridade,
As vozes dos amores nos ouvidos...
Cantando, solitário trinca ferro,
Espera pela amada que não vem...
Coração na gaiola solto um berro...
Esperando um amor em que acredite,
Coração passageiro perde o trem,
É tão triste te esperar, amor, Edite...
Edite: Rico presente, rica dádiva
0077
Eduarda
Nos teus níveos sorrisos, as promessas...
Sultana que escraviza um coração!
Meu mundo transtornaste e não confessas,
Rastejo te implorando teu perdão!
Tantas vezes, a vida prega peças
É preciso encontrar um guardião.
No meu flácido rumo, não me peças
Que deixe de prestar tanta atenção.
Não posso caminhar sem os teus pés.
Não posso respirar sem o teu ar...
A vida não perdoa: és meu convés!
Guardiã dos desejos e delírios...
De que vale, sem frutas, meu pomar?
Sem jardim, Eduarda, p’ra que lírios?
Eduarda: Próspera guardiã, benfeitora rica
0078
Edwiges
Nas guerras e batalhas siderais,
As expansões celestes num cortejo
Criando batalhões mais irreais,
Desfilam deslumbrando meu desejo.
Entre estrelas, planetas os sinais
Que demonstram verdades num lampejo.
Em tropéis gigantescos, canibais,
O céu perde, um momento, o azulejo...
Nas flamejantes lanças, holocausto!
Toda a dor explodindo neste infausto...
Miasmas e matérias se confundem...
Por um instante louco, uma viseira
Se ergue. Meus olhos noutros olhos fundem,
Meu amor, Edwiges, a guerreira!
Edwiges: Guerreira rica
0079
Elaine
Nas origens da Terra, escuridão
Absoluta, total... Nem sequer brilho!
Na treva verdadeira, céu e chão
Se confundindo... Qual um andarilho
Caminha no deserto, no sertão,
Sem ter sequer noção, precisa trilho,
Assim também caminha um coração,
Vai buscando ecoar seu estribilho...
As luzes que surgiram sobre a Terra,
Exaladas da estrela que ensolara,
Florescendo nas mata, campo, serra,
Permitindo que tanto sonho plaine
Embelezando etéreos. Jóia rara,
Amor, também rebrilha em ti, Elaine...
Elaine: Tocha, luz
0080
Helena
Tal qual uma princesa cintilante,
És dona dos mistérios de um farol.
A lua, nos teus olhos navegante,
Ardendo muito mais do que o sol.
Transbordas de emoção a cada instante,
Cobrindo este universo com lençol
De estrelas coloridas, delirante...
Ao vê-la no castelo, sou reinol,
(Um brilho em teu sorriso, diamante!)
Por vezes nesta esplêndida visagem,
Meus olhos qual falenas pedem lume,
Escravos, imploravam à paisagem,
Um resto deste brilho encantador...
Nos raios, um incrível bom perfume,
(Helena), Esta princesa e seu amor...
Elena: Tocha, luz
0081
Eliana
Raios solares, vida em tempestade!
Nos brilhos ardorosos, queima, em brasa...
Pois todos os recônditos invade
E violentamente tudo abrasa!
Ardendo com possante claridade,
Penetra cada cômodo da casa,
Eflúvios de beleza e de saudade,
Minha vida, seus brilhos, já se embasa.
Procuro por teus raios sedutores,
Neste fototropismo alucinante!
Agitando, potente, meus amores,
Trazendo aos meus sonhares tanta gana!
Ó deus destes delírios seu amante
Já busca por seus raios: Eliana!
Eliana: Sol, de beleza resplandecente
0082
Elisa
Nas horas complicadas desta vida.
Comparsa e companheira, minha amiga.
Navegas por meus mares sem intriga
Minha alma se emparelha, repartida...
Não quero mais saber se vai perdida
Ou se encontra nos braços ou periga,
P’ras dores deste mundo: trago figa,
Nem quero mais ficar, venha e decida!
Meus olhos vagamundos vergalhões.
Vão vesgos vasculhando a decisão.
Embarco-me na toca dos leões;
Do mundo quero amor e mansa brisa.
Aguardas que me exploda o coração?
Te espero atrás da curva amada Elisa!
0083
Elisabete
Meus versos revelando velhos vícios
Vontade de viver, vera vertente.
Nas praças e nas poças, precipícios;
Nos vales e nas vias pertinente.
Se vago nunca deixo esses indícios
Vorazes véus velozes vivo urgente.
Amores que me moram são fictícios...
Nos campos de batalha inda sou gente...
Não vejo meus velórios sem confete.
Não tramo meus temores sem tropeços.
Nos ermos escrevi teus endereços,
Nos olhos criminosos, canivete.
Na festa dos amores, adereços;
Nos braços, minha amada Elisabete!
0084
Elisângela
Fortuitos sentimentos são ferozes
São facas que machucam com dois gumes.
As mãos que acariciam são velozes,
Amor que não se cuida, sem costumes...
Os cantos que não trazes perdem vozes
Meus dedos não procuram por estrumes
As ruas dos silêncios são atrozes
Nas noites dos meus sonhos cadê lumes?
Singelos meus defeitos são completos
Completam-se nos erros que não fiz.
Amores são meus pratos prediletos,
Embalde nesta vida sou feliz
Violas quando plangem serenata
De amores Elisângela é a nata!
Elisângela: Amor leal
0085
Eloisa
Nas guerras e nas camas peço paz!
Meus medos são remédios e doença.
Por vezes me percebo tão capaz
Mas quase não conheço quem convença.
Quem dera ser assim, um bom rapaz,
É coisa que não quero e vou sem crença.
Batuca no meu peito um capataz,
No fundo não me cabe nem compensa...
A noite se refresca em plena brisa,
O manto das estrelas me cobriu.
Nos versos dessa amada poetisa
Meus erros se acumulam, mais de mil.
Desculpe se machuco-te Eloísa,
Amores do meu jeito, mais viril.
Eloisa: Combatente gloriosa
0086
Elza
Das águas surge bela e calma ninfa,
Seus olhos refletindo todo o céu
Das festas e dos cantos paraninfa
Beleza que emoldura, traz no véu.
Ao vê-la, o coração entra em vertigem,
Dispara como fosse carrossel
No corpo dessa amada e linda virgem,
Amores e promessas no papel.
Pergunto aos deuses como te fizeram
Respostas não ouvi nem ouvirei.
A fórmula, por certo não me deram,
Nem eles mesmos sabem com certeza
Amar essa mulher me fez um rei.
És Elza, destas ninfas, a princesa!
Elza: Virgem das águas
0087
Emanuele
Deus existe? Pergunta que repito,
Invariavelmente a cada dia...
Por vezes imagino que acredito,
Por outras me respondo: é fantasia!
Ateu, de vez em quando faço um rito,
Escrevo tantas vezes, poesia.
Nas noites que não durmo, mais aflito,
O frio me trazendo pneumonia...
O medo me refaz desta coragem
Que tantas vezes vem e prejudica
Não quero imaginar sequer bobagem,
Amor que não concebo me repele.
Rainha dos meus sonhos foi tão rica
Quando acordar te encontro Emanuele...
Emanuele: Conosco está Deus
0088
Emilia
Beleza que não tem nenhuma igual
Passeia pela sala, vai desnuda,
É fogo que se alastra, é carnaval.
É pássaro que canta em plena muda.
Doçura tal? Achei canavial,
Meu Deus, eu necessito Sua ajuda,
Me dizes onde andaste neste astral,
O que é que faço Pai? Vem e me ajuda!
Amores quando muitos são terríveis
As brigas e discórdias invencíveis.
Voando meus talheres e mobília
A casa se transforma num segundo!
E tudo se desaba acaba o mundo!
Amor da minha vida és tu, Emília!
Emilia: Rival enciumada
0089
Érica
Teus olhos tão soberbos não encaro!
A vida não me deixa solução,
Quem fora amor mordendo fica caro,
Ajoelhado estou, peço perdão!
Se imaginasse assim, tivesse faro,
Por certo preferia a solidão.
Vagando pelas ruas sem amparo,
Lambendo estes teus passos sou um cão.
Não maltrate quem te ama, minha amada!
A vida sem amor é quase nada,
É rio que se perde do seu leito.
Não precisa gritar assim, histérica,
Nem tudo nesse mundo é tão perfeito.
Mas, por favor, não me abandones Érica!
Erica: Aquela que é sempre poderosa
0090
Estefânia
Minha princesa eu vivo, sou plebeu,
Por certo nunca soube quem eu era
No mundo que vivemos restou eu,
O resto do reinado não espera.
Fingindo ser verdade já morreu,
O tempo que vivemos na tapera,
O manto que te cobre escureceu,
O peito de quem ama, dilacera...
Fagulhas incendeiam toda a mata,
Remates e remendos ficam feios
O tempo que passamos na cascata,
Talvez tenha mudado teus anseios...
Os corações embalde querem meios,
Pois quem ama, Estefânia, não maltrata!
Estefânia Coroa, realeza
0091
Estela
Olhando para o céu vi uma estela!
Estrela de raríssima beleza
Brilhando neste breu fiz uma tela
Que mostra toda a sua realeza.
Princesa das estrelas me revela
O mundo que trouxera com certeza
Nos pântanos e charcos sempre sela
Corcéis de fina estirpe da nobreza.
Vasculho pelo céu e nada vejo.
Sumiste sem sequer deixar sinal.
Agora o quê que faço do desejo,
A vida vai morrendo sideral.
Do brilho que trouxeste sequer vela.
Somente nos teus olhos, minha Estela!
Estela: Estrela
0092
Ester
Nas noites mais distantes, a quimera
Procura no meu peito seu abrigo.
O tempo que se passa, traz a fera,
O medo não resolve este perigo.
Amar quem nunca amei, enfim, quem dera!
O fogo que me queima já nem ligo...
A língua que me lambe, da pantera...
Temor que me domina tão antigo...
Amor não é servil nem é qualquer.
Sentimento nobre que existiu.
Procuro insanamente esta mulher,
Ninguém sabe, ninguém fala nem viu;
Num momento deparo com Ester
A vida, sem quimera, ressurgiu!
Ester: Estrela
0093
Eugenia
Bem sabes que não tenho mais futuro,
Meu tempo de existência já se acaba.
O mundo que terei será escuro.
Não posso te entregar vida nababa,
A sorte me deixou, pulou o muro,
A casa que prometo é simples taba,
Colchão, onde dormimos de chão duro,
O teto, se chover quase desaba!
Nascida com certeza em berço d’ouro,
Não sei como consegues ser feliz.
Jaqueta que vestias puro couro,
A vida que te entrego é por um triz.
Eugênia eu te corôo te dou louro,
Receba, com carinho, a flor de lis.
Eugenia: Nobre, nascida em berço de ouro.
0094
Eunice
Nas várias tempestades e batalhas
Os campos que pretendo não resistem.
O corte mais profundo das navalhas,
Os medos de viver, loucos assistem.
Amores não se fecham nas mortalhas
Invadem tantas lutas e persistem,
As roupas que vestimos, puras malhas,
Teimosas, nossas dores inda existem...
Nas roupas e nos medos, nossas lutas,
Comportam sem querer final e rumo...
As dores, entretanto, são astutas
Não deixam nem sequer qualquer aprumo.
Amor quando ressurge traz a glória,
Nos teus braços, Eunice esta vitória!
0095
Eva
Revelas relvas ervas e valores,
Vaticino futuro glorioso!
Nas almas e nos âmagos amores,
Nos olhos tantos óleos. Oloroso
Perfume que me encharca, raras flores.
Decoro com coragem, caloroso,
Os templos que se ergueram sonhadores.
Meu peito me maltrata tão idoso.
A fome de viver já me domina.
Não quero conhecer eterna treva.
Um brilho deste olhar cedo alucina,
Os olhos de quem morre e já se neva.
És último estertor, bela menina,
Primeiro e derradeiro amor, és Eva...
Eva: Vivente, viver, vida
0096
Evelyn
Um canto triste vive na gaiola,
Não posso nem ouvir que não resisto.
Amor e liberdade minha esmola,
Nas lutas que travei nunca desisto.
Tortura sem igual matando, imola;
Não posso me calar defronte disto.
Maus tratos tão cruéis fazendo escola,
São coisas pertinentes a Mefisto!
O pássaro que canta a liberdade,
No vôo que procura traz encanto.
Amor p’ra ser amor-felicidade,
Busca compartilhar-se em cada canto.
Esqueço minha agrura e meu tormento,
Com Evelyn voando, livre vento!
Evelyn: Pássaro
0097
Fábia
Passeias pelo campo mais florido...
Os bosques e pomares, a lavoura...
Um belo olhar, puro azul, decidido,
Sob uma cabeleira trigal, loura.
O sol fica feliz por ter surgido
E em raios carinhosos já se estoura.
Nas pastagens, o sol amanhecido,
O gado, aos belos raios, também doura.
A dona desse olhar vai distraída,
Mal percebe meus olhos sonhadores.
Encontro noutros olhos, minha vida.
A natureza absorta, mansa e sábia,
Respeitando esta cena, manda as flores
Perfumarem teus passos, bela Fábia!
Fábia: Aquela que planta favas
0098
Fabiana
Lua sobre esse pampa mavioso,
Eu ando procurando por amores.
O meu tempo passando doloroso,
Horas celestiais, campos, flores...
O céu iluminado por leitoso
Cobertor divinal, tragando as dores
No seu mata borrão mais vigoroso,
Derrama sobre o campo seus pendores...
Na guaiaca repleta, sentimentos
Mais sonhadores, levo essa esperança
Na espreita de que venham os bons ventos.
No meu coração vibrando campana
A me trazer a doçura, esta lembrança,
Tempo em que nos amamos, Fabiana...
Fabiana: Fava que cresce
0099
Fabíola
Olhos distantes, mares que não tenho...
Amores que passaram sem perdão.
Os ventos, as procelas, meu empenho
Em tentar conquistar teu coração,
Está tudo tão longe... De onde eu venho,
De terras mais longínquas, d’outro chão ,
Saudade de tudo me fecha o cenho
Causando no meu peito uma erupção...
Fomos felizes? Certo que fugiste
E levaste contigo as esperanças
Deixando aqui um homem morto, triste.
Por onde andas, pergunto ao velho mar...
Saudade desses tempos, nossas danças...
Ah! Fabíola, Fabíola! Onde buscar?
0100
Fabrícia
Ah! Como dói o amor quando distante...
As horas não se passam, vida voa...
O mundo se desaba num instante
Quem dera ser feliz... Rei e coroa...
Nos olhos derramados deste amante
As lágrimas se secam. São à toa,
Jamais renascerá o radiante
Sol... Mas um girassol louro destoa...
Floresce mais teimoso neste prado.
As cores e os brilhos são farol...
Promete ressurgir vital delícia...
Quebranto e solidão meu triste fado,
Mas, entretanto a vida, um girassol;
Promete renascer, loura Fabrícia!
0101
Fátima
Beija-me! Necessito teu carinho!
Meus mares e saveiros onde estão?
Meu mundo desabando, estou sozinho,
As luzes, esperanças vão ao chão...
Meu canto, engaiolado passarinho,
A noite me promete sempre o não.
Encharco meu amor, cálice, vinho...
Promessas? Só me fez a solidão!
Nos teus olhos a vida me protege,
Últimas esperanças de viver!
Destrua tal tristeza, a vil herege
Que teima em devorar meu sentimento!
Eu não tenho sequer tempo a perder
Ah! Fátima, me beije... Calmo, lento...
Fátima: Donzela esplêndida
0102
Felícia
Equilibrando dores, alegrias
Respiro sentimentos diferentes.
Coração escraviza-se em folias.
Meus medos e quimeras são urgentes...
No picadeiro trago as fantasias,
Dançando sobre luas e vertentes.
As ruas prometem cantorias,
Amores sais refletem tantas gentes...
Palavra e pensamento vêm à tona.
Rodopiar da saia da morena,
A vida me promete não ter pena.
O canto que te trago, de carícia,
Nem medo nem quimera falastrona
Felicidade a se explodir: Felícia!
0103
Fernanda
Mais terras que percorra, não terei
Senão brilhos, olhares, e canções.
Em todos os desertos, fui o rei,
Embora nunca houvesse corações!
Procurando esta lua, descasei,
Não me deste sequer os teus verões
As terras sem destino, descansei,
Amores se explodindo em amplidões...
Meu mote falta sorte, sobra morte...
A noite que me trouxe esta ciranda,
Por certo provocando fundo corte,
Não deixa outro caminho em minha sina.
Na boca carmesim desta menina,
Amores se traduzem em Fernanda!
Fernanda: Ousada, inteligente, protetora
0104
Flávia
Não quero teu amor, isso não quero.
Quem inventou amores não sabia
Que, mal nasce este amor, morre meu dia.
São versos que não faço nem venero.
Amor é sentimento cruel, fero.
Vem fazendo esta estúpida sangria,
Rasgando, maltratando a melodia.
Nada além de ilusão jamais espero!
Conheço bem promessas e mentiras...
Não quero teus carinhos, quero nada!
Esperanças cortadas, várias tiras,
O canto que prometes, não suporto!
Embora dos meus sonhos, seja porto...
Flávia, vais me cegar, brilhar, dourada!
Flávia: Dourada
0105
Flora
Te cantarei canções do coração!
Naturalmente bela, estrela minha...
Nas cordas do sonoro violão,
A dor desta saudade se avizinha...
Em teus braços, serei uma avezinha
Procurando por tua proteção...
Teu amor, meu amor vem e se aninha
Meu canto está repleto de ilusão...
Cobertor dessa noite longa e fria,
Quem dera regressasse enfim, agora!
Deusa primaveril, das flores guia
Meu amor não suporta tanta espera,
Retorne então, querida, a Primavera
Só poderá chegar contigo, Flora!
Flora: Uma referência à Deusa da Primavera
0106
Francisca
Coração vagabundo passageiro
De tantas esperanças vãs perdidas...
Procuro por amor o tempo inteiro,
Já não me bastariam nem mil vidas...
Na boca sequiosa, despedidas
E encontros, refazendo seu viveiro.
As noites que vivi mal resolvidas
Esperam pelo verde do tinteiro.
Esperança; poder enfim parar.
Mas alma passageira, tão arisca,
Espera veramente outro luar...
Coração, viajante vagabundo,
Cismando em procurar, no vasto mundo,
Um outro amor igual ao de Francisca!
Francisca: Uma referência aos franceses, francesa
0107
Gabriela
Liberdade! Cantando suas lutas,
Suas marcas, ferozes cicatrizes,
As dores e torturas, fortes, brutas...
Os tempos transcorridos, infelizes...
Os homens e seus gritos, não escutas,
As cores vão mudando seus matizes
As penumbras noturnas, duras grutas...
Liberdade sangrando, tantas crises...
Esperança, entretanto, já ressurge
Nos olhos amantíssimos, serenos...
Minha felicidade, plena, turge
Em braços carinhosos se revela.
Nestes braços amigos, bons, morenos,
Da lua que sonhamos, Gabriela!
0108
Geórgia
Um grito forte ecoa no meu peito.
Estrela amiga minha, redentora!
O verso que procuro, mais perfeito,
Espelhando teus sonhos de cantora
Adormece buscando-te no leito
Constelar. Quero amar quem já se fora
Cavalgando por mundo. Contrafeito,
Brado-te pelos céus, ó salvadora!
Tropicais paraísos em teus dedos,
A mão que reproduz, fecunda a terra,
Dispondo de fantásticos segredos.
No horizonte meus olhos, um sinal,
Procuro por teus rastros, mata e serra...
Vou te buscar, Geórgia, neste astral?
Geórgia: Agricultora
0109
Geralda
A vida traz batalhas, armistícios...
Há momentos de guerra em plena paz,
Porém, quando morremos, nem resquícios,
A morte, rigorosa, não compraz...
Há pélagos profundos, precipícios,
Onde quem mergulhar não volta mais,
Quem busca tolamente por indícios
Percebe como a guerra é má, audaz...
Nas lutas sem demora, nada sobra.
Amores e fantasmas dos amores
Por eles, mordazmente, um sino dobra.
Aos olhos sonhadores só desfralda
A lança dos que pensam vencedores,
Nas mãos dessa guerreira que é Geralda...
Geralda: Aquela que doma com a lança
0110
Giane
Abençoado o dia em que te vi!
Andavas pelas ruas da cidade,
Da bela e tão amada Mirai.
O tempo inda corrói, resta saudade...
Estava passeando por ali
Em férias, a buscar tranqüilidade.
Neste mesmo momento percebi
Um fascinante lume, claridade!
Estava transtornado pela dor,
Dor que nunca pensei que minha.
Juventude se ilude com amor.
Rimas pobres, meus versos juvenis,
Andavam vagabundos, à tardinha...
Giane, aquela tarde fala anis...
Giane: Deus é cheio de bênçãos
0111
Gilda
Tantas vezes procuro pelo cheiro
Dos olhos deste amor que não conheço.
Vasculho por planetas, mundo inteiro,
Muitas vezes, eu creio, não mereço!
Amor que se demonstre verdadeiro
Mudou e não deixou seu endereço.
A seta procurando pelo arqueiro
Não sabe, nunca viu, vive do avesso...
Espero companhia que me leve
De novo a tantas praias que esqueci.
Verão que se transborda frio e neve
Não deixa primavera, sol e rosa...
Procuro angustiado, estou aqui,
Por Gilda, companheira valorosa!
Gilda: Aquela que tem valor, valorosa.
0112
Giovana
Ninguém jamais dirá que não te amei;
As nuvens que carrego; testemunhas...
Nos barcos que hoje trago, me atrelei
Na busca d’outros sonhos que compunhas,
(As tábuas deste amor), a dura lei...
Mas quando te cravava minhas unhas;
Por certo, tantas vezes eu pequei,
Distante das promessas que propunhas...
Amor que dilacera morte explana,
O grito da discórdia dominava.
Morreu de inanição a soberana
Lua. Morte sutil e tão temprana,
Saberia que aurora não chegava
Nos ermos desse amor por ti Giovana!
0113
Gisela
O trunfo que guardei p’ro nosso caso
Esqueci de jogar n’hora fatal.
Amor quando termina, finda o prazo,
Não passa de arremedo, vai sem sal...
O sol poente morre neste ocaso,
Sem brilho não clareia o matagal
Dos sonhos. Não flamejo e nem me abraso
Nos raios deste amor, tolo final...
A noite que pensei que fosse dela
Não veio nem virá, morreu apenas...
As cores desbotadas na aquarela,
Não fazem do cenário bela tela.
Não trazem, no horizonte, suas cenas,
Restando só meu trunfo, amor, Gisela...
0114
Gláucia
Na ponta dos pés, manso e calmamente,
Procuro pelos rastros desta lua...
O rio que me leva, na nascente,
Mostrava uma sereia bela e nua.
Infernos, paraísos, roda a mente;
Mas a busca não pára. Continua...
Lusco-fusco me invade, de repente,
Mas o desejo, ardente, se acentua...
Remansos e cascatas se revezam,
Os traçados lunares são meus guias.
Saudades e tristezas; como pesam!
Caminhos que persigo, são dourados,
Vislumbro, do claror, as fantasias...
Te vejo Gláucia: os olhos esverd’ados...
0115
Glória
Cingindo meus amores, velho sol.
Perdido entre esplendores, morre chuva...
Os olhos disfarçados, sem farol,
Escondem-se em teu pranto de viúva.
Ao gerar este vinho tinto, a uva,
Da mansidão transborda em etanol;
A mão que me maltrata perde luva.
O brilho que me mostras, girassol!
Mas sabes que amanhã já me revolto,
Não quero ser somente teu espelho.
Amarras que me prendes sempre solto;
Amores se repetem, velha história!
Em todos os momentos, me assemelho
Na busca do esplendor que me deu Glória!
Glória: Brilho, magnificência, esplendor
0116
Graça
Um dia, passeando no Estoril;
As águas fascinantes, Tamariz...
Meu coração deixado no Brasil,
Nos olhos de Milena, a bela atriz,
Achando que pudera ser feliz.
Em plena primavera, num abril,
O céu tão gracioso em seu matiz,
Num misto de vermelho com anil.
Ao ver, tão calmamente desfilando
As pernas mais bonitas que já vi,
As cores deste céu foram mudando...
Olhar mais indiscreto não disfarça
Fixo, permanecendo por ali,
Na beleza da deusa lusa, Graça!
Graça: Deusas da mitologia que tinham o dom de agradar
0117
Helga
Criando meus castelos, descobri,
Os olhos desta calma criatura.
Por vezes procurei. Estava aqui
A mansidão que salva e me traz cura.
Por tanto sofrimento que vivi,
Por tantas punhaladas da tortura,
Nas vezes em que distâncias percorri
Buscando a claridade em noite escura.
Agora que te encontro, sou feliz.
Encontro a principal finalidade
De tudo que sonhei, do que já fiz.
Meu coração pesando aqui do lado,
Encontra, no final da tempestade
Em Helga o sol que brilha e é sagrado!
Helga: Sagrado
0118
Henriqueta
Nos olhos violetas a quimera,
Feroz devoradora de esperanças...
Tragando todo amor que se venera
Ferindo totalmente, suas lanças...
Quimera companheira me tempera
Com ácidos humores das vinganças.
A dor que não se queima, regenera
Não some e me consome, más lembranças...
Na poderosa bruma, meu naufrágio.
As nuvens que escurecem não dissipam.
As mortes dos amores já me estripam.
Angústia no meu peito é seu pedágio.
Quem dera ver da vida outra faceta,
Na luz que não dissipa, em Henriqueta!
Henriqueta: Senhora da pátria, poderosa
0119
Ercília Hercília
Manhã que nunca veio, morre tarde.
A cor destes teus olhos, frágil lume.
Amor tão terebrante nega alarde,
O sol embora fraco, traz perfume.
A cor desta esperança já se encarde.
O verde desbotado, teu ciúme.
Transforma-se vazia, é tão covarde;
Meu medo, é cordilheira cobre o cume...
O raio das manhãs, me nega aurora.
Nos meus jardins sofridos, morre a tília
A morte, tantas vezes, me namora;
Mas quando a noite cai, profundo talho,
Me lembro da manhã plena de orvalho;
Me lembro d’ outros olhos, os de Hercília!
Hercília: Orvalho
0120
Hilda
Nas guerras, nos amores e na paz,
Foram tantas promessas que fizeste
Duvido, meu amor, se inda é capaz
Saber se o sol nasceu no oeste ou leste.
O vento de esperanças não me traz
O rumo que perdemos e que deste.
A mão que me tortura é tão tenaz
O fogo vence amor, lhe queima a veste.
Recebo das batalhas, a notícia
Que tantas vezes, finjo que não quis.
A dona do meu sonho de carícia
Retorna para, enfim, viver comigo.
Distante das guerrilhas, do perigo,
Com Hilda, certamente, sou feliz.
Hilda: Donzela da batalha, guerreira
0121
Hortênsia
As flores do jardim de nossa casa
Em plena primavera, tantas cores!
Calor dum sentimento que me abrasa,
Trazendo mais perfume para as flores;
O vento, calmamente, tanto apraza
Vestindo de esperanças minha dores.
Fogueira das paixões ardendo em brasa
Volúpias que me trazem meus amores...
Tenho culpa se quero ser feliz?
Em todas estas flores do jardim,
Algumas com raríssimo matiz.
São lumes duma tão pobre existência
Que teima feramente estar em mim.
Entre todas as flores, bela Hortênsia!
Hortênsia: Aquela que cultiva o jardim, horticultora
0122
Iara
Do teu caminho conheci segredo
Dos mansos passos luzes, brilhos, paz...
Penas que foste embora logo cedo,
Deixando apenas a lembrança audaz
De uma guerreira impávida, sem medo.
Tanta tristeza minha noite traz!
Na vida eu merecia um outro enredo.
Será que prosseguir, eu sou capaz?
Pois quando enfim chegar o triste inverno,
O coração vazio, quieto e triste.
Amor que merecia ser eterno;
Jóia entre tantas jóias, a mais rara,
À dor da punhalada não resiste
A ausência deste amor que se foi, Iara...
0123
Ieda
Ieda: Favo de mel
Tantas vezes deixado sem carinho,
Nas ruas e nos bares, solidão!
Madrugadas passadas tão sozinho,
Enlouquecendo, rasgo o coração!
Quem sempre alçou seu vôo, passarinho,
Ter que ficar na espreita do perdão?
Amor assim dantesco, um ser marinho,
Precisa urgentemente solução.
Nem em todas as ruas das metrópoles,
E nem nessas bodegas, botequins,
Encontro a salvação sutil da própolis.
Estrada que me sobra é mais cruel,
Meios se justificam pelos fins?
Onde se esconde Ieda, favo e mel?
0124
Inês
Inês
As mãos macias desta deusa nua
A passear tanto carinho insano.
Minha alma satisfeita então flutua
Das santas alegrias já me ufano.
A boca me promete e morde, crua,
Viajo por espaços outro plano;
E a noite encantadora, continua...
Não me permitirá jamais engano...
O mundo, quando um Deus amante fez
Não tinha inda metade desta luz
Que, clareando a vida, me conduz
Aos braços desta minha amada Inês
Me rendo aos teus caprichos, teu desejo...
A boca escancarada pede um beijo...
Teu beijo, meu amor, querida Inês!
0125
Iolanda
Iolanda: Violeta
Por vezes esperei felicidade,
Tantas manhãs perdidas sem ninguém!
Queria teu amor; isso é verdade,
A paz tão esperada nunca vem...
Olhava para os lados... Quero alguém!
Mas a vida negava a claridade;
Meus olhos procurando, nada além!
Não posso nem sequer sentir saudade?
Embalde, tantas noites sem perfume,
Quem dera te sentir doce lavanda.
Repetindo, a toda hora, meu queixume...
Meus olhos esperando na varanda,
Uma violeta resta sob o lume.
Mas quando enfim virá a minha Iolanda?
0126
Ione
Ione: Violeta
Minha casa vazia, nada resta...
Poeira se acumula no meu quarto.
A vida se mostrando pela fresta
Como um raio solar! Eu vivo farto
Das noites que pensei viver em festa,
Das lutas incessantes, não me aparto.
Pretendo certo dia, já me molesta,
Viver a sensação do amor, do parto...
Meu lar abandonado, vida seca...
Na vida sem amor, como se peca!
Espero teu chamar, ao telefone.
Do que tínhamos, vida em paz, completa,
Sobraram as lembranças e a violeta
Vermelha que esqueceste aqui Ione...
0127
Iracema: Anagrama de América
Amor tão delicado nunca vi...
Andávamos felizes, flutuando.
O melhor desta vida estava aqui!
Consigo ser feliz, somente amando...
Mas, tantas tempestades, me perdi.
Com todo esse meu mundo desabando,
Os olhos lacrimejo, só por ti!
As dores retornaram, cruel bando...
Amor é sentimento tão fugaz!
Ao mesmo tempo livre, está cativo.
Se temos ou não temos, cadê paz?
Amar é simplesmente um velho tema
Que por ele remoço, sonho e vivo...
Procuro por teus olhos, Iracema!
0128
Iraci
Iraci: Mãe do mel
Doçura de teus lábios, minha amada!
Promessas de luares sobre a terra.
Tantas vezes sonhei, não deu em nada,
A vida prometeu a paz na guerra.
Amor que traz carinho, também ferra;
Amor que traz aurora e madrugada
Desmaia no luar detrás da serra,
A mão que acaricia anda cansada...
Não quero o sofrimento que vivi
Na ausência da mulher que cedo quis...
A verdade da vida estava em ti.
Ao mesmo tempo inteira e por um triz,
Me trazes tanta mágoa e sou feliz.
No doce de teus beijos, Iraci...
0129
Irene
Irene: Pacífica
Quantas vezes na guerra e na saudade,
Trincheiras diferentes ocupamos.
As armas mais diversas que enfrentamos
Jamais nos esconderam claridade...
Palavras mal usadas, na verdade,
São armas que no fim, sempre que usamos,
Ferem-nos, nos maltratam e nos cortamos...
Depois de tantas lutas, liberdade!
Mas, como viciado não resiste
À distância daquilo que vicia,
A noite que retorna encontra triste
Amor que se transforma, mas perene...
Depois de tanta guerra, novo dia,
Procuro me aninhar, teu colo, Irene...
0130
Íris
Íris: Anunciar
Velhas embarcações, mar tenebroso...
Os ventos e tufões, as tempestades.
Um coração vazio e andrajoso
Esmola pelas ruas das cidades...
Deseja desfrutar de todo gozo
Prometido nos sonhos. Liberdades
Seus desejos. Porém, é perigoso
Amar, trará os ventos das saudades...
Um sonho acalentado nunca morre.
O mundo é tão pequeno pr’a quem sonha
Loucura apaixonante deste porre.
O brilho se reflete n’olhos, íris...
A dor de não amar já me envergonha...
Espero alucinado um sinal: Íris!
0131
Isabel / Isabela
Isabel: Deus é a minha aliança
Isabela: Deus é a minha aliança
Isabela, bela Isis, minha luz!
Abelha-mel que adoça e que maltrata.
No mel desta colméia se produz
Enigma que me educa enquanto mata.
Desejo de deslumbre, de alcaçuz.
Na picada feroz amor retrata,
Carinho de guerreira, de um obus...
No verso que lhe faço, me destrata...
Beijando e me mordendo sem pudores
Amante desejada, quero o mel!
Vasculha por destinos, fossem flores...
É manto que me caça e que me alcança.
Amor tão mavioso de Isabel,
Pacto que fiz com Deus, nossa aliança...
0132
Isaura
Isaura: Igual aos outros
És minha áurea manhã, vivo teu brilho.
Respiro enfim teus ares, sou feliz!
A dor, durante tempos, estribilho,
Distante dos sonhos já não diz.
Escassas provisões , perdido o trilho,
O rumo das estrelas sempre quis.
Ao deus do amor sincero já me humilho:
Não deixe retornar um céu tão gris!
Tens a beleza rara de quem ama.
Tens a fortuna imensa na bela aura!
Da vida que persigo, fogo e chama.
Perdido sem teu olhos, vago o mundo.
Perdoe se te canto assim Isaura,
É que de amor, enfim, meu mundo inundo!
0133
Ivone
Ivone
Não quero a solidão como parceira;
É águia desdenhosa que se ri
Do sofrimento amargo, vida inteira,
Que longe dos teus braços, eu vivi...
Na embriaguez dos sonhos, a videira.
Meu mundo sem sentido estava ali
Deitado, em vão, com outra companheira
Achando; me encontrava, e me perdi...
Não quero a solidão nem a saudade!
Preciso urgentemente te encontrar!
Viver sem ter amor como?Quem há-de?
Não posso suportar este ciclone,
Solidão, que jamais quer me deixar.
Ser feliz? Só contigo, amor Ivone...
(Retorne, se não der, mande teu clone!)
0134
Jacinta
Jacinta: Nome de uma pedra preciosa
Deus me fez tão feliz por conhecer
A beleza estampada neste astral,
Toda a força do lume sideral
Encontro em fatal brilho de prazer.
No mundo, simplesmente quero ter
De todo esse universo, num aval,
Fortaleza que invade todo o ser
Fazendo meu viver sensacional.
Quero o gosto das fontes maviosas,
Quero essa sutileza que domina;
As noites de prazer, voluptuosas.
As cores do infinito que Deus pinta
Com o brilho dos olhos da menina
Que achei; eternidade. Amo Jacinta!
0135
Jacqueline
Jacqueline: Aquela que supera
Tantas dores a vida nos promete
São montanhas diversas, ventanias...
Ao passado, a tristeza me remete
Fazendo transtornar as melodias
Da festa, serpentina com confete
Nos meus ultrapassados carnavais.
O tempo que se foi não mais repete,
A alegria vivemos, nunca mais!
Das dores que acumulo pela vida,
A ausência desta luz que já morreu,
Da minha mocidade, despedida...
Não há mais sequer lua que ilumine
O meu céu sem estrelas, puro breu,
No brilho dos meus olhos, Jaqueline!
0136
Janaina
Janaina Rainha do mar
O mar, tempestuosa divindade
Habita essas entranhas colossais
Distante de qualquer u’a claridade,
Nestes abismos, seres abissais...
Redescubro, enfim, toda a mocidade,
Na busca dos amores que jamais
Encontrei, puros, livres de verdade,
Sem temer tempestades, ondas, cais...
Vagando pelos astros nada tive,
As estrelas disfarçam sentimentos..
Mergulho por gigante mar, declive...
As águas, todo o mar já me domina,
Penetro nas entranhas, rasgo os ventos,
Em busca da Rainha Janaina!
0137
Jandira
Na brancura, luar, tão mavioso!
A pele me recorda pura seda,
Busco-te, meu olhar vai sequioso,
Nesta grande alameda, na vereda
Florida por jasmins. Neste oloroso
Caminho, minha vida se envereda
Buscando meu futuro glorioso
Esperando que amor divino ceda.
Te quis ó companheira deslumbrante
Não deixe que essa vida em vão me fira,
Te quero como amigo e como amante.
Me deixe ser deveras teu gigante,
No meu canto amantíssimo, és a lira;
Vereda dos meus sonhos? É Jandira!
0138
Jane
O sol posto, nas nuvens solidão!
Meu verso enamorado de teus braços.
Embalde repetindo esta canção,
Meu sonho procurando teus espaços.
Aguardando-te intero o coração
No tinteiro da tarde nos terraços
Mais altos, nos bordados da amplidão,
Precisamos atar os velhos laços...
Ficavas abrigada das tempestas,
Amor não necessita que se explane
É gás que me cintila em gozos, festas.
Lembrança dolorosa não se acoite
Amor que não se orgulha deste açoite,
Descansando nos braços teus, ó Jane!
0139
Janete
Fonte límpida e fresca dos amores...
Nos cantos destes pássaros felizes,
As searas prometem tantas flores,
Abraçadas nas asas das perdizes...
Na pompa onde se mostram tais pendores,
Não sei desses receios nego crises.
Os alamos as luzes os odores
No mato se misturam mil matizes...
Neste missal criado por um Deus
Luxuoso desfile se repete,
Nas várzeas e montanhas, olhos meus
Deslumbramento tal que me compete
Pintar na poesia luz e breus,
No centro deste quadro está Janete!
0140
Janice
No viço destas folhas, primavera
Reflete-se nos raios deste sol;
Paramento divino, girassol
Altares catedrais, uma tapera.
Tudo reluz, paisagem, quem me dera
Pudesse percorrer, ser o farol.
A natureza orgástica... Na fera
Que repousa, reparo um triste rol.
As marcas tão profundas, dentes, garras.
Escondo-me, sou presa, neste arbusto,
Num átimo rompendo essas amarras
Reparo nos teus olhos, minha fada...
De frágil, num repente, sou robusto.
Na força que me dás, Janice amada!
0141
Janine
Janine: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso
Amor que tão distante, em vão não me compete...
Vestida de saudade, a lua se entristece...
É lagrima que cai, inunda este carpete.
A dor, embevecida, amarga tela tece...
Amor que nunca cura, embalde se repete,
Não adianta crença, esqueça sua prece...
Desfila a solidão, a lua por vedete,
Minha pobre esperança, em lágrimas fenece...
Porém me resta o canto, o meu fiel parceiro...
A benção mais divina inunda o mundo inteiro!
Por tanto tempo quis o brilho da manhã!
O canto abençoado atravessando o mar...
Inunda o sofrimento, acorda o meu luar.
Nas bênçãos de Janine, o meu belo amanhã!
0142
Jenifer
Recebi sua carta, minha amiga.
Em todas as palavras um adeus...
No fundo de minha alma vá, prossiga,
Consigo não irão os olhos meus...
A sensação que tenho, tão antiga,
Desfeitos tantos sonhos de himeneus,
E de querer, enfim, que já consiga
Viver mais plenamente os sonhos seus...
Bem sei que depois disso vou sozinho...
É certo que tentamos ser felizes.
O fio deste amor jamais foi linho,
Não quero recordar a nossa dor.
Vivemos nosso céu, vieram crises,
Jenifer me trará de novo amor!
0143
Jéssica
Jéssica: Jeová é salvação
Não chore tanto assim, o dia virá!
As dores são promessas de esperança.
Nas mãos deste teu Deus, de Jeová,
Amor virá com paz numa aliança...
A lua irá brilhar, lado de cá,
Nunca deixe morrer esta criança
Que brinca no teu peito e viverá
Enquanto houver um Deus e confiança!
No brilho das estrelas, o perdão,
Nos raios da manhã, sol gigantesco!
Nosso amor se alimenta de ilusão.
Não de deixe levar em perdição,
Jéssica, um pesadelo assim, dantesco,
Não vive em nosso amor, de salvação!
0144
Joana
Joana: Deus é cheio de bênçãos, Deus é gracioso.
O rio deslizando em cachoeira,
O vento assobiando mansamente.
A mata se entregando vorazmente,
Aguarda a noite plena e verdadeira...
Os sapos, as corujas nesta beira
De rio, tanto amor solto se sente
Nas pedras, nos remansos... Claramente,
A terra se enamora mais faceira.
Rios, matas... Meu sonho delirante...
Sozinho, procurando minha amante,
A vida me traz cura, noite sana...
Dois olhos graciosos se debruçam;
Claridade do amor, já me esmiúçam,
Acordo em teu olhar, benção! Joana!
0145
Joice
Joice: Alegre, divertida, jovial
Nesta manhã risonha estou feliz!
As dores se esconderam, nuvem leva...
Quem fora da alegria um aprendiz
Esquece que na noite vive a treva.
Manhã do meu amor, sempre me diz
Que em peito apaixonado nunca neva.
O brilho deste sol, lindo matiz,
É como um pescador com boa ceva...
Nas danças destas nuvens passageiras,
Meus olhos acompanham o festejo.
Reflexos do rei sol nestas ribeiras!
Libélula voando... A lavra, a foice...
Nos olhos regozijos do desejo!
Na minha juventude, um brilho, Joice!
0146
Judite
Judite: Louvada
Nos meus caminhos longos e tristonhos
As noites se fizeram revoltosas...
O rumo das estrelas nos meus sonhos,
Passam por essas sendas venenosas...
Deixaste tantas urzes nos medonhos
Rastros que irão levar às nossas rosas!
Por que essas duras sebes nos risonhos
Jardins de luas tão maravilhosas?
Nosso amor necessita dos espinhos?
Tão cruel essa lei que me legaste!
Das gaiolas vislumbro belos ninhos!
As dores nos amores têm limite!
Depois de tantas lutas, o desgaste...
São duros os caminhos à Judite!
0147
Julia
Julia: Aquela que é brilhante, cheia de juventude
Quem dera ter a força que me trazes!
Em tua vida, demonstraste gana.
O meu amor, lunar, muda-se em fases,
Desenhou minha sina, uma cigana...
Amor que não perdura, cadê bases?
A dor que não se cura, não me engana.
Nas cartas que escondi, perdidos ases.
Poeira da saudade? Amor espana!
Não posso reclamar tua atitude.
O mar que te deixou me trouxe luz.
Amor que se renova, traz saúde...
Desculpe se pareço meio rude,
A mão que me carinha, me conduz;
Nos olhos trago Julia, a juventude!
0148
JULIANA
Enrubescendo a face, envergonhada,
Calada, neste canto, uma menina...
Sonhando com favores de uma fada
A vida, tantos sonhos descortina!
Guerreiros são heróis de capa, espada,
Um príncipe virá! É sua sina...
Em plena fantasia, a madrugada
Num átimo abrirá toda a cortina...
Menina que carrega a dor temprana
Não sabe dos fantasmas que terá!
As sortes escolhidas da cigana,
O sonho da menina morrerá!
Mas, quieta, nos meus sonhos, Juliana,
Eternamente bela, brilhará!
0149
Julieta
Tempos distantes, longe, pego a pena
E desenho teus olhos radiantes!
Saudade deste tempo nunca acena,
Os ventos me trouxeram dois amantes!
Nas mãos mais imprecisas, triste cena!
As cores juvenis, embriagantes!
Olhos, luar... Amor cego condena
As dores vencerão, são mais constantes!
Um rouxinol cantando, a cotovia...
O sangue enrubescendo toda a neve...
Amor tão furioso morre breve.
Na morte deste amor; a dor, cometa...
Mas sempre viverás; és fantasia!
Amor que já renasce: Julieta!
0150
Karen
Karen: Aquela que tem graça, delicadeza
Desfilando a beleza da pantera,
Caminha tão distante do meu dia...
A vida de esperanças degenera...
A noite que persigo, está vazia.
Quem dera seu amor ser meu, quem dera!
Os meus mares não passam, simples ria...
Na graça feminina mora a fera,
Que morde, que me rasga... Acaricia...
Nos passos veludosos nem barulho...
Num átimo mergulha, dá o bote.
Ser a caça, seria meu orgulho!
Mas olhares desvia e se disfarça
Na sua vida, simples estrambote
A espero afinal, Karen, minha graça!
0151
Karina
Karina: Aquela que tem graça, delicadeza
Mudanças! Necessito de mudanças...
Já me flagraste tonto pelas dores
Que sempre impediram festas, danças...
Agora já não quero mais amores.
Um dia, me recordo das crianças
Correndo no jardim de belas flores.
As luzes que ficaram nas lembranças
Não me deixam sentir mais os olores...
Jogávamos no sonho nossas vidas
Julgávamos viver eternamente...
Histórias deste amor, mal resolvidas...
A noite vem trazendo chuva fina,
Meu mundo se desaba, de repente!
Nos escombros dos sonhos vi Karina...
0152
Kátia
Kátia: Aquela que é nobre, pura e imaculada
Por mais que te quisesse não devias
Fazer do meu caminho, minha cruz...
Embora te procure como luz,
A vida me apresenta novas vias...
As ruas que prometo são vazias,
Mas brilho de outros olhos já seduz
Quem pensa ter luz própria e que reluz,
Mesmo que carregando essas mãos frias...
Pensava que podia ser feliz,
Ser feliz, ser feliz! Repito tanto!!!!
Dos beijos que mentiste, peço bis.
Desejo ter fulgor da Via Láctea
No rastro das estrelas meu encanto,
Na espera deste amor que me deu Kátia...
0153
Kelly
Kelly: Donzela guerreira
Não posso mais temer a tempestade,
Decerto me percebes mais audaz.
Não temo nem sequer a claridade
A minha vida passa em plena paz.
Recebo enfim a grande novidade
Que o vento da saudade já me traz;
De novo, pois, passeias na cidade.
Pensava tantas vezes: nunca mais!
Quem tanto amou implora se revele
Verdades que esquecidas me maltratam,
Destinos que se perdem, se desatam.
Quem fora amargurada me repele,
Quem sabe agora amores se relatam
Nos versos que dedico a ti, ó Kelly!
0154
Laís
Prevejo minha sorte transformando
A treva do viver em cristalina
Água que me bendiz, se derramando
Na fronte da mulher que me alucina...
As dores se esvaindo, vão em bando,
Em busca de outro templo, de outra sina.
Nos páramos distantes se dourando
O manto que a verdade descortina...
Marmorizado brilho de esperança
Que nas constelações, livre, se avança.
É tempo de tentar ser mais feliz.
Amor que se desfez, podre e disforme;
Renasce nos teus olhos, belo, enorme;
Me leva nos pendores a Laís!
0155
LARISSA
A noite me convida a passear
Sob as belas estrelas deste céu.
A luz que se reflete no luar
Emana da princesa, branco véu.
Nas ruas onde passo te encontrar
E como desfrutar do puro mel.
Bela noite, passando devagar,
Cometas desfilando, vão ao léu...
Nos cantos mais bonitos, tua voz.
Rainha dos meus sonhos de cobiça!
A boca que me morde tão feroz
Não sabe do prazer que desfrutei,
Da noite de luar quando fui rei,
Nos braços delicados de Larissa!
0156
Lavínia
Lavínia: Do hebraico: purificação
Sons etéreos, os silfos, calmo vento...
As folhas balançando suavemente,
À beira das cascatas, chamamento
Divino...libertando corpo e mente...
Canto da cachoeira, o pensamento
Transcorre neste rio mansamente...
Tão distante, esqueci meu sofrimento
Na imensidão profunda e delirante.
Nessas águas tão límpidas me banho.
Perfumes doces, flores, primavera.
Lembrar do que vivi, parece estranho.
Imagem benfazeja duma santa
Criatura, distante, uma nova era...
Lavínia calmamente canta, encanta...
0157
Leda
Leda: Alegre, contente, jovial, risonha
Meu coração, em festa, comemora
Notícias que recebo no jornal.
A vida que teimava-se ir embora
Ressurge destas cinzas, maioral.
A boca melindrosa quando, outrora,
Beijava-me com força assaz brutal
Fornalha que incendeia e me devora,
Escondeu-se depressa e nem sinal.
Mas hoje, por capricho ou por saudade
Regressa novamente na cidade.
Boca que entre risos e desejos,
Muitas vezes assopra depois morde,
Procura dentre tantos o seu lorde.
Volta Leda aos plebeus e loucos beijos!
0158
Leila
Leila: Negra como a noite
Sua beleza d’ébano desfila
Nas ruas que ilumina com sorriso.
Os olhos desejosos fazem fila,
Em busca de encontrar o paraíso.
Beleza fascinante em minha vila,
Amar é necessário e mais preciso.
O mel que minha abelha já destila,
É raro e mavioso, perco o siso.
Vencido pela pele bela, escura,
Minha alma dolorida pede cura
Pergunto aonde está, me responde: ei-la!
A deusa que desfila, meu remédio!
A vida sem seus braços, puro tédio.
Permita-me lhe amar. Ó santa Leila!
0159
Leilane
Leilane: Flor celestial
Dos espaços celestes, bela flor,
Trazendo tanta sorte e tanta paz.
Encontro seu perfume e seu calor
Nos astros que mergulho amor audaz.
Recebo desta vida o meu pendor
Imerso neste brilho que me traz
A flor celestial, seu esplendor...
Quem me dera colhê-la! Sou capaz?
O perfume no lume em tudo espalha,
Recendendo universo em sua malha.
Uma flor generosa pelo astral...
Meus olhos a procuram pelo espaço,
Uma mão divinal desenha o traço.
Em Leilane esta flor, celestial!
0160
Letícia
Letícia: Alegria
Meus olhos em total ansiedade buscam
Pelo céu essa estrela apaixonadamente
Bela. Estou tão distante... Eu quero, simplesmente
Seu brilho constelar. Os outros já se ofuscam...
Estrela radiosa, o meu verso se encanta
Com o teu raro lume. Embalde te procuro!
O céu, tão invejoso, esconde-te na manta
Pelas nuvens formada, o mundo fica escuro...
Quem dera se pudesse, estrela, ver teu brilho,
A vida, então, seria enorme fantasia.
O meu olhar vazio, espera por teu trilho!
A cada noite nova, um sonho de delícia...
Em ti, estrela amada, um canto de alegria!
O céu mais ciumento, esconde-me Letícia
0161
Lídia
Lídia: Irmã
No cigarro que fumo amor em espirais...
Distante, cai a noite; o vento me tortura...
O canto que sonhava, estribilha: jamais!
Não quero conceber minha total loucura!
Alvíssima menina, o meu preciso cais.
A barca que sonhei, no mar de tanta alvura;
Esconde-se infeliz, tanta tristeza traz...
Quem dera se tivesse amor que, santo, cura!
Vivendo a solidão, cigarros devorando,
O medo desta luz, que tanto me fascina.
Embalde, procurando, o mar que fosse brando...
Sou pobre passarinho engaiolado em dor.
O rosto que se mostra, a mais doce menina...
O vento me tortura, em Lídia, meu amor..
0162
Lidiane
Lidiane: Irmã
Um canto de saudade... Um resto de paixão...
Amante dedicado, espero por teu colo...
Mergulho num segundo, o meu limite é o solo.
Sonhando, vou morrendo, em busca do perdão!
Valsavas, numa noite, em plena fantasia...
O teu vestido, branco, um sonho mais feliz.
A vida me sorria, o teu amor me quis!
As águas deste rio, o vento me trazia...
Porém, em mendicância, a noite ressurgiu.
O canto da esperança esconde triste ardil.
A noite em minha vida, abraça-me, feroz!
Bradando, então, teu nome; espero, enfim, notícias.
Quem dera reviver meu mundo de delícias...
Amada Lidiane, escute minha voz!
0163
Ligia
Ligia: Natural da Lígia, região da antiga Alemanha
Eu gostava do mar, isso nunca escondi.
Mar, praia, areia, sonho! As ondas e sereias.
Amando sobre a onda, o sol tramando teias...
No Rio de Janeiro, em Santos ou aqui.
Praias, ondas, marés... Nas conchas, belo canto,
Na pele, puro bronze, o tempo não tem pressa...
Porém a tempestade, explode mais depressa.
As ondas em procela, o mundo em desencanto...
Meu verso, enamorado, esgota-se na lama.
O sol que fora amigo, explode em dura chama...
O tempo transtornado, um resto de esperança
Adormecida luta, embalde, se destrói.
A craca em meu navio, o casco já corrói.
É morte, sem ter Lígia, a negra noite avança!
0164
Lílian Liliana
Lílian Liliana: Lírico, ou lírio
Célere veio a noite entranhada de medos...
Um sorriso resiste, a noite não perdoa.
O pensamento livre, os céus já sobrevoa.
Quem sabe desta noite encara seus degredos.
Pensamento me leva, acima d’arvoredos.
A noite se revolta, um brado forte ecoa.
Da luta não me solta, embarco na canoa
Dos sonhos, companheira... Eu guardo seus segredos...
Também conheço o dia, aurora é minha amiga.
A noite não percebe a morte que periga!
O brilho da alvorada, espreita este martírio.
Bem sabe que travei com a noite em tempestade.
Na luta que sonhei, venceu a claridade!
Em Lílian minha amada, a força d’alvo lírio!
0165
Lívia
Lívia: Pálida, lívida
Cinzas, a tarde cinza em nuvens, escondida.
A chuva que virá decerto me entristece...
Em lágrima vertida, em pranto, minha prece...
Parece que perdi o rumo, em minha vida!
Quem fora mais sereno aguarda que decida
A mão que me machuca, o canto se endurece;
Na tarde nebulosa, a tempestade desce...
A juventude morta esconde-se, perdida...
Um dia, a mocidade em toda plenitude,
Sonhei com teu carinho, amor sempre se ilude.
Manhã ensolarada, a primavera cálida...
Depois, entardeceu... Tantas nuvens chegaram...
A tarde acinzentada; as manhãs se acabaram...
Lembranças doces, Lívia, alvor da manhã pálida...
0166
Lorena
Lorena: Louro ou folha de louro
Na flor mais olorosa amor mais que perfeito...
Na dança, uma promessa, a tal felicidade!
Amor quando sincero, escusa-se de alarde.
Espero por teu colo, aguardo no meu leito...
Embora verdadeiro, escondo meu defeito.
Não venha me dizer que é pura falsidade.
É que paixão não deixa a tal sinceridade
Ser plena como quero. Amor é desse jeito!
Mas eu posso dizer que te amo plenamente,
Pois em todo esse jogo, a gente sempre mente!
Em toda a minha vida eu quis essa morena.
Agora, a primavera explode num verão
A dor, antiga fera, em plena solidão!
Total felicidade: abraço-te Lorena!
0167
Luana
Luana: Africano, de Luanda
África, paraíso! Em sonhos, a percorro...
Deserto, na savana, em meio a tantas cores...
Um leão corre solto... As matas, suas flores.
Um céu pleno de anil, na rubra terra, o forro...
Um peito enamorado em busca de socorro;
Buscando, na floresta, o cheiro dos amores.
Na savana angolana, estrelas multicores!
Estou apaixonado! Em braços mansos, morro...
Lembro-me da menina, uma deusa angolana!
Seus olhos, meu farol; quão bela era Luana!
A vontade de voltar, o meu coração manda.
Distante, no Brasil, um verso triste faço.
Quem dera viajar rasgando todo espaço
E num segundo só, voltar para Luanda!
0168
Lucélia
Lucélia: Luz, iluminação
A lua no sertão, meu amor sertanejo...
Abrindo essa janela a lua, intensa brilha.
Promete a minha vida imensa maravilha.
A lua se esbaldando, espelha meu desejo...
Vem cá minha morena, espero por teu beijo.
A lua faz o claro, então vamos na trilha.
As urzes no caminho, espreita e armadilha;
Um sonho cristalino; olhar brilhante vejo!
A lua, companheira, anseia pela aurora.
Estrela tão formosa, a cena se decora!
Ó lua do sertão! Meu sonho e minha luz!
Lucélia me deixou, roubou a claridade.
A lua que carrego, a lua da cidade...
Da lua do sertão, ficou só a saudade...
0169
Lucia
Lucia: Luz, iluminação
Orvalhada manhã, um vento tão suave.
O sol emoldurando esta cena fantástica.
A mão de um deus artista, a cena, bela plástica.
Meu coração amante a bordo desta nave...
Um passarinho livre, uma apaixonante ave,
No trilho desta luz minha alma fica estática.
Vento em minha narina, uma essência aromática
Num átimo embriaga. A vida sem entrave...
Delícia desta paz, é tudo que preciso.
No orvalho da manhã, decerto, o paraíso.
Na maciez do canto, um sonho de pelúcia...
Um beijo da alvorada, o coração desmaia...
Debaixo deste sol, a onda em minha praia,
Amor tão transbordante: a luz que me traz Lúcia...
00170
Luciana
Luciana: Luz, iluminação
Que importa ser feliz? A vida não promete...
Um rasgo de saudade invadiu o meu quarto.
De tanto que sofri, eu ando meio farto.
A lua já fugiu, intrépida vedete...
Depois que já se foi o amor de Elisabete,
Meu coração não quer saber de novo parto
Na parede, jurei, não quero mais retrato.
No carnaval da vida, em cinzas meu confete.
Versejo e não me caso; amores vêm e vão!
O que ficou aqui? Vadio coração!
A mentira do amor, te juro, não me engana!
De fraudes ando cheio, agora vou vazio.
Sossego meu cantar, não quero um novo cio...
Mas eis que em ti, reparo e embarco em Luciana!
0171
Lucilia
Lucilia: Luz, iluminação
Escrito na minha alma, amor mais verdadeiro;
Trazendo, no seu lume, em claridade, o dia...
No calor deste afago, a dor se derretia.
No mar de calmaria, escorre qual veleiro.
Amor, um lago calmo, embora traiçoeiro.
É vale mais florido, e pleno em poesia.
A fonte da esperança, alma em rebeldia.
Amor, em cada parte, universo inteiro...
No verde esmeraldino, a cor dessa esperança,
Acalentando ao velho, acorda uma criança.
Amor brandura e dor; amansa e depois trama.
Ao manso traz loucura, acalma em destempero.
Do amargo desta vida, amor é um tempero.
Mas, na luz de Lucília: amor, serena chama...
0172
Ludmila
Ludmila: Amada do povo
Na morte e no amor, a vida me maltrata.
No beijo que me deste, escondes a vil fera.
Ocultas em teu rosto, a face da quimera.
Amor promete a calma, a dor vem e desata.
Embarco todo o sonho, aguardo uma fragata;
A morte traiçoeira, está na espreita, austera.
Mas, ser feliz um dia, amado; quem me dera!
A vida se demonstra eternamente ingrata!
Minha alma em reboliço aguarda a calmaria;
A trilha do desejo, esvai-se em fantasia.
A dor, contrariedade, esboça-se de novo.
O tempo me comprova; a fortuna me trai.
Minha esperança é livre alça vôo e se vai.
Lembrança de Ludmila, amada do meu povo!
0173
LUÍSA
Luisa – guerreira gloriosa
Minha alma repartida, aparta-se de mim...
Do meu corpo se solta em busca de paragem.
Num vôo delirante, inicia a viagem.
Mal sabe seu começo, espera tenha um fim.
Na boca de Luisa, um vivo carmesim;
A promessa de paz passou a ser miragem.
Minha alma, transtornada; em plena decolagem
Pressente, nesta boca, um promissor jardim.
Nas mãos desta guerreira a santa piedade,
Promessa de viver, enfim, felicidade.
Minha alma já se encontra em manso vôo, em brisa...
Na glória deste amor, a vida esplendorosa.
Na trilha da guerreira, a lua gloriosa...
Minha alma, adormecida, em pleno amor, Luisa!
0174
Luzia
Luzia: Guerreira gloriosa
A Musa, traiçoeira, escolhe como e quando
Surgir em minha vida. O vento já trazia,
Ao mesmo tempo, vai. Nenhuma poesia!
E toda a fantasia, esvai-se como em bando.
Mas antes que esta Musa espalhe-se, voando;
Espero que consiga um pouco de alegria:
Fazer um verso manso a quem se prometia.
A vida se transcorre e o dia vai passando...
Pois bem querida amiga; o verso? Vou tentar!
Não sei se falo em sol, do mar ou do luar.
Mas te prometo um canto, a Musa anda invisível...
Luzia é gloriosa, guerreira sem igual,
No amor me trouxe rosa. Na vida, carnaval.
Desculpe-me, querida. Sem Musa, é impossível!
0175
Madalena
Madalena: Magnífica, do hebraico cidade de torres,
cabelos penteados
O homem guarda a fera, em sua vida cresce;
Na mão que me maltrata, a dura tirania.
Na luz que sempre nega, a fera já rugia.
A mesma mão que bate, a outra me oferece!
A boca que pragueja, esquece-se na prece.
Palavra que consola, a mesma que injuria.
A morte deste amor, é sua fantasia!
O canto que me ofende, a ti ele apetece.
O gosto da derrota; emolduras em glória,
A queda que me corta; em ti, vira vitória.
Depois de tanta dor, a ponte de safena.
Não mais estás aqui, fingiste ser mais nobre.
A vida traça um plano, espero que te cobre.
E quanto a mim, irei na luz de Madalena!
0176
Magali
Magali: Pérola, corresponde a margarida
Vencida a minha angústia, aguardo a claridade.
Ferido pelo beijo, eu vivo uma mudança;
Qual velho eremita, em plena castidade,
O beijo que me deste, é pleno de esperança!
Machuca enquanto cura, esmera-se em saudade;
Embora benfazejo, esconde uma vingança.
A boca mira o alvo, amor é sua lança.
Beijo ressuscitou amarga e má lembrança!
Por que fizeste assim, reviveste o tirano
Adormecido em mim durante mais de um ano.
Guardo no coração, as dores que vivi...
Dentro do meu peito, a fina, atroz areia.
Espalha um novo canto, encanto de sereia.
Qual ostra, então pari pérola:Magali!
0177
Manoela
Manoela: Deus está conosco
Dona do claro olhar, por ti estou chorando...
Em toda vida tive o sonho, a fantasia;
De ver aqui do lado, um brilho qual o dia.
Pergunto-me em silêncio : sonharei até quando?
Depressa foste embora, a vida foi passando;
Ao mesmo tempo fui, porquanto já sabia
Que nunca mais aqui, teu brilho encontraria.
Serei feliz? Jamais! A vida se escoando...
O brilho deste olhar não sai do pensamento,
Relembro deste azul em cada vão momento.
A noite dolorida, em sonhos, me revela
O canto da esperança está pleno de enganos.
Jamais hei de encontrar, depois de tantos anos,
Beleza sem igual, olhar de Manoela!
0180
Mara
Mara: Amargo, amargosa
A vida tão amarga em sangue já me pinta,
Trazendo em sua senda o gosto do perigo.
Passei a vida inteira esperando um abrigo,
No sangue em minha veia, escassa e pouca tinta.
A chama desse amor, há muito está extinta;
Procuro por carinho, embalde, não consigo.
Embora dura a sina, aos trancos vou, prossigo...
Só peço: amarga vida, iluda mas não minta...
A noite desdenhosa, ardendo em fogo brando,
No pesadelo amaro, a vida vai passando.
Amor, eu desconfio, uma jóia bem rara...
Quem dera, nessa guerra, um resto de vitória,
Seria, p’ra quem luta, a mais imensa glória.
Distante disso tudo, amarga, espreita Mara...
0181
Marcela
Marcela Uma referência a Marte, o deus romano da guerra
A guerra traz a morte, a vida se esvai, breve.
Amor, talvez, prometa, a proteção do escudo.
Quem ama nunca pensa, a morte o deixa mudo.
Um arco doloroso, a vida então descreve...
Quem sabe desta sorte, em guerras não se atreve.
Fugindo da batalha, esconde-se de tudo.
Assim se deu comigo, eu sempre não me iludo.
Um peito enamorado, em paz fica mais leve...
Não me deixo levar pela vontade insana
Que tantas vezes dá de guerra leviana;
Sustento-me em teu braço, a vida fica bela!
Não quero essa navalha, espero doce estima,
Por não viver batalha, a nossa vida prima.
Marcela, em nosso amor, a paz sempre se sela!
0182
Márcia
Márcia: Uma referência a Marte, marcial, guerreira
A solidão cruel, é tudo o que receio.
Não quero pr’esse amor, noites negras, escuras.
Não quero a caminhada em estradas mais duras.
Na salvação da lua, amor brilhante, creio.
Viver manso calor deitado no teu seio.
O gozo desta vida, eu sei que me asseguras,
O nosso amor foi feito em torno destas juras.
É doce compaixão, o fim, início e meio...
Amor que sempre brilha em noite enluarada
Vereda que prossegue em doce madrugada,
Nos campos do meu sonho; aurora bela, traz...
Não trago mais a mão disposta, fosse garra,
Amor nos trouxe o laço em leve e frouxa amarra.
Márcia, na mão macia, a promessa de paz!
0183
Margarida, Margareth
Margarida: Pérola
A natureza traz fantásticas lições.
Por isso nunca perca o brilho de esperança.
Por mais que esteja escuro,a manhã logo alcança
A calmaria vem depois de furacões.
A boca que te beija espalha as ilusões.
Na mais incrível guerra uma antiga aliança.
O homem mais sisudo, um dia foi criança.
Amor mal se distrai, espera por perdões.
Nos mares, a pobre ostra, em dor descomunal;
Ferida pela areia, em louco ritual;
Gerando tal beleza, o dom maior da vida.
Transmuda o grão de areia em pérola sublime.
Do escuro desta vida, a luz que me ilumine.
Assim é nosso amor, pérola, Margarida!
0184
Maria
Maria: Rebelde, soberana
Neste verso que faço, amor é dor tirana.
É canto que se perde, em busca da nobreza.
É vento e refrigera, abraça-se à tristeza.
Matéria que tortura; é santa e é profana.
É vida em que me perco, é noite que se dana;
É duvida cruel envolta em tal certeza,
É força que agiganta, amansa a natureza.
É confusão gentil, engana e desengana...
Amor tempestuoso, um rei mais soberano.
Não me permite rumo, inverso em cada plano.
Tormenta em profusão, é lua em pleno dia.
Um labirinto louco, enigma e solução.
Ao mesmo tempo mata e traz a salvação.
Rebelde e soberano, amor lembra Maria!
0185
Mariana
Mariana: Aglutinação de Maria e Ana
Buscava meu caminho em senda quase escura,
Os rios, bela fonte, em doce melodia.
O rumo desta estrada, incerto, eu não sabia.
Só sei que caminhava, a trilha tão bela e dura.
Na fonte cristalina, o frescor d’água pura,
Entretanto estranhava, estava sempre fria.
Por mais forte esse sol, mais e mais se resfria.
Na senda maviosa, estranha criatura.
O meu olhar, curioso, embalde se detinha;
A senda que segui, decerto não é minha!
Um olho mais atento observa e não se engana...
O meu caminho é leve, as fontes são risonhas...
Não tem nenhuma dor, não tem águas medonhas.
Mas, logo que acordei, o adeus de Mariana...
0186
Marilene
Marilene: Aglutinação de Maria e Helena
Quem dera se eu pudesse encontrar a ventura
Que a toda gente traz plena consolação.
Que traz a mansa luz e esconde escuridão.
Transforma a dura pena em fonte de ternura.
Acalma o violento e o enche de brandura.
Sossega a tempestade, acalma o furacão.
Eleva-nos ao monte e nos traz amplidão.
A quem sofre: esperança, aos doentes, a cura!
Quem dera se eu tivesse esse dom, meu encanto.
A dor que, hoje, maltrata; ah! Não doía tanto...
Felicidade, então, seria um bem perene.
Para sempre alegria, amor pleno de glória.
Nem um traço de dor, já morta, sem memória
Quem dera se eu tivesse amor de Marilene!
0187
Marlene
Marlene: Derivado de Madalena
A vida turbulenta, as águas deste rio
Que em louca tempestade espalham nas ribeiras.
A chuva em enxurrada enchentes verdadeiras.
Neste calor ardente, um terrível estio.
Saudade do teu colo, o coração é frio.
Atrocidade louca, as dores costumeiras,
Inverno contumaz sem vento e sem palmeiras.
Da amara solidão, incrível, inda rio...
Se Deus já me esqueceu, não sintas, de mim, pena.
A morte, sorridente, aproxima-se, acena.
Não quero ser eterno, a dor será perene!
A cura não encontro o rio não se amansa.
Na festa desta vida, eu me esqueci da dança.
Quem sabe a despedida esteja em ti, Marlene?
0188
Marina
Marina: Oriunda do mar
Tão distante do mar, meu pensamento voa...
Onde encontrar, meu Deus; um raio de esperança?
Olhando pr’o horizonte a vista não alcança,
Minha alma dolorida, é certo, não perdoa...
No trono desta deusa, um cetro sem coroa;
O marulho inda escuto, esparso, na lembrança.
A vida vai passando, o tempo sempre avança.
Um grito alucinado ao longe inda se ecoa.
Onde está t’a beleza? Espero a formosura
Do olhar que me deixou, em noite mais escura.
A dor é penetrante e me lateja, fina.
O meu mar se revolta em procelas terríveis.
A minha vida perco, em dores invencíveis.
Ungüento que mitiga? Encontra-se em Marina!
0189
Marisa
Marisa: Aglutinação de Maria e Luísa ou Maria e Elisa
Como posso fechar esta fatal ferida?
O tempo vai matando, em nós, a inocência.
Em vão eu rezo aos céus, pedindo por clemência.
A dor inebriante, invade e nos convida
À tentativa errante, o ser feliz na vida.
Ordena, o deus amor, a dura penitência.
O látego cruel promete tanta ardência
Vejo-te na chegada, esperas despedida...
O corte que fizeste, o fio desta espada;
Depois que despediste, a vida trouxe nada.
Nem chuva que refresque e nem a mansa brisa...
A vida se resume em aflição e penas.
As noites nunca mais serão calmas, serenas.
Por que feriste assim, quem tanto amou, Marisa?
0190
Maristela
Maristela: Estrela do mar
“só sei é que depois, muito depois,
Apareceu uma estrela no mar”
Amor pleno em mistério, encharca-nos de sonhos...
Um dia, em bela praia, um grão de fina areia,
Olhando para o céu reparou na beleza
De estrela que fulgia, amante natureza...
Acostumado à praia, ao canto da sereia,
Sabia não havia, um fogo que incendeia
Que traz a plena chama, invade com leveza,
E faz o grande amor repleto de incerteza.
A noite tece a tela, a vida tece a teia...
O tempo se passou, estrela e grão distantes...
O quê que aconteceu com os pobres amantes?
A vida tece a teia, a noite em aquarela...
Do caso apaixonante, uma lição eu levo.
Ao amor? Nada impede! E por isso carrego,
Minha estrela do mar, amada Maristela!
0191
Marli
Marli: Nome de uma povoação francesa
Amor é sentimento em vias de extinção.
A boca que me beija assim tão à vontade,
Decerto já beijou metade da cidade!
É retrato instantâneo, invade em profusão.
Um segundo que passa inventa outra paixão.
Por que vou ter ciúme em pouca lealdade.
Eu sei, não é mentira, amor é de verdade.
Isso tudo é hormônio...Amar? a solução!
Beija aqui, beija acolá... Não pára de beijar.
O neon brilha tanto, apagou o luar!
Estou ficando velho, agora eu percebi!
Sem pinho, serenata? A lua dança axé.
Amor sem carro novo? Amigo, não dá pé.
Ainda bem que achei meu par, minha Marli...
0192
Marta
Marta: Senhora da casa
O teu olhar decerto, eu sinto, não perdoa.
Desculpe se te tomo a luz e claridade.
No fundo não pretendo o gosto da saudade.
A mão que não carinha, aquela que magoa...
O pensamento é ave esperta, sempre voa.
Não quero essa gaiola, eu amo a liberdade!
Embora não prometa eu terei lealdade.
À noite, após a festa, a vida fica boa!
Não venhas me dizer que julgas na aparência
Se for assim, também, que eu tenha paciência.
Se bem que na verdade a vida não me aparta.
Eu gosto do teu colo, o resto não importa.
Senão que vou fazer? Aberta, vive a porta.
Quero ficar aqui, na nossa casa, Marta!
0193
Michele
Michele: Quem é semelhante a Deus?
Um deus enamorado, em sonhos, te esculpiu.
Beleza iluminada, estrela radiante.
Por certo ele te quis, pensou ser teu amante.
A pele tão morena, os olhos são de anil.
E lua enciumada, esquiva-se sutil,
Deus Hélio radioso, em raios, triunfante;
Abraça toda a terra, um beijo delirante.
E neste mesmo instante, um girassol se abriu.
Depois, envergonhada, a flor logo murchou.
Porém, pobre quimera, o deus que te criou,
Em nuvens vira fera, a chuva, a tempestade...
Mal sabe essa natura, a mulher tem caprichos.
Michele, toda bela, em busca d’outros nichos,
Deitada em minha cama. Em plena liberdade!
0194
Mirela
Mirela: Milagrosa
Alegro-me em te ver amiga, andei perdido,
Na procura da estrela, esqueci que sou humano.
O céu está distante, aqui é outro plano.
Acho até que tive sorte, eu podia ter caído.
Mergulhado no abismo após ter derretido
O sonho de voar. Cometo tanto engano
Porque sou sonhador. Depois disso me ufano.
Fechando os olhos, vou. Perco todo o sentido!
Amiga, teu amigo aguarda um triste fado,
Depois da dura queda, o sonho sepultado.
Mas, teimoso, não paro, aguardo outra viagem.
Que vou fazer da vida, espero uma resposta.
De milagre em milagre, um dia viro posta.
Mirela, milagrosa, amiga, uma visagem...
0195
Miriam
Miriam: Senhora
Cansado desta luta inglória e mais feroz,
Sonhando com a paz, amar é tão preciso.
Procuro pelo rastro, espero o paraíso.
Grito desesperado, estou perdendo a voz...
Ribeiro, minha vida, esquece-se da foz.
Insana madrugada, em vão, vai sem juízo.
A minha vida, inteira, imenso prejuízo.
Meu verso se transborda em pura dor, atroz...
Por que tu me deixaste, isso eu não merecia!
Sujeito à tempestade imerso em fantasia...
Do que pensei na vida, a morte não demora.
Amor que é tão sozinho, esmaga, pois tirano.
Espero por teu braço, a vida sem engano.
Miriam, do meu mundo e do sonho, senhora!
0196
Mônica
Mônica: Só, sozinha, viúva
Na noite, solitária, o vento qual chibata
Batendo na janela. Amor, triste, partiu...
Um canto longe, vago, uma lágrima,mil...
A vida se esvaindo, a dor maltrata...
A solidão noturna, a saudade retrata.
O mundo que sonhara, um átimo, ruiu...
O castelo, a princesa... O mundo já traiu.
Na morte, se enlutara, a volta não tem data,
Mas espera o momento onde possa encontrar
O motivo da vida, o brilho do luar...
Nesta eterna neblina aguarda pela chuva
Que nunca vem. Final de tudo, sofrimento...
Nesta janela aberta a voz triste do vento...
E Mônica sozinha, o leito, de viúva...
0197
Nadia
Nadia: Espírito de luz
Em toda tua vida, em tudo foste eleita,
No sonho que me embala, intensa claridade.
No tempo que me resta, a plena eternidade.
Minha alma ao te saber, se eleva e se deleita.
A mão tão delicada, a boca mais perfeita...
O lume d’uma estrela imensa intensidade,
Espírito de luz, total imensidade!
O dia em que chegaste, a vida satisfeita!
Meu verso te procura em cada pensamento,
O medo que tortura, esparsa-se no vento.
Ao ver-te, me imagino, alçando pleno vôo...
Quanto mais alto estou, mais perto estou de ti.
Emoldurou-te Deus, no sonho que perdi.
Nádia, desde que foste, eu nunca me perdôo!
0198
Nadir
Nadir: Vigilante
Quem fora simplesmente mar vazio,
Espera com total ansiedade,
Que a vida sem ter rios de saudade
Não deixe seu amor morrer vadio...
Deleita-se com brilho em mar sombrio,
Acalenta ilusão de liberdade.
Esquece a noite fria e sem maldade
Aguarda por calor no novo estio.
O sonho de salvar-se vai crescendo
Enquanto o duro inverno vai morrendo.
Embora nunca deixe de sentir
O frio que, covarde não lhe deixa.
Quem foi do amor escravo espera a gueixa
Que vai se incorporando e traz Nadir.
0199
Nair
Nair: Aquela que é luminosa
Quem neste triste mundo se perdeu
Nunca teve os caprichos bons da sorte,
A paz nunca chegou. Viveu sem norte,
O sonho que foi claro escureceu.
Quem sempre desfrutou do negro breu,
Sabe a profundidade e dor do corte.
Em plena vida aguarda a fera morte.
Esquece de viver, assim como eu.
Sou trama que não teve mais emenda,
Um velho beduíno sem a tenda.
Sou noite solitária e dolorida...
Nair é com certeza o santo cais.
Depois um outro porto, nunca mais.
A última esperança em minha vida!
0200
Nancy
Nancy: Aquela que é cheia de graça
Toda a minha emoção, é verso sem sentido.
É canto que maltrata um coração sem lume.
É flor que não encanta, a falta do perfume.
É mar que não navego o leme dividido.
Morto, no esquecimento, a sensação do olvido
Invade minha cama, escuta meu queixume.
Sou boca que te morde, a falta de costume,
Retrato na gaveta, há tempos esquecido.
Sou fumo que evapora esparso em triste vento.
Poeira dessa estrada, o céu sem firmamento.
O pouco do que fui, está guardado em ti.
Pois foste um relampejo, um pouco de esperança.
Confesso, nunca mais, saíste da lembrança.
Meu único momento feliz, contigo, Nancy...
0201
Nara
Nara: O que está bem próximo, mais próximo
Quem me dera sonhar um verso mais feliz
Que me trouxesse paz sensação que não vi.
A minha vida, triste, esqueci, por aqui...
Minha alma, tão sozinha esteve por um triz.
Nos bares, cabarés, minha alma meretriz;
Sou pó, sou resto, o nada. O futuro? Perdi
Em meio a tanta coisa, a lama onde cai,
A faca penetrante, a marca, a cicatriz...
Na pureza do olhar desta mulher tão bela,
A garra da pantera, estico e se revela.
Tua carne desejo, o beijo desampara...
Porém nesse segundo, ingenuidade tua,
Que me amas, eu percebo... Enfim achei a lua!
Enfim achei a vida, e me salvaste, Nara!
0202
Natacha/ Natalia
Natacha / Natalia: Nascimento, dia natalício
Há tempos fui feliz pois era amado.
Tantas vezes sorria, até cantava
Por caminhos risonhos. Esperava
Que a vida sempre fosse um verde prado...
Tinha você... Meus filhos... Ao meu lado!
A cada novo dia renovava
Minha felicidade. Nenhuma trava...
Mas a cruel quimera, o triste Fado
Num instante infeliz tudo mudou.
E nada do que fui aqui ficou...
A morte me rondando, sorridente...
Mas quis Deus, num momento de carinho,
Que eu não seguisse o rumo mais sozinho
Renasci em Natália, de repente...
0203
Neide
Neide: Nadadora
Na noite, caminhando pelos bares,
Em busca deste sonho que morreu.
Mesmo na claridade, o negro breu.
As lágrimas impedem os luares...
Procuro nos bordéis e nos altares;
Amores que se foram, restou eu...
Nem sombra do que fui sobreviveu.
Nesta noite de ronda, dor aos pares
E meus olhos perseguem esperança...
A cada novo beijo, nova dança,
Aumenta esta distância: vida e paz...
Ninguém percebe, morro a cada instante.
Procuro minha amada, minha amante...
Só Neide a me salvar da dor voraz...
0204
Neusa
Neusa: Nadadora
Nas ruas desfilava a bela forma, esguia;
Trazia em seu olhar, um raio de luar.
Vontade de viver, vontade de chorar...
Amor fora distante, em plena asa do dia...
Sua beleza rara, a deusa não sabia;
Criança que matava, a cada meu sonhar,
Não via, distraída, a promessa de mar
Que, embalde lhe trazia, em minha poesia...
As ilusões cruéis fatais e terebrantes...
Meu mundo se perdia em olhos tão distantes...
Quem dera Deus me desse amor da bela deusa...
A vida, num repente, em rara em mansa luz,
Talvez não me pesasse e fosse leve, a cruz...
Nas ruas desfilava, a minha deusa: Neusa...
0205
Nilza / Nice
Nilza
Nice: Vitória
Paraíso em teu canto, ave bela e mais rara...
Ergueste teu castelo em meio a tempestade.
Feito de etéreo fumo, asas da liberdade.
A mão que me maltrata; a mesma que te ampara.
Persegues nova vida em sonhos, mansa e cara.
Onde tenhas amor, sincera amizade
E a paz d’um paraíso: a tal felicidade!
Teu canto encantador, a vida tão amara!
No teu castelo em dor, a flor perde perfume,
O sonho se esvaindo, o que sobra? Queixume...
Amor que sempre fora o retrato da glória,
Adormecido... Quieto... Espreita atocaiado,
Que outro castelo surja em outro, manso, prado.
Nas asas da ave, Nice; a força da vitória!
0206
Nívea
Nívea: Branca como a neve
Resquícios de alegria; um mavioso estio...
O céu se torna espesso, as nuvens vão chumbadas...
O tempo, que era claro: em raios, trovoadas...
A tarde me promete um mundo duro e frio.
Na fumaça da vida, enchente vaza o rio;
Alaga todo o campo, encharca essas estradas.
Assim como minha alma, estão enlameadas.
Acordo e não te vejo. A fantasia crio;
Promessas? Ilusão... Níveo dia? Jamais...
Eu te chamo, ninguém... O dia? Nunca mais...
Noite eterna, doída... O sol jamais virá...
Persigo uma lanterna (esperança) e se apaga...
A noite na minha alma, eterna e dura praga.
Ó meu Deus me responda: onde Nívea andará?
0207
Noemi
Noemi: Noêmia Minha agradabilidade, flor de beleza
Pressinto; a morte vem... Amiga mais cruel.
Levarei pouca coisa: um resto de saudade,
Um gosto de tristeza, a mansa claridade...
A receita da vida; o mel... Bastante fel.
Chuva... Sol... Desamor... Cumpri o meu papel.
Vivi, no meu outono, a flor da mocidade.
Criei algum fantasma... Andei pela cidade
Buscando o meu caminho... O meu destino? Céu?
Pode ser... Mas será? Cometi os meus erros...
Casei-me, descasei... Nos velórios, enterros,
Casamentos...Cinema! O beijo da morena!
Depois: filho e filho... A vida me foi leve...
Uma coisa ficou. Sonho rápido e breve...
Noemi, juventude... Apenas uma cena...
0208
Norma
Norma: Mulher de origem gaulesa
Entardecer... Risonho e delicado brilho.
O sol se esmaecendo encontra a bela lua.
Esta, envaidecida, abre-se toda nua.
Eu, quieto voyeurista, olho e me maravilho!
E depois, satisfeito, o sol segue seu trilho...
A lua se levanta... Orgástica, flutua.
Natura, enamorada... A noite continua...
Quem sabe, dessa lua, amor é belo filho...
Por vezes; encantado. Em outras, tão vazio...
Ao sol vai abrasado, à lua quieto e frio...
Termina num outono, o que nasceu n’estio...
Nas normas desta vida, o nosso amor nasceu...
Tu foste o forte sol, a triste lua: eu...
Ah! Norma, o nosso amor? Apenas breve cio...
0209
Núbia
Núbia: Ouro, terra do ouro
Não falo da tristeza. Ela sempre virá,
Quer queira ou nunca queira, a vida continua...
Em busco de carinho, o meu destino: rua!
Muitas vezes sozinho, aqui ou acolá.
Procuro meu socorro. Em vão! Não chegará...
No frio de minha alma, o meu corpo já sua.
A vida que sonhei, jurei que era tua.
Mas não vieste e, só, vida segue má...
Amor, dedicação... São sentimentos frágeis.
As mãos que me negaste, em sonhos eram ágeis.
Reparo bem na sorte...Essa palavra é dúbia.
Pensamos, num segundo em coisa benfazeja.
A sorte de viver, o que mais se deseja...
Porém a minha sorte, esvaiu-se com Núbia...
0210
Nefertite
Nefertite: Amor, sensualidade, atração
A vida sem seu braço esquece do deleite.
Chorando, convulsivo, a madrugada fria...
Minha esperança, breve, escapa.Fugidia...
Quem dera se eu pudesse, atar-me, como enfeite,
Ao corpo da pantera. Espero que m’aceite
Ao menos um segundo... O meu mundo teria
O brilho d’uma lua. A vida sorriria...
No braço que preciso, aguardo que me estreite!
A solidão atroz aguarda pelo encanto
Da deusa que se esconde, em alvo e belo manto.
Adormeço e não tenho a presença que espero...
Qual falena procuro o lume, mas não vem.
Outra noite se passa; outra vez sem ninguém
Rainha Nefertite: amor, desejo fero!
0211
Odila
Odila
Cansado de cantar minhas tristes mazelas,
Preparo uma canção que seja cristalina,
Dedicada à mulher. Num olhar me fascina,
Desejoso e voraz, com o brilho das velas
Acesas qual a brasa. A vida, em torno delas,
Apresenta-se sempre imersa em paz divina
E tão profundamente amável que domina.
Um olhar feminino emoldurando telas...
A mulher em desejo, um cio bravo, indócil,
Transforma a solidão num simples, mero, fóssil.
É flor que, delicada, amargura destila,
É languidez audaz, caçadora voraz.
Sua voracidade um agridoce traz.
Sou vítima fatal de t’as garras, Odila!
212
Ofélia
Ofélia: Serpente, cobra
Nos meus sonhos, desejo e tempestades vagam;
Prazeres e ternura em murmurante voz,
Delícias e tortura uma mistura atroz,
As garras desta fera arriscam-se e me afagam.
Na chama sideral estrelas vãs se apagam,
Deixando um rastro triste enorme e tão veloz
De estrelas mortas que todas as penas pagam,
Dura desesperança e nada vem após...
Nos meus sonhos a serpe imersa em vil peçonha
Prepara o bote, deixa a vida de quem sonha
Em infernal espreita. A morte é tão escura...
Gosto abjeto da morte explode na garganta
Da vítima fatal. A serpente me encanta
E somente em teu beijo, Ofélia, terei cura...
213
Olga
Olga: Santa, sagrada
Esqueceste-me. Bem sei que não fui fiel;
Tantas vezes errei e te peço perdão
Por não ter conseguido encontrar solução
Para meus erros, fui muitas vezes cruel
Do doce prometido eu te guardei o fel
E por isso nosso amor foi tão vazio, vão.
Agora imerso em treva aguardo a solidão
Que virá fatalmente, inferno e vida ao léu...
De tudo que sei resta um gosto meio amargo
Assim como se esperança esvaísse. Me embargo
E quase não consigo expressar minha dor.
Me trazias um brilho em forma de alegria,
Mas tolamente fiz com que morresse fria
A noite que trouxe Olga, o símbolo do amor.
214
Olinda
Olinda: Cheirosa, perfumada
Companheiro da fera inebriante:amor;
Por vezes me esqueci que as mágicas mulheres
Guardam cada segredo em diversos talheres
Nas gavetas do sonho, em cálices de dor.
Muitas vezes estranho o mistério da flor
Carnívora. Também fazes o que quiseres
Nas tocaias. Inseto, a presa, se não queres
Depois de mastigada expulsas com vigor.
Porém a perfumada e olorosa rosa,
Absoluta malícia esperando ansiosa
Que um colibri se chegue e carregue seu beijo
Para outra rosa, assim num cio delicado
O pobre beija flor foi, sem perceber, fado.
Olinda; serei flor, colibri ou desejo?
215
Olívia
Olívia: Azeitona, oliveira
A chuva cai... Recebo o teu carinho triste
De quem amou demais e não teve perdão.
De quem sabia que, depois, a solidão
Se instala e toma cada espaço que inda existe.
Eu estou aqui. Sei que nada disso importa
Para quem sofreu e não sabe disfarçar.
Eu posso prometer a terra e o luar,
Tua alegria está atrás daquela porta.
Eu bem que tento embora eu saiba não consiga
Trazer uma esperança. Espero que prossiga
Sem esse sofrimento inútil que domina.
O meu verso calado, o peito está cansado
De saber que não tens o amor tão esperado.
Minha esperança, Olívia, a cor esmeraldina...
216
Paloma
Paloma: Pomba
O céu em claridade absurdamente bela,
Aos rasgos desta lua encontra sua amada.
Pressente que depois da longa e calma estrada,
Não há sequer um porto, e a lua se revela.
Esse astro enciumado, o céu amado dela,
Esconde-se na treva, a face descorada;
Quem nunca vira a lua assim apaixonada,
Espanta-se com isso: a noite perde a tela...
Irada, a branca lua, abrasa-se ligeira,
De súbito, essa noite, acende uma fogueira.
A luz, incrível lua, ao universo soma
Um rastro qual solar em plena madrugada.
Estrelas vão correndo, em total debandada,
A causa do ciúme: os olhos de Paloma!
217
Pámela
Pámela: Doçura, muito doce
Abelha forja o mel do pólen delicado
Que rouba desta flor em súbito revôo,
Beleza deste fato, encantos tais ecôo
Abelha qual Cupido, o pólen, o recado
Que a flor manda p’ra flor, um canto apaixonado!
A dor do meu amor por certo te perdôo,
Flor, colibri, abelha... Amor que eu abençôo!
Do perfume da flor, o mel adocicado...
Pois Deus ao te encontrar, a filha mais amada.
Por certo descobriu o brilho da alvorada,
E mais do que depressa, o Deus se emocionou.
Da abelha e do seu mel, do pólen dessa flor.
Do perfume à doçura,da doçura, ao amor...
E Pamela, em doçura, esse Deus transformou...
218
Patrícia
Patrícia: Aquela que pertence à Pátria
Quando me deixar lembre; a porta fica aberta.
Não é por mal, entenda a porta não se fecha.
Alguém pode esquecer o medo ou a mecha,
Ou quem sabe um novelo inteiro, esteja certa.
Acontece que amor é sentimento instável,
Da mesma porta que entra, a mesma quando sai.
A casa não tem base, um dia a casa cai,
E eu bem quero ficar, preciso ser amável.
Amor dolente vai, amor dolente vem,
A cama que ficar é noite do meu bem...
Pr’a dizer a verdade, amor: uma delícia.
Mesmo quando o fim surge, amor segue o caminho...
Prefiro ficar só do que ficar sozinho.
Amanhã amor abre a porta com Patrícia...
219
Paula
Paula: Baixa estatura, pequena.
Andava semi-nua a deusa maviosa,
Por onde ela passava um rastro de beleza.
Estrela salpicava o andar desta princesa.
O rastro que deixava olor de bela rosa...
Eu, pobre aventureiro, em vida mansa e prosa,
Ao ver a tal princesa, a dama de nobreza
Rara em desfile tal, passei a ter certeza,
A vida, ato divino explode venturosa...
Bem sei que não consigo imaginar a cena,
Quando Deus luminoso esculpiu a pequena
Obra prima que passa enfeitiçando a rua.
Só posso agradecer por estar vivo então,
Aplaudindo de pé, um pobre coração,
Por Paula enlouquecido, a deusa semi-nua!
220
Priscila
Priscila: Aquela que pertence ao passado, antiga
Nas espirais do tempo amores esquecidos...
A vida prega peça em quem não tem memória.
Viver um grande amor é se render à glória.
A vida é festival dos amores vividos...
Lembro-me, adolescente, em tempos ermos, idos.
No começo do sonho em que resume história
D’homem envelhecido, essa dor peremptória
Da saudade cruel de amores vãos, perdidos...
Morava na cidade, a mais doce menina
Que tinha, com certeza, a boca mais divina
Entre todas. Rainha, a mais bela da vila...
Em plena juventude, instintos incontáveis.
O beijo não sacia, as noites memoráveis.
No centro do meu mundo, em tudo, só Priscila...
221
Quezia
Quezia: Fragrância, do hebraico Cássia.
Nos perfumes que guardo; alguns, especiais.
De flores em perfeito amor primaveril.
Perfume penetrante ou doce e tão sutil,
Amor que se transforma em belos festivais
Onde um sentido impera acima de outros tais.
No aroma de uma flor quem nunca se sentiu
Extasiado. Um sol, enamorado, viu
Na flor e no perfume o sonho que jamais
Um dia pensou ter. E tão embevecido,
O deus mais poderoso estava assim vencido.
E deste amor surgiu u’a flor, o girassol.
Assim também fiquei ao ver tua beleza,
Quézia, e desde este dia eu guardo uma certeza:
O teu perfume invade e guia-me, farol!
222
Quitéria
Quitéria: Uma homenagem à santa de mesmo nome
Amor, caleidoscópio em diversos matizes;
Maltrata, acaricia e depois vai embora...
Ri-se de tudo sempre e, de súbito, chora.
Pois, plenos de alegria, estamos infelizes.
No seu lamento triste expiam-se deslizes,
Toda nossa emoção explode e já se aflora
E a saudade voraz voltando, se demora.
As dores deste amor peço-te que amenizes.
A cada novo sonho, uma nova mudança.
Sobrevivendo pleno em toda em toda insegurança
Já traz a solidão em tua companhia
Trazendo a solução, aumenta o meu tormento.
Quando julgamos morto, é puro avivamento...
Quitéria, nosso amor, u’a cruel fantasia!
223
Rafaela
Rafaela: Deus a curou
Suas águas, eterno e mavioso rio,
Me levam ao distante e tenebroso mar...
Em toda minha vida, esperança de amar
Nunca deixou de ser apenas breve fio
Que sempre me ligou, qual vela quer pavio,
Ao brilho desta vida, a luz deste luar.
Em cada noite fria, em cada mesa e bar,
Quem sabe um novo tempo, o calor d’um estio...
Atordoadamente, eu procuro-te; amor.
Das dores que carrego eu sigo em estupor.
Na busca da alegria, a vida se revela
Um sonho de bondade, um manto de nobreza
Que traz tranqüilidade em cantos de beleza.
Encantos nesta vida, achei em Rafaela...
224
Raimunda
Raimunda: Sábia poderosa, protetora
Não posso nem sequer, senhora da beleza,
Saber donde roubaste o brilho que incendeia,
O teu olhar sem par! É como a lua cheia,
Altar de tanto sonho, amada fortaleza!
Em tal encantamento, a vida; com certeza,
Trouxe-nos seu encanto, um canto da sereia,
Que busco no meu mar, deitada em plena areia.
De tudo que já tive, a mais bela princesa...
Embora tenhas ido em busca de teu Fado,
Deixaste uma saudade imersa no passado
De quem se fez feliz por ter te conhecido.
Distante deste amor, eu abençôo a vida
Por ter me dado a sorte , embora já perdida,
De ter Raimunda amado, um sonho enlouquecido!
225
Raissa
Raissa: Crente, pensador
O meu contentamento está ao teu cuidado.
És dona do meu Fado e minha fantasia;
A vida que pretendo, em tua companhia!
Por tantas vezes tive a dor de ter errado
Mas mesmo assim, jamais, me deixaste de lado,
Solitário, tristonho... Um canto de alegria,
Hino à felicidade, a bela melodia
Que traz o teu perdão; ao meu pior pecado.
Traze-me em toda angústia, o dom desta ventura,
Saber que te terei, mesmo na dor obscura.
Saber que estás comigo enfrentando as tempestas.
Desculpe-me se trago a marca da lembrança
Do tempo que sofria em busca da esperança.
Raissa, teu amor traduz todas as festas!
226
Raíza
Raíza: Força, aquele que tem raiz, pé no chão
Estou em desatino em louco desengano,
Se por tão longo tempo, amor em mim durara,
A vida desditosa, a morte me prepara.
Amor um sentimento enorme e soberano!
Por tantas vezes tive a certeza deste plano
Que a sorte preparou, delicadeza rara,
De ter essa mulher que nunca me enganara
Em toda eternidade; amor total, me ufano!
Destino traiçoeiro inocula o veneno
Da serpe solidão! Amor foi tão pequeno;
Sem base, sem raízes, que logo se acabou...
Adeus já me permite um vago sentimento,
Quem fora minha sina, espalha-se no vento...
Não foste qual Raíza, o mundo desabou!
227
Raquel
Raquel: Ovelha, cordeira
Raquel a quem Camões imortaliza
Em magistral momento mais feliz.
Demonstra sua face num matiz
Da calma necessária e mais precisa
Da forma tão sutil e mais concisa
De tudo que na vida sempre quis,
A paciência mesmo que num triz
Num ato que o amor sempre eterniza.
Na mansidão vencendo o vencedor,
Na placidez, vitória deste amor
Que guarda em si, o brilho da esperança.
Meu verso, enamorando já procura
Nos olhos de Raquel a sua cura.
Exemplo de total perseverança!
228
Rebeca
Rebeca: Aquela que une; aquela que prende pela beleza
Deixe que a noite venha com a lua
E traga esta esperança com o sonho.
A tua alma irá voando solta e nua
Trazendo-te um remanso mais risonho.
E quem sabe esse sonho continua
E faça teu viver menos tristonho.
Tua alma, enamorada, já flutua
Matando teu passado tão medonho...
Deixe que a vida prenda nossos laços
E desfrutar, possamos, dos espaços
Maravilhosos, leves, do prazer.
Tua beleza rara, meu amor,
Que me acompanhará por onde eu for,
Em Rebeca a razão para eu viver...
229
Regina
Regina: Rainha
Em todo o teu passado tanta glória.
Os que mares distantes navegaram
E seus feitos, amores, registraram
São páginas perdidas desta história...
Tantos deuses, em vão, te cortejaram
A dama de beleza assim notória,
Guardada, por milênios, na memória
Nos livros, alfarrábios se contaram...
Os templos se erigiram em teu nome,
Tua glória ninguém no mundo tome;
Da beleza e bondade és um exemplo.
Depois de tantos anos, te encontrei.
Permita-me sonhar ser o teu rei,
Regina a nossa vida, de amor, templo!
230
Renata
Renata: Renascida, nascida novamente
Amor faz seus milagres, não se esqueça.
Nos mistérios da vida, na esperança.
Amor quando real o mundo alcança
E por vezes, nos pega e prega peça.
Amor que nos domina alma e cabeça,
É força tão sutil, nem sempre mansa,
Que trama e nos comporta. Uma aliança
Que nunca apareceu quem a impeça.
Meu verso me recorda de teu beijo
Que rima, inevitável com desejo
Embora tantas vezes fez ferida.
A minha alma depois que tu partiste,
Aos trancos e barrancos vive triste.
Quando virás Renata, a renascida?
231
Rita
Rita: Uma referência à flor margarida
Quando amor parecia tão distante,
Um sonho inalcançável, impossível,
Tristeza se mostrava em invencível
Combate por um dia mais brilhante.
E quando eu procurava, a todo instante
Poder ressuscitar um sonho incrível,
Ser feliz; aparece mais visível
O rosto da mulher mais deslumbrante...
Dos mares que mergulho, tal beleza
Trazendo-me, de novo, uma certeza:
Minha vida será muito bonita...
Nos jardins que plantei em minha vida,
A mais bela das flores, margarida.
Meu derradeiro sonho, amada Rita!
232
Roberta
Roberta: Brilhante, famosa, ilustre
O teu nome se espalha no universo,
As estrelas te querem conhecer.
A lua, com certeza quer saber
A musa que me inspira nesse verso.
Quem perdeu tanta vida e foi disperso,
De repente, começa a descrever
A magia fantástica de um ser
Divino. Quem amou sabe que adverso
Sentimento maltrata e pede cura.
A noite que vivi foi tão escura.
Do peito, uma janela, sempre aberta.
Mas não vinha, sequer, resto de luz.
De repente brilhante sol produz
Efeito alucinante enfim. Roberta!
233
Rosa
Rosa: Uma referência à flor de mesmo nome
De todas essas flores do jardim
És bela e tem mistérios indizíveis.
Os perfumes e espinhos são incríveis
Tradução para amor. Teu mundo em mim.
Branca, amarela, rosa, carmesim,
De cores e matizes impossíveis
Representa a beleza em todos níveis.
É fonte do desejo: início e fim.
Das flores, dos amores, a princesa.
Transmites a total delicadeza
Nas pétalas que ostentas, orgulhosa.
Perfuma quem teu nome pronuncia.
Os sonhos mais felizes anuncia
O brilho de teus olhos, minha Rosa!
234
Rosana
Rosana: Rosa graciosa; forma feminina de rosário
Recebo teu carinho como um beijo
Da mocidade esquecida no passado.
Meu mundo tantas vezes naufragado
Em erros e mentiras, tenho pejo
De tudo que já fiz e não desejo
Repetir. Coração abandonado
Nas esquinas cruéis, um triste fado.
No carinho ressurge um relampejo
De esperança e de sonho, ser feliz...
No jardim de minha vida, a flor de lis
Já morreu, vitimada e melindrosa.
Agora que surgiste, minha amiga;
A vida já se faz ternura antiga,
Bela Rosana, a rosa graciosa...
235
Ruth
Ruth: Plena de beleza, bela
Teus olhos, dois luzeiros da esperança;
Clareiam a penumbra de minha alma...
Tua voz tão macia sempre acalma,
Minha vida, ao teu lado, sempre avança!
Mas quando a conheci a forte lança
Da vil desilusão deixara trauma
Meus olhos não sabiam de vivalma
Que pudesse matar desesperança...
Um dia, caminhando, de repente,
Na noite sem saber sequer da lua,
Ao ver-te imaginei que ali na rua
A lua se fizera então em gente
E fosse iluminar minha tristeza.
Em Ruth plenilúnio da beleza!
236
Sabrina
Sabrina: Donzela sabina, antigo povo itálico
Mergulhado em total obscuridade
Meu coração desanda a procurar
Nos raios deste sol e no luar
Amor que me trouxer tranqüilidade!
Depois de tanto tempo de saudade
A vida necessita de outro mar
Que possa finalmente, navegar
Sem temer a terrível tempestade.
Vencido por tormenta e desafio
Andando sem ter rumo neste frio,
Meu coração transtorna e desatina.
Agora que parece que não tenho
Esperanças. Que cego e só já venho,
Encontro meu amor em ti, Sabrina!
237
Samanta
Samanta: Ouvinte
Escute meu lamento, por favor.
Minha voz embargada te suplica
A noite sem amor já se complica
E espera um novo canto com ardor!
Sonhamos nosso caso com fervor
Porém a dor não cala e já replica
No amor, delicadeza de pelica,
Na vida essa rudeza sem amor...
A minha mocidade não suporta
Escuridão. Fechada a minha porta
Nada mais restará, a alma se espanta
E busca, com certeza uma paragem.
Te quero, companhia na viagem
Que leva até a morte. Vem, Samanta!
238
Samara
Samara: Aquela que é guardada por Deus, protegida por
Deus
Meu Deus quando te fez nunca pensara
Que tudo que sonhei estava em ti.
As dores que passara, já perdi
Nos teus olhos amada jóia rara...
Em busca da doçura, a vida amara
Te escondeu mas, deveras, ei-la aqui
Os medos que maltratam já venci.
Agora sou feliz, minha Samara..
Carrego minhas cruzes meus espinhos
Mas tenho a recompensa dos carinhos
De quem, num belo dia, Deus me deu.
Meu jardim florescendo em teu perfume,
Não guardo dessa vida um só queixume.
Pois sei que nosso amor, Deus protegeu
239
Sandra
Sandra: Defensora da humanidade
Em seus braços eu vivo uma ilusão,
Seu amor me defende e nisso sonho.
Pois tudo nessa vida a que proponho
Encontra em seu carinho, proteção...
Não sei o quanto custa uma paixão
Sem ser correspondida. Trago a sorte
Bendita e benfazeja do seu norte.
Em seu nome, a perfeita tradução...
Mas, quando a madrugada traz o frio,
O medo de perder, um calafrio,
Abraças-me em perfeita sincronia.
Sandra eu viverei sempre do teu lado
Sem temer a saudade nem o Fado
Em nossa cama reina essa alegria!
240
Sara
Sara: Princesa
Beleza tão sutil e delicada
Caminha pelo reino dos meus sonhos...
Morando nos castelos mais risonhos,
A mão que acaricia, mão de fada...
Vestida em maviosa madrugada
A lua proibiu mares tristonhos
Desertos dos amores, mais medonhos
Nunca mais virão, minha adorada!
O canto da sereia que me ilude
Na voz dessa princesa traz saúde...
Toda a dor desse mundo ela antepara
Com seu sorriso manso e desejado.
O meu mundo será sempre encantado
Enquanto estás aqui, princesa Sara!
241
Sebastiana
Sebastiana: Aquela que é venerada e reverenciada
Venero nosso amor, tenha certeza.
Quem sabe não precisa discutir
O mundo que perdi está aqui
Nos lábios que refletem a beleza...
O rio deste amor, em correnteza
Carrega tantas dores que sofri.
Se o fio da meada eu já perdi
Encontrei no teu braço a fortaleza.
Amor que nunca pede um vil engano,
E traz a juventude como um pano
De fundo que reveste minha amada.
A noite que não trai traz Sebastiana
Em meio à fantasia mais temprana
És, pela vida afora, venerada!
242
Selma
Selma: Variante de Anselmo, protegido pelo elmo divino
Deus protege quem ama e não maltrata,
Essa verdade trago sempre em mim.
Quem faz do amor princípio meio e fim,
Conhece a maravilha da cascata,
Já teve seu prazer na serenata,
Sente a delicadeza do jasmim
E sabe cultivar belo jardim.
Das flores, com carinho, sempre trata...
Pois tive essa certeza, minha amada,
Quando a vi me trazendo essa alvorada
Co’o brilho matinal de forte sol.
Minha vida, de novo em primavera,
A morte sem perdão desta quimera.
Em Selma, linda luz deste farol!
243
Sheila
Sheila: Ausência de visão
Embalde tantas vezes procurei
Pelas ruas e estradas, o meu rumo...
Por vezes acredito que acostumo,
Mas sempre que puder eu lutarei...
Esse caos que em meu mundo foi a lei
Não pode permitir meu novo aprumo,
Em espinhos fatais já me perfumo.
Porém deste seu rosto esquecerei!
Não me venha falar inda me quer.
Eu busco cegamente uma mulher
Que me traga essa luz que já vivi.
Em Sheila irei buscar a claridade,
Embora na cegueira da verdade,
É nela que estará o que perdi!
244
Shirley
Shirley: Brilhante
Falar do nosso amor é repetir
Os versos que procuro pela vida.
A noite sem te ter cai dolorida
Estrela sem te ver não quer mais vir...
Então eu venho em preces te pedir
Que nunca mais me fale em despedida.
A morte sempre atenta e desmedida
Quem sabe, de repente, vai surgir?
Me deixas cada noite, vais aos céus
Levando em tuas mãos os alvos véus.
Em prantos minha noite continua...
Mas Shirley, minha deusa por que esfumas?
As noites tão distantes perdem plumas
Mas ganham no teu brilho, minha lua!
245
Silvana
Silvana: Que vem da floresta, das selvas
As matas me preparam a surpresa...
Encontro várias garras afiadas...
Minhas costas estão todas lanhadas
Pela força que emite a natureza.
O manto que te cobre, de nobreza
D’ébano. Mal surgidas madrugada
Os rastros tão sutis destas pegadas
Me levam à fantástica beleza!
As unhas me penetram e torturam
As presas me maltratam e me curam.
A vida me parece soberana!
Em múltiplos delírios sigo a noite,
O beijo da pantera, meu açoite;
Os olhos tão brilhantes de Silvana...
246
Silvia
Silvia: A que pertence à selva
Nossa noite será bem mais tranqüila.
Os ventos que sopravam se acalmaram.
Os medos que tivemos se acoitaram
A lua enamorada sobre a vila...
O canto que trouxeste já destila
O gozo dos que nunca procuraram
Outro colo sequer pois se encontraram...
A vida não perdoa quem vacila
Por isso nosso amor sempre vigio,
Em momentos mais belos, pleno cio,
Eu penso em preservar nosso desejo.
Não me envergonho e grito a todo mundo
Que da força do amor eu já me inundo
Com Sílvia, em minha vida, eu sempre vejo.
247
Simone
Simone: Aquela que ouve, ouvinte
Os sons desta alvorada em minha vida
Refletem mansidão que sempre quis
A vida se transforma em seu matiz
E traz essa esperança adormecida...
Mentiras e verdades, despedida
Sempre traz, não se escreve o que se diz.
Porém quando no mundo for feliz
Não deixe que a saudade dolorida
Traga o gosto feroz desta vingança.
Não derretas o resto da aliança;
Apenas reconstruas tua estrada.
Simone, uma princesa que é tão cara,
A treva em tua vida já se aclara.
Apenas vem surgida a madrugada!
248
Sofia
Sofia: Sabedoria
E Vênus procurava quem seria,
Dentre todas as damas e princesas
Aquela que por ter delicadezas
E formas que gerassem alegria,
Pudesse competir com ela, um dia...
Em todos os momentos, incertezas
Criadas pelas várias naturezas
Que fazem da mulher a fantasia;
(Encontrou na beleza de Sofia...)
Porém, no momento de vingança
Uma deusa detém a dura lança
E pára com tamanha rebeldia...
Minerva ao ver a sua protegida
Salvou a preciosa e bela vida.
No belo também há sabedoria!
249
Solange
Solange: Majestosa, solene
Angelical formato majestoso
Que sempre me iludiu, agora vejo.
Foram tantos momentos de desejo
E jamais esperava pelo gozo
De poder me sentir tão orgulhoso
Por roubar desta deusa um simples beijo!
Lembrando deste fato então versejo.
Meu mundo não se mostra tenebroso...
Nos céus que te procuro nunca estás,
Na mão que me acarinha mais audaz
Eu sinto essa presença que inebria...
Em Solange uma arcanja em delírio,
Em tuas asas deixo meu martírio
Mergulho na infinita fantasia!
250
SORAIA
SORAIA: estrela da manhã (o planeta Vênus).
Desta brilhante estrela matinal
Pressinto nosso amor como um corcel
Que, livre, caminhando pelo céu
Traz-nos esta alvorada divinal!
Quem dera viajar por belo astral
Em busca deste belo carrossel
Que trouxe nosso amor num carretel
De estrelas com doçura virginal.
Não deixe que a manhã tão ciumenta
Encubra tanto brilho. Violenta
Esta aurora te pede: nunca raia!
Porém em minha vida minha amada
A vida já se mostra irradiada
Nos olhos qual fogueira, de Soraia!
251
SUSANA
SUSANA: lírio gracioso. É o nome da personagem bíblica
que encama a castidade.
Nos campos onde espero ter meu fim
Os perfumes silvestres me dominam.
Minhas noites, nas flores se alucinam
E deixam bem distante meu jardim.
Tem rosas, tem crisântemos, jasmim.
Porém os tais perfumes desatinam
Aquelas que, passando, se destinam
Aos campos que inda guardo dentro em mim..
De todos os desejos que esqueci
Um deles rememoro quando vi
Dos sonhos que perdi, tanto martírio,
Os olhos perfumados, soberana
Flor, que sempre floresce em ti, Susana,
Que me perfuma o campo, branco lírio...
252
SUSETE
SUSETE: diminutivo de Susana.
Vencido pela noite que chegava,
Deitado sobre a cama sem prazeres
Distante dos amores e quereres.
Aquela a quem amara não deixava
Sequer a sua sombra. Não contava
Com os olhos sombrio das mulheres
Que nunca mais teria. Mas se feres
Com a boca em mordida que beijava
Não podes entender que, nesta vida,
Nem sempre aguardarei a despedida.
Quem nos dá carinho nos reflete.
Portanto não se esqueça da semente
Que maltratada torna-se serpente,
Mas se bem cultivada dá Susete!
253
TAÍS
TAÍS: penitente.
Não posso perceber quanta vitória
No gozo deste amor que sempre quis.
Se nessa amarga vida fui feliz
O gosto da delícia na memória.
Vencido pelo amor em plena glória
Não deixo meu caminho e peço bis
Recebo do teu céu lindo matiz
E mudo, num segundo minha história...
Bem sei que sempre sofres por enganos.
Teu coração permita novos planos,
Quem sabe encontrarás quem sempre quis.
Nos castelos sem fadas nem princesa
A vida se transcorre em tal leveza
Que sempre desejou minha Tais...
254
TÂNIA
TÂNIA: forma familiar de Tatiana.
Relembro-me de tudo o que passei
Nesta busca infrutífera e sem fim
De tudo que guardei dentro de mim,
O mundo delicado que sonhei.
O resto de esperança que guardei
Num canto, abandonado, do jardim.
As horas se escorrendo vão assim
Como se fossem corpos que deixei...
Carrego tanta morte em meu passado
O coração bandeia e vai de lado,
Amores num rosário que desfio.
E Tânia, adormecida já ressurge
A dor que me causara sempre ruge
E me faz, novamente, o dia frio...
255
TATIANA
TATIANA: variação feminina do nome do filósofo
Tatiano.
Menina nunca esqueça que o encanto
Que trazes nesta vida é passageiro.
Depois deste janeiro, o derradeiro
Sonho virá trazendo um triste pranto.
E nestas flóreas sendas um manso canto
De um pássaro ferido por inteiro
Será talvez teu único parceiro
Todo universo está em desencanto!
Mas não temas a noite, ela virá
E tantos pesadelos te trará
Perceba, a juventude sempre engana...
Teus olhos de risonhos, doces brilhos,
Procurarão, embalde novos trilhos,
Feliz serás, mesmo assim, Tatiana!
256
TELMA: desejo, vontade.
Eu sempre te quis, nunca percebeste
Em tua vida leve e sem pecado.
Meu mundo sempre trouxe amargurado
Desejo que jamais tu recebeste
Durante toda a vida. Nunca leste
Os caminhos que traça o triste fado.
O mundo, que percebes encantado
Te engana com pois em ouro não reveste...
Agora que tu sabes que te quero,
Embora doloroso, sou sincero
E trago, no meu peito, esta saudade
Dos tempos onde tinha um doce beijo
Que morreu p’ra nascer esse desejo,
Ter-te, Telma. Me mate essa vontade!
257
TERESA
TERESA: a que veio da ilha de Tera.
Das distantes quimeras de minha alma
A luz sempre escondida, nunca brilha...
Meu pensamento, louco sempre trilha
Embora tanta dor não traga calma.
Futuro que se esconde em minha palma
Talvez inda prometa a maravilha
Atada no meu pé a triste anilha
Mostra-me que o futuro não acalma...
A minha sorte, embalde tanto insista
Não posso permitir que a morte assista
Sem ter nenhum clarão de tal beleza.
O canto que me trazem as sereias
Morrendo tresloucados nas areias
Dos desertos, se foram com Teresa...
258
Tamires
Tamires: Paz
Não quero transformar a nossa casa
Num terreno propício para a guerra,
Amor sem ser feliz logo desterra
Ao ver nosso castelo ardendo em brasa.
Se tudo que vivemos nos abrasa
Total devastação na nossa terra
Meu barco, solto ao mar, à deriva, erra.
Sou pássaro perdido sem ter asa.
Em verdadeiro campo de batalha
Não posso mais conter, a dor se espalha;
E nada do que fomos vida traz...
Espero que te lembres de Tamires,
Em seu exemplo belo tu te mires
E em nosso mundo voltará a paz...
259
ÚRSULA
ÚRSULA: pequena ursa.
Refeito deste susto que passei
Em busca dum amor mais que perfeito
Em mansa claridade já me deito
E quero me esquecer que nunca sei
Se queres ou não queres minha lei
Se sabes ou não sabes do meu leito.
Da boca que me morde o meu confeito?
Jamais serei aquilo que sonhei!
Eu quero a mansidão sem ter espora
A parte que me cabe não demora
Sei que serei feliz ao lado teu.
Mas posso te dizer deste meu verso
Que rasga sem temer teu universo
E acende a luz em Úrsula, sem breu...
260
VALDA/VALDETE
VALDA: dirigente.
VALDETE: diminutivo de Valda.
Percebo meu futuro da janela
Espero mas não posso mais contar
Com a luz, com o brilho do luar
Já que nem toda noite se revela.
Meu barco vai sem quilha e perde a vela
Dentro de pouco tempo, naufragar.
Não quero ser sozinho e peço par,
Amor que me liberta desta cela
Por onde nem a luz deu sua cara,
Corcel que voa solto já dispara
Em busca de outro céu não se repete.
No risco que permite minha caça
Amor que não consigo se esvoaça
E dorme nos teus braços, ó Valdete!
261
VALÉRIA
VALÉRIA: cheia de saúde.
Por tanto ou por um canto que não trago
Recebo teu perdão de sobremesa.
O rosto que se esconde, da princesa
Não deixa nem sequer mais um afago.
Na doce mansidão perdi meu lago
Agora se me banho é de tristeza.
Vencido por querer a realeza
O mundo não me deu sequer um trago....
Não deixe que a saudade te machuque
A morte sim, permita que caduque
E não venha falar de coisa séria.
A força que te move me remove
O beijo que me deste me comove
Me deixa alucinado: amor – Valéria!
262
VALQUÍRIA
VALQUÍRIA: na mitologia Viking, as valquírias eram
deusas de grande beleza que carregavam para o paraíso os
guerreiros mortos em combate.
Na guerra que travei eu quis a morte
Não venha discutir mas estou triste
Porém que sempre sonha não desiste
E a força que me move hoje é meu norte...
Tentei nessa batalha ter o corte
Profundo ao qual jamais alguém resiste
Para minha tristeza a morte assiste
E não veio. Vontade foi tão forte
Mas trago meu destino malfadado.
O tempo se passou, tudo acabado
Não pude desfrutar desta certeza.
Agora que estou velho, nunca mais.
O resto dos meus dias, vou sem paz
Pois não verei Valquíra e nem beleza...
263
VANDA
VANDA: peregrina.
Mares e marés, matas, cachoeira
O canto da promessa já se cala.
A dor que me tortura a vida inteira
Batendo nesta porta, entra na sala...
E traz a tempestade verdadeira
Que pesa em minha vida, dura mala
Que toma em meu destino, a dianteira.
Calando-me não deixa sequer fala.
Quem sabe encontrarei no fim da vida
Depois de tanto amor em despedida
Depois da solidão que me comanda...
No cimo das montanhas, meu cansaço,
A peregrina persigo, nenhum traço
Mostra-me onde encontrar a amada Vanda!
264
VANESSA
VANESSA: designa um tipo de borboleta.
Amor em suas asas tão serenas
Traz-me um gosto mais doce de saudade,
Que, ao relembrar, me dá felicidade
Das tardes que vivemos, bem amenas...
Um bando de fantásticas falenas...
Depois de tudo, a dor: fatalidade
Que cessa todo o sonho, liberdade!
Agora no meu peito, tantas penas!
Vencido pela tarde que se foi,
Meu canto angustiado, um peixe boi,
Aguarda pela noite que não vem...
Será que nosso Pai já me esqueceu?
Embalde, meu carinho percorreu
Em busca de Vanessa mas, ninguém!
265
VERA
VERA: fé ou verdadeira.
Não suporto a mentira que vivemos!
Somente uma verdade nos liberta
Disto que te falei esteja certa,
Assim em nosso mundo já morremos.
De tudo que na vida não sabemos
Apenas uma porta sempre aberta
Deixando essa emoção em vivo alerta
Teremos o futuro que queremos.
Não deixe que termine tudo assim,
Não sabe como dói amaro fim
Do amor que sempre quis a primavera!
Portanto não me mintas por favor.
Por fim irás matar o nosso amor,
Esmague, amada Vera, essa quimera!
266
VERÔNICA
VERÔNICA
Nos jardins desta vida, tantas flores,
Os retratos divinos da esperança.
Por onde meu olhar, feliz, alcança
Milhares e milhares, meus amores!
Um dia, nosso Deus em seus favores
Aos homens, nos deixou essa lembrança:
Apenas quem tiver alma tão mansa
Que saiba conhecer os seus olores
E guarde, na memória seus perfumes
Será um ser liberto de queixumes.
Por isso dos jardins a mesma tônica:
Felicidade está muito mais perto
Do que tu pensas. Disto esteja certo.
No meu jardim plantei amor: Verônica!
267
VIRGÍNIA
VIRGÍNIA: virgem, virginal.
Castelos e sereias, a princesa...
O corte tão profundo já levou.
De toda a fantasia que ficou,
Um gosto tão amargo da tristeza...
Mas a tarde trará nova certeza,
Mesmo que o sol que veio não brilhou
Outro virá trazendo o que sonhou.
Enfim te cercará de tal beleza
Que nunca lembrarás do antigo sol.
A vida te promete este farol
Que sempre te trará a claridade!
E tudo que parece tão distante
Muda-se, de repente, num instante,
Virgínia, e te trará felicidade!
268
VITÓRIA
VITÓRIA: nome da deusa mitológica que garantia a
vitória.
A vida sempre trouxe tanta dor,
Embora em poucas lutas que venci
Guardei essa esperança por aqui
Sabendo que jamais verei a cor
Duma felicidade e seu calor.
Por tanto que lutei sempre esqueci
Que a noite quando chega traz em si
O frio da saudade em seu vigor.
Mas nada me trará outro caminho.
Meu mundo percorrer a pé, sozinho,
E nada mudará a triste história...
Porém ao acordar nesta manhã,
Ao ver essa menina, novo afã,
Será que enfim, terei minha Vitória?
269
Vívian, Viviane, Viviana
Vívian, Viviane, Viviana... Alegria
Alegria nascendo a cada dia
Trazendo um vento calmo de esperança
Na luta sem final contra a lembrança
De toda dor que mata a fantasia.
A cada novo tempo, a poesia
Inunda-se e não quer sombras da vingança
Rondando nosso amor em aliança
E trama contra a noite negra e fria...
Crisântemos florescem no jardim,
Eu guardo belas flores dentro em mim
Pedindo que este canto nunca engane.
Por mais que seja triste a madrugada
A vida se refaz nesta alvorada
Que trouxe o manso amor de Viviane...
270
XÊNIA
XÊNIA: significa estrangeira.
Das terras estrangeiras o meu sonho!
Em forma de mulher encantadora
Das dores que carrego, redentora
De todos os caminhos, mais risonho.
Quem teve tanta dor, mundo medonho,
Já sabe que ao te ter a vida aflora
E jamais deixará quem tanto adora
Não quero mais saber e te proponho
Que vivas, do meu lado, o que me resta
Abrindo meu futuro. Na seresta
Onde sempre estivemos, par constante,
A nossa melodia nos levanta.
E com bela voz , Xênia sempre encanta...
Deixa-me ser, da vida, novo amante!
271
Yasmin
Yasmin: Flor branca
No jardim dessa vida tanta flor...
A noite que me trouxe também quis
Que embora não sonhasse ser feliz
Brotou na minha vida um belo amor!
Dentro desta saudade teu olor
Desta santa alegria eu peço bis
Destino de quem vive por um triz
Não pode ser somente de pavor.
A lua que nasceu dentro de mim
Me trouxe também muito desengano
De tudo que sonhei um carmesim
Lábio, que não permite mais engano,
Yasmin nunca me deixe mais só,
Eu te peço te imploro, tenha dó!
272
Yolanda
Yolanda: Flor da violeta
A vida não seria tanta luz
Se quem sempre quis não me quisesse
Aí não bastaria toda prece
O campo sem teu braço não produz
O medo da saudade já traduz
Não há sequer nenhuma que confesse
Nem em reza nem festa nem quermesse
Que me faça um cantador que se seduz.
Somente essa menina que chegou
Em meio a tempestade, já brilhou
A flor do meu desejo não desanda
Mar e sol, lua e vida soberana
Um peito apaixonado não se engana
E morre nos teus braços Yolanda!
273
ZÉLIA
ZÉLIA: bela.
Na noite que deixaste tanta dor
Meu peito procurando liberdade
Tantas ruas, esquinas da cidade
Em cada madrugada, em cada flor...
O medo se transforma num pavor
E toda minha força na saudade...
Quem me dera ter toda a claridade
Que perdi, numa noite de terror.
Estou tão solitário, o vento frio..
Quem me dera voltasse meu estio.
No meu jardim nascesse outra bromélia,
Mas a vida, cruel, não mais afaga.
Meu caminho distante, noutra plaga,
Onde adormece a bela, amada Zélia...
274
ZENAIDE
ZENAIDE: variação de Zenóbia.
Saudade me consome e não perdoa...
O mundo desabando pouco a pouco,
O grito na garganta quase rouco,
A minha asa, quebrada já não voa...
A voz desta saudade, triste ecoa
E solta nos espaços, fico louco.
E nada me consola nem tampouco
A liberdade que sonhei revoa...
Vivendo do que fomos, vou morrendo.
O manto que me cobre, se perdendo
A vida me maltrata, duro alcaide...
Espero tua volta meu amor,
O teu braço será meu redentor.
Retorne meu amor, minha Zenaide!
275
ZULEICA
ZULEICA: a estrela de ouro.
Dourado sonho dominando tudo...
Os olhos esquecidos adormecem...
Nas horas mais doridas não esquecem
E deixam o meu dia quase mudo...
Não posso compreender, porém, contudo,
Que as noites que vieram se padecem
Dos sonhos que perdemos e enlouquecem
Fazendo um coração já tartamudo.
Amor interagindo com saudade
Matando, sem querer, felicidade.
Nos braços que me entrego, em fantasia...
A vida me promete este tesouro,
Estrela que ilumina trazendo ouro.
Zuleica minha estrela da alegria!
276
A manhã me trazendo seus albores
E seus raios solares... sensação
Da abelha fecundando essas flores,
Na eterna primavera... coração!
A manhã, companheira dos amores,
Refaz a nossa vida, é solução
Para os noturnos medos, seus horrores,
Abrindo a porta, fecha a solidão!
Há tanta coisa mais interessante
Que acompanha os solares raios, vida...
As libélulas, pássaros, as cores...
Nossa vida passando em um instante...
A tristeza anestésica, esquecida...
A manhã vem trazendo seus albores...
277
Dançando nas esferas e nas ruas
As nuas melodias e os sonhos,
Que fazem de meus olhos mais risonhos
E em plenas alegrias continuas
As Ruas e destinos são festejos
Realejos dos meus tempos de criança
Quem me dera se todos os desejos
Realizassem por certo uma esperança
Mas, nada , estou assim muito feliz,
Sabendo que virás ao fim do dia.
O brilho dessa vida, sempre quis.
Revivendo invadindo a poesia
Trazendo, ao fim da vida, uma alegria!
---
278
---
AH! COMO EU PODERIA TE DIZER
DA SENSAÇÃO CRUEL DESSA SAUDADE
DIZER-TE QUE, SEM TI , MELHOR MORRER!
VOU PROCURAR-TE EM TODA CLARIDADE.
JAMAIS EU SABERIA QUEM HÁ DE
INFORMAR A ESSE LOUCO SEM PORQUÊ
EM QUE CANTO, EM QUE RUA NA CIDADE
EM QUE MUNDO ELE SOUBE TE PERDER?
AGORA QUE AS PALAVRAS SÃO NEFASTAS.
AGORA QUE MEU MUNDO JÁ PERDI
QUANTO MAIS ME APROXIMO, MAIS T'AFASTAS
MAIS SINTO A ANGÚSTIA MAIS CRUEL, SORRIR.
SE, QUANTO MAIS DE DOR, MEU PEITO,
ABASTAS;
SUPLICO, POR FAVOR, O AMOR EM TI
279
a estrela acendendo no meu sonho
Em brisas, maciez, em plena festa.
De tudo que sonhei, nada mais resta,
Senão o meu caminho sem promessas
Estrela que vivendo nas avessas
Transforma meu viver mais enfadonho...
Abraço tal estrela que não sente
Abraços nem sementes que perfumo,
Esqueço meu caminho, caço o rumo
E nem amar estrela mais consente.
Quem dera se pudesse, ouviu estrela,
Viver mesmo que, embora, só chorando,
A lua que te trouxe, iluminando,
E nada mais fazer senão vivê-la!
------
280
Amor, que se fazendo em meus cuidados
Se torna quase sempre um instrumento
De sonhos e de cantos mais velados
Ecoa no meu peito um sentimento.
Divinos os teus rastros que percorro
Amares nunca dantes percorridos
Escapo numa escarpa, monte, morro.
Rochedos dos meus sonhos vãos, perdidos.
Mas, sendo quem não fora, quem me dera
Ser mar e navegar teu coração
Buscando em meu outono, a primavera
Pedindo, nos meus versos, teu perdão.
Amor que me maltrata, mata e cura,
Perdi a minha vida, na procura...
-----
281
Destino sempre prega tanta peça,
Embora muitas vezes surpreenda
Na vida quase nada que te impeça
Recebes com carinho em tua tenda.
Porém se amores mostram suas caras,
E mordem como fossem violentos.
Os sonhos mais difíceis anteparas
Em busca dos divinos, bons ungüentos.
Vivendo deste amor qual peregrino
Que trama sem saber do seu caminho.
Amor por ser amor, faz seu destino.
E nele mesmo incrusta fim e ninho.
Ao menos se escutasse minha prece
Mas tolo coração, não obedece!
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282
Querendo teu amor como te quero
Espero que me queiras afinal
Querer que tanto trago, querer gero;
Em versos dedicando bem e mal.
A mente me remete a manso credo
Vencido pelas tramas do querer
Nas sendas do querer já me enveredo
Embora tantas lutas, vou vencer.
Não pense que compensa essa batalha
Em campos delicados sem peçonha.
Querer quando nos quer a dor espalha
E traz o nosso amor, quando se sonha.
Mas desarmado vou para o teu lado
Somente de querer-te bem, armado...
283
Longe de ti percebo a solidão
Verdades e mentiras são falsárias
Amores se viverem sem perdão
Nas dores sempre encontram adversárias
Se não te importas sinto tal tormento
Que quase me enlouqueço sem prazer.
Vivendo por viver já não agüento
Os males que me invadem todo o ser.
Estando junto a ti por outro lado,
Esqueço minhas dores, ressuscito
Amor p’ra ser amor ama o amado
Com gosto, no segundo, do infinito.
Por isso te pretendo como um todo
Sem teu amor, decerto, frio e lodo...
284
Persigo meu amor sem ter paragem
Em vastas caminhadas de minha alma
Por dentro deste amor, minha viagem,
Ao mesmo tempo dói e tanto acalma.
Sentindo teu desdém, me desespero
E quase me entregando, sem sentido,
Ao mundo que perdido não mais quero.
De tanto amor que sempre tem havido.
Ávido de saber por onde andaste
No tempo em que vivias outras trilhas
Nem sinto, mas causando tal desgaste,
Revivo tais saudades maltrapilhas.
Bem sei que nada mais resta do fato,
Queimaste da gaveta esse retrato...
285
Emano tanto amor por cada poro
Sempre, quando te vejo louco fico.
Nos olhos que me mostras, me demoro,
Em tanto amor que tenho me edifico.
Mas sabes que não volto sem perdão
Por isso te proponho nova vida.
Abrindo com certeza o coração,
Pedindo, por favor, não mais divida.
Se nada saberia te dizer
Pedindo-te que fiques por aqui.
Achando-te começo a me perder
De amores que mais livre, me prendi.
Por Deus, abençoada a minha sorte.
Eu te amarei querida até na morte!
286
A vaidade fere a quem amamos
Tomando de soberba o coração.
Por noites, madrugadas procuramos
Amor que nos transmita uma emoção.
O mar quando se quebra em quente areia
Acalma esse calor que queima tanto
Teus olhos, o meu peito se incendeia,
Só beijos e desejos meu encanto.
Encantos que me trazes, minha amada,
Não vejo solução senão amar-te
Na cama que nos trouxe essa alvorada
Do amor, vasculharei parte por parte.
Eu amo teu amor com tal fartura,
Preenche minha vida de ternura...
287
Recebo teus carinhos como a luz
Seduzido afinal não tenho escolha.
Amor como uma flor que me seduz
Deixa-me essa tristeza de ser folha.
Orbito tão calado sobre a flor
Que traz a primavera com certeza.
Vivendo o que vier, mais puro amor.
Calando-me diante da beleza.
Querer-te não é mais que ser feliz
Buscando a maravilha, te encontrei.
No mundo tantas flores sempre quis
De espinhos, nesta vida, me cansei.
Agora que te vejo perto, assim,
Percebo que sou dono de um jardim...
288
Amor da minha vida, que bom ter
Teus olhos em meus olhos, espelhares.
Sabendo conhecer em ti meu ser
Trazendo p’ro meu quarto, tais luares.
Amor de minha vida tão sozinha.
Espero que te faça mais feliz,
Por tanto tempo quis que fosses minha
Em todos os meus dias sempre quis...
Vieste salvadora como a praia
Que o náufrago deseja como em sonho.
Peço-te que jamais da vida saia,
Não quero mais viver tão enfadonho.
Só peço meu amor se eu, imperfeito,
Te ferir, me desculpe, eu sou sem jeito...
289
Se os versos que te faço forem vãos,
Desculpe mas não quero te ferir.
Espelham os carinhos dessas mãos
Que em preces sempre vêm te pedir.
Perdão pelos meus erros infantis,
A flor não se maltrata, mas se rega,
Portanto em tantas mágoas, infeliz,
Minha alma muita culpa já carrega.
Por ter te magoado, assim, querida.
Por não ter me lembrado, sem cuidado,
Do bem maior que trago em minha vida.
Por isso esse meu verso machucado.
Desculpe meus ciúmes anormais,
Meu erro, com certeza, amar demais!
290
Se durmo no teu colo minha amada
Acordo satisfeito, extasiado.
Se trago no meu peito essa alvorada
Que faz o meu viver iluminado
Decerto neste amor eu posso crer
Resume minha vida num momento.
Momento de melhor te conhecer
Raiando nesse céu, no firmamento...
Vaguei por quase todo esse infinito
Em busca duma estrela que me desse
Amor maior, meu verso mais bonito
Que em tantas cores belas já se tece.
Depois de tanta queda e de tropeço.
Estavas bem aqui, desde o começo..
291
De amores vou perdido pelo mundo
Percorro tantos astros que nem sei.
De tudo que te falo, já me inundo,
Da vida que sem tréguas eu busquei.
Paixão que me arrebata e me domina
Não deixa nem sequer achar o rumo.
Perfumando tua alma cristalina
Retendo dos prazeres todo o sumo.
Amar demais passou a ser a meta
Que traz o meu caminho mais florido
Por isso em minha voz, canta o poeta
Sem amor nada faz sequer sentido.
Amores percorrendo os universos
Vibrando nos desejos dos meus versos!
292
Apaixonadamente me perdi
Nos braços mais gostosos deste mundo.
Pois sempre desejei estar aqui
Nesta casa, contigo, num segundo...
Estrela incandescente, Deus me deu
Trazendo uma alegria sem igual
Acendes o luar no olhar que é meu
Fazendo a poesia natural.
Amando teus cabelos, tua boca.
Sorrisos que em minha alma já descansam.
As ânsias de te amar na vida louca,
O paraíso pleno sempre alcançam...
Pois sabem que encontraram o luar,
Ansiosamente vivem para amar...
293
Não venha me falar que não me espera
Espero teu carinho há tantos anos...
Vivendo pleno amor, ah! Quem me dera
A vida não teria seus enganos.
A boca que me beija e me alucina
Em versos declinados, te proponho.
A lua que por certo te ilumina
Nascida na delícia deste sonho.
Amada como é bom estar contigo!
É mansidão em meio a tempestade
Não temo mais a dor, assim prossigo,
Deixando ali num canto, uma saudade.
Amor que sempre trago no meu peito.
Certeza de morrer mais satisfeito...
294
Mergulhando nos sonhos mais bonitos
Abraçando minha deusa tão amada.
Voando por espaços infinitos
Em busca da manhã iluminada;
Os raios deste sol brilhando tanto
Trazendo uma esperança, vivo amor.
Envolto na alegria, enfim te canto
E roubo deste sol todo o calor.
Amada como é bom viver contigo
Sem medo do tormento e da saudade.
Aqui, eu já pressinto, sem perigo,
Eu posso conhecer felicidade.
Amada, vem comigo, eu te proponho,
Na noite viajar, planeta sonho...
295
Quando te conheci, eu não sabia
Que tudo que sonhara estava ali,
Decerto, minha vida tão vazia,
Em tantos pesadelos, me perdi.
Agora que conheço a fantasia
De ser feliz somente ao lado teu.
Vivemos num momento de alegria
A luz que me ilumina e cessa o breu.
Teus olhos, com certeza, luminária
Dos sonhos que sonhei na minha vida
Alegria que fora imaginária
Renasce nos teus olhos, sim, querida.
Como é bom poder sempre, enfim te amar.
Encontrei, em ti, todo o azul do mar...
296
Tantas vezes choraste, isso eu bem sei.
Nos erros cometidos, por amor.
Incrível mas eu sempre magoei
Tentando não causar nenhuma dor.
Se faço do meu verso uma quimera,
Desculpe nunca quis te machucar.
A vida quando em lágrimas tempera
Impede nossa lua de brilhar.
Como eu te amo! Acredite, isso eu te imploro!
Errando tantas vezes sem querer,
Nas lágrimas que corres, também choro
Às vezes dá vontade de morrer.
Morrer de amar bem mais do que confesso;
De tanto amar, amor, é que tropeço...
297
Tempo em que fui feliz, ah! Que saudade!
Tinha tantas alegrias, quem me dera
Se sempre fosse assim, felicidade.
Só viver numa eterna primavera.
Porém, a vida passa e nos maltrata
Depois de certo tempo, nada fica...
Os olhos espreitando essa cascata
Que mais que tudo, sempre santifica.
Agora em minha vida, só tristeza
O mundo que sonhara se desfez.
Mas resta, dentro da alma uma certeza
De ser feliz quem sabe, uma outra vez...
Amor quando chegaste talvez mude
Pois irá trazer linda juventude!
298
Os teus olhos querida, maravilham
Transportam pensamento para o céu.
Montado nos teus olhos, qual corcel,
Os rumos do infinito, já se trilham...
Querendo em teu olhar, a liberdade,
As asas dos teus olhos, na amplidão
Podendo conhecer felicidade
É tudo o que comanda o coração.
Nos olhos tão felizes, sensuais,
O vôo sobre as terras do querer.
Pressinto, minha amada que jamais
As dores nessa vida volto a ter.
Eu vejo enfim, brilhando neste astral,
A dona desse olhar angelical!
299
Seus beijos, delícias tão ardentes...
Que queimam num prazer alucinante.
Vivendo nesses beijos as correntes
Atadas como em brasa a minha amante.
Cada vez que vejo seu sorriso
Os dentes, os seus lábios carmesins,
Eu sinto, num momento, o paraíso
Repleto em tantas flores e jardins.
Seus beijos alucinam e me queimam
Num louco incendiar que não domino.
Meus lábios sequiosos sempre teimam
E nos seus lábios carnudos me alucino....
E peço que não finde mais o jogo
Pois vibro se me dá beijos de fogo...
300
Eu tenho um sonho vivo dentro da alma
De ser feliz decerto por um dia.
A noite dentro em mim quando se acalma
Somente quando encontro a fantasia.
Do amor que nunca veio mas desejo...
Carinhos se procuram, mansamente...
No sonho te percebo, doce beijo,
Que mesmo quando acordo está na mente...
Sonhando belos prados e jardins.
As rosas perfumando seu caminho...
Saudade se perdendo nos confins.
Minha alma transbordando, um passarinho...
É tudo nessa vida o que proponho...
Ao lado desse amor: eu tenho um sonho!
301
Quem me dera poder estar ali
Onde eu encontrarei felicidade.
Se por tanto tempo já sofri
Na vida, procurando a claridade.
Depois de tantas dores, sofrimento.
Agora irei vencer essas tristezas,
Soltando minha voz nesse lamento.
Buscando teu olhar nas redondezas.
Vivendo sem saber sequer sorrir.
Passando pela vida sem viver.
Será meu Deus que posso Lhe pedir
Amor que sempre sonho conhecer?
Agora, nessa noite sem abrigo.
Meu céu se iluminou: sonhei contigo!
302
Nossas Cartas de Amor
As cartas que mandaste para mim,
Guardadas na gaveta da memória.
São flores que cultivo em meu jardim.
Trazendo tanto lume em minha história...
Nossas fotografias, amareladas,
Lembranças desse tempo mais feliz.
Cadeiras debruçadas nas calçadas.
Conversa que se vai e que se diz...
Tantas saudades carrego em minha alma.
Desse tempo esquecido, do passado.
O vento da lembrança já me acalma.
Vivendo do seu lado, ser amado...
Amores que vivemos, fino trato...
Em teu amor por certo, me retrato...
303
Com teu amor sou MAIS FELIZ
Como posso dizer? Sou mais feliz
Estando aqui contigo, minha luz...
Depois de viver tanto por um triz
Hoje sei que quanto amor seduz!
Antigamente, a vida era vazia
Não tinha nem sorrisos nem a paz.
Corria entre meus dedos, a alegria...
Felicidade? Nunca ter, jamais...
Porém, quando chegaste a minha vida,
A todas as tristezas dei adeus.
Por isso é que te peço isso querida
Não deixe que se acabem sonhos meus...
Sou mais feliz que sempre imaginara
Vivendo em teu caminho, jóia rara...
304
Uma Rosa, Meu Amor
Rosa, dos meus amores mais divina.
Trazendo em teu perfume minha sorte.
Uma gota de orvalho cristalina
Nas pétalas brilhantes, como és forte!
Eu quero anoitecer em teus carinhos,
Ó rosa melindrosa e tão risonha...
Embora encontrarei, em ti, espinhos.
Com teus olhos mais belos, alma sonha...
De todas essas flores que colhi
Na comprida jornada desta vida,
Os melhores aromas, só em ti.
És minha rosa amada e tão querida...
Porém eu sei por certo como és rosa,
Além da maravilha, perigosa..
305
Tormenta de Amor
Amor de turbulências e desejos.
As noites que trouxeste em agonia.
Procuram-se nas bocas tantos beijos
Depois a madrugada cai tão fria...
Rolamos nossas camas separadas
Esperas e torturas nos maltratam.
As noites quando estão enluaradas
Tanta pureza mostram e retratam...
Mas longe de teus olhos vou, querida
Passando a noite em claro, recordando,
A noite que queria mal dormida,
Somente nosso amor iluminando...
Ó Meu Deus, responda por favor
Até quando a tormenta nesse amor?
306
Pensando Somente Em Ti
Tantas noites sozinho no meu quarto
As cinzas dos cigarros pelo chão...
Coração dos amores anda farto
Espera que se acabe a solidão...
Torturas das saudades do passado...
Marcadas cicatrizes na minha alma.
Amor que se dizia apaixonado
Somente a poesia inda me acalma.
Mas vejo, no futuro, uma esperança
Abrindo a porta triste dos meus sonhos,
Quem sabe ressurgida da lembrança
Retorne noutros dias mais risonhos?
Bem sabes que estarei decerto, aqui
Pensando toda noite, só em ti...
307
Mulher...
Mulher que me levou para o infinito...
Nos beijos e carinhos que trocamos.
Amor que nós fizemos, tão bonito...
Nas noites que sem fim, nós nos amamos...
Passeio minhas mãos e te procuro.
Meu coração sofrendo, tanto frio...
Procuro teus cabelos, tão escuros.
Mas nada encontrando, só vazio...
Mulher que me deixou aqui sedento.
Promessas tantas fez e não cumpriu.
Palavras se soltaram nesse vento
Amor que como veio, assim partiu...
Procuro por teu beijo onde estiver.
És tudo o que desejo enfim, mulher!
308
Olhos no Céu...
Meus olhos se perdendo neste espaço
Em busca da amplidão dos teus carinhos...
Em volta deste tempo, no cansaço,
Os pássaros errantes pedem ninhos...
Não sei mais se consigo ser feliz.
De tudo que busquei, nada mais tive...
O mundo que sonhava e sempre quis
Apenas nos meus sonhos inda vive...
Tentarei resistir mas não prometo...
Os olhos esquecidos não mais vêem
Dos erros nesta vida que cometo,
Por certo das saudades já provêem
Amiga, como é bom ser teu corcel
Meus olhos? Esquecidos lá no céu...
309
Tudo o que restou... ( O Tempo )
Amiga, todo o tempo deste mundo
Se passa sem que saibam que existi.
A vida se passando num segundo.
Ninguém sabe isso é certo, estou aqui...
Distante dos amores, das paixões,
Vivendo tão somente por viver...
Na vida nunca tive corações
Que ao menos um amor pudessem ter....
Jogado neste canto, abandonado...
Perdido sem talvez ter um alento.
O mundo que sonhara vai jogado
Restando tão somente sofrimento...
O tempo se passou sequer saudade...
E tudo o que restou: tua amizade...
310
Figli delle stelle
Olhando para o céu eu imagino
Os olhos tão felizes da criança
Que sempre procurei em meu destino
Mas vive assim somente na esperança...
Criança que jamais por certo tive
Brincando na ante sala do meu sonho.
De amores esquecidos sobrevive
Apenas na esperança que proponho...
Estrela, por favor, cadê meu filho?
Responda, não se cale por favor...
Me diz aonde encontrarei seu trilho
Irei ao teu encontro, meu amor...
O nosso amor, estrela, não resiste
Assim qual nosso filho: não existe...
311
Aos Meus Amigos
Eu canto a meus amigos com certeza,
São tantos os momentos delicados
Em plena fantasia ou na tristeza
Por mais que tão difíceis os meus fados...
Amigos com certeza não dispenso,
A vida necessita deste abraço
Em todos os caminhos, sempre penso
Amigos, vão vencendo esse cansaço
Cansaço de viver tanta amargura
No vinho que embriaga, uma paixão...
Quem tem amigo sabe da ventura
Que bem que ele nos faz ao coração!
Portanto eu nunca temo mais perigos
Certeza de que tenho meus amigos!
312
Quando Um Amigo Se Vai...
Amigo quando vai, a vida chora...
Estrelas vão perdendo um certo brilho...
O céu de minha vida se descora,
O rumo da existência perde o trilho...
Amigo, na saudade que deixaste
Por certo não consigo mais partir
Na minha insegurança, perco uma haste,
Ficando mais difícil prosseguir...
As duras tempestades do caminho,
Talvez sejam difíceis de encarar...
Agora, como irei seguir sozinho,
Terei quiçá u’a força pr’a lutar?
Estrela dessa sorte, ao fundo cai...
Quando da vida amigo já se vai...
313
A Distância
Sozinho estou perdendo o meu rumo...
Pelas noites vazias, sem ninguém...
Talvez quem sabe ainda me acostumo
E viva nessa vida sem teu bem...
Bem sabes que te adoro, minha amada...
Ávido de teus olhos, de teus seios...
A vida, sem te ter, vai tão cansada,
Aumentam minhas dores e receios...
Mas sei que nada disso determina
O fim do nosso caso, meu amor...
Pois sei que está escrito em nossa sina
O mundo não será somente dor...
Amores que nasceram lá na infância,
Superam com certeza essa distância...
314
Amor em Frenesi
O teu amor somente será meu
Desde o dia em que bela, tu nasceste,
Meu coração decerto tão ateu
A Deus agradecendo pois vieste...
Não sinto mais os medos que n’outrora
Faziam cada noite meu suplício...
Minha alma de tua alma se decora
Amor que santifica desde o início...
Te quero como o brilho desta lua
Que traz em seus raios, claridade.
A vida em tua vida continua
Contigo encontrarei felicidade...
Te busco, com certeza estás aqui.
Minha alma te adorando, em frenesi...
315
Delírios de Amor
Amores sem pecado e sem juízo
Depressa consumindo feito fogo
Transporta de repente ao paraíso
E nos mostra a delícia deste jogo....
Cada vez mais paixão já nos consome
E boca contra boca nos delira...
De tudo que tu tens eu tenho fome,
És fogo e com certeza sou a pira....
Eu quero me queimar em tua brasa
Sou chama e tu és o meu pavio...
Teu corpo desfrutando, estou em casa.
Não perco um só segundo de teu cio...
Portanto minha amada, por favor,
Vivamos os delírios deste amor!
316
Enquanto Houver Saudade...
Amor que sempre toca o coração
Mostrando quão difícil ser feliz...
Espero em sofrimento teu perdão,
Trazendo, no meu peito, a cicatriz.
Enorme cicatriz do meu passado
Que dói, corroendo meu futuro.
Ah! Quem me dera estar ao teu lado,
Sem ter esse meu céu, sozinho, escuro...
Eu te quero por toda a minha vida...
Em todos os momentos te querendo
Por que não retornaste mais querida?
Sem teu amor, decerto irei morrendo...
Eu sei que não terei felicidade,
Enquanto, em minha vida, houver saudade...
----
317
Amar demais, loucura que padeço,
Em tantas ilusões já me perdi
Será Meu Deus que é isso que mereço?
Perdão pelos meus erros, já pedi...
Porém, se cada vez que amor chegar
Em atos mais insanos me perder
Vontade de voar, ir ao luar
E as leves alvas alas derreter...
De tanto que esse amor já me maltrata
Deitando nesse braço mais macio...
Perco-me no amor, na densa mata
Nas águas revoltosas desse rio...
Amor tanta tortura na ternura.
Amor; estranha e divinal loucura!
318
Na delícia e magia nosso amor
A cada novo dia se transborda
Fazendo da alegria seu sabor
A solidão, por isso, nunca acorda!
Não vamos deixar de ser assim
Roubamos da manhã raio de sol,
Lutamos pelo amor até no fim,
Sabemos, nele está nosso farol!
O nosso amor vadio vale a pena
Percorrendo as paredes quando em cio,
Uma doce paixão nos envenena,
Não sabemos de inverno, só do estio...
Amando-te já sei desse amor pleno,
Gostoso como o mel, doce veneno...
319
Essa noite te quero, meu amor,
Em nosso amor vivendo esse momento
De plena juventude e de calor,
Com toda a fantasia e sentimento...
Quero te beijar tão mansamente
Sentindo teu perfume mais gostoso
Rolando nossa cama febrilmente
Roubando uma alegria e todo gozo...
Quero ter teu corpo junto ao meu
Dormindo meu cansaço em teus braços,
Prazer que em teu prazer adormeceu
Formando assim nos dois, os mesmos laços...
Prazer que nos delira no pernoite,
Suave e tentador como essa noite....
320
Quando te vejo, amada, fico louco,
Começo imaginar coisas de amor...
Desnudo tua roupa pouco a pouco
Em minha fantasia, nosso ardor...
Imagino nossos corpos no entrelace
Que traz tanta alegria, no prazer,
Nos rumos mais divinos que se trace
Amor tão infinito em nosso ser...
Vagando nesse mapa, lentamente
Decoro cada rota, vales, montes,
Desvendo esses segredos totalmente,
Bebendo dos prazeres nessas fontes...
Assim vou conhecendo os teus desejos,
Usando como guia os nossos beijos...
321
Os Jardins dos Meus Amores
Ao sentir os teus passos, minha amiga,
Percebo quanto a vida foi ingrata...
Nas noites em que a lágrima me abriga
Mergulho nosso amor numa cascata...
Percebo que não queres mais voltar...
Mas nada me impediu de te querer,
A noite sem te ter, perde luar,
Não posso mais, assim, sobreviver...
Quem dera, tu voltasses para casa.
As rosas estão morrendo sem cuidado.
A dor da solidão tanto me abrasa,
Eu preciso te ter, aqui do lado!
Mas volta minha amada, nossas flores,
Morrendo no jardim, dos meus amores...
322
Eu Não Consigo Te Esquecer!
Quem me dera esquecer o nosso amor...
Vencido pelas dores e quimeras
Vivendo em tempestade, sem calor.
Das horas mais difíceis, loucas feras...
Amor que tanto quis aqui por perto,
Sonhando com a tal felicidade
Meu mundo transformado no deserto
De tudo, só restou uma saudade...
E canto, sem parar, ao manso vento
Amor que me deixou não volta mais...
Amor que não me sai do pensamento...
Sem rumo, meu navio perde cais....
Responda, como irei sobreviver?
Pois sabes, não consigo te esquecer!
323
Minha Amiga.
Por tantas vezes somos maltratados
Pela vida... Perdemos nossos rumos;
E, depois disso tudo, disfarçados
Sentimentos, nos tirando do prumo...
Tempestades caindo sobre a tarde
Trazendo nessas nuvens, solidão...
Nas preces, peço a dor que se retarde
Mas ouço tão somente o mesmo não...
Vencido pelas dores, indefeso,
O manto da tristeza já me abraça...
O medo que temia, vive aceso,
Nem lágrima perdida, se disfarça...
Porém u’a mão sincera já me abriga,
Nos braços que me deste, minha amiga!
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324
Coração Partido
Meu coração em busca dos amores,
Por tanto tempo o frio dominava...
De nada mais sentia suas cores
A corredeira doía, sempre brava...
Nada mais poderia ter, pensara...
Um coração que bate sem cuidado.
Amor eu sempre soube é pedra rara
Mas tem, p’ra ter valor, ser lapidado...
Não vejo mais futuro, estou sombrio...
Por vezes imagino teu sorriso.
A noite me trazendo tanto frio.
Espero teu amor, disso preciso.
Não deixe que isso tudo tenha olvido.
Salve meu coração, que está partido...
325
O Meu Amor: Ela
Ela, a mulher que sempre desejei...
Entrego meu amor completamente.
Estrela que, nos céus, eu procurei.
Vivendo seus caminhos, minha mente...
Agrado que à natura, fez Bom Deus,
As formas mais perfeitas, formosura...
Quem dera se esses olhos fossem meus.
Teria em minha vida, uma ternura...
Ela, que ao caminhar recende rosas...
Que traz, nas suas mãos, os meus segredos.
Destila em sua boca as olorosas
Manhãs que se prometem sem ter medos...
A luz que dentro da alma se revela,
Mostrando os meus destinos, todos: Ela!
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326
Se Não Houvesse Dia
Esperado poder ter os teus braços
Toda noite aguardando tua volta.
Deixaste por aqui tão fortes laços,
Mas agora, me explica como solta.
De noite, quando chegas no meu sonho,
A minha vida, em festa, se resume...
Fazendo o meu viver bem mais risonho,
Encharcando a minha alma de perfume...
De dia minha dor se torna imensa.
Não tenho nem os sonhos que aliviam...
Pergunto se acordar, então, compensa.
Sem sonhos, os meus dias se esvaziam...
Se não houvesse nunca mais o dia,
Minha vida seria plena de alegria!
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327
Viver Depressa
Vida passa depressa minha amada,
E saiba que esse tempo não tem volta.
Mal vemos já raiou outra alvorada
Não adianta penas nem revolta.
Vivemos tantas coisas, nem sentimos...
Depois de tudo feito, nada importa
Por isso é que te peço, tanto vimos
Que não se necessita desta porta.
Abrindo o coração, viver em festa,
Por todos os momentos sem pensar.
O tempo de viver que já nos resta,
Que bom se reservássemos p’ra amar.
Não penses que na vida eu tenho pressa,
O que mais quero, amor, viver depressa...
328
Amigo ( Ela )
E se fosse quem pensas que não é
A mulher que trará felicidade.
Não sabes que na vida tanta fé
Às vezes se traduz em liberdade.
Pois veja na beleza dessa vida
O lume que traçou uma esperança.
Por vezes, nossa trilha vã, perdida,
Renasce num momento de lembrança...
E se fosse a mulher que imaginara
Aquela que ao teu lado sempre esteve.
De tudo que na vida mais sonhara,
Apenas esperança em ti, conteve...
Amigo, tua vida se revela
Nos braços da mulher que sempre ama: ela!
329
Jamais Vou Te Esquecer
Estás sempre escondida no meu peito
E vives nos disfarces das promessas,
Vivendo sem sequer saber direito
O mundo vai rodando nas avessas...
Procuro por teu rosto, nada vejo...
Decerto estás fugida, nos meus sonhos...
E sempre que distraio, te desejo.
Não quero sofrimentos mais bisonhos...
Vou vivendo, esperando te encontrar,
Quem sabe te encontrei e estás aqui,
Nas ruas, nessas praias, no luar...
Em todos os momentos que vivi...
De ti, saiba, jamais vou me esquecer
Ainda que não possa, mais te ver.
330
A MUSA DOS MEUS VERSOS
És musa dos poemas que, hoje faço.
Rainha dos meus sonhos, minha esfinge
Que tanto tempo em minha vida caço
Mal sabe que eu existo, ou sempre finge...
Dedicando os meus versos ao amor
Espero que te encontres amanhã.
O tempo que me fez tão sofredor
Espera o salvador brilho, manhã...
Empresto meu desejo neste canto
Em vão, tantas vezes te procuro...
E nada encontro além do pranto
Inundando meus dias, manto escuro...
Escute meus delírios mais diversos,
Ó minha musa amada, nos meus versos!
331
AMOR, COISA DO DESTINO...
É, realmente a vida nos apronta...
Por tantas vezes somos esperança
E mal uma saudade cedo aponta
O resto se desfaz numa lembrança.
Foi isso que se deu, bem sei, comigo...
Durante tanto tempo te busquei,
Querendo ser, talvez, só teu amigo,
Vivendo nas jornadas que tracei...
A noite traz a lua e a surpresa...
Aquele que queria uma amizade,
De repente de amor virando presa.
Comecei a sentir de ti, saudade...
É querida, o que faço? Em desatino,
Eu te respondo: coisa do destino...
332
POR AMOR!
É por amor que tento te encontrar,
Em meio a tantas flores no jardim.
Guiado pelos raios do luar
O brilho que estribilha dentro em mim...
É por amor que sigo tua trilha,
Estrela que ilumina minha vida...
És tudo no meu céu que maravilha,
Trazendo uma ilusão que sei perdida...
É por amor que singro tantos mares
Em busca de teus cantos, u’a sereia...
Vivendo nosso amor nesses sonhares
Enterro o coração na branca areia...
E faço meus castelos mais altivo.
Decerto é por amor que inda estou vivo!
333
TOCANDO EM FRENTE
Não tenho mais o medo desta estrada
Caminho sem sequer olhar p’rá trás.
Pois eu trago os olhares da amada
Guardados na guaiaca, vivo em paz...
Em todas as jornadas pela vida
Guardei as esperanças no bornal.
Não lembro de viver da despedida,
Meu canto sempre muda qual jornal.
Vivendo tanto amor sem ter saudade
Salvando minha pele nas tocaias.
A noite traduzindo liberdade,
Morena, belas coxas sob as saias...
O meu amor por ti é sempre urgente.
Por isso caminhar tocando em frente.
334
O AMOR EM PAZ
Cansado dessas brigas, meu amor,
Parti para outros braços mais serenos
Mas os mesmos espinhos noutra flor,
Iguais ressentimentos e venenos...
A culpa, com certeza é toda minha,
Vivendo sem trazer felicidade,
A noite que em minha alma se adivinha
Trará para o meu peito só saudade...
Decerto não consigo ser feliz,
Sabendo que não posso te esquecer.
Por isso, meu amor, eu sempre quis,
O doce dos teus lábios p’ra viver...
Não deixe-se levar pelas intrigas.
Paremos, por favor, com tantas brigas!
335
OBRA PRIMA DO AMOR
Tu és dessa existência mais sofrida
Que tive por tentar ser mais feliz,
A melhor coisa em minha dura vida
De tudo o sonhei e que mais quis...
Tu és este brilhar d’uma esperança
Que trago no meu peito sonhador...
Das glórias que carrego na lembrança
Ao me lembrar de ti, eu vejo amor...
Querida, não me deixes mais sozinho.
Preciso de teu passo junto ao meu.
Nós compartilharemos mesmo ninho
Até o fim da vida, negro breu...
Tu foste iluminada e luminosa,
A mão que te esculpiu, vive orgulhosa...
336
AMIGA, TU ME TENS FEITO TANTO BEM!
Tu me tens feito tanto bem, querida,
Só posso agradecer o teu carinho.
Durante quase toda a minha vida,
Andei por tantas sendas, vão, sozinho...
Agora que encontrei felicidade
Nos braços desta amiga tão dileta.
Viver passou a ter tranqüilidade
A vida, refeição mais que completa...
Não sei se tu percebes, companheira,
Sorriso já voltou, não quer sair,
Ganhando uma amizade verdadeira,
O velho coração vive a sorrir.
E digo a todo mundo, tenho alguém,
Que nessa dura vida, me faz bem!
337
MAR DOS AMORES
Mergulhando nos mares cristalinos
Em busca da sereia que sonhara.
Encontro, nos teus braços, os destinos
Que sempre, nesses mares, procurara...
O sorriso gentil de quem acalma,
A voz melodiosa e tão sincera.
O manto das estrelas, em minha alma,
Amansa calmamente essa pantera.
Que veio dos espaços mais distantes,
Trazendo no sorriso, uma ironia.
Agora nos teus braços delirantes,
O mundo se promete em fantasia.
Depois de tantas lutas, dos horrores,
Mergulho nestes mares, os de amores!
338
POR QUE TE QUERO?
Pergunto sem resposta ao triste vento
Por que me detiveste em teu caminho...
Agora não me sai do pensamento
Sem teus braços, me sinto mais sozinho...
Nos tempos mais felizes, tanta luta,
Jornadas pelos mares da esperança.
A lua se escondendo, tão astuta,
Guardando seu sorriso, de criança...
Depois chegou a noite em tempestade,
Ruíram meus castelos de ilusão.
Os beijos tão amargos da saudade
Invadiram marcaram coração.
Depois cicatrizado o tempo fero,
Tu chegas e pergunto, por que quero?
339
EU PEÇO A DEUS
Eu peço tanto a Deus que me ilumine
E deixe que eu prossiga minha luta
Nascida desse amor que sei sublime
E nega por si só a força bruta...
Eu peço tanto a Deus que me dê paz,
Para que eu possa crer no ser humano.
Que eu seja, nessa vida, forte, audaz,
Pretendendo evitar um ledo engano...
Eu peço tanto a Deus por liberdade
Que o povo mais sofrido, possa ter,
O sonho de viver felicidade
E tenha, todo dia o que comer...
Embora tanto tempo mais ateus
Nas preces que dedico, eu peço a Deus!
340
NUNCA É TARDE PARA O AMOR
É tão tarde amor, não vá embora...
A noite está tão fria, fique aqui.
Minha alma na tua alma se decora,
Depois que te encontrei, eu me perdi...
Eu vejo pelos olhos que me guiam,
Nos olhos da esperança que persiste
As dores no meu peito não me esfriam,
Meu mundo no teu mundo já resiste...
E quando a solidão bate na porta,
Lembro-me dos teus olhos, minha amada,
Sinto que nessa vida nada importa,
Pois trazes minha sina iluminada,
Mas saiba que a saudade cruel, arde,
Por isso fique aqui, já é tão tarde...
341
Minha Querida
Espero que te encontre todo dia
Envolta nessa luz que me fascina
Sabendo que trarei a poesia
Que nasce do meu peito e me domina...
Não quero mais viver sem ter-te ao lado,
Em cada novo canto que dedico,
Percebo que viver apaixonado
Me deixa cada vez muito mais rico
Da beleza que incrusta-se no sonho,
Da alegria que insere-se em meu rosto,
Viver da fantasia que proponho
Em tudo o coração vai mais exposto.
Permita que eu desfrute assim, querida
Bem mais que simples dia em tua vida...
342
Contigo Partirei...
Por mais que se perceba não ser fácil
A vida que prometes meu amor,
De tudo o que sonhamos, sonho grácil,
Espero poder ter o teu calor...
Não tenha mais o medo que apavora,
Eu não te deixarei seguir sozinha,
Por isso, meu amor, eu vou embora
Contigo meu temor não se avizinha...
Por sendas mais difíceis vou contigo,
Sabendo bem das dores que me esperam,
Não temo mais as trevas, nem perigo.
Pois todos os meus medos não imperam...
Bem sabes dos castelos quer criei,
Por eles, por amor, eu partirei!
343
Eu te amo, não consigo mais negar
Se tudo em que mais penso é só te ter,
Em todos os momentos, no lugar
Sublime que possamos percorrer.
Eu te amo na total felicidade
E também nos momentos em que há dor
Nesse amor conheci a liberdade
A razão que alimenta o nosso amor
Eu te amo, não perguntes o porque
Pois Saibas simplesmente que isso eu sinto
Procuro explicação, porém, cadê
Se Tudo que desejo em ti pressinto...
E saibas que por certo eu sempre exclamo
Gritando a todo o mundo, como eu te amo!
344
POR AMOR!
É por amor que tento te encontrar,
Em meio a tantas flores no jardim.
Guiado pelos raios do luar
O brilho que estribilha dentro em mim...
É por amor que sigo tua trilha,
Estrela que ilumina minha vida...
És tudo no meu céu que maravilha,
Trazendo uma ilusão que sei perdida...
É por amor que singro tantos mares
Em busca de teus cantos, u’a sereia...
Vivendo nosso amor nesses sonhares
Enterro o coração na branca areia...
E faço meus castelos mais altivo.
Decerto é por amor que inda estou vivo!
345
A Força do Coração
Coração quando cisma de querer
Amar quem não devia, fico louco.
Às vezes dá vontade de morrer,
Matando esse infeliz de pouco a pouco...
Meu coração teimoso sempre esquece
Das dores que os amores me causaram.
Por mais que peço a Deus, se ri das preces,
E todas as tristezas se anteparam.
Não sabe que depois fico sofrendo...
A solidão corrói, ele nem liga.
Não se importa com sol, se está chovendo,
Pois dentro do meu peito, já se abriga...
Procuro sem achar, a solução,
Tirar a sua força, coração!
346
O Meu Amor: Ela
Ela, a mulher que sempre desejei...
Entrego meu amor completamente.
Estrela que, nos céus, eu procurei.
Vivendo seus caminhos, minha mente...
Agrado que à natura, fez Bom Deus,
As formas mais perfeitas, formosura...
Quem dera se esses olhos fossem meus.
Teria em minha vida, uma ternura...
Ela, que ao caminhar recende rosas...
Que traz, nas suas mãos, os meus segredos.
Destila em sua boca as olorosas
Manhãs que se prometem sem ter medos...
A luz que dentro da alma se revela,
Mostrando os meus destinos, todos: Ela!
347
Somente Amigos
É minha amada, sei o quanto sofres
As tristezas que causam te maltratam,
A vida nos encerra em tantos cofres
Parecendo que nunca mais desatam...
Mas saiba que estarei sempre ao teu lado
Em todos os momentos dolorosos
A mão que nos afaga, manso prado
Perfuma-se nos cardos olorosos,
Ferindo com espinhos, nossos sonhos
Trazendo essas procelas mais terríveis
Não quero que tu tenhas mais medonhos
Pesadelos noturnos tão horríveis...
E saiba que te quero, sou abrigo...
Sou teu, com muito amor, somente amigo...
348
PAIXÃO!!!
Amor quando invadindo não respeita
Nem sequer essas dores do passado,
Rasgando todo o manto se aproveita
E deixa essa tristeza assim de lado...
Amor que sempre vive sem juízo,
Passando todo o tempo sem saber
Procura nessa vida o paraíso
E sonha quase sempre em te querer...
Esse amor dominando toda a casa,
Não deixa nem espaço p’ra saudade,
É chama que destrói em mansa brasa,
E rouba, sem querer, a liberdade.
Amor que estou sentindo, uma paixão,
Que a bem desta verdade, é obsessão!
349
A minha mocidade tão distante
Rolando nas lembranças, sem parar
O tempo nunca pára, vai constante
Passando e transformando faz voar...
Quem dera ter o gosto do teu beijo
Na boca que murchou, pele enrugada...
Porém nunca morreu o meu desejo,
O de poder te ter, ó minha amada...
Passamos tanto tempo na procura
Do bem que alimentou a juventude
Amor que se banhava na ternura
Amei, vou ser sincero, mais que pude...
Das forças que já tive, quer renovem
A vontade de ser, p’ra sempre jovem..
350
Amiga, Tô com Saudades
Amiga, há quanto tempo não te vejo!
A vida nos afasta sem querer
Tu sabes como é grande o meu desejo
Ao meu lado, é tão bom poder te ter.
Tivemos quase sempre bem juntinhos
Em todos os problemas desta vida.
Trilhamos diferentes, os caminhos,
Mas nunca imaginamos despedida.
A sorte que te leva, agora traz,
Fazendo do meu dia, mais brilhante,
Encontro finalmente a minha paz,
Depois de tanto amor titubeante.
Sabendo que virás. Felicidade,
Amiga tô morrendo de saudade!
351
Andando sem teus braços, me perdendo...
As noites se transformam em suplícios...
O tempo vai passando e, nada tendo,
Os dias, verdadeiros precipícios...
Não vejo nada além duma ilusão
Marcada dentro d’alma a ferro e fogo.
Arrebenta sem demora o coração!
E tudo se perdendo... Volta logo!
Quem dera se soubesses como estou,
Vasculho teu sorriso em cada canto.
Se fomos, quase nada me restou...
Procuro ter na vida, um novo encanto!
À noite, tanto tempo, sem revê-la
Vou como quem perdeu a sua estrela..
352
Se tu soubesses como sempre amei...
Meus momentos felizes, ao teu lado...
De tudo que sonhava, procurei
Viver cada segundo, apaixonado...
Dançavas nas estrelas, minha amada,
Raiando como o sol de cada dia...
A vida se passando iluminada,
Repleta da mais plena poesia...
Agora, caminhamos sempre juntos,
As estradas floridas deste amor...
Os sonhos que tivemos foram muitos,
Em cada sonho o viver mais sedutor...
Se tu soubesses quanto que te quis...
Garanto que serias mais feliz
353
Quando Ninguém Me Vê
Ninguém saberá dessa minha dor.
Disfarçada num sorriso mais gentil
O certo é que perdendo teu amor,
O mundo se tornou cruel e vil...
Eu sei que bem consigo te esconder
O quanto precisava assim de ti.
Eu temo que não possa mais viver
De tanto dolorido que estou aqui...
Amada me perdoe pelos erros
Que sempre cometi, não mais os trago
O sol renascerá por sobre os cerros
E com seus belos raios, finda estrago...
Espero, tua volta, assim te imploro.
Quando ninguém me vê, de dor, eu choro...
354
Peço-te: contamine-me de amor.
Não quero cura nunca mais remédio,
Vivendo tanto tempo sem calor
Não suporto sequer mais esse tédio...
Transmita para mim essa doença
Que faz com que soframos e sonhamos
No fundo tanta dor se recompensa
Nos momentos felizes, nos amamos...
Eu quero esse veneno que me cura,
Eu quero essa tortura que me salva.
Eu quero essa amargura na brandura
Eu quero essa sangria na noite alva
Pois então minha amada, me ilumine,
E se queres tanto bem, me contamine!
355
O Meu Amor: Ela
Ela, a mulher que sempre desejei...
Entrego meu amor completamente.
Estrela que, nos céus, eu procurei.
Vivendo seus caminhos, minha mente...
Agrado que à natura, fez Bom Deus,
As formas mais perfeitas, formosura...
Quem dera se esses olhos fossem meus.
Teria em minha vida, uma ternura...
Ela, que ao caminhar recende rosas...
Que traz, nas suas mãos, os meus segredos.
Destila em sua boca as olorosas
Manhãs que se prometem sem ter medos...
A luz que dentro da alma se revela,
Mostrando os meus destinos, todos: Ela!
356
A Força do Coração
Coração quando cisma de querer
Amar quem não devia, fico louco.
Às vezes dá vontade de morrer,
Matando esse infeliz de pouco a pouco...
Meu coração teimoso sempre esquece
Das dores que os amores me causaram.
Por mais que peço a Deus, se ri das preces,
E todas as tristezas se anteparam.
Não sabe que depois fico sofrendo...
A solidão corrói, ele nem liga.
Não se importa com sol, se está chovendo,
Pois dentro do meu peito, já se abriga...
Procuro sem achar, a solução,
Tirar a sua força, coração!
357
Amar, Sonho Impossível?
Tentar ser mais feliz sem sofrimento,
Andar por essas ruas sem temer
Viver a liberdade solto, ao vento,
Não se entregar jamais e no amor crer.
Vencer todas quimeras dessa vida
Trazendo na garganta um belo canto.
Saber que nunca estás só e perdida,
Tirar destas tristezas, seu encanto...
Constróis felicidade a cada dia.
Não tema mais a dor duma saudade.
Aprenda que viver é poesia
Soltando nosso grito na cidade.
Pois amar é bem mais que ser incrível
É crer neste sonhar mesmo impossível.
358
O Amor é Triste
Amar é se saber pobre refém
Ao mesmo tempo algoz e vil carrasco,
Amar é perseguir o mesmo bem
Que leva e que nos salva do penhasco.
Amar é conseguir o nada feito
Depois sair sorrindo, sem saber
Que tudo neste mundo contrafeito
Por vezes nos ajuda e faz viver...
Amar é não querer a liberdade
Embora nos dê asas p’ra voar.
Amar é se esquecer de ter saudade
Depois a vida inteira quer chorar...
Amar é nossa força que resiste,
Embora todo amar, seja bem triste...
359
Nossa História de Amor
Nosso caso de amor que começou
Numa bela manhã ensolarada,
Feito duma lembrança que restou
Daquela nossa triste madrugada...
Nós tínhamos amado tanto tempo
Pessoas que não viam nosso amor.
Envoltos em tamanho contratempo
Na busca de viver sem mais temor.
Os mares que sonhamos, tão distantes,
Nos rios, nas cascatas, nas procelas...
Caminhos que passamos, inconstantes,
Nas noites mais escuras, sequer velas...
Agora já vivemos sem ocaso,
Em pleno e doce amor, o nosso caso...
360
Como te amo, amor!
Fale suavemente, meu amor...
Tua voz acalmando meu lamento,
Esqueço do tormento e do temor
Quando ouço teu canto me apascento.
Lembro dos nossos sonhos pueris,
Vivendo nosso amor a cada dia.
E sendo, simplesmente, mais feliz.
Trazendo todo encanto e poesia...
Amada, quanto quero teu sorriso,
Andando por estradas mais floridas...
Teus passos me levando ao paraíso.
De mãos dadas, assim, as nossas vidas...
Amor que tanto brilha de repente,
Ouvindo tua voz, suavemente...
361
Como é Bom Te Amar!
Não mais vou conhecer uma saudade
Prometo que te quero mas não vou
Deixar que se perca a claridade
Em tudo que sem medo, me restou...
Vivendo no que sempre quis viver,
Nos ares que pretendo mergulhar
Os olhos de quem sonho posso ver
Na lua que desmaia em manso mar...
Amor que na verdade, me salvara
De quantas ilusões que já perdi.
Acordo sem saber como se pára
O trem que, das saudades, anda aqui.
Amada, como é bom viver contigo,
Embora tanto amor, corra perigo...
362
Tortura e Prazer
Transbordo nesse amor que me tortura
Embora na tortura é que me salvo.
Jamais esquecerei tanta ternura
Da vida, meu divino e fatal alvo.
Amar é ser feliz em largo gole,
Depois embriaguez vira saudade.
É faca que em teus beijos, já se amole,
E corta mais sutil tranqüilidade.
Amar é perceber o gosto amargo
E ter tanto prazer nesse amargor.
O peito lacrimoso que eu embargo
Repete mansamente o meu amor...
Não quero ser talvez o teu fastio,
Apenas te viver em pleno cio!
363
Amamos tantas vezes nessa vida!
Por certo muitas vezes sem saber
Que por mais que conheçamos despedida
Amor a cada dia, faz crescer...
Recebo teus sorrisos como um canto
Que em plena tempestade nos acalma,
De tanto que te quero, meu encanto
Penetra calmamente, sedando alma...
Amiga, não me deixes ser cruel
Com quem não merecia meu carinho.
Permita que te traga o mesmo céu
Que sempre me deixou bem mais sozinho...
Receba o meu afeto mais sereno,
Que salva em amizade, do veneno...
364
Amantes
Iremos nos amar de madrugada
As bocas percorrendo tantas sendas...
Searas que descubro em minha amada,
Aberto o coração, vislumbro tendas...
E sinto no teu corpo, meu desejo...
Nos mares que navego, cada porto,
Receba meu carinho, manso beijo.
De tudo que pensei ‘stivesse morto..
Amar é conhecer que o infinito
Limita o sentimento que nos une,
Amor tanto sublime quão bonito,
Ao mesmo tempo cura e já nos pune...
Quem dera se eu morresse neste instante,
Em que sou seu carrasco e seu amante...
365
Como é bom poder ser teu amigo!
De quanto que já tive e já perdi,
Dos olhos esquecidos noutras luas...
Se venço meu cansaço, estou aqui,
Caminho sem temer por tuas ruas.
Estrela que brilhou por tantos anos,
Nos céus que imaginara fossem meus;
Recebo destas noites, seus enganos,
Sentindo nos teus versos que há um Deus...
Poeta que me encanta com palavras
É bom ser teu amigo, saiba disso...
Aos poucos me dominam tuas lavras,
E vivo em teu encanto e no teu viço.
Poeta que ilumina eu já te digo
Ah! Como é bom poder ser teu amigo!
366
Amares
Nas ondas em que trago esse meu barco
Esqueço que jamais eu naufraguei
De tudo que sonhei, restando um parco
Sentimento do tempo em que te amei.
Vivendo sem temer tantas mazelas
Que a vida, com certeza, me deixou...
Nas noites em que amores me revelas,
De tudo que passei, nada restou.
Agora que meus mares não conheço
Recebo teu carinho, tempestade...
Mereça ou não mereça o teu apreço,
Espero te encontrar, felicidade!
Agora que me sinto mais em paz,
Percebo que atraquei um manso cais....
367
Bom Dia, Amigosl
Espero que tu tenhas um bom dia
Assim como um bom dia também quero.
Que seja um dia pleno de alegria
Assim como o meu, também, espero...
Que a vida te sorria e não deboche,
Que os rios que percorres sejam mansos.
Amor não seja só um simples broche
Que te barco aporte nos remansos...
Que nada mais te traga sofrimento
E a vida te inundando de esperanças.
Que o fogo da saudade e do tormento
Não trague tua vida nas lembranças...
Que o sol que te sorria não te queime.
Persevere no amor. Ah! Nisso teime!
368
Saiba que nossos rumos se tocaram
Num instante difícil para mim.
Decerto que eles quando se encontraram
Mudaram tudo que eu pensara enfim.
Vinha de tantas dores e promessas
Caminhando sem saber onde chegar...
Guardava nas lembranças, às avessas,
A vontade risonha de sonhar...
Os nossos desesperos eram tantos
Que nada mais havia por fazer...
Buscava nesta vida, seus encantos,
Só tinha uma ilusão nesse meu ser...
Agora que encontrei não vou perder...
Pois só nos resta então, amor, viver!
369
Meu Doce Amor
Amor, suavidade diz teu nome.
Vencemos as batalhas complicadas
Porém, o que nos resta já se some
Em meio a tão distantes alvoradas...
Aurora das promessas nunca veio,
Apenas essas nuvens e a saudade...
Amiga, não permita que o receio
Acabe duma vez com claridade...
Navegávamos mares tão distantes
Procurando somente pela paz.
As ondas sempre foram inconstantes
Agora sem amor, tanto me faz...
Eu quero simplesmente ser feliz.
Doce amor, o que faço? Então, me diz...
370
Não Pergunte Mais Por Que
Não quero dedicar meu sonho a esmo,
Buscando sem ter bases, o meu canto,
Vivendo o que pensava ser o mesmo
Desejo que forjara meu encanto...
Não quero lhe falar dos velhos discos
Guardados nesta estande do passado.
Corremos, por viver, os mesmos riscos,
Embora não vivamos mais calados...
Eu quero esse perfume que perdura
Das mãos que acaricio, sem ressalvas...
Recebo dessa noite uma ternura
E todas alegrias foram salvas...
Vontade de sonhar e ter você,
Somente não pergunte mais por que!
371
Louco Amor
Ilustre amor que leva toda a glória
De ser, por certo, algoz e ser remédio.
Paisagem se desbota na memória
Não deixa mais romper o velho tédio...
De tantos esquecidos nas gavetas
Também nosso contrato não vingou.
Passado que vivemos não remetas
Pois saiba que carinho não restou.
Amada sem amor um só fiasco,
Dos campos e batalhas, teus troféus,
Saltando dos amores, em penhascos,
Despencam nossos sonhos lá dos céus.
A glória de viver tão louco amor
Por certo despetala a mansa flor!
372
Amor, Diamante Falso
Lembranças desta glória que vivemos,
Em mantos que emprestamos ao veneno.
Sentindo que d’amores que sofremos,
A noite nos invade em seu sereno.
O frio que comanda não resfria
O peito que abrasado, não se cansa.
De tanto que escutei a melodia,
Depois de tanto tempo, amor já dança.
Não deixe que me entregue mais contente
Pois saiba que ironia tem seu preço.
O mundo se desanca, num repente
E amor vai se mudando de endereço.
Quem logra seu passado com mentiras,
Ao pântano das dores já me atiras...
373
Nas águas mais profundas da saudade
Abismos e penhascos são meu mote.
Recebo sem temer intensidade
De todas essas dores todo o lote.
Amando ser amado por quem amo
Amargo a solidão se tu não vens.
Depois de tantas lutas que reclamo,
Aguardo sem rancores nossos bens.
Achego meu amor ao teu amor
E vindo de teu corpo tal clarão,
Vencido pelos ventos, tal valor
Que vale todo inverno em meu verão.
Verás que nada mais vale essa vida
Nos vales da saudade, vã, perdida...
374
Sonho que, soberano e tão suave
Durando minha vida não refaço.
Espero que vagueie minha nave
Em toda imensidão do teu espaço.
Na grota das esperas sem futuro,
Revivo cada gota do perdão
Que parco, sem saber, saltando o muro,
Desaba e já desanca o coração.
Mostrando os velhos dentes que não mordem,
A corda que prendia, se arrebenta...
As garras que me cravas não mais ardem,
Apenas nossas mágoas, água benta.
Eu vejo teu sorriso mais ditoso
Nas horas que vivemos franco gozo...
375
Todo contentamento também passa
Embora não saibamos bem por que,
A noite que se vai já não me abraça
Procuro a poesia mas cadê?
Vencido pelas dores da alegria
Que mentem mas não deixam de chegar.
Transportam nestas asas novo dia,
Em vôos prometidos ao luar...
Amor em ser cruel também acalma,
Permite tantas lutas e cautelas...
Querendo conquistar uma triste alma
Mentindo transformando belas telas.
As celas que me prendem aos teus braços,
Estão nestas algemas dos espaços...
376
Amor caricatura tem futuro?
Pergunto se talvez nada virá
Olhar que penetrante traz escuro
Resiste e não me leva a Xangrilá;
Do riso que prometes ser jocoso,
O mar mal navegado perde porto,
Porém se navegar o pleno gozo,
Depois de tantas noites vou ser morto.
Morrer deste prazer que me ofertaste,
É quase que morrer em alegria.
Porém se teu prazer fizer-me traste,
A noite em tempestade cala o dia.
Não faça desse amor caricatura
Envolto em agonias da ternura...
377
Beleza que traduz pré sentimento
E faz de sua dona a nova escrava.
Deveras do sofrer é bom tormento,
É vulcão que derrama tanta lava.
Não faça do que é belo teu porvir,
Verás que nada vem e sabes disso.
Portanto nada tenho a te pedir,
Nem quero converter em compromisso.
Amada se afagamos nosso egos,
Vivendo por demais sem ter motivo,
Prendemos a nossa alma em podres pregos,
Em sonho por demais, sem gozo, altivo...
Amar é ser feliz no paraíso,
Porém esqueça o lago, vê Narciso!
378
Tantos dons repartidos pelas musas,
Permita que deus Eros me acumule.
As ninfas vão decerto mais confusas,
Amando quem quiser que se estimule.
Onan em desespero, sem amada
Amando sob estrelas não desperta
Morfeus que nessa noite diz mais nada
Embora em Afrodite, aceso alerta.
Depois desta loucura, uma bacante
Em plena redenção, Hermes se explana,
Procura por Minerva tal amante,
Encontra os belos seios de Diana.
Em meio a tantas deusas, meu porquê,
Encontro aqui do lado, e é você!
379
Aquele que somente se perder
Nas asas deste amor mais envolvente
Verá que encontrará no mesmo ser
A boca que mordendo, sangra e mente.
Não mais que certas coisas na lembrança
Guardei do que desprezo; me deixaste
O vento que trazia essa mudança,
Se avança rebentando uma fina haste.
Isento dos percursos da paixão
Escrevo meu futuro em teu passado.
Não presto mais a mínima atenção
Ao gosto que roubamos do pecado.
Sorvendo cada gota do teu gozo,
A mando deste amor tão desditoso...
380
nço e não convenço mas converso
E sabes que nas sebes que segui
O vasto do universo deste verso
Em tramas que teimamos só por ti.
Não minto se te sinto mais por certo,
Absinto me embriaga mas não salva.
Navego tantas noites num deserto
Em plena tempestade, na lua alva.
Magoas se me beijas e deságuas
Amores nestas telas descoradas.
Os rios e cascatas perdem águas
Nas mágoas minhas fráguas desaguadas.
No mármore que amor amaro quebra
O gosto inebriante da genebra...
381
Aquele que escapar do mau amor
Embrenha seu futuro em plena sorte,
Fugindo deste inferno, sem calor
Aguarda bem mais calmo, a sua morte...
Amor que me parece ter dois gumes,
Cortante ao mesmo tempo, caricia.
Das luas em que rouba tantos lumes,
Amor que tanto apruma já vicia.
Herméticos meus versos pueris
Talvez de amor não façam suas tendas
Amando com palavras mais gentis,
Tampando a claridade, negras vendas.
Agora, num minuto já te digo,
Amor quando é demais, sou teu amigo...
382
A solidão chegando no meu canto
Em prantos e torturas faz seu mote.
Sabendo que o amor precisa encanto
Na cama não há chama que me esgote.
Noturnos os desejos mais sedentos
Se adendos e barganhas eu desfaço,
Disfarço tantos óleos que sei bentos,
Nos dentes que mergulham no teu braço.
Amar demais não custa nem descarto
Embora vá rolando tão sozinho...
Aberto o coração ao novo parto,
Aguardo, calmamente no meu ninho...
Não temo a solidão, é companheira,
Embora eu te prefira a noite inteira...
383
Segredo que te conto meu amor,
É feito da saudade que deixaste.
A pele em minha pele, o bom calor,
Derrubas com carinho, feroz haste.
Não tenho mais segredos para a lua
Portanto não precisa ter vergonha,
Depressa minha amada, fica nua,
A boca em minha boca, vem e ponha.
Desnude-te de todos os receios,
A lua nos convida, para o jogo.
A boca percorrendo doces seios
Acende nessa noite nosso fogo..
E venha sem temer, tanto te quis,
Aguardo simplesmente ser feliz!
384
Anoiteceu, vibra um sentimento
Que faz com que me perca sem temer.
Avanço como um louco, o pensamento
Colado no teu corpo, no teu ser...
Te Beijando e também sendo beijado
Suaves os carinhos sem ter medo.
O gosto e a delícia do pecado
Inventam num segundo outro segredo.
Amor me transportando, tonto, ao céu,
Arranca tua roupa e nada fala,
A noite te prometo, seu corcel,
Será da mais sublime e nobre gala.
Os sonhos que sonhamos neste quarto,
Amor de tanto amor, dormindo farto...
385
Amada quem me dera se não fosses,
A noite que te trago é plena festa.
Os lábios se desejam tantos doces
E nada do sofrer, conosco resta.
Não deixe que essa noite te carregue
Nos braços deste sonho sem me ter.
Amor quando de amor já morre entregue
De tanto amor merece se fazer.
Saber que tu partiste, minha amada,
É quase que morrer na solidão,
Por isso não responda e fale nada
Acorda com carinho o coração.
E fique do meu lado, minha lua,
A noite após a noite, continua...
386
Eu quero o teu amor, mesmo que ausente,
Vagando pelos sonhos, sem pousada...
Encosto minha boca e se pressente
Que tanto que te amei, foi quase nada...
Mas quero teu amor, vivo e sedento,
Escorre minha vida pelos dedos.
Ardendo um coração em fogo lento,
Na voz quase serena, meus segredos...
Deitado, sem saber sequer o sono,
Espero pelo toque que não vem...
Aguardo tão vazio, no abandono,
Na porta que entreabro vem ninguém...
Mas saiba que te espero e não me canso...
Terei, quando vieres, meu remanso...
387
Canção do Amor Demais
Deitada nesta sala, adormecida
Te vejo ressonar, tão calmamente...
Amada que se fez bem mais querida
E deita em minha cama, minha amante...
Ao ver sua nudez, já descortino
Futuro tão tranqüilo que preciso...
Amor que me invadiu desde menino,
Agora reconheço em paraíso...
Eu quero te tocar cada segundo
Sabendo que não tenho mais tormento
Em cada nova senda me aprofundo
Da boca irei sorver o meu provento...
Amando quem sonhara em juventude,
Assim amar demais; mais do que pude...
388
A vida me promete a primavera
Talvez a derradeira em minha vida...
Não sei mais se resisto a tanta espera.
Não se demore tanto assim, querida...
Saudade corroendo pouco a pouco,
A primavera passa tão depressa...
Em grito desumano, amor tão rouco,
Aguarda mas precisa; tenho pressa!
Fechando os tristes olhos devagar,
Divago sobre quem já foi embora.
Não tarde meu amor, o teu chegar,
A solidão em tudo me devora...
Espero, ansiosamente por teu sol,
Meus olhos te buscando, girassol...
389
Espero meu amor por um mais um dia
Quem sabe me trarás uma outra vida...
Sabendo que minha alma se perdia,
Virás e salvarás da despedida...
Amor que não se jura e se comete,
Que em loucas sinfonias se entrelaça
Amor que não precisa nem promete
Vivendo caçador virando caça.
Amor que não mais temo simples amo,
A quem sempre obedeço e nunca nego.
Pois saibas meu amor que eu sempre te amo,
Amor é manso fado que carrego...
Te quero meu amor, dia após dia
Por dias e por vidas, fantasia...
390
A vida sem você não tem sentido,
Eu quero poder ser o companheiro
Que trama cada sonho dividido
Dormindo do seu lado, por inteiro...
Eu quero seu perfume em meus lábios,
Na doce maciez de sua boca.
Os dedos conhecendo sendo sábios,
Invadem sua pele, a voz mais rouca...
Eu quero ser o pássaro que voa
Adentra nessas matas mais fechadas,
O canto que em meu canto já ressoa,
A mando dessas mãos por mim amadas...
Sabendo cada canto de seu colo,
Penetra, mansamente no seu solo...
391
Amada que te quero namorada
Fazendo dos meus dias uma espera
No amor de quase tudo em quase nada
Que acalma e que delira, gozo e fera...
Não sabes quem eu sou mas te prometo
Os sonhos que me dás em sedução.
Os erros que talvez nunca cometo,
Esperam minha amada, o teu perdão.
Namoro, na verdade, nunca tive
Se bem que sempre expus toda a minha alma.
Andando por poemas onde estive,
A lua redentora, sei na palma.
A minha namorada verdadeira
Se esconde por detrás da vida inteira...
392
Devora uma paixão solenemente
Não cabe nem espaço para a paz.
Tomando cada canto deste mente
Paixão me inutiliza, tanto audaz.
Não penso mais em ter a liberdade
Liberto que me encontro em tal paixão
Brilhando não consigo claridade,
Do sim sempre mergulho em pleno não.
Faminto nunca fico saciado,
Sedento, no oceano em que me encontro.
Não deixo respirar o ser amado,
Em paz já necessito desencontro.
Mergulho sobre as pedras, sem ter medo,
Apaixonadamente, um desenredo...
393
Amor que me acompanha a vida inteira
Desde que a juventude começava...
Tivesse o teu carinho, companheira,
Nas asas que me deste, enfim voava...
Mas amor se egoísta nega o vôo,
As asas se podando, não libertam.
Amor que por amar assim, perdôo,
Embora tantos sonhos já desertam...
Te quero minha amada, não o nego,
E cada vez mais perto e mais distante.
Se liberdade é tudo o que carrego,
Por mais que tu me queiras, é bastante?
Não temas pelas asas, ó querida,
Eu tenho nosso amor, por toda a vida...
394
Quem somente uma vez amou na vida
Espera que esse amor nunca se acabe...
Por isso te esperando, vem querida,
Tristeza no meu peito não mais cabe...
Eu quero tuas mãos, tão mansas mãos...
Nas minhas, me trazendo maciez
Não deixem que se tornem, vagos, vãos,
Os dias em que tanto amor se fez...
Somente por um dia não me basta,
Amor que quero sempre, por inteiro...
A vida não seria essa vergasta
Que corta com prazer tão costumeiro...
Quem sabe nosso amor possa me dar,
Razão para entender o que é se amar...
395
Amor que me acostuma assim tão mal
Que nada mais consigo nem pensar,
Vivendo tanto amor, sou, afinal,
Estrela que brilhou em meio ao mar...
Não posso mais seguir sem teu abraço,
Que fazer dessa vida que não quero,
Prefiro mergulhar no teu cansaço,
Amar amor que sempre foi sincero...
Mas nada do que digo representa
A gota que querias deste orvalho.
A gente sem querer, por vezes tenta
Mas sabe que comete um ato falho,
E deixa nosso amor em sofrimento,
Que faço, meu amor, do sentimento?
396
Por que zombar assim dos meus amores
Loucuras e desejos se misturam,
Ao mesmo tempo causam tantas dores
Ao fim da noite vêm e já nos curam...
Não zombes do que sinto, podes ver
Nos olhos que te adoram, tantas luzes...
Amada quanto bem tem te querer
Não peço que suporte minhas cruzes.
Apenas não te peço nada mais
Que estar na minha noite mais feliz,
Da lua que trouxeste sem jamais
Roubar deste luar qualquer matiz...
Não deixe que o amor cedo desfaça
Dancemos nosso amor em plena praça!
397
Tristeza que por certo não põe mesa
Ao mesmo tempo espreita sem ter pena.
Vasculha procurando por princesa
Encontra, nos envolve e logo acena.
Tristeza desse amar mais do que pude
Revolta nas entranhas dando nojo,
Acaba com meus sonhos, sem saúde,
Invade minha vida, e toma o bojo.
Tristeza sem desculpas quer voltar
E nada que eu fizer pode contê-la
Amor por mais que traga meu luar
Tristeza é qual cadente e morta estrela.
Porém não deixe nada p’ra depois,
A noite, sem tristeza, é de nós dois!
398
Amor que dessa dor fez seu ocaso
Renasce no perdão do novo amor.
A vida não permite tanto acaso,
Se caso novamente amor e dor.
Nos portos do ciúme quando encalha,
Amor não deixa mais um só recado.
Amor quando transforma na batalha,
Aos poucos destruindo o ser amado.
Tem dó de quem amou e agora pede
Amor de quem jamais sofreu de amor.
Amada nada forte nos impede
Receba deste amor, o salvador.
Bem junto dos meus braços, vem morena,
Ao menos por sentir apenas pena...
399
Essa hora está chegando amigo meu;
Tristeza se aproveita e dá recado.
Meu verso vai sangrando mais ateu
Envolto sem perfume, no pecado.
Nos bares que tomamos mais um trago
Milhares e milhares de saideiras.
A lua tão charmosa faz estrago;
As pernas das mulheres, verdadeiras...
Depois de tanta lua a noite morre
No colo da morena que escolhi.
Cabeça vai girando, estou de porre;
Porém mais um amor, sobrevivi...
Depressa meu amigo, vem ligeiro,
Que o dia vem chegando, sorrateiro...
400
Quando o rei sol a mando do seu brilho
Buscava pelo espaço, companheira,
Ao ver um simples astro no seu trilho.
Inerte, semi morta, numa beira.
Pensou como podia transformar
De tão simples beleza em algo mais,
Nos seus braços, deitou e fez luar,
De tal amor repleto em mansa paz...
A lua com seus raios que refletem
Os raios que lhe manda esse rei sol,
Amores sem igual que se repetem
Iluminando todo esse arrebol...
Amores como o nosso, neste astral,
Por vezes num eclipse assim total!
401
À Procura de um Amor
Procuro nosso amor pelo infinito
Buscando nas estrelas ,nossa cama...
Amor que te prometo, mais bonito,
Acende sem ter pressa, brasa e chama....
Amor que não permite mais meus erros,
Pois sabe que de amar errei demais.
Nos olhos tão distantes meus desterros
Caminhos que procuro e sei jamais...
Procuro pelos cantos dessa casa
No quarto, nessa sala de jantar,
O tempo sem amor já tanto arrasa...
Espero pela noite e quero amar...
Onde estás meu amor ,que não te vejo.
Deitado em minha cama, eu te desejo...
402
Eu amo meu amor tão simplesmente
Que nada mais importa nem por que.
Sabendo que viver sem ter amor
Não cabe e nem pergunto mais cadê
Amor não se conjuga, se completa,
Se faz e se desfaz e nem se importa.
Falar de tanto amor se for poeta
Ao mesmo tempo fecha e abre a porta.
Amor é fonte amada em si se esgota
Se cabem mil mistérios, um milhão...
Amor p’ra ser amor não sabe cota
Invade cada canto, mar, grotão...
Amor é quase morte, no prazer.
No entanto quase mata e faz viver...
403
Falava desse amor á minha amada
Que nem sabia o quanto que eu amava
Sentado no beiral duma calçada
A lua testemunha nos calçava.
Temia pois tremia por inteiro.
Das pernas que tremulam, qual bandeira,
Meu Amor me mostrava, companheiro,
Quanto amar faz mudar a vida inteira.
Depois de tanto tempo sem dizer,
Que o medo nos tortura e enfraquece,
A mão de quem declara é só tremer,
Parece que se perde numa prece...
Aos poucos como quem pede perdão,
Amor, de tanto amor, declaro em vão...
404
Quem dera se deixasse que eu viesse
Da noite em tal ternura que te amanse,
As mãos que te carinham, numa prece,
O passo sorrateiro que te alcance.
Quem dera se trouxesse meu carinho
E desse tantos beijos nesta nuca.
Depois ir te despindo com jeitinho,
Amor que não maltrata e nem machuca...
Apenas no gemido desta noite,
As pernas se entrelaçam num balé,
Me apego na ternura em manso açoite
Amor que me transmite rogo e fé.
Não quero nem ao menos transformar
Apenas o que quero, enfim, te amar!
405
Procuro tua imagem sacrossanta
Em todos os momentos desairosos
Qual força mais sublime se levanta
E trama nossos olhos desejosos?
Transmites nos carinhos mil faíscas
Que sempre numa ardência me dominam,
As bocas se procuram, são ariscas,
Ao fim em nossa cama determinam...
Magia desse toque que se embosca
No canto que não posso mais fingir.
A perna que na perna já se enrosca,
Desejos e torturas repartir...
Em meu peito, total revolução
Causada pelos ventos da paixão...
406
Eu sempre irei amar-te, não duvide,
Não desse amor tão frágil pois finito.
Amor que nasce amor de amor incide
E forja um novo amor bem mais bonito.
Que não cobrando nada, tudo faz,
Que não pedindo culpa, se permite.
Amor que não termina sem ter paz
E sabe que na vida não se omite.
Amor tão corriqueiro, pois sereno,
Recebe uma outra vida sem ser dono.
Vivendo deste amor, cadê veneno?
Pior que desamor num abandono...
Te quero minha amiga, não desisto,
Amor que sangra amor, tanto eu insisto...
407
Quando estou tão sozinho te procuro
Em todos os meus versos, mas cadê?
A lua que te trouxe sobre um muro
Se esconde sem sequer ter um por que...
Não deixe que se amaine um sentimento
Voraz e sedutor que já se assoma.
Que o tempo não se torne num tormento
E tudo em nossa vida seja soma...
Agora se vier a solidão
Ao lado de quem pede tanto amor.
Amada, por favor me diga o não.
Prefiro que viver sem ter ardor.
Que a chama quando apaga, nesse caso,
Transporta tanta dor ao nosso ocaso...
408
Por onde você anda?
Por ande tu andaste na cidade
Que em versos te mandei um telegrama
Voando nessas asas da saudade
Ardendo sem temer sequer a chama.
Andaste por acaso tão distante
Que nada me importava nem o mundo...
Em busca do carinho, minha amante,
Meu todo se desaba num segundo...
Vieste por acaso, disso eu sei.
Não posso permitir que não mais voltes,
De todos os caminhos que passei,
As ondas desses mares, não revoltes...
Agora que encontro tão sozinho,
Por onde é que tu andas, qual caminho?
409
Uma História de Amor
A rosa sedutora bem sabia
Que tinha mil perfumes delicados,
Amores que em amor se delicia
Das rosas iluminam belos fados...
Um louco colibri ao ver a rosa,
Em versos dedicou o seu desejo
A rosa por sinal tão vaidosa
Ao pobre colibri negou um beijo...
De tanto que sofreu o pobre ser,
Que enlouquecido vive sem ter rumo.
Agora a sua sina é só viver
Em busca dum amor que lhe dê prumo...
Procura inutilmente por amor,
E beija, sem parar, basta ser flor!
410
No meu jardim doente, poucas rosas
Abertas no meu peito sem amor...
Vencido pelas luas orgulhosas
Esqueço que plantei semente e flor...
Jasmins com inefáveis tons de alvura
E lírios esquecidos no jardim...
O canto deste amor, viva ternura,
Ressoa calmamente dentro em mim...
Que faço se não tenho mais as flores
Que tanto procurei, felicidade...
Assim também se foram meus amores,
Restando disso tudo, uma saudade...
Saudade do jardim que não mais tenho,
Em busca dos amores, sempre venho...
411
Distante desse amor que mora longe
Tão longe que não posso mais pensar
Amor que tão distante vou por onde
Buscando nessas ondas desse mar.
Distâncias são detalhes tão pequenos
Que nada impedirá nossos anseios,
De noite nos teus braços mais morenos
Roçando minha boca nos teus seios...
Saudade de viver sem mais temer
Vivendo sem distâncias nosso amor.
Nas saias que pretendo me esconder
Procuro teus desejos, meu ardor...
Amada estás mais perto a cada dia,
As asas meu amor, por certo, cria...
412
Eu quero que tu venhas no luar
Que mais que tudo em mim clareie vida
Aos olhos desta lua, faço par
Com olhos que conquistam, sem partida...
Eu quero que te traga a mansa noite
Nas tramas que pretendo nossas teias...
A boca tão sutil serve de açoite
No canto deste mar tantas sereias...
Eu quero que tu saibas que não vivo
Sem ter o mar amor sem ser presente.
De tanto que te amei, sou teu cativo.
Futuro que desejo se pressente...
A noite simplesmente já se vem,
Trazendo, enfim, a lua de meu bem...
413
Perdido, sem carinho, um coração
Que busca noutros tantos sua paz.
Vivendo precisando do perdão
Que quem amou pensava ser capaz.
Amor que não perdoa, nunca soma.
Apenas se distrai e não ressurge
De tudo neste amor, pedindo estoma,
Tempo de ser feliz, sem dores, urge.
Palavras que disseste, num adeus,
Destroçam coração que sofre tanto...
Os olhos que disseste serem meus,
Perderam tanto brilho e doce encanto...
As horas se passando, sem carinho,
Matando um coração, triste, sozinho...
414
Namorada que espero e nunca veio,
Apenas ameaça mas não chega
Amor quando em amor vira receio,
A carga em desamor logo renega.
Vivendo na esperança mais sincera
De ter o teu amor amada minha
Nascendo no fulgor da primavera
Na flor que imaginava e nunca tinha...
Colhendo tantas vezes seus espinhos,
Me perco e nada encontro, nem a mim...
Amares poderiam ser meus ninhos,
A vida não seria triste assim...
Agora que te espero, namorada,
Ao fim dessa jornada, nada, nada...
415
Os olhos que sorriem quando vejo
Sorrisos que me olhando maravilham.
Nos olhos que pretendo, um manso beijo,
Sorrisos que deliro quando brilham...
De flores tantas cores, luas, sonhos,
Amando sem querer, desejo a musa.
Caminhos e promessas mais risonhos,
Perdoe se meu verso já se abusa...
Não sabes deste encanto que produzes,
Versejo cada vez mais delicado
Ao ver destes olhos tantas luzes,
Nos lábios tanto brilho extasiado...
Ó rosa dos meus sonhos, vaidosa...
Na boca e nos teus olhos, maviosa...
416
Não quero sentir medo nem saudade
Apenas esse vento me acarinha
Trazendo, esse poder: felicidade.
A noite sem talvez já se avizinha...
Promessa que me traga novo amor
No brilho desta estrela que morreu.
O vento que soprando traz sabor
De tudo que minha alma se esqueceu.
Andava te buscando, minha rosa,
Jardins que percorrera, tão vazios...
Por mais que consideres vaidosa,
Revive nos meus sonhos, velhos trilhos...
Amor que calmamente, tudo invade,
Ao mesmo tempo sangra e não mais arde...
417
Marcado pelo canto sem promessa
Que tanto me fez bem e me fez mal,
A vida me exigindo, e tenho pressa,
De tudo que mais quis, teu; afinal!
Se teimo em não seguir meu sentimento,
É culpa desse amor que foi demais.
Agora minha mente solta ao vento,
Precisa desse amor, em plena paz...
Não vejo um só momento que não sonhe
Buscando por palavras mais gentis.
Amor que se permite que se enfronhe
Desbrava novos sonhos mais sutis...
Amor que me marcando, me salvou,
Da dor que dentro em mim, já se aninhou...
418
Na vida nunca quis um outro risco
Que não levasse aos braços de quem amo...
Vivendo tanto tempo sendo arisco,
Inundo em santo amor e não reclamo...
Vivendo sem querer prosperidade
Apenas prosperar no sentimento
Que nada mais me traz felicidade
Somente teu amor, queimando lento...
As notas que me emprestas, da canção,
Acordes dissonantes e cantatas.
Aguardo por teu mago coração
Em meio a madrugadas, serenatas...
E falo, sem temer qualquer rancor,
Sou nada nessa vida sem amor...
419
Viver sem ter carinho de quem gosto
Exposto a tempestades mais febris
O vento que batendo no teu rosto
Recorda desse tempo mais feliz...
Por onde caminhava minha amada,
Cansada de tentar felicidade
Depois de ser promessa e quase nada
Restou desse meu tempo uma saudade...
Mas quero que tu saibas que, sincero,
Te quero cada vez aqui por perto.
Amando tanto amor que sinto, espero,
Que voltes inundando meu deserto...
Amor que tanto quis e agora tenho,
Dos sonhos que vivemos, de onde venho...
420
Reflete sobre a rosa a bela lua,
Trazendo nos seus raios, tal encanto
Desfilando no céu, perfeita e nua.
Transfere todo brilho p’ro meu canto...
Ó lua mensageira de esperança
Meus versos te buscando, sem cansaço.
Nas pétalas da rosa, a lua dança,
Formando um belo quadro, traço a traço...
Invade, pois, minha alma, lua amada...
Traduz tanta beleza em seu fulgor
Espero por seus braços, madrugada,
Na lua vou banhando meu amor...
Minha alma na tua alma continua,
Por isso estou te amando, bela lua...
421
O Meu Grande Amor
Quem dera se pudesse ser teu homem
Aquele que esperavas mas não vinha.
As dores que te deram, logo somem,
Abraço que te toca e adivinha...
Quem dera se pudesse te trazer
O gosto que esqueceste dessa vida.
Matando uma vontade de morrer
Deitado em tua cama adormecida.
Quem dera se cantasse o mesmo canto
O coração que bate mas não sente.
Vivendo teu amor, vestindo o manto
Que trama no prazer, viver contente...
Assim eu poderia mais me expor
A todos os desígnios deste amor!
422
Espero cada canto num segundo,
Que invada meu sorriso como um todo
Amor que me penetra traz meu mundo
Quiçá possa salvar-me deste lodo
Que em vão meu coração se emaranhando
Arrasta meus sentidos rumo ao nada.
O tempo de viver já vai passando
Em busca do sorriso desta amada...
Meus versos não são mais ledo destino
São versos que te faço, sentimento...
Encanto do meu mundo de menino
Tecendo uma esperança em pleno vento...
E canto meu amor com tal certeza
Envolto neste encanto, da beleza...
423
Por Te Amar Assim
Por eu te amar assim sem ter medida,
Amor não me perdoa e me tortura,
Não quero mais saber se tem saída
Apenas vou viver santa loucura
Que, por te amar assim, ‘stá me salvando
Dos erros que cometo, sem sentir.
Nas vezes que declaro estar te amando,
Sem nada que consiga me impedir;
Eu sinto desta brisa o beijo calmo...
Meus versos em louvor ao que mais sinto,
Prometem cada dia um novo salmo,
Palavras me inebriam qual absinto.
És tudo que procuro e tenho enfim,
Sou feliz por te amar. Te amar assim...
424
Amigo É Para Essas Coisas...
Desde que ela se foi não tenho vida,
Escute, por favor, amigo meu.
Aquela que eu pensava tão querida
Aos poucos, no meu mundo, se perdeu...
Levada pelo vento da paixão,
Deixou aqui por dentro quase nada,
Não creio que eu encontre solução,
Minha alma aqui ficou, abandonada...
Não vejo mais prazer e nem vontade,
Nas coisas que fazia com prazer,
Amar como eu amei, tanta verdade;
Perdido nesta angústia vou morrer...
Desculpe se me mostro por inteiro,
Amigo é pr’essas coisas, companheiro...
425
Um Abraço Amigo
Abraço quando é dado com carinho
Transfere uma energia positiva,
Nos braços desse amigo já me aninho
À vida saudações, portanto viva!
Amigo nunca troca de camisa,
É sempre mais leal e companheiro
Mesmo que venta, trama calma brisa,
Fazendo da amizade seu celeiro...
Meu amigo guardado aqui no peito,
Bem sabe destas dores que sofri,
Nos laços que criamos; mais perfeito,
O belo desta vida, sempre aqui...
Natal que se aproxima, estou contigo,
Espero, com ternura, abraço amigo...
426
Jardins dos Amores
Andando pelos campos mais marcados
Por passos que me dão ansiedade,
Vivendo nossos sonhos malfadados,
Aguardo essas agruras da saudade...
O canto da quimera em meu receio,
Às vezes se mostrando bem mais belo.
Amor que esconde amores em seu seio
Os Amores que amor por ti, revelo.
Não sinto mais o medo nem a mágoa
Sabendo que te tenho mais por perto,
Os olhos não derramam pingo d’água
Parecem que se secam, num deserto...
Nos campos dos amores, velhas dores,
Morrendo nos jardins, em nossas flores...
427
Eu Te Adoro!
Adoro teus cabelos, és perfeita,
Na boca sensual tudo se sabe
Minha alma na tua alma se deleita,
Amor que tanto tenho não me cabe...
De tanto que te quero, tão profundo
Amor, neste teu céu eu vou sonhando
Com alguém que vivendo neste mundo,
Fazendo levitar, ando pensando.
Voando com as asas que me deste,
Flutuo com teus pés ó minha amada.
Recebo teu carinho como um teste
Depois de tanto sonho serei nada?
Só sei que por teus passos tanto imploro,
Amor que mais que tudo, eu sempre adoro!
428
Apaixonado por Ti
Machuca o coração a tua ausência...
Sabendo que te quero, minha amada
A vida não se faz coincidência,
Precisa ser, deveras, conquistada.
Em cada novo beijo, num novo abraço,
Se somam sentimentos mais perfeitos.
Amando quem se fez pleno cansaço,
Desejo reclamando seus direitos...
Repare como o céu tem claridade
Roubada de teus olhos, minha estrela.
Louvando tanto amor em liberdade
A cada no sonho, revivê-la.
Machuca o coração ando curvado,
Coração tanto pesa, apaixonado!
429
Cadê o Meu Amor?
De tanto que essa sorte vai perdida
Em busca desta estrela do meu norte,
A vida se demonstra esvaecida
Persegue seu destino, triste e forte...
O tempo vai passando e ninguém vê
Meus passos que cansei de sempre ter
Chorando sem saber sequer por que,
Espero que consiga, enfim, me ver...
Ó lua que caminho, pois, trilhaste,
Se tudo o que me deste já passou.
Amor que desse amor tu não roubaste
Nunca em minha vida se encontrou...
Estrela! Não me canso de sonhar
Com raios que encontrei nesse luar!
430
Amor em Paz
Não tenho mais receio do desdém
Que sempre se acompanha dessa dor.
Cansado de viver sem ter ninguém
Aguardo, minha amada, teu amor...
Não posso mais fingir que correm horas
Se tenho teu amor perto de mim...
Amada, não percebes que decoras
O mundo que te trouxe aqui, enfim?
Debruças, pelas noites, nas ameias
Rezando tua prece tão baixinho,
Não temas, por favor; porque anseias?
É teu, somente teu o nosso ninho!
Amor que tanto amor promete paz,
São sonhos e desejos mais reais!
431
Amor que Renasce
Amor que conheci noutras esferas
Voando por estradas doloridas,
Agora se renasce em primaveras
Trazendo tantas flores mais queridas...
Olhando teu amor, penso num lago
De plácidas delícias refrescantes,
Procuro por teu corpo, num afago,
E sonho nossa noites deslumbrantes...
Na dureza e pureza de um marfim,
Amor vem se adentro na minha alma.
É tudo o que restou de bom em mim,
As lágrimas não choro, lua acalma...
Amor que recomeça neste clima,
Em tanta claridade já se estima...
432
Amor Que Me Vicia
Caminha a minha amada, tão esguia,
Passando pelas ruas simplesmente,
Faz planos, meu amor, em fantasia,
E tudo modifica, de repente...
Se quando vejo amor, assim, passar,
O mundo se converte em delírio,
O certo é que estarei a te encontrar
Nas sendas mais distantes, sem martírio...
Erguendo meus castelos nos teus passos,
Os paços que criei, tanta beleza,
Sabendo que me prendes em teus laços,
Sucumbo totalmente à realeza.
Amor tão delicado, delicia,
De tanto que te amei, amor vicia...
433
Amor, Enfim...
Amar a quem amei por ideal
Em todos os segundos, tantos dias,
Fazendo desse amor o bem e o mal,
Que trama sutilezas mais sombrias...
Amores que guardei no pensamento,
São flores que se murcham nos martírios,
Vivendo tanto amor esparso ao vento,
Jardins que se perderam tantos lírios...
Agora que não posso mais lutar,
A lua se demonstra mais gentil,
Mandando belo raio de luar
Tocando meu amor, mansa e sutil.
Amor que sussurrante me devora,
A lua nos meus braços se demora...
434
Eu te Amo!
Amor que com certeza nega idade
Transforma todo velho na criança
Que sempre a me trazer a claridade
Renova no meu peito uma esperança
De ser o que pretendo e nunca fui,
O manto que me cobre, mais florido,
Amor que mansamente sempre flui
Fazendo do meu riso, meu fluido...
Amor que te dedico em manso rio,
Revive, dentro em mim, o paraíso,
Percorro com meus dedos o vazio,
Encontro em teu amor, o meu sorriso...
Amor que na verdade não padece,
Amor que vindo a mim, rejuvenesce...
435
Solidão
Nos olhos destroçados pela dor
Adormecido sem saber se irei voltar,
Vivendo tanto tempo sem amor,
Recebo desta mão a dor do mar.
Esquecido pelos ventos da saudade
Deixado neste canto, sem remédio...
Morrendo sem sequer ter claridade,
A vida se escoando em pleno tédio....
As minhas ilusões já debruçadas
Nas águas tão profundas abissais.
Recebo das esfumas tais lufadas,
Impedem mesmo em sonho, um novo cais...
E morro, tão calado, sem ninguém,
Somente a tempestade desce e vem...
436
Tanta Saudade...
Sentindo, da saudade, seu bafejo,
Queimando minha face na tristeza;
Procuro teu amor em meu desejo,
E nada me restou, nem correnteza...
O rio que te leva não te traz,
Espero nas cascatas da saudade.
O mundo vai perdendo sua paz,
Agora o que farei, felicidade?
A noite sem teus braços, que tortura!
Se tanto quis amor, hoje não posso,
A pele se cortando, uma fissura
Que marca todo amor, também o nosso...
Não tenho mais meu sonho em claridade,
Apenas me tortura uma saudade!
437
Minha Tristeza...
Meu filho caminhando pela casa
Sorrisos de criança tão feliz...
O medo que em meu peito tanto abrasa,
Em cortes se negando a cicatriz...
Meu filho sem tristezas nem maldades,
Abraça o meu futuro sem saber.
As luas que roubaram claridades
Embalde sempre negam a nascer...
Que Deus não te permita o sofrimento
Nem trevas que comigo já carrego,
Prefiro mergulhar no meu tormento
Pois sei que tristes mares eu navego...
Agora só Te peço, meu bom Deus,
Afaste do meu filho os males meus..
438
Amor e Prazeres
Pretendo minha vida em tal deleite
Que nada possa mais que meu amor.
Na cama que por sorte amor se deite
Rolamos de prazeres sem rancor...
O vento transformado em mansa brisa
Desfaz um sofrimento sem perguntas,
Amor que me traduzes, poetisa,
Nas mãos que se procuram ,todas juntas...
Vencido pelo vento de esperança
Que nada mais me impeça, ser feliz...
Amando quem chegara sem tardança
Da dança que se dança peço bis...
Agora não pergunte mais à lua,
Amor que te procura, mansa e nua...
439
Amor Divino
A noite que te trouxe, tão divina
Miraculosamente guardada em mim,
De tanto que te quero, descortina
Amor que sempre trago sem ter fim...
Aos campos que passamos, nossos olhos,
As flores que cultivo, sem segredos...
Carrego nosso amor em tantos molhos
Que nada mais importa nem os medos...
Nasceste da ternura que me invade
E sabe que preciso estar em ti.
Amor que não se importa com saudade
De tanto que este amor sempre vivi...
És flor que já plantei num campo agreste,
A força que me trazes, me reveste...
440
Redenção
A noite me trazendo o mar imenso
Em mansa calmaria que me invade,
Acendo meus desejos neste incenso
Qual fora em atitude uma saudade...
Saudade deste tempo que passei
Em busca deste Deus que não mais vejo.
Agora que a mortalha traz a lei,
O manto desta dor, forma o desejo...
Desejo de saber do meu futuro
Nos olhos desta guia, primavera...
O resto da canção, seguindo escuro,
O tempo que passei, minha nova era...
Agora que te encontro ao fim do dia,
Renasce meu amor, em poesia...
441
Amor e Sonho
Cortando num galope pelo céu
Mergulha em teu sorriso, num segundo,
Receba com carinho teu corcel
Que sonha vir também tragando o mundo...
As mãos que acariciam teu desejo
São mãos mais delicadas e precisas,
Fazendo dos meus sonhos, sem ter pejo,
As horas e delícias mais concisas...
Corcel que deleitando não se cansa
De ter uma esperança de te ter...
Recebe todo o vento da lembrança
Do sonho que começa a te envolver...
Não deixe que se queime quem te espera,
Corcel que se devora por pantera...
442
Amor e Desejo
Serpente que sonhavas em delícias
Por entre tuas pernas passeando,
Fazendo dos prazeres e sevícias
Desejos que deliras desfrutando...
Quem dera ser a serpe que t’anseias
Nas noites delicadas e gentis,
Entrar e penetrar por tuas veias
Causando teus delírios mais febris...
Enrosco em tuas coxas tão morenas,
Depois de conhecer os teus caminhos,
Com tais temperaturas não amenas
Deitar tão bravamente nos teus ninhos...
Desejas da serpente, um louco beijo,
Serpente que te invade, com desejo...
443
Eu te Desejo, meu Amor...
Amargurada tramas com a lua
Maneiras de forjar loucos desmaios,
No cio que te encontro, seminua,
De todos os desejos, mansos raios...
Desfruto dessas flóreas emboscadas
Que tramas sem saber que te tocaio.
As prendas que me deste, vão guardadas
Nas flores que escondeste, logo caio.
Pairando nossos sonhos mais secretos,
Em torno desse mar que já se orvalha.
Os dedos competentes seguem retos,
Cortando teu prazer, doce batalha...
Te quero desejando sem ter medos,
Amor que já desvenda teus segredos...
444
Minha Grande Amiga
Amiga, nossa noite já promete
Portanto não se esqueça do detalhe
Que quando tanto amor já se intromete
Promessas de desejos fundo entalhe.
Amiga como é bom saber que vens
Trazer quem sabe a luz que necessito.
De todos os meus toscos, pobres bens,
A noite que vieres, nosso rito.
Amiga me fartando de teus beijos,
Não deixo de sentir certo ciúme
Sabendo que repartes teus desejos,
Quais flores que se encharcam de perfume.
Mas venha, nessa noite, minha amiga,
A mão que acaricia, em si me abriga...
445
Amor em Paz
Teus olhos que em meus olhos já cintilam
Aos deuses os meus olhos agradecem,
Esquecem dos rancores que destilam
Nas horas que em teus olhos não se esquecem.
Alagas com teus rios os meus potes
E fazes de meus fios tantos cortes,
Amores que vivemos são meus motes
Embora não se percam nossas sortes....
Jazido sobre a cama que me dás
Desmaio nos teus braços sedutores,
Vencido te desejo, amor em paz,
Nas múltiplas feições de tantas cores...
Querendo formosura sem igual,
Amor que tanto tenho mel e mal....
446
Onde andas?
Nas torres que mergulhas, altaneira,
Esqueces dos teus sonhos bloqueados,
Vivendo das tocaias mais certeiras,
Invades meus caminhos e meus prados...
Amando quem amei e não voltou
Depois de tanto tempo, não me esqueço.
Padeço destes restos do que sou,
Sem pena, ao fugires, enlouqueço.
Procuro por teus rastros mas não acho,
Não tenho mais o faro que já tive
Não quero que maltrates, sou capacho
De todos os momentos nada vive...
Não vejo mais teus olhos sedutores,
Perdido nesse mundo, sem amores...
447
Meu Jardim...
Flores no meu jardim esquecidas...
Jasmins e brancos lírios derradeiros,
Crisântemos e rosas ressequidas
Amores se perdendo, corriqueiros...
As rosas, violetas, dálias, lírios;
Não sabem quanto tempo eu procurei,
Passando meus amores nos martírios
Achando que podia, mergulhei...
Agora que o jardim, tão sem cuidado,
Em urzes, nos espinhos sequer flor,
Eu lembro desse amor novo, encantado,
Quem sabe possa ser o salvador?
Porém, ao ver distante o teu abraço,
Deitado em meu jardim, vem o cansaço...
448
Eu sempre vou amar...
Eu amo meu amor completamente,
Em atos e palavras, cada dia...
Vertendo nesse amor, o corpo, a mente,
Invade mansamente a poesia...
Amor que não se mede e se procura
Em atos e desejos delirantes.
Vibrando totalmente de ternura,
Amor que se tortura nos rompantes...
Amantes deste amor quase sincero,
Dormimos abraçados, sonhos vários,
Nos braços que mergulho sempre espero
O canto em liberdade dos canários...
Amor que plenamente não me ilude,
Porém vivo esse amor em plenitude...
449
Eu Quero Teu Amor
Nessas tênues vertentes deste rio
As águas que te banham deliciam.
Diluo meus desejos no teu cio
Pelúcias que os amores propiciam...
Desfilo meus dedos em teus portos
Atraco meu navio no teu cais.
Os medos não demoram, vivem mortos,
Pois sabem que temor não terei mais...
Cortejo cada toque mais profano,
Remessas de delírios e prazeres
Noturnas fantasias sem engano,
Que são tramadas, basta tu quereres...
Eu quero teu amor, manso cortejo,
Em tantas explosões do meu desejo...
450
O Nosso Amor
Não falo mais em lágrimas nem gritos
Noturnos, nem vazios dentro da alma...
Amores que avassalam velhos mitos
Trazendo toda a paz que já me acalma...
Não falo mais em promessas disfarçadas
Nem nos medos inerentes ao amor.
As noites em carinhos, se passadas,
Não deixarão espaços ao rancor...
O templo dos amores, nossa cama,
Deliciosamente num incenso
Perfumando toda nossa chama
Trazendo um prazer santo, imenso...
Falo dessa ternura que tivemos
Na brasa deste amor em que vivemos...
451
Desejos de Amor
Assim nossos desejos tão carnais
Em tantas rebeldias se processam
Forjando em nossa cama carnavais
Em todos os momentos recomeçam
E tramam nos seus frêmitos delírios
As horas mais incríveis sem receios,
Beleza para os olhos, meu colírios
Na dura turgidez de belos seios...
Não cabem nem discursos da arrogância,
Nos lábios encardidos sem pudor,
Aromas sensuais, doces fragrâncias,
Misturas dos prazeres e do amor...
Ao ver teu corpo nu enlanguescente
Amor que se refaz tão de repente...
452
Nossos Sonhos de Amor
Nos sonhos mais febris, alvissareiros,
Procuro teus espasmos sobre mim,
Guerreira conquistando outro guerreiro
Inundo as fortalezas, perco enfim...
E ganho na derrota imaculada
Sem medo do castigo que mereço,
Avanço tuas rotas minha amada,
Em cada novo passo, um endereço.
Roçando meu desejo em teu delírio,
As rocas encontradas cada atol,
Servindo de ternura e de martírio,
Aguardo o nascimento desse sol.
Que trama nosso amor, doce veneno,
Matando e me tornando mais ameno...
453
Amor, por acaso...
Eu não temo má sorte nem quebranto
Apenas acredito nesse amor.
Que vive e sobrevive desse encanto
Que trama e que transforma em vencedor.
Amor que não se intera com fastios
Em mansa letargia sempre vence.
Quebrando tolos potes mais vazios,
Em todas as essências me convence...
As pernas que me traçam tantos nós,
Os dentes que já cravam minhas costas.
Nas horas em que estamos mais a sós,
Vencemos dos quebrantos as apostas...
E nada mais supera nosso caso,
Nascido e construído num acaso...
454
Amor e Fantasia
Qual mansa borboleta em vôo breve
As asas delicadas deste amor,
A mão de quem deseja não se atreve
Com medo de ferir a leve flor...
As luzes bruxuleiam lusco fusco,
A lua entreabrindo-se modesta,
Não cabe um movimento se mais brusco,
A natureza amando em plena festa...
O sol devagarinho sobe a serra,
Tramando nos seus raios sensuais,
Amores se espalhando em toda a terra,
Vontade de te amar, de querer mais...
Amada não se esqueça deste dia,
Amor que nós fizemos, fantasia...
455
Meu Amor...
As luzes diluídas na tristeza
Espelham a minha alma sem te ter,
Recebo desta vida tais rudezas
Que nada neste mundo dá prazer....
Mas vejo uma esperança renascendo
Em plena tempestade que forjei.
De tudo que vivi, amor nascendo
Dizendo ser feliz, a nova lei....
Passei por tantas pontes inseguras,
Andando pelas matas mais fechadas.
As noites maltrapilhas tão escuras,
As horas não passavam, tão cansadas...
As alegrias ressurgem sem tormentos,
Amores nos amores, alimentos...
456
Te Desejo!
Os braços belos, livres sobre mim
Tramando seus segredos, desatinos...
A boca desejosa e carmesim
Badalam pensamentos tantos sinos...
Eu quero te querer a cada dia
Desta forma mais mansa e solidária
De toda minha luz em fantasia,
A vida nunca mais tão temerária...
Sem mágoas ou torturas, nosso céu;
Nos sonhos mais dourados e felizes.
Espero me esconder em teu dossel,
Curando minhas dores, cicatrizes...
Amor que não me esqueço de cantar,
Espero teu desejo em meu olhar...
457
Amor e Paixão
És deusa radiante em formosura
Na boca tão perfeita quão sedenta.
Delírios, tantas graças e ternuras,
Paixão que me alucina, violenta...
Nas flores que plantei, perfeita rosa,
Ávida dos mais doces sentimentos.
Beleza que mortal e dolorosa
Transtorna vagamente, por momentos...
Amada me perdoe se magôo
Ao ver tanta beleza me transtorno...
Alçando o pensamento em pleno vôo,
Depois de tanto tempo já retorno
E digo da paixão que me domina,
Nas pétalas da rosa, minha sina...
458
Amada..
Na mágica opulência de teus braços,
Deitado entre tais prismas da beleza,
Recebo da ternura finos traços
Envoltos nas luxúrias, fortalezas...
Te quero meu deslumbre e fantasia,
No frescor da manhã que já desponta,
Vivendo nosso amor em harmonia,
No reino que bem sei, do faz de conta...
Amada a quem dedico esses meus versos,
Abraços e carinhos são meus motes...
Nas fontes de tais gozos mais diversos,
Desejos que me encarnas, vários lotes...
Amada quem me dera ser teu nexo
Na noite que tivemos, suor, sexo...
459
Olhos vorazes
Caminho por estrelas quando vejo
Os olhos divinais que tanto quis.
Sabendo que vertido meu desejo
Na boca que me fez ser tão feliz...
Montanhas escaladas nos mistérios
Das noites que passamos acordados,
Amores envolvidos sem critérios
Demonstram velhos sonhos decorados...
Amada que me trouxe liberdade
Das fontes que percebo inigualáveis,
Vasculho pelos becos da cidade
Os olhos divinais inalcançáveis...
Divinos sentimentos são capazes
De penetrar amores mais vorazes...
460
As Tramas do Amor
Dançavas sobre a cama nos volteios
Em formas delicadas de serpente
As mãos vão deslizando sobre os seios
Fazendo nosso amor onipresente...
Volúpias e carinhos se procuram
Retorcem delirantes nessa trama
Levemente as bocas se torturam
Trazendo essas estrelas para a cama.
Recebes meu amor com frenesi,
Descanso minha vida sobre a tua,
Depois de tantas coisas que perdi
Me encontro em paraíso, toda nua...
Amando quem me fez um vencedor,
Vencido pelas tramas deste amor...
461
Tens origem no mar que mergulhamos
Nas noites belicosas, insensatas,
De tanto que nas vagas nos amamos,
Desfilam nos teus olhos, as cascatas...
As púrpuras violetas que cultivo
Em lástimas que tento não fazer,
São feitas deste mundo mais esquivo
Que invado, toda noite, no meu ser...
Surgindo como a lua nos espaços,
Vindimas dos amores no meu peito.
Trespasso assim as algas e sargaços,
Plantando no meu peito, amor perfeito...
Nas cores das auroras que procuro,
Nas ondas deste amor, já me torturo...
462
Abraço Amigo
Não pense que essa voz, se já cessasse,
Parava de chover tanta saudade,
A vida que em promessas não renasce
Padece sem disfarce, de maldade...
Mistérios denegrindo nossos sonhos,
Proponho nossos passos mais serenos.
Ao menos esquecermos dos medonhos
Caminhos emboscados em venenos...
O lago peregrino do meu peito
Em tantos desafios se perdeu,
Não sei se enfim terei qualquer direito
De fuga ou claridade neste breu...
A luz que salvará, tenho comigo,
Abrigo do teu braço tão amigo...
463
Minha Amiga
Não quero teu silêncio minha amiga
A noite poderá ser derradeira...
A vida que em promessas se periga
Denota uma saudade verdadeira...
Saudade do que fui e já perdi,
Saudade do que fomos, no passado,
Saudade que encontrei ao ver-te aqui
Saudade do que fora mais amado...
Saudade da verdade que não sei,
Saudade desse mar que navegamos.
Saudade do que nunca esquecerei,
Saudade dos amores, nunca amamos...
Saudade da mulher que é minha amiga,
Amada, uma ternura, tão antiga...
464
Ame!
Desejo que a verdade te agracie
Com os beijos delicados deste amor
Que nada neste mundo te resfrie
Intensos os desejos com fervor...
Acostumaste a voar sem ter as alas
Que, em veros versos sempre mentes.
As luas que pretendes açoitá-las
Penetram calmamente nossas mentes.
Mas foges destes brilhos sem saber
Embora somos feitos deste sal,
A vida que transtorna cada ser,
Em dívidas da sorte, no final...
Na dúvida que corta nosso canto,
Abrace nosso amor, em puro encanto!
465
Eu Amo!
Minha infância longínqua, entardecida,
Lembranças esquecidas neste outono,
Passando tão veloz a minha vida,
Vivida nestas cores do abandono...
Depois de tanto tempo tão distante,
Os campos e arvoredos desta infância,
Percebo no teu colo, minha amante,
O brilho desse tempo, uma fragrância...
Cansado dos caminhos mais doridos,
Arrasto minhas dores nas saudades
Das penas e das ânsias, nos olvidos,
Ficaram tantas luas, tempestades...
Agora que retorno deste mundo,
Deste teu puro amor, eu já me inundo...
466
Sonho de Amor
A boca abrasadora que me toca
Ao mesmo tempo louca, se transforma,
Detalhe de minha alma não retoca
Pois quando enfim me beija, nada informa...
Teus olhos esquecidos adormecem
Num canto desfilando tantos lumes...
As horas que vivemos apetecem
Encharcam nossa cama de perfumes...
Roubamos tantas cores e fragrâncias
Embora não saibamos destes cais.
As cordas embebidas das estâncias
Dividem nossas mãos descomunais...
A boca escancarada sempre ri
Do sonho deste amor que trago aqui...
467
Amar Simplesmente
Desejo tão errante te procura
Estamos tão parceiros e distantes.
Na borda do caminho da amargura
Nas curvas das montanhas deslumbrantes...
Devíamos amar tão simplesmente
Quanto respiramos, sem perguntas...
As mãos se deslocando totalmente
Seriam bem mais fortes, quando juntas...
As pedras que carrego tão pesadas
Entranham em meus ossos, não me largam.
Os sonhos de manhãs mais orvalhadas
Em tantos palavrões mordem, afagam...
Mas saiba que eu te amei, porquanto te amo,
Por isso, dessa ausência, eu te reclamo!
468
Canto De Amor
Espinhos que coroam nosso canto
Em formas eriçadas tão agudas,
Vermelhos os desejos, verso e pranto,
Não queimam nem precisam mais ajudas...
São formas dolorosas deste fogo
Que espalhas pelos campos destas flores...
Amada não se pode crer no jogo
Que arriscam, mais ariscos, os amores...
O certo é que tremulo sem sentir
As pernas temerosas laceradas,
O canto nos espinhos do porvir
Afoga minhas dores des’peradas...
Enquanto tanto amor manso e cruel
Nos leva loucamente para o céu...
469
Caprichos de Amor
Caprichos dos amores que geramos
Gerânios e fragrâncias de jasmim,
Dourados os destinos que traçamos
Morrendo sem amor dentro de mim...
Mas nada mais recorda que teu canto
Em cordas e versões mais delicadas.
As portas, escancaras, não sei quanto;
Deitada nessas camas mal amadas...
Recordas nossos ramos, arvoredos,
As árvores morrendo sem teus olhos,
Jardins que te procuram, sem segredos
De flores que desmancham-se, sem molhos...
Amores que geramos não vivemos,
Apenas abortados mal nascemos...
470
Amor e Desejo. Por que não?
Se chamo meu amor aqui num canto
E falo que desejo seu prazer,
Parece que desaba um negro manto
Vontade de morrer ou de sofrer.
Ofensas quando falo que te quero
Parece, na verdade que não amas.
Se falo desse amor um riso fero
Desponta e reacende velhas chamas...
Amores e desejos quando fundem
Formando um só composto da paixão,
Apenas nossos lábios se confundem,
As pernas encolhidas no seu não...
Que faço, minha amada, simples beijo
Já basta p’ra acender o meu desejo!
471
Eu Te Amo, simplesmente...Te Amo!
A dor maior que trago, o desamor,
Festeja uma saudade que sentimos...
Vibramos com tesão, farto calor,
Nas horas divinais, nos divertimos...
Porém depois de certo desengano
Causado por ciúmes, não sei bem;
O vento vai mudando, novo plano,
Será que depois disso, sem ninguém?
Desculpe mas não quero ser mais chato,
Amor que tanto temos somos tantos,
As águas que inundaram outro regato,
Não podem te causar tantos espantos...
Amada, minha lua é par constante,
Seu brilho, já me basta, deslumbrante!
472
Meu Amor espero por ti...
Espero minha amada que não vem...
Eu creio que talvez jamais virá;
Por certo se perdeu com mais alguém
E nunca mais meu mundo encontrará...
Amada que desfeita num luar
Deitada numa relva tão macia,
Sabendo que talvez possa encontrar
As mãos silenciosas e vazias,
Buscando noutro porto, noutro cais;
Amores que se fazem mais constantes,
Não venha pros meus braços nunca mais,
Quem dera se eu soubesse, enfim, bem antes...
Mas saibas, minha amada, não sou mudo.
E canto nosso amor morto, contudo...
473
Amor Eterno...
Ela chegava, amada e tão silente,
Deixara minha porta escancarada,
Passo a passo, senti que simplesmente
Quase em nada lembrava minha amada...
Os olhos faiscantes do passado,
Agora estavam foscos, parco brilho.
Quiçá o que mudou, atordoado,
Foi o sentido claro do meu trilho.
Talvez aquele ardor que já sentira
Dormita nalgum canto tenebroso.
Embora o fogo queime em mesma pira
Contava nesse corpo o mesmo gozo...
Mas creia, meu amor inda é mais forte,
É meu último trunfo contra a morte!
474
Eterno Amor
Pensara que esse amor já se acabasse
Nas curvas que derrapa a cada dia.
Tentara acreditar simples disfarce
A máscara que usara, de alegria...
Pensara que teu braço mais cansado,
Envolto nos abraços fosse frio,
A mansidão do tempo, lado a lado,
O coração exaspera e vai vazio...
Pensara que jamais fosse tão franco
Ao ver envelhecer quem tanto amei,
Nestes cabelos, neve, todo branco
O manto da saudade que guardei...
Mas nada, eu percebendo que inda te amo,
Com olhos no passado, porvir tramo...
475
Amar Sem Medo
Não temo mais a face da quimera
Disfarces vou usando pela vida.
Eternamente em plena primavera
Espero por teus cânticos, querida...
Saudade tão perversa, não me toca,
Tocaias que preparo são diversas.
Amor mesmo demais, quando sufoca
Prefiro que essas dores tão perversas...
Não temo a solidão, inverno e frio,
Anseio pelos seios da morena...
Não temo um coração triste e vazio,
À noite a solução de longe acena...
E mostrando esse amor em claros dentes
Sorrisos dessas pernas envolventes...
476
Obrigado Amiga
Amiga, minha vida foi depressa
De pressa e de pressão perdi meu rumo...
A noite em tantos versos se confessa
E nada do que tive mais arrumo...
Na sombra que vagueio sem paragem,
Imagem da mulher que nada quis,
E fiz desses meus sonhos a viagem
Em busca de outro porto mais feliz...
No triz que representa quase tudo,
O tanto que não fui já vai disperso.
Sabendo que talvez, porém, contudo,
Moeda que ganhei, puro reverso...
Amiga no teu trilho, maravilho,
A sorte que estampaste em nosso filho...
477
Perdoe Minha Amiga
Nos guizos da alegria, sou palhaço
Que tento ser feliz sem teu amor...
Esqueço e já tropeço no compasso
Te abraço fortemente sem pudor.
Amada como é bom pisar na areia
Sentindo esse calor que a praia traz,
A mão que acaricia e que semeia
No fundo o que precisa é ter mais paz...
Amiga minha amada, minha amante,
Defronte desta estátua da quimera,
Convido passearmos num instante
Buscando dessas dores, primavera...
Amiga me desculpe se sorrio,
Esquenta um coração sofrido e frio...
478
Amor Perfeito
“Da manga rosa quero o gosto e sumo”
Dos braços da morena meu regaço
Evaporando amor, etéreo fumo,
Deitando no teu colo meu cansaço...
Eu te desejo esteja certa disso,
Como quem beijaria mansa flor.
De todo amor que nasce em belo viço,
No vício um precipício em denso amor.
Perfumes inebrias, meu incenso,
Intenso como quem quer ser feliz.
Amor se bobear ficando imenso,
Deseja toda a rosa em seu matiz...
Não deixe que esse canto se desfaça
Brincando qual criança em plena praça...
479
Amor Ao Entardecer
Dois velhos caminhando pela praça
Futuro nos trazendo um bom passado,
A vida no momento em que se abraça,
Meu braço nos teus braços, apoiado...
Amiga que me deu a vida inteira
Nos braços que me dás, tantas histórias...
De vida que mostrou-se verdadeira
Guardada num recanto, nas memórias...
Aos poucos nos unindo sempre mais,
Tornamos espelhares mas distintos,
Unido sem ser uno, isso, jamais...
Nos sangues tão diversos, todos tintos...
Dois velhos caminhando com ternura,
Depois de tanta vida, uma ventura...
480
Muito Obrigado Querida
Não quero nem silêncio nem torpor
Nem tampouco a cruel indiferença,
Vivendo tantos anos sem amor
Perdendo nesta vida toda a crença.
Há muito procurando pela rosa
Que quase não percebe um beija flor,
Quem vive nesta vida tão vaidosa,
Se perde muitas vezes, trama a dor...
Não deixe minha amiga que a tristeza
Invada teu cantar suave e brando,
A vida que é por si, maior nobreza,
Em todos os caminhos perfumando...
Amiga; te bendigo e te agradeço,
Teu canto é muito mais do que mereço!
481
Eu Amei...
Amando sem saber desta loucura
Que encerra tanto pranto de per si,
Não canso de viver nesta procura
Amores que por certo já perdi...
Assim como encontrei o meu caminho
Em meio a tantas flores sem perfume.
Vivendo quase sempre tão sozinho,
Sentindo a solidão, intenso ardume...
Cardumes de esperanças me povoam
A cada novo dia que refaço,
Os olhos desbotados sobrevoam
Amores escondidos no regaço.
Amei tão simplesmente sem cobranças
Que o céu vai se inundando de esperanças!
482
Amo O Amor
Amando tanto a terra como o mar
O céu, tantas estrelas, o velho sol,
Amando quem quiser enfim amar,
Fazendo deste amor o seu farol...
A noite embevecida deu a lua
Aos braços de quem sempre quis amor.
Entregue nos seus raios toda nua
Flutua nos meus olhos, seu fulgor...
Amo os rios, cascatas e montanhas,
As horas que passamos a sonhar,
Amores suas fontes são tamanhas,
Vivendo em farto sonho desse amar.
Eu amo cada canto em poesia
Amando meu amor por noite e dia...
483
Beijos de Amor
Os beijos que trocamos, sem sentirmos
O doce que traziam, tanto encanto...
Será que é bem possível dividirmos
O fogo que emanamos, forte e tanto...
No jogo destes beijos juvenis,
O peito se renova e quer sonhar...
Afetos sempre mansos, tão gentis,
Permitem novamente tanto amar...
Descubro num instante que te adoro,
Embora não precisas deste amor.
No canto que te faço, revigoro,
O tempo em que já fui tão sonhador...
Teu beijo no meu beijo simplesmente,
Um toque que me invade, n’alma e mente...
484
As Mãos de Minha Amada
As mãos tão delicadas, de pelúcia,
Carícias que prometem, de delícias...
As mãos que me acarinham com argúcia
Meus olhos reagindo com malícia...
Sevícias deste amor sem amarguras,
Agruras e ternuras superpostas,
Escorrem mansamente tais branduras
Descendo levemente nuca e costas...
Expostas às totais felicidades,
Nas mãos que te percorrem, fantasias;
Aos poucos construindo claridades,
Em meio a tempestades de alegrias...
Eu quero tua mão tão delicada,
Escreve meu futuro, assim, amada...
485
Não deixe que se estrague o que sinto por ti,
Amor de tal certeza, espero, um dia, ter.
Decerto tanta coisa eu, nesse mundo, vi,
Agora só te peço, eu quero te esquecer...
Cada vez que respiro, estás neste meu ar;
Cada vez que sonho, encontro teu desejo...
Cada vez que penso, as ondas deste mar,
A boca que se mostra, aguarda o teu beijar...
Eu penso noite e dia em tudo que vivemos,
O mote que me move, as horas que passamos...
O canto que me inunda, o tanto que sofremos.
Em tudo que pretendo, o muito que sonhamos...
Não vejo mais a vida, em outros sentimentos.
De tanto que te adoro, amor solto nos ventos...
486
Ainda Te Amo
Quem dormira num sonho mavioso
Acordando em quimera desditosa
Esquece que vivera em fino gozo,
E dorme se espinhando em mansa rosa...
Amada nosso amor somente meu
Depois de tanto tempo descoberto
Aos poucos sem sentido, enfim morreu,
Distante de teus olhos mas tão perto...
Dizer que não te adoro, é vã mentira
Porquanto esses meus versos não se calam.
A noite que em meus braços outra atira
Nos braços e na boca nada falam...
Parti, já fui embora, revivi...
Devolve o coração, deixei aí...
487
Minha Amada
Vivendo em tal renúncia, de partida,
Em busca de quem fora minha amada.
Vencida pelas dores vãs da vida,
Ao fim desta jornada, quase nada....
Mas voltas mal começa o meu outono,
Retiras minhas âncoras do mar.
Percebo que esse tempo de abandono,
Aos poucos, se cansando, vai parar...
Amada quem me dera se pudesse
Nas ondas do oceano, meu saveiro,
Tramando nosso caso numa prece,
Poder ser mais ditoso marinheiro...
Vagando por espaços, amplidão,
Guiar esse teu barco-coração...
488
Amor e Esperança
Perdoe se inda sonho assim contigo,
Não devo, isso bem sei, não é direito...
O tempo que se perde e que persigo
Vivendo a transtornar meu velho peito...
O céu em níveas nuvens, sem mormaço,
Promete tal calor que não suporto...
Esqueço de viver um manso abraço
Atraco meus navios noutro porto...
Talvez ressurja calma uma alvorada
Não creio, mas pretendo ser feliz...
Depois de tanta luta, sem ter nada,
A nuvem vai mudando o seu matiz...
Das chuvas que virão, em tempestade,
Quem sabe irá nascer felicidade?
489
O Amor Em Festa
Trouxeste um forte sol à minha vida,
Guardada neste cofre em cadeados...
Reparo que depois de corroída
A vida se transborda nos pecados.
Suaves e macios, tramam luas...
Permitem que este sol se torne manso.
Envolto em fantasias continua
Brilhando neste lago, em meu remanso...
Se sol me trouxe lua, o que fazer?
Os lumes se encontrando em nosso ninho
Transformam as angústias no prazer,
Tornando no plural, quem foi sozinho...
Tomando tuas mãos, vamos ao dia!
Que a noite que virá, tanta alegria!
490
Procuro meu amor...
Procuro meu amor pelas estrelas
Nos campos e nos bosques mais floridos...
Nas flores e cascatas, nas mais belas,
Nos sonhos que percebo, divididos...
Procuro entre as calçadas, tantas ruas...
Nas matas e montanhas, no infinito...
Nas pedras mais distantes, duras, nuas,
Soltando sem ter eco, um forte grito...
Procuro minha amada pelas trilhas
Diversas maravilhas, mas não vejo...
As pernas amarradas, armadilhas,
No rastro deste céu, seu azulejo...
Depois desta procura tão antiga...
Encontro minha amada em minha amiga...
491
Em Busca Do Teu Amor
Buscando pela lua espero o teu carinho...
Vagando pelo céu, aguardo o meu repouso
Nos braços de quem amo, um manso e doce ninho
Onde eu encontrarei o meu campo de pouso...
Seguindo a minha rota embora indefinida
Não passo um só minuto estradas bem cuidadas
As pedras, minha cruz, carrego em plena vida,
Nas forças do destino as dores encontradas...
Estou já tão cansado, a noite se aproxima...
Espero te encontrar nas curvas, nas paragens...
Cantando essa ilusão em tosca e triste rima
Minha alma aventureira inteira-se em viagens...
Eu quero tanto amar, embora não mereça...
Eu temo que sozinha, a minha alma envelheça.
492
Estou Feliz!
Estou feliz, não nego e nem mereço...
Sorrio calmamente, rio e mar...
Amar, armando o sonho onde tropeço
Nas nuvens que choveram sem parar...
Também deste mormaço que trazia
O dia se iludia e nada vinha...
Fuligem na minha alma se escondia,
Farta dessa vida tão sozinha.
Certezas dos amores ledos erros,
Enganos e verdades confundidos...
Montanhas de desgostos, meus aterros,
Versifico meus medos escondidos...
Embora ser feliz não seja um ópio,
Felicidade: amor; mesmo que próprio...
493
Amor, Simplesmente Amor
Não sei se te pertenço ou se és de alguém
Que nada mais te traz, senão a dor...
Vivendo sem saber amor que tem
Em vão vais procurando o velho amor...
Não julgue meu amor como ousadia,
Amo-te e isso não vale para a sorte.
Não peço teu amor, não poderia...
Só quero que tu saibas que isto é forte.
Amor que mata a sede, sem ter água,
Amor que mata a fome, sem o pão,
Não causa nem tristezas, nem quer mágoa,
Mas, livre, alimentando o coração...
Amor que não percebes como é belo,
Embora não me peças, sempre velo...
494
Nossas Cartas de Amor
Nas cartas que mandaste há tanto tempo...
Lembranças esquecidas sem encanto.
Da vida, acumulando contratempo,
Levando uma mortalha em desencanto...
Não quero teu perdão, isso dispenso...
Jogadas sobra a chama da lareira,
Nas cartas que se foram já não penso,
Queimada, num segundo, a vida inteira...
Cartas deste amor que proibia
O sonho de viver outros planetas...
A mão que me continha em agonia,
Expressa nessas cartas, nas canetas...
Amada que se foi levou a vida,
Restando só as cinzas, despedida...
495
Tarde Para Amar?
Cheguei, em tua vida, muito tarde...
Eu sei que não querias esperar
O fogo que é tão calmo mas, manso, arde...
Querias noutras chamas se queimar...
Entendo que não soube ser teu sonho,
As asas que carrego já te assustam,
O mundo que te trago, mais bisonho,
São forças que contigo não se ajustam...
Agora, que proponho outra saída,
Respondes que cheguei no entardecer.
Amada se te dei a minha vida,
Responde como posso então viver?
Destino me deixou meio de lado,
Me diga o que fazer? ‘Stou atrasado...
496
Minha Mulher Ideal
Tens tudo o que desejo na mulher,
A doce solidão que acaricia,
O medo de viver amor qualquer
Que seja simplesmente fantasia...
A graça displicente de quem sabe
Da beleza sutil que me conquista,
Vaidade de saber que amor não cabe
Se nada mais restar que esteja à vista...
Sorriso de menina que não morre
Nos sonhos de eternal felicidade...
Na dor que se aproxima me socorre
Embora sempre goste da saudade...
Tu tens a maravilha do cristal
Tinindo no meu peito em festival...
497
Quero Teu Amor
Não tiveste piedade nem amor...
Mas peço que não vás, demores mais...
O tempo em que vivemos sem ter paz,
Demora na saudade e desamor...
Se houvesse tua mão, decerto amiga,
Não mais precisaria ser assim...
Tateio simplesmente, a noite abriga,
O resto do que fomos, nada enfim...
Talvez eu não consiga ter teus seios
Macios e colados junto aos lábios...
Percebo que navegas sem receios,
Refém desses desejos loucos, sábios...
Mas quero teu amor, e não me iludo,
Nas pétalas que trazes, quase tudo...
498
Eu Te Amei
Murmuro pelas noites o teu nome,
Em busca do que foi felicidade.
A noite que te trouxe também some...
Aguarda sem sentidos, u’a saudade...
Meus versos não se calam nem pretendo,
Viver do que sonhei e que perdi.
Aos poucos, sem saber irei morrendo,
Amores que estiveram bem aqui...
Perfumes de minha alma tão cativa
São rastros que não posso mais deixar...
A mando da saudade sempre viva
A vida vai custando a se passar...
Murmuro pelas noites que te amei,
Depois de todo sonho que penei...
499
Te Quero
Desfilas tão suave, quase nua,
No quarto em que vencemos nossos medos...
A noite em maravilha continua,
Buscamos sem temor, nossos enredos...
Que tramam novos dias no futuro,
De sonhos e promessas mais bonitas
Viemos deste mar profundo, escuro,
Em busca destas luas tão benditas...
Agora que te tenho aqui comigo,
Te peço, nunca mais deixe este porto...
A vida que vivemos, sem perigo,
Salvando quem se achava semi morto...
Amada, desfilando essa nudez,
Desnuda meu amor, por sua vez...
500
Ah! Eu Te amo...
Esqueci de dizer que inda te quero...
Palavras foram tolas, mas constantes.
Por vezes quando vejo, desespero
Mas nada que não disse por instantes.
Esqueço de falar do que passamos,
Embora não apague mais a chama...
De tudo que bem certo, nós amamos,
Eu sinto que em verdade, amor me chama...
E chama para vermos esta aurora
Que vem depois da noite de prazer
Vivida com amor que não tem hora
Que luta em desespero p´ra nascer.
Esqueço de falar de nosso amor,
Talvez seja por vício ou por temor...

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