quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOLUME 10

1431
Nas margens dos meus sonhos mais tranqüilos
Espreito teus olhares mais ferinos
Amores se permitem mil estilos
Mas gosto dos teus beijos mais felinos...
Nas garras com que prendes tua presa
Sinto-me com certeza mais amado.
E deixo o sentimento em correnteza
Nas presas com que cravas, o meu fado...
Vivendo na magia meu romance
Total satisfação em louco gozo.
Espero que a pantera não se canse
Deste amor que bem sei ser melindroso...
De todo amor maior que sei que havia
O nosso se transborda em fantasia...
X
1432
Se crio com rudeza versos tristes
Ou falando de amores mais exóticos
Quem sabe deste canto tu desistes
Meus versos para ti serão protótipos
Dos versos que imaginas mais perfeitos
Pois sabes não me exprimo como queres
Não quero teus desejos contrafeitos
Te sirvo então a mesa e seus talheres.
Querida; se falei do nosso amor,
Me fio neste fio de esperança
E parto sem temer rimar com dor
Embora em teu ouvido, isso te cansa...
Se fímbrias, fibras, febres aliteram,
Meus versos bem mais simples já te esperam...
X
1433
Tanto quero tua alma quanto dou
A minha se quiseres, cristalina...
Pensando neste tempo que passou
E estamos nesta cama tão divina...
Recebo teus afagos, fico louco,
E falo nestes versos do prazer;
Que invade e vai tomando pouco a pouco
Grafismos do teu corpo quero ler...
Decoro essa lição bem ensinada
Das várias geografias, do relevo.
Tanta dedicação é premiada
Com notas maviosas, tanto enlevo...
Não canso de querer ser aprendiz
Eu não conheço aluno mais feliz!!!
X
1434
Cansado dessas noites bar em bar,
Minha alma espedaçada e sem paragem.
Vagando sem lugar, quero parar
Vivendo em sentimento, nova aragem..
Cansado deste sonho em dissabor
Na busca amargurada por um colo.
Pressinto nesta vida tanto horror
A terra vai se abrindo e perco o solo...
Cansado de viver sem liberdade
Sem ter um só descanso.Espinho e cardo
Não deixam nem sequer tranqüilidade
Meu sonho: ser feliz, já sepultado...
Arranja um lugarzinho para mim,
Não deixe seu amor tão triste assim...
X
1435
Amores tão silvestres quão vorazes
Vivazes me transformam totalmente
Se mente não remete ao que me trazes
Nas fases mais difíceis sem serpente...
Não quero pantomima quero mimo,
Não quero a solidão, sim solidez.
Desejo tanto amor que em ti estimo
E rimo meu amor por sua vez...
Nos astros constelares calafrios
Vadios os sentidos perdem ar
Amar demais desvia nossos rios
Que esquecem de correr para outro mar...
Não quero teus amores mais serenos,
Recheie nosso caso com venenos...
X
1436
Nas douradas searas te percebo
E sinto teu perfume solto ao vento.
Te vendo tão feliz, logo concebo
Encanto que não sai do sentimento...
Vibrando o firmamento comemora
A vinda deste amor nestas searas
Pintando em claridade se demora
E mostra tais belezas, soltas, claras...
A luz de teu olhar que se transmuda
Na luminosidade que recebe
Em tal felicidade me saúda
Reflete tanto amor quanto recebe...
Na tarde que promete a bela lua,
Minha alma, transparente, em ti, flutua...
X
1437
Nas beiradas das velhas moradias
Da cidade esquecida pelo mundo.
Reparando nas flores tão baldias
Numa centelha, prendo-me um segundo.
E vejo entre essas flores rosa rara
De perfume e beleza sem igual.
Do jeito e da maneira que sonhara
Com sensualidade natural...
Caminha sem sentir o seu encanto
Nem sabe que seduz um sonhador,
Meu peito em disparada neste espanto
Se encharca do perfume deste amor...
A rosa, delicada e distraída,
Invade, vem, decide a minha vida!
X
1438
Por tantas vezes mudo meu caminho
Sem mesmo perceber onde vai dar.
Cansado de viver e ser sozinho
Enfrento um oceano e morro mar...
Nas ondas mais distantes desta areia
Que sei não será minha nem seria
Se singro as esperanças não sereia
Se rio se sou sério não se ria...
Soltando teus cabelos, milharal,
Sentindo o brilho flavo deste sol.
Num favo de teu mel, sinto meu mal
E morro sem saber sequer farol...
Mas quero lambuzar-me na delícia
Do doce da garapa e da malícia...
X
1439
Mordeste minha boca meu amor
O dente sem carinho fez estrago
Agora como vou tomar um trago
Me diga, estou pedindo, por favor.
Bem sei que causa sempre tal pavor
O cheiro da bebida em meu afago
Ressaca de beber completo lago
E chuva que deságua no calor;
Agora minha amada me destrói
Dentada com certeza sempre dói
Podias ter um método suave
De me impedir que beba essa cachaça
Agora a minha boca uma desgraça
Até p’ra te beijar virou entrave...
X
1440
Nas torres divinais mais altaneiras
Dos sonhos que carrego dentro da alma.
Desfraldo meu amor, minhas bandeiras
Na busca deste canto que me acalma.
Nas hostes que enfrentei dos desesperos,
Nas guerras duras, sanguinárias, frias.
Trazendo sentimentos com esmeros,
Voltando quase sempre, mãos vazias...
Eu sinto os estandartes calorosos
Levados pelos ventos do querer.
Os dias que pensara dolorosos
Contigo se transformam em prazer...
Amada, cuja mão tão soberana,
Carinhos que me levam ao Nirvana...
X
1441
Teus cabelos, soltas crinas
Representam liberdade
Incrustados nas retinas
Revoam, velocidade...
E soltos sobre o corcel
Negra e bela montaria
Me elevando até o céu
Nesta mágica alegria...
Nas garras que me cravaste
Desejos e rebeldias
Aos delírios me levaste
Levantes e fantasias...
Teus cabelos, tuas presas,
Vencendo minhas defesas...
X
1442
Como os anjos, furtivo, o teu olhar,
Buscando nesta alcova por carinhos.
Deixando de, quem sabe, me buscar.
Sabendo que viver empenha ninhos.
Eu te darei, morena que desejo,
Beijos tão frios quanto a lua.
Fazendo em cada sonho, meu ensejo,
De ver tua beleza quase nua,
Andando pela sala e pelo quarto.
Chegando essa manhã te encontrarei,
Depois de tanto amor, por certo farto,
Deitada em meu dossel, fazendo a lei
Que diz do amor eterno e desejado.
Dourando todo o sonho, extasiado...
X
1443
Voando essas borboletas
Em busca de claro lume
Na multidão de cometas
Amando mais que o costume.
Desfraldo minha alegria
No sorriso mais intenso
Teu amor, em sintonia
Navegando mar imenso.
Imerso em teu carinho
Meu ninho é teu pensamento
Já não sigo mais sozinho
Caço meu rumo no vento
Tanto amor na correnteza
Que me leva a ti, princesa...
X
1444
Na lira do cantor, vibrante voz,
Que sempre declamando seu amor;
Vencendo a solidão demais atroz,
Recebe com tais ânsias mais fervor...
Ardentes emoções que me devoram
Paixão pecaminosa e sempre santa.
No vento desses beijos comemoram
Letreiro de néon do amor que encanta
E sinto que padeço da loucura
Santificadamente procurada.
Que aos poucos, me detém e me tortura
E faz a vida ser bem mais sagrada.
Te amo sem temer sequer a morte,
Querida nos teus braços, minha sorte!
X
1445
Amor que se resplende e maravilha,
Flameja no horizonte um novo sol.
Seguindo nosso amor, encontro a trilha
De todas as belezas do arrebol...
Teu coração em pérolas tão ricas,
Deseja o meu desejo sem pensar.
Nas mãos tão delicadas, as pelicas
Pelúcias mais macias de tocar.
Eu sinto esta beleza que floreja
Da rosa que cultivo em meu jardim.
Sabendo meu amor que amor deseja
De tudo que se espera dentro em mim...
Sem ter temor mergulho nos teus braços.
E sinto em teu amor estreitos laços...
X
1446
Não fique tão nervosa minha amiga,
Por certo teu futuro não é mau;
Se tanto tu temeres já periga
Naufrágio com certeza em tua nau.
Não deixe ansiedade dominar,
Sorria sem temer qualquer descaso.
O mundo vai rodando devagar,
Em todo nascedouro mora ocaso.
As dores são de fato, momentâneas
Assim como os prazeres são fugazes;
Não trague sofrimento em coletâneas
Procure ser feliz, aceite as pazes...
Não guarde no teu peito esse rancor,
Ocupa todo espaço dum amor...
X
1447
As estrelas por tiaras
Nos cabelos da morena
As noites todas, tão claras,
Felicidade me acena...
Pressinto todo prazer
Que virá, noite primeira,
Aos poucos te conhecer
E te conceber inteira.
Beleza, morena rara,
Raro amor que quero em ti
Na vida que se prepara
Teu brilho tão belo vi.
Me enredar nos teus novelos,
Qual tiara nos cabelos...
X
1448
Bem sei quanto é difícil suportar
A dor dum grande amor quando se acaba.
É como toda a vida desmanchar
Parece que o universo se desaba.
Mas veja, minha amiga e companheira,
Se pensas com tristeza, trazes treva,
Não deixe que essa dor, que é verdadeira
Embace esta visão, senão te leva...
E faz de todo o canto uma mortalha,
E corta fundo a carne e te destrói.
Na lâmina profunda da navalha
A vida, sem sentido, tanto dói.
Mas pense que amanhã o sol virá,
E toda a tua sorte mudará!
X
1449
Na ronda que fizemos pela noite
Nos bares, nessas mesas, bocas, beijos...
Passando mil delícias no pernoite
Intrépidas loucuras dos desejos...
Amando sob a luz dessas estrelas,
Sem medo, sem pecado, em liberdade.
Pintado nosso céu de tantas velas
Refletem nossos corpos, claridade...
Prazeres incontáveis, nosso chão,
Desnudos de vergonha e de juízo.
Explode em desvario o coração,
A noite nos engole, sem aviso...
Ao longe um pirilampo desafia
Estrelas com seu brilho, em sintonia...
X
1450
Caminhando por aí, pelas esquinas,
Teus passos flutuantes, vou seguindo...
Sem saber, nunca sai destas retinas;
Que tanto,um só carinho, vão pedindo...
Caminhando por aí, sequer percebes,
Meus versos se perdendo, sem sentido.
Transmites mansos ventos que recebes,
Enquanto eu...Nos teus passos, vou perdido...
Quem sabe encontrarei o meu caminho?
Quem sabe... Me perdoe mas eu te amo,
Não sei se nos teus braços eu me alinho,
Decerto sem saber que te reclamo
Desfilas pelas ruas, galerias...
Enquanto eu... Me sobraram poesias...
X
1451
Alguma coisa a mais que uma esperança
Alguma coisa a mais que só carinho.
Alguma coisa a mais senão se cansa
E volto, novamente a ser sozinho...
Alguma coisa a mais que essa promessa
Alguma coisa a mais que meu soneto.
Alguma coisa a mais que essa conversa
Eu não te peço nada e nem prometo...
Alguma coisa a mais que poesia
Alguma coisa a mais que simples sexo
Alguma coisa a mais que fantasia.
Amar; tenha certeza, é bem complexo...
Se queres ser assim, ó doce amada
Com certeza serás m’a namorada!
X
1452
Do mármore a dureza delicada.
Esculpis uma estátua majestosa.
Eriges com firmeza engalanada
De forma tão sutil, maravilhosa.
Estátua dedicada ao deus do amor
E feita com total dedicação.
Amada como é bom o teu pendor,
Em cada talhe mostras perfeição.
Assim como brindamos sem temores
Nas horas que restamos mais sozinhos.
Deixando que se morram os pudores,
Usamos um cinzel pleno em carinhos...
Louvamos deste jeito a divindade,
Vasta sofreguidão, lubricidade...
X
1453
Princesa sertaneja, meu desejo,
Estar entre teus braços, sedutores.
À noite de trazer num manso beijo,
As luzes que iluminam meus amores!
A fonte do desejo, sem ter pejo;
Envolta nos carinhos destas flores,
Trazendo pr’este peito sertanejo
A certeza da beleza destas cores.
Altiva e tão serena, meu amor.
Os versos que te faço, num momento,
São formas inconstantes de penhor.
Rainha não permite sofrimento,
A vida nos teus braços se decide;
Eu quero o teu amor. Ah! Não duvide...
X
1454
Aragens e frescor de primavera
Nas flores, nas abelhas, borboleta.
Libélulas voando. Quem me dera
Poder seguir seus passos, ser poeta...
Falar da imensidão do sentimento
Que sinto sem segredos por você,
Na doce poesia deste vento
Amor que tudo sabe e tudo vê.
Fluir tão mansamente como um rio
Que desce por cascatas, mais ligeiro.
Vivendo a fantasia que recrio
Do sonho deste amor mais verdadeiro.
Na música que canta um passarinho,
No colo da mulher fazer meu ninho...
X
1455
Amor Divino em Cristo que encontrei
Não permitindo o mal que nos conturbe
Por certo tanto amor nos deu o Rei
Impede que a tristeza nos perturbe.
Vivendo em pleno amor sem ter pecados,
Ao homem dedicou a vida inteira.
Deixou a todos nós os Seus recados
Mostrando como a vida é verdadeira.
Na cruz com que sofreu o sacrifício
O símbolo do amor foi demonstrado.
Lutar pelo perdão, o Seu ofício,
A todos pleno amor, glorificado.
Perdoe pelos erros cometidos,
Meus rumos, nos Teus braços, decididos...
X
1456
No sentimento agreste da paixão
Se cardos e recados nos confundem,
Aguardo pelo sim, pelo perdão,
Amores e rancores já se fundem.
Sabendo te querer com mais afinco
Querendo teu amor em profusão,
Castelos e barracos, ouro e zinco;
Amor não necessita explicação.
Aos saltos, os ressaltos se superam;
Me esmero cada vez que amor me cobra.
Nas quedas, nossos sonhos recuperam
Uma atenção maior já se redobra...
E cuido deste amor que tanto velo
Com toda uma alegria que revelo...
X
1457
Tramando nesse amor já redivivo
Embora não sabia ser possível
Recebo teu carinho mais altivo
Refeito num efeito mais incrível...
Não vejo nesse amor mais o marasmo
Que havia destruído o nosso caso.
E vejo-te em brilhante entusiasmo
Como se renascesses dum ocaso...
Não sinto tais grilhões que te prendiam
Nem medos que mostravas sepulcral.
Meus carinhos também não te entediam,
Estás; como dizer? Mais sensual...
Ter falo, meu amor, rompeste o abismo.
Agora; em nossa cama, cataclismo!!!!
X
1458
Tristes invernos, tantas ventanias
Batendo nos umbrais abandonados.
Lembrando deste amor nas cercanias
Dos sonhos que vivemos, já passados...
Não temo meu futuro; mas não deixo
De lembrar do que fomos noutra vida.
Por testemunhas temos rio e seixo
Rolando com as águas; sim, querida...
Recordo como fosse brincadeira,
Jogos maliciosos que inventamos.
Amor por uma eternidade inteira,
Desde o princípio, sempre nos amamos...
Iremos nos amar assim bem mais,
O tempo deste amor, nunca é demais!
X
1459
Qual simples andorinha vou a esmo,
Em busca do descanso tão sonhado.
Desejo que bem sei, é sempre o mesmo,
Viver tão calmamente do teu lado.
Mas voas, borboleta, sem destino...
Revoas por caminhos tão distintos.
Te quero, meu amor, desde menino
Entranho sem pudor, os meus instintos...
E sinto as ilusões mais passageiras
Retratos do passado, primaveras...
Paixões que sempre foram verdadeiras
Dominam pensamentos, me temperas...
E corro te buscando pelo espaço,
Vagando, um novo rumo, louco, traço...
X
1460
Tal beleza e frescor encontro em ti
A pureza da flor da laranjeira.
De tantas fantasias que perdi,
Em teus braços encontro a companheira.
Depois de me ferir, espinhos, cactus,
Depois de perceber que nada vinha.
Sentidos maltratados inexatos,
Amada; percebi: tu eras minha...
De todo o meu canteiro foste a rosa,
Espinhos, sei que tens, mas os evito.
Paixão que me demonstras, vigorosa.
Amor demais passou a ser um rito.
De forma luminosa e delicada,
Tua beleza traz uma alvorada!
X
1461
Todo culto ao oculto que escuto
Se foi culto desculpo nem cuspo;
Se te culpo me culpas ocupo
Se foi curto te encurto e te esculpo.
O que curto circuito inoculo
E te osculo sem culpa e sem curso
Meu discurso sem curva se cura
E não curvo se curvas escuras;
Mas não cubro descubro e sou cubo
Se me inculpo do cume que escuma
Na escuna que escuta e me culpo
Se cultuo cutuco discursos
Na cultura cumbaca curada
Curumim que cumpriu o cumprido..
X
1462
Arenosos caminhos deste amor
Que se perdem desertos e desterros,
Vencendo duras urzes do rancor
Subindo por montanhas e por cerros.
As pedras da saudade nos maltratam
Espinhos-solidão nos ferem fundo.
As lágrimas nos mostram e retratam
O corte que percebo ser profundo...
Em meio a tantas vespas dos ciúmes
Nas pragas mais terríveis, tanta inveja,
Nos sobram poucas horas em perfumes
Mas nada faz; enfim, que amor reveja.
Vencendo as desvalidas, más quimeras;
Podemos conhecer as primaveras..
X
1463
Na noite deslumbrante em poesia
Rondando meus sentidos, sentimentos.
A mão desta mulher, que é tão macia
Vasculha meus desejos e tormentos...
Num luxuoso sonho de esperança
Por montes e planícies sedução...
A noite extasiante já se avança
E explode em desvarios da razão...
Quem dera se jamais tivesse fim
Quem dera se pudesse ser eterno.
Visões de louco amor, todo pra mim,
Livrando o meu caminho deste inferno
Onde estive, em completa solidão,
Sentindo me elevar por sobre o chão...
X
1464
Eu sinto que já vais; amor, partir.
Deixando na minha alma tal perfume
Que sempre desejei, a ti, pedir;
Embora me causasse mais ciúme.
Não deixe de lembrar dos nossos beijos
Roubados sem sequer pedir licença.
Sabendo dos meus loucos, vãos desejos,
Espero que me guarde a recompensa
Da boca mais sublime que beijei,
Dos seios mais formosos que já vi.
O tempo que quiser, esperarei,
Decerto, meu amor, estou aqui.
Anseio tua volta sem demora,
Te peço enfim querida, vem agora!
X
1465
Sinceros os desejos que te faço
Nos elos que nos unem, solução
De todos os problemas que disfarço
E guardo procurando um diapasão...
Nos vales mais floridos, tanto riso,
Momentos tão serenos que tivemos...
Porém se necessário e for preciso
Juízo e paciência nós perdemos...
Amiga é tão difícil ser feliz...
Não quero contentar grego e troiano,
Não sou camaleão, um só matiz;
Nem mudo minha pele ano após ano...
Mas te desejo sempre, camarada,
Se perco t’a amizade, sobra nada...
X
1466
Qual diamante fino; nosso amor,
Se perpetuará em cada canto;
No brilho e na pureza e no valor,
Que sempre se traduz em raro encanto.
Por mais que nossos medos prejudiquem,
Por mais que novos rumos ameacem;
Por mais que nossos sonhos se compliquem
As emoções ressurgem e renascem...
Trazemos em litígios e batalhas
As nossas diferenças explosivas;
Porém mesmo nos fios das navalhas,
As chamas deste amor vão sempre vivas..
Perpétua sensação de ser feliz,
Mesmo que vivamos por um triz...
X
1467
Nesta fonte que me dás
De prazeres recheada
Tua cor, rosa, lilás
Em minha cama deitada.
Vencido pelo cansaço
De tanto nos galopar
Deitando-me no teu braço
Não quero nem descansar.
E renovo minha força
Bebendo deste teu lago,
Saltando na cama, a corça
Recebendo o teu afago.
Na fonte que mergulhei,
Tanto amor que eu encontrei...
X
1468
Sentindo teu afago, teu carinho;
Bebendo cada trago deste amor.
Sabendo que me estrago se sozinho,
No sol que inda te trago, meu calor...
Amor que é como um mago e me domina
Mergulho neste lago em tempestade.
Forjando em cada bago nova sina
Deixando de ser vago, sou verdade...
Meu peito que eu alago em sentimento
Os dias que eu alargo quando sonho,
Tristezas? Eu embargo o sofrimento,
Não sou nem mais amargo nem tristonho...
Amor me dê carinho, teu afago,
E todo esse desejo, amor, te trago...
X
1469
Não sinto, minha amiga mais cansaços
De ver tantas falácias sem sentido.
Estendo, calmamente, os longos braços
Percebo que vivi bem distraído...
Amores se quadrúpedes vigoram
Se estúpidos verberam no non sense
No vácuo dum cérebro se estouram
E não há santo algum que o convence...
A vida necrofágica e sem prumo,
Em tal alegoria se desmonta.
Portanto viva tudo até que o sumo
Te deixe de prazer, tão louca e tonta...
Quem sabe assim termine o longo dia
E possa conhecer a poesia..
X
1470
Erguendo o pensamento, cubro espaços
E vejo em antegozo minha sina.
Resplende simplesmente nos teus braços
Tal sorte, que já quero e determina.
Não deixo de falar, rimas patéticas
De tramas que julgara me deslumbram
Não sei se te farei loas caquéticas
Mas sonhos que quisera se vislumbram.
Não peço meu amor que traga idéias
De como poderemos ser felizes,
Não sinto necessárias epopéias
Apenas que mudemos os matizes.
No fundo, meu amor é simplesmente
Desejos que trocamos, de repente...
1471
Ah! Meu Deus, como é bom saber que existes!
Tu és toda a certeza que preciso
De que se findarão os dias tristes
E de que viverei no paraíso!
No rio que caminha para o mar
Levando uma esperança: ser feliz!
Contigo conheci o que é amar,
Tu és, na vida, tudo o que mais quis...
Ah! Meus Deus, eu sonhei com teu amor;
Nas noites mais geladas, solitárias.
Porquanto necessito teu calor,
Findam-se minhas dores, temerárias...
Por isso, meu amor; ao mundo clamo:
Ah! Meu Deus, eu te quero, como eu te amo!
X
1472
Nos bares e botecos que bebemos
As horas vão correndo sem sentirmos.
Do mundo que viemos não sabemos
O quanto que é preciso dividirmos.
As noites se passando nestes bares
Em meio a tantas festas que fazemos.
A cena se repete por lugares
Distantes dos planetas que viemos.
Falamos de batalhas, velhas lutas,
Lutamos por viver em liberdade.
Brindamos às mais belas prostitutas
Que rondam nestes bares da cidade...
Amigo, tanto tempo se passou,
Prostitutas... O bar... O que restou?
X
1473
Numa explosão de lúbricos desejos
Nas penumbras, ritos sensuais.
Vou roçando meus lábios, tatos, beijos...
Explodem em delírios tão carnais...
Corôo meu mergulho no teu mar
Navego cada gota de suor.
Procuro cada ponto vasculhar,
Vontade de te amar é bem maior...
Seu corpo debruçado sobre o meu
Num colossal furor que se explodiu.
De tanto amor que amor se renasceu
Embrenho em teus caminhos til por til...
Transfundo pro teu corpo meu prazer;
Encharcas-me; vontade de viver!
X
1474
No vinho que bebemos, da amizade,
Nos cálices da dor; confraternizo.
Amigo; irei buscar eternidade;
Num sentimento em que me regozijo.
Amigo é ser parceiro em derrocadas,
Viver em sintonias tão diversas.
No jogo do viver, cartas marcadas,
Saber que os mesmos blefes já confessas.
Uma amizade nunca desconfia,
Embora não se fia tolamente.
As almas se convergem, harmonia,
Se irmanam, se completam, totalmente.
Ergamos pois a taça de cristal,
Confraternização tal? Imortal!
X
1475
Eu quero teu desejo, teus aromas,
Exalados nos toques e delícias...
Arrebentam assim tantas redomas
Rompendo, ultrapassando essas primícias.
Eu quero insanidade de querer
A cada vez bem mais sem ter temor
Sem nada que consiga nos conter
Numa explosão magnífica de amor!
Eu quero ser teu seixo na cascata
Que irrompe de teus lábios flamejantes.
Que rompe essas barragens e arrebata.
Intercâmbios de olores triunfantes...
Não quero santidade nem ter cura,
Apenas ensandecer, tanta loucura!
X
1476
Se fossemos o mar que tal a lua?
Rodando pelos céus vai nua em pelo,
Descendo em nossa cama continua
Tramando seu desejo sem apelo...
Amada, em nosso sonho, uma promessa
De termos doce lua sobre nós.
À noite delicada se confessa
Atando em raios claros, nossos nós.
Reparte seus luares sem cessar,
Deitando mansamente, já te abraça;
Te enlaça e me convida a flutuar.
A lua maviosa em plena graça...
Espero desta lua o mesmo encanto
Dos mares dum amor que quero tanto...
X
1477
Saltando os desafios, em cascatas;
Em meio a corredeiras imodestas,
Adentra nosso amor, por suas matas
Penetra tantas grutas, tantas frestas...
Vazantes e vertentes sei de cor,
Nascentes, afluentes, vou veloz.
Enchentes, tempestades, bem maior
Que todos outros mares, quero a foz...
Deitadas suas margens, minha amada;
Eu quero em seus desejos transbordar.
A mata tão macia, ciliada,
Loucura de em seus braços navegar...
Recebo suas águas, nosso afago,
Nos lagos empoçados, eu naufrago...
X
1478
Amiga desconfie de elogio
Se dado sem sequer ter um motivo.
Sem água morrerá decerto o rio,
Mantenha, neste caso, um olho vivo...
Não ceda a tentação de quem te ufana
Às vezes nesta ceva uma armadilha.
A mão que te carinha já te engana
Promessas ilusórias mudam trilha...
Assim como o balão explodirás
Então de ti teremos só os cacos.
Da forma com que cedo iludirás
Os teus pilares sempre estarão fracos...
E a queda gigantesca se prepara
Sem nada que defenda, que antepara...
X
1479
Embebo meu desejo no teu vinho,
Que em todos os momentos inebria.
Na música suave dum arminho,
Teu vinho me sacia e me vicia...
Momentos sem temor, pudor tão vago;
Nos tragos que me fazem delirar...
Nos lagos resultantes dos afagos,
Sem medo, sem segredos, mergulhar...
A noite em fanatismo se procria
E cria nossos versos em dueto.
De tanto que eu desejo desvaria.
Aos loucos pensamentos, me remeto...
E quero teu amor, manso e dolente.
Na noite que traçamos, envolvente...
X
1480
Nos versos que dedico à deusa nua,
Abrindo no meu peito uma esperança;
Tão bela quanto o sol, irmão da luz.
Sorriso delicado de criança!
Nas ondas, nos arroubos, seduzindo;
Formando a fortaleza que protege.
Teu corpo, minha deusa, que é tão lindo;
Nos seios divinais, meu sonho rege.
E sinto a sutileza da nudez
Em toda uma beleza que fascina.
Aos poucos tanto amor que já se fez,
Reflete uma alegria cristalina...
Da rosa, da pantera, garra, espinho...
Não deixe quem te adora tão sozinho!
X
1481
Nas brancas harmonias benfazejas
Nos sonhos coloridos que provocas,
As horas mais felizes que desejas
São tantas quando enfim, tu já me tocas.
Nas tocas que escondera meu pecado
Recados que me deste, puro gozo.
Se tenho no meu corpo tatuado
Amor que sempre foi tão vaidoso.
Amar é sentimento, em mim, latente;
Que trago desde os tempos de menino.
Na cama que singramos; mais ardente,
O sentimento louco e cristalino...
Orgásticos delírios, alegrias;
Rolando em nosso mundo, fantasias...
X
1482
Rolando como os astros neste céu
Deixando um livre rastro luminoso.
Alçando neste mastro um branco véu
Rompendo qualquer lastro temeroso...
Alvura de alabastro, teu sorriso,
Meus sonhos nunca castro, liberdade...
Te quero neste casto paraíso,
Amor demais não gasto com saudade...
Teu peito fez um pasto do meu peito
E todo teu repasto foi bendito.
Não penses que me afasto satisfeito,
Nem mesmo que me basto. Estou aflito...
Te quero, nosso amor seguindo os rastros
Da lua, das estrelas, tantos astros...
X
1483
Não deixe que a tristeza te devore,
Aos poucos te fará mais infeliz.
Perceba que por mais que se demore,
Um dia tudo vem como se quis.
As noites são prenúncios de uma aurora.
Não tema pelas urzes que encontrar.
Pois saiba que a tristeza não demora
Depois uma alegria vem morar...
A cura da tristeza, uma esperança
Que nunca pode estar abandonada.
Pois saiba que o futuro que te alcança
Depende do caminho, tua estrada...
E veja com amor um novo dia,
Repleto de esperança e fantasia...
X
1484
Quando elevas aos céus, a sua prece;
Pedindo toda a paz em nosso amor.
Uma emoção guardada recrudesce
E volta uma esperança, com fervor...
Envolta neste manto de alegria,
Minha alma percorrendo amplo espaço;
Sabendo que a paixão, alegoria,
Se finda comumente por cansaço.
Mas vejo em nosso caso uma saída,
Que pode construir a solução.
Te quero mais amiga; assim, querida
Dominas mansamente, o coração.
Quem sabe neste amor mais companheiro
Se encontre um novo canto, verdadeiro...
X
1485
Passando pela vida simplesmente
Durante tanto tempo emudecido.
Ao sol que me abrasa de repente
Evaporando sinto-me vencido.
Descendo pelos rios da saudade,
Sentindo tal bafejo desta fera,
Amor que se fingira liberdade
Sem pena minha vida destempera.
Deixando uma emoção deveras pálida
Deixando um coração sem solução.
A vida que corria mansa, cálida,
Depressa se tomando, ebulição.
Me rendo ao tal amor, sem ter defesa,
Eu me sinto indefeso, simples presa...
X
1486
Nas puras ilusões que me inoculas
Com teu olhar que sinto sobre o meu.
Da forma com que pura, te imaculas,
Nas máculas do amor já se perdeu...
Mas tramo nossa vida venturosa
Traçada nas ventosas deste amor
Te quero mesmo espinhos, minha rosa
Sabendo-te formosa e bela flor.
Na sombra dos meus dias, desventura,
Na cura prometida pelos anos...
Restando neste caso, uma ternura,
Não quero que cometas mais enganos.
E peço teu amor com toda a fé,
Te juro e me ajoelho, mesmo, até...
X
1487
O ninho que julgara abandonado
Sem ter sequer a luz de uma esperança
Refeito com um sonho imaginado,
Promete nova vida bem mais mansa...
Aquela que se fora e não voltou
Deixando espedaçado o coração,
Não sabe que favor que me prestou
Abrindo o meu caminho à salvação.
Agora que vieste minha amada,
Decerto o nosso ninho renovaste,
Trazendo novamente uma alvorada
Fincando com firmeza uma nova haste.
Reforma que fizeste neste ninho,
Cimentaste na força do carinho...
X
1488
Numa corbelha de rosas
Num buquê tão perfumado.
Tuas mãos tão olorosas
Colibri apaixonado
Recolhe pólen da flor
Engravida, faz feliz.
Assim também nosso amor,
Do jeito que a gente quis...
Recebendo teus anseios
Na maciez desta pele
Na beleza dos teus seios
Tanto desejo compele...
Na beleza toda nua,
De prazeres, vai, flutua...
X
1489
Destino relegara-me à tristeza,
Onde jamais a lua penetrasse.
Fechando toda porta pr’a beleza.
Somente o vento frio, enfim, passasse...
Destino relegara-me ao vazio,
Da noite que jamais terminaria.
Sabendo que no inverno sem estio,
Depois de certo tempo, morreria...
Destino não previra uma chegada,
Em meio a glaciais caricaturas;
Dos olhos tão sutis desta alvorada,
Tramando a maciez nas desventuras...
Reconheço esse espectro em esplendor,
Reflexo dos teus olhos, meu amor!
X
1490
Um vaso que se quebra não se cola
Por mais que precioso nosso amor
Com asas amputadas não decola
Paralisado fica onde se por.
Não quero uma paixão por ser paixão
Não quero uma verdade irredutível.
Da vida eu aprendi esta lição,
Se move, é necessário combustível.
Querida, vem comigo, vem ligeiro
O tempo não permite mais disfarces
Amor se tem que ser, só verdadeiro
Não deixe que te iludam tantas faces...
E venha ser feliz, sem preconceito.
Esqueça quem pareça insatisfeito...
X
1491
Dormir, sonhar... Vencer as tempestades
Causadas pelas dores do viver...
Retorno aos meus princípios, veleidades,
Espero tantas coisas esquecer...
Que bom seria ter alma liberta
E versejar meu canto em liberdade.
Que bom seria ser, enfim, poeta;
Vencer com versos livres, ansiedade...
Quem dera se, nos sonhos e sonetos,
Vagasse em asas soltas meu cantar.
Falar de nossas dores nos quartetos
Saber, sem ter receios, navegar...
Dormir, sonhar, soul fly, sobrevoar
Sem medo de poder enfim, amar!
X
1492
Se a mente já desperta nova mente
Tu mentes; as sementes não vigoram.
Transcendem as serpentes simplesmente
Se mordem e se picam, não afloram...
Desperto em meu desejo o teu reflexo
Que tramo sem ter senso, simples, sempre...
O rumo deste amor que não tem nexo
É templo que te peça e te contemple.
Janelas vão se abrindo, quebro as portas,
Importo meu epílogo sem medo.
Nos portos onde amor que tenho, aportas,
Os vasos se quebraram muito cedo.
No sonho tão gostoso de viver
Será vai meu amor apetecer?
X
1493
Meu amor; desconheço meu pecado...
Se trago inconscientes os meus erros
Talvez seja assim, triste, meu fado
Feito dos limbos, montes e dos cerros...
Pedregulhosos rumos sem sentido
Jogados num remorso sem ter fim.
Nos poços e nos karmas, desvalido,
Vagando meu deserto todo em mim...
Amada não vagueia por meus lodos
Nem todos os caminhos me levaram.
Nem sempre coletei simples engodos,
Mil jardas meus amores já passaram...
E basta de sentir tal sensação
De ser um simples nada, ser só não!
X
1494
Se nunca mais te espero envolta nas mortalhas
Do sentimento rude, a mando da saudade.
Meu amigo, a verdade estampa nas navalhas
O corte mais cruel, da nossa liberdade...
Definhando o meu sonho em meio a vãs batalhas
Onde sempre neguei a minha claridade
Escondo no meu verso as minhas grandes falhas
Que trago no meu peito, intensa morbidade...
Meu amigo; perdão pelos meus erros todos,
Invado o teu celeiro, espalho morbidez.
Derramo sobre os pés, o mais nocivo lodo.
E sinto que não vem sequer a nossa vez.
Amigo meu reverso: a podre fantasia
Que vaga sem ter rumo, inunda essa alegria...
X
1495
Escarpas e falésias do desejo
São urzes, cruzes, pedras, são espinhos.
Se tanto teimo quanto te azulejo
Nos versos que te faço, tão sozinhos...
Nas arcas dos meus sonhos esquecidos
Nas barcas, tantas cracas, incertezas.
Dos tempos mais doridos, mais sofridos,
Sobraram tantos sustos e tristezas...
Mas amo quem me adora, e isso é fato,
Não vejo quaisquer erros em te amar.
Sentido mais direto, mesmo abstrato,
O trato que fizemos renovar.
Nos bares, ares, cumes e luares,
Nos pântanos, charnecas: sempre amares!
X
1496
Carro de boi passando pela estrada
Distantes cantorias e lamentos...
Trazendo as lembranças desta amada
Que só deixou saudades e lamentos...
No gosto adocicado, da garapa
Relembrando os teus lábios, puro mel;
A solidão estende a negra capa
E impede que eu perceba o claro céu...
No cheiro desta terra tão molhada
Vivendo nosso amor, sem ter sossego.
A chuva que caiu de madrugada
Promete novo amor e novo apego...
E vejo-te querida, sentada do meu lado,
Amiga, tanto amor não é pecado...
X
1497
Meu verso
Que canto
Reverso
Do espanto
Me traz,
Me diz:
Capaz!
Feliz!
Viver
Sem medo
Saber
Segredo.
Sonhar!
Amar!
X
1498
Se quero tantas luzes, brilhos, festas.
Nas danças que danamos toda a noite.
Amamos os venenos que me emprestas
Que cortam e me queimam como açoite...
Roubando toda a cena, uma agonia.
De tristes argumentos, merencória.
Tornando a nossa noite bem mais fria,
Transmuda toda a cena, inibe a glória...
Do teu sorriso, amiga, uma lembrança
Apenas me restou como um retrato.
Na festa que queria, tanta dança,
A lágrima rolada é duro fato.
Mas saiba que amanhã renasce o dia;
Quem sabe, na alvorada, uma alegria?
X
1499
Quando você voltar, minha querida,
A festa que eu fizer vai ser completa.
Espero seu amor por toda a vida,
Nos sonhos maviosos de um poeta...
Quando você voltar da noite breve,
Estarei esperando com ternura
Minha alma ficará muito mais leve,
Amor que tanto quero e se perdura...
Quando você voltar, quero o afago
Que sempre dedicamos sem temor.
Beber de seu prazer, trago por trago,
Morrer na imensidão de nosso amor.
Quando você voltar, morta a tristeza,
A noite num banquete e sobremesa!
X
1500
Deste barco do amor perdi a quilha
Sem rumo, não se ancora nos tormentos.
Como posso aportar nessa tua ilha
Se não tenho sequer rosa dos ventos?
Me faltam condições de suportar
As dores e mazelas mais terríveis.
Por isso, meu amor; vou navegar
Nos mares que me forem mais possíveis.
Os ventos que me trazem ao teu cais
São ventos mais suaves, calmaria.
Eu peço teu destino e quero mais,
Em paz quero viver a cada dia...
Nos limos que criaram os meus passos,
Parado nos teus olhos, nos teus braços...
X
1501
Sentindo que esse amor já me abandona,
Eu canto em desespero tua ausência
Minha alma te procura como à dona
E pede que tu fiques por clemência...
Amada, minha vida te pertence.
Tu és a minh’ última esperança.
Meu medo da saudade me convence,
Te guardo, a cada dia, na lembrança...
É bálsamo benigno que me cura,
É fogo que me queima e me alivia.
És lume que me salva em noite escura
É rota que persigo em fantasia.
Não deixe, meu amor, que um sentimento
Tão belo já se esvaie pelo vento...
X
1502
Meus versos tão felizes quando exaltam
Os dias que se raiam na manhã.
Os olhos de alegria, pulam, saltam
Transbordam de esperança tão louçã;
Ergamos, meu amor, a nossa taça
Num brinde que faremos à ventura.
Nossa felicidade tanto embaça
Quanto inveja uma triste criatura.
Não sei se ser feliz é algo assim,
Nem sei se posso ser feliz um dia.
Escondo uma tristeza que é sem fim
E nasce mesmo em sol, numa agonia...
Amiga, meu amor já foi embora,
Eu quero ser feliz, que tal agora?
X
1503
Não temo, em nosso caso, os teus segredos;
Guardados nestes cofres mais sombrios...
Traduzem sensações de tantos medos
Cortando nossas tramas, traços, fios...
Se vim atrás dos sonhos em dura areia
Na praia dos meus versos me embriago.
E te quero, te entranhando em minha veia,
Em todos os sentidos, capto e trago.
As vozes esquecidas que não cortam
Retornam lentamente sem verdades,
Os dias que mal nascem já se abortam
São simples rachaduras sem saudades...
Eu quero elevação duma maré
Trazendo; em nosso amor, destino e fé..
X
1504
Percebo a sensação de liberdade
Trazida pelo vento da esperança.
Caminho a procurar felicidade,
Distantes ilusões, amor alcança...
Eu sinto que estes sonhos seculares
Se perdem no deslumbre das estrelas.
Invento novas asas, caço os ares,
Querendo assim, talvez, compreendê-las.
Porém nada encontrando, volto tonto;
Sem medo, sem espanto ou poesia.
Estrelas aos milhares; louco, conto.
Na liberdade que percebo, fantasia.
E sinto que somente amor alcança
O rastro que perdi, d’uma esperança!
X
1505
O véu que se rompeu da solidão,
Permite-me antever felicidade.
Por certo te entreguei minha emoção
Na busca de encontrar saciedade...
Te quero com total entusiasmo,
Meu peito te chamando, quer agora.
Ao ver teus belos seios fico pasmo
Pois tanta maravilha em ti se aflora...
Eu quero nosso amor p’ra sempre vivo,
Realce de ternura e de grandeza.
Um sonho adormecido, redivivo,
Espalha pelo quarto esta beleza...
Eu sinto, pois, enfim sou mais feliz;
Vivendo o grande amor que sempre quis...
X
1506
Amiga, nesta canção
Que te faço com carinho;
Venho te pedir perdão
Pelas pedras do caminho...
Eu sei que tanto fizeste
Pensando no nosso rumo
‘stou errado, inconteste;
Mas acertarei meu prumo...
Se meus versos não valerem
Aceite então meu penhor
Bem antes de se perderem
Tanto afeto e tanto amor...
Me dê tua mão amiga,
Que nossa vida prossiga...
X
1507
Quando tu és o sonho; eu realidade.
Quando tu és sorriso, eu sou a dor.
Quando tu és o toque eu sou saudade
Quando tu és a ira eu sou amor.
Quando me dizes não, aguardo o sim.
Quando me dizes sim, eu sou talvez.
Metade do que tens se encontra em mim.
Te dei tudo que sou, por sua vez...
Meu canto não existe sem a voz
Tão bela e maviosa que tu tens.
Tu és a minha santa e meu algoz,
Cheguei da noite triste que tu vens.
Eu sou apenas nada sem te ter,
Precisas do meu ar para viver...
X
1508
Empoeirados olhos tão distantes,
Nas marcas mais ferozes da injustiça.
Nas cicatrizes fundas, penetrantes.
Dessas batalhas tantas; tanta liça...
Recordo-me de quando o conheci,
Nos ermos dos sertões dessas Gerais.
Aos poucos, lentamente descobri
Que a vida em amizade vale mais...
Ao ter a sensação da fortaleza
Da alma deste cabra sertanejo.
Eu falo da grandeza da pureza
Do grande companheiro que em ti vejo...
Te devo tanto, amigo, e nada diz...
ESPERO que tu sejas mais FELIZ...
X
1509
Os meus amores perdem-se no mar
Imenso deste amor que não contive.
Na luz da maravilha do luar
Com quem o mar em brilhos sobrevive...
Saveiros de esperança singram lentos,
Ancoro meu desejo no teu cais.
Não sei onde encontrar rosa dos ventos
Nas rosas que sonhara, amor demais...
Na taça cristalina dos prazeres
Eu bebo essa emoção, gota por gota.
Nas alucinações que, multicores,
De tantos suprimentos, vida esgota.
E queimo em flamejante destempero,
Sorvendo teu licor, eu me tempero...
X
1510
Eu sinto teu roçar em minha nuca,
Teus dentes afiados me roçando.
De leve tal carinho não machuca
Aos poucos, devagar, extasiando...
E sinto-te excitada junto a mim,
Numa sensível, mansa insensatez.
E tudo vai crescendo, tudo assim,
Aos poucos te revelas na nudez...
E sinto toda a vida transtornar,
Girando na mordida delicada,
Girando nunca para de rodar,
Rodando no carinho da dentada...
Minha alma tresloucada já transpira
No teu desejo intenso de vampira...
X
1511
Os meus amores perdem-se no mar
Imenso deste amor que não contive.
Na luz da maravilha do luar
Com quem o mar em brilhos sobrevive...
Saveiros de esperança singram lentos,
Ancoro meu desejo no teu cais.
Não sei onde encontrar rosa dos ventos
Nas rosas que sonhara, amor demais...
Na taça cristalina dos prazeres
Eu bebo essa emoção, gota por gota.
Nas alucinações que, multicores,
De tantos suprimentos, vida esgota.
E queimo em flamejante destempero,
Sorvendo teu licor, eu me tempero...
X
1512
Eu sinto teu roçar em minha nuca,
Teus dentes afiados me roçando.
De leve tal carinho não machuca
Aos poucos, devagar, extasiando...
E sinto-te excitada junto a mim,
Numa sensível, mansa insensatez.
E tudo vai crescendo, tudo assim,
Aos poucos te revelas na nudez...
E sinto toda a vida transtornar,
Girando na mordida delicada,
Girando nunca para de rodar,
Rodando no carinho da dentada...
Minha alma tresloucada já transpira
No teu desejo intenso de vampira...
1513
Será que essa menina se esqueceu
De tudo que tivemos no passado,
Sabendo que o que resta não sou eu,
Acordo todo dia desolado...
Mas sonho com amor que já tivemos,
Nas noites que sem medo, nos amamos,
Nas horas mais vadias, nos perdemos...
Sem rumo, te pergunto, pr’onde vamos?
Não vejo mais teus olhos, adivinho...
Não sinto tua boca, não me esqueço.
Te quero, não vou mais seguir sozinho,
Amor se não quiser, mudo endereço...
Não posso mais viver só te esperando,
A fila, companheira, vai andando...
X
1514
Por tanto amor que tive em minha vida
Vivendo uma emoção desconhecida.
Recebo teu carinho enfim querida
Com sensação de paz, já esquecida...
E trago, nos meus versos, emoção
De quem viveu, por certo uma ilusão
Que sempre coroou meu coração
Na busca desta incrível sensação...
Eu quero teu amor, de puro encanto,
Trazendo, para a vida, um novo canto.
Vivendo sem ter medo, sem espanto.
Cobrindo essa saudade, belo manto...
Eu quero essa alegria de sonhar,
Na doce fantasia de te amar!
X
1515
Argênteas doçuras, branca neve,
Nestas trevas noturnas, um oásis...
Aos poucos com carinho leve e breve
Mudando sua face em tantas fases.
Dessas névoas, coberta, fino véu...
Vagando solitária num deserto.
Rainha maviosa do meu céu.
Em seus braços futuro vai incerto...
Eu amo suas rendas, seu cetim.
Em brancas, alvas luzes, me inundando.
O bom de todo amor que existe em mim,
Nas horas mais tardias, transmudando.
Beleza que me encanta, toda nua...
Deitada em minha cama, amada lua...
X
1516
Em nossa noite, a lua se apaixona
E trama no luar, seu forte brilho.
Trazendo nosso amor, enfim, à tona,
Nos rastros deste lume, maravilho.
Me esperanço de ter um novo dia,
Escapando por fim, deste marasmo.
Ao sentir essa doce melodia,
Mirando teu olhar, fico mais pasmo...
Eu quero nos meus versos, veros mares,
Furtivos, meus desejos são insanos.
Colhendo, nestes céus, os teus olhares,
Vencendo toda forma de abandonos...
Reflexos irisados sobre os rios;
Em meio a tantas luzes, olhos, fios...
X
1517
Danças, saltos, mergulhos sem parar,
Nossos sonhos envoltos em prazer.
Prazer que nos invade sem parar,
Dançando sem vontade de descer...
Mergulhos, tantos saltos sobre a chama,
Vida que se incendeia e nos fustiga,
Aplaca nossos sonhos, não reclama,
Na cama que rolamos, trama amiga...
Nossa alma é uma nave sem destino,
Vagando pelo espaço sem paragem.
Se temos ou não somos, nem atino,
Apenas te convido pr’a viagem...
Que tramo nestes saltos e nas danças,
Rumando para amor, Roma, esperança...
X
1518
Qual anjo que fustiga tantos sóis,
Imenso e delicado, nosso amor.
Da forma que tu queres já destróis,
A um só tempo frágil; salvador.
Desprende tantos nós que já nos atam,
Em várias magnitudes, minha estrela.
Não sabe dos temores que se abatam
Desfilas teus pendores, és tão bela.
Eu te quero do jeito que tu fores,
Em plena tempestade e no repouso.
Perfumas e me espinhas, como flores,
Tu és a decolagem e meu pouso.
Amada como é bom te ter aqui,
Ao mesmo tempo, penso: te perdi!
X
1519
Minha vida transcorre como um rio
Que caminha em silêncio para o mar.
Perdendo da meada, rota e fio,
Esqueço tantas vezes de sonhar...
Tolices, nada mais... Mediocridade...
Falar dos meus amores, sentimentos...
Caprichos sem sentido, iniqüidade,
Palavras carregadas pelos ventos...
Falar do que passei nesta procura,
Sem ao menos dizer quanto te espero...
Amar não é bradar nem ter bravura.
Também é perceber um bom tempero.
Eu peço, por favor, meus olhos; laves.
Já que do coração, achaste as chaves...
X
1520
Deitado no colchão, macias plumas
Espumas e sensíveis sedas, rendas...
Meus versos em delírios tudo esfumas
Nos risos e nos gozos, oferendas...
De tantos espetáculos vestígios
Deixados nesta cama sem cuidado...
Amores que se foram já prodígios
Aos poucos vai ficando mais calado.
Mas sinto teu amor, sempre singelo
Em torno dos meus sonhos, seus contornos.
Refletem nosso caso, vivo e belo,
Mas órfão, precisando mais adornos...
E sinto que também pensas assim,
Queremos novas danças, mais festim...
X
1521
Minha amiga, por mais que não pareça,
Saiba querida: adoro o teu cantar.
Vida traz tantas dores... Mas esqueça;
O caminho do rio é sempre o mar.
Assim como, em meus versos, eu te peço
O carinho que sei que podes dar,
Tantas vezes, pedindo, te aborreço,
Mas sei que em ti, eu posso confiar...
Nas escadas diversas, mil degraus,
Nas horas mais difíceis, teu abraço.
É luz que me ilumina em pleno caos,
É força que me impele, sem cansaço...
Teu canto é meu sustento de alegria.
Nele, toda esperança em harmonia...
X
1522
Não quero essa saudade, nem tristeza;
Não quero que tu vás. Ó meu amor.
Em minha alma um amor em correnteza
Espelha, como um lago; bela flor...
Tu levas as sementes no teu peito
De esperanças; poder, enfim, amar.
Qual rio que extravasa do seu leito,
Meu peito não se cansa de vazar
Em versos, em desejos e delírios;
Na lua de beleza estonteante,
Pureza destes alvos, belos lírios
Ternura que se encontra num instante..
Não deixe que esta flor se morra, triste...
Paixão que sempre rega, em mim, existe...
X
1523
Eu não tenho medo: sei que noite vem...
Amar não tem segredo, sinto que virás.
Tramar um novo enredo, te quero, meu bem...
Nunca é tarde ou cedo, te quero demais...
Amor que quero tanto. Saiba que te adoro,
Não temo mais pranto, vivendo esse amor.
Em teu manso encanto, cores que decoro,
Versos que te canto, perfumes de flor...
Ondas de ternura recebo em teu braço.
Tanto amor me cura da dor que trazia
Sentindo a brandura, nosso firme laço;
Lume em noite escura, vem no novo dia...
Tanto amor eu sinto que jamais acabe
Nas cores que pinto, tanto amor se sabe!
X
1524
Se tanto amor dedico a quem me quer,
Distingo no horizonte, a branca lua
Vestida neste brilho de mulher
Que sempre resplandece, bela e nua...
Vencido pelo gozo das manhãs
Que, em manhas, sempre assanhas e me dás;
Do gosto e do frescor dos hortelãs,
Cascatas tão orgásticas, me traz...
Eu quero ser completo e convergente
Nos cantos mais recônditos, na busca...
Sabendo que este amor tão envolvente
Não deixa que esta noite seja brusca.
Te quero lambuzar; ternura e mel,
E navegar teu corpo, prazer, céu...
X
1525
Eu sempre hei de adorar doce melado
Que é feito da garapa que adocica...
Deste aguardente todo me embriago
E bebo nosso amor, profuso em bica...
Suores nos salgando, no calor
Desta batalha imensa que não finda.
Vivendo a plenitude deste amor
Na tarde apaixonante de tão linda...
Lambuzo deste mel, meu paraíso;
Da abelha desejada, seu zangão,
Tu pensas que prazer; economizo?
Tu sabes meu amor; resposta: não!
Na louca fantasia que vicia
Te bebo e me embriago de alegria!
X
1526
Não deixe que este sonho, devagar;
Se escorra cruelmente pelos dedos...
É sempre tão difícil se encontrar
Amor que não se poupa nem dos medos...
Não deixe que este caso traga ocaso
A todas esperanças que nós temos.
Se; louco, nos teus braços eu me abraso,
Eu quero, sem temor, que nos amemos...
Se tenho tal vontade de te ter,
Se tenho essa esperança renovada;
Te peço, meu amor, vamos viver,
Seguirmos toda a noite, a mesma estrada
Em rumo à claridade, fogo e chama,
Que sempre encontraremos nessa cama...
X
1527
Eu quero me encontrar perdido em ti
Eu quero me perder em teus carinhos.
Na doce sensação que em ti senti
De bocas, línguas, dentes, sanhas, ninhos...
Eu quero me encontrar dentro de ti
Pensando em ti, vivendo inteiro em ti.
No mergulho mais louco que vivi,
Do raio da manhã que te pedi.
Na orquestra divina, tresloucada,
Sentindo o coração bater sem nexo.
Sentindo esse poder da alucinada
Divisão de prazer sem ser complexo...
Fantasia liberta sem conceitos
Vivendo em nosso amor, sem preconceitos...
X
1528
Amor que nos ligou, solar destino.
Vestindo esta beleza, ser feliz.
Atino que, se um dia, fui menino,
Menino que sonhava cores gris.
Ao ver este solar resplandecente
Qual fora um helianto te buscou.
E vive neste amor mais envolvente
O rastro destes raios que sonhou...
E vaga mal começa uma alvorada,
E sonha com carícias e ternura.
Sabendo que virá a madrugada,
Eterna sensação que seja pura.
Que tenha a eternidade do momento
Mas saiba dar a voz ao sentimento!
X
1529
Onde estava o amor? Por quanto tempo...
Procurava nas noites mais sombrias,
Passando por gigantes contratempos
Sabendo destas noites, vagas, frias...
Estendo-te meus braços, não percebo
Teus olhos escondidos nestes breus...
Nos flocos de esperança não concebo
Saudades doloridas, tanto adeus...
Banhado nesta argêntea, clara lua,
Amor se transformou em pesadelo.
Mas sinto que tu vens, bela e nua.
Amor, como é difícil percebê-lo!
E deito no teu colo, minha amada,
Sabendo que virás na madrugada...
X
1530
Não quero a sensação de ser teu dono
Nem posso definhar de tanto amor.
Não vivo essa emoção, esse abandono,
Transbordo em tentação, louco fervor...
Em cada novo dia, renascer,
Em cada novo canto, me encantar.
Vivendo em plenitude de prazer,
Sorvendo cada gota deste amar...
Sentindo teu perfume, tantas flores,
Desejos maviosos, sensuais,
Sem ter sequer as travas dos pudores
Em noites de prazer, sensacionais...
Nos teus beijos, loucuras de ilusão,
Rebentam na explosão d’uma paixão...
X
1531
Bendito seja o sonho que tivemos
Em meio a tantas luas e promessas
De tanto amor que, loucos, já fizemos,
Desejos vêm aos montes, em remessas...
Benditos os teus olhos radiosos,
Solares e repletos de desejos.
Teus lábios carmesins, deliciosos,
Carnudos tão propícios aos meus beijos...
Roçando tua pele em minha pele
Rolando teu prazer com meu prazer,
Aos versos mais sublimes já compele
Vontade tão teimosa de te ter.
E quero-te entranhada sem ter nexo
De cheiros emanados, amor, sexo...
X
1532
Folheando teu livro da existência
Encontro tantas páginas em branco.
Bem sei que não é simples coincidência
Tais páginas; do meu, também arranco...
São folhas de saudade e de tristeza,
Jogadas desde há muito na lixeira.
Amor que nos redime, fortaleza,
Paixão que nos devora, verdadeira...
Eu quero cada toque dos teus lábios
Eu quero a profusão de uma loucura,
Carinhos mais audazes e tão sábios,
Ternura recheada de torturas...
Tua boca beijar, tão flamejante,
Vivendo nosso amor, irradiante...
X
1533
Liberta em mansidão, uma amizade
Composta de desejos mais felizes.
Sabendo que viver em liberdade
Precisa ter eternos aprendizes...
No dom de ser amigo; uma esperança,
Forrada por carinho e por respeito.
Nos elos tão cerrados da aliança,
Os versos que te faço, satisfeito...
Amigo pressupõe uma coragem
De sempre ser fiel e verdadeiro,
Seguirmos, braços dados, a viagem
Que me colocará desnudo, inteiro...
Nas curvas desgraçadas do caminho,
Eu sou teu vero amigo, com carinho...
X
1534
Da primavera em flores, o meu peito
Vivendo vicejante, transtornado.
Lutando pelo amor, que é seu direito,
Querendo ser de amor também amado...
Estendo os braços meus e te procuro,
Em meio a tais jardins do bem querer.
De luas estrelares, brilho puro,
Que faz o nosso céu resplandecer.
Eu sigo te pedindo essa ventura
De ter o teu carinho, minha amada.
Amor tão forte, intenso, se perdura,
Após o doce beijo da alvorada...
Da primavera, quero a primazia,
De te inundar de flores, de alegria...
X
1535
Brincando no quintal de nossa infância,
Sabendo dos canteiros e jardins.
A vida foi moldada em discrepância,
Vingando em tantos sóis, astros afins...
Mas temos nossos lumes, fantasias.
Mas tenho teus perfumes, mansa rosa.
Mas temo tantas vezes, alegrias,
Ao termos melodia glamourosa...
Na tarde eclipsaremos nosso amor
De raios misturados e potentes,
Vivendo sem temer espinho e flor,
Sabemos que nos temos envolventes...
Aos céus nós subiremos no prazer,
Dos braços enlaçados do querer!
X
1536
Quando falo contigo, minha amada,
Parece que este lume me consome.
Viver é quase sempre uma cilada,
Amor por tantas vezes, simples nome...
Eu ouso muitas vezes murmurar
Falando desta febre que me queima.
Te busco neste raio de luar
Tentando te encontrar, coração teima...
E sinto no meu peito delirante
A febre de te amar que me alucina.
Eu quero um grande amor belo e constante.
Que trague teu sorriso de menina....
Não trague meu amor tanto martírio.
Só quero em nossa vida esse delírio!
X
1537
Formosos olhos buscam outros olhos
Que em sonhos se permitem espelhar,
Impedem que tragamos nos antolhos
Limites que me impeçam de te olhar...
Te vendo, nunca esqueço de dizer
Que o brilho destes olhos me domina.
Olhando o teu caminho posso ver
A luz que me irradia e me ilumina...
Nas cores que este céu já me irradia,
O véu das cachoeiras se rebrilha,
Descendo em cristalina sintonia,
Aos olhos representam maravilha...
Assim como teus olhos, meu amor,
Beleza irradiante, refletor...
X
1538
Buscando nos cristais a claridade
Que possa traduzir meu claro amor.
Não soube deste dom nem qualidade
Capaz de superar tanto esplendor.
Cristais se derreteram num segundo,
Sem luminosidades definidas.
Amor, em tanto brilho, mais profundo,
Supera as tristes pedras, derretidas...
Em outras pedras, tantas; procurei,
Mas nada de encontrar uma rival
Ao fogo deste amor, que é lema e lei,
Nem mesmo na dureza do cristal...
Apenas uma pedra é tão brilhante,
Quanto amor que te tenho, o diamante!
X
1539
Por quantas vezes sigo meus instintos,
Acertos, erros, faço em profusão.
Os sentimentos tortos ‘stão extintos,
Às vezes não encontro solução...
Quero sentir teu cheiro em meu olfato,
Quero sentir teu gosto, paladar,
Quero sentir teu toque, todo o tato
Quero sentir prazer só por te amar...
Quero te ver passando ensolarada,
Quero te ouvir cantar teu doce canto.
Quero te ter comigo, minha amada,
Sabendo que em teus dias, meu encanto...
Por quantas vezes sigo meus sentidos,
Buscando em nosso amor, tempos perdidos...
X
1540
Num sonho mais sagrado, em manso amor,
Amada tão distante nunca vinha.
Vencendo esta distância sem temor,
Trazendo uma esperança toda minha.
Do mimo que este amor já me inundou,
Estimo nossas noites maviosas,
E todo meu jardim se perfumou
Das várias, diferentes, tantas rosas...
Amor se não der jeito não se forma,
Amor sem ter direitos não vigora.
De tudo quanto amor, amor informa,
Te quero meu amor, mas venha agora...
Nos planos mais diversos que possuo,
Amor que nos faz uno, sendo duo...
X
1541
Amor, bem sabes tudo o que receio,
Mas tantas emoções, amor apura.
Deitado em languidez sobre teu seio,
Encontro, para o amor, uma armadura...
Proteges, com carinho e com ventura,
Das lutas que mais temo e mais anseio.
Amor é desvendar numa aventura
Mistérios que me enlevam, em que creio...
Ao poderoso dono do destino,
Que sabe conquistar e me domina.
Futuro tão incerto descortino
Nos braços de quem amo e me alucina...
Não vejo desafios mais constantes
Que aqueles que nos tornam em amantes...
X
1542
Jazendo neste canto, sem juízo,
Amor que me entranhara, enfim, suspira.
Acende tanta luz do paraíso
E queima eternidade numa pira...
Dos reinos encantados que viera,
Amor se enamorou de quem pensava
Que amor fosse distinto por ser fera,
Porém amor a todos dominava.
Eu, vítima das garras do carrasco,
Sem medo, rebelei-me, num segundo.
Invade meu navio, rompe o casco,
Em meio a seus desígnos, eu me afundo...
E submergido morro prazeroso,
Entregue a tais delícias deste gozo...
X
1543
Arvoras a ser deus querido amigo,
Não sabes da potência deste canto.
Não vives puramente por perigo
Não tramas da esperança seu encanto...
Não sabes entender esta explosão
De cores e de formas mais sutis,
Que chamam simplesmente de paixão,
Que mata e que me faz triste e feliz...
Emprestas tal desejo ao nada sabes
Não cabes nem no gosto e nem no gozo.
Amigo, eu já te peço, não acabes,
Nas ruas como fosse um andrajoso...
Amor, se tu resistes; nada sobra,
Da forma que te dá, também te cobra...
X
1544
Em desencanto pleno e sem mortalhas
Vestido de ilusão por ti, querida.
As horas se jorrando; qual navalhas,
Formavam a grinalda dolorida...
Os céus resplandecendo parcas tramas
Em tantas tramas loucas me dizia
Das farpas e dar marcas das escamas
De serpentes marinhas que trazia...
Sem nexo ou talvez sem ser possível,
Amor me derrocava sem ter penas.
Sobrara tão somente a dor incrível,
Entranha em minha pele, morro, apenas...
Mas eis que superar calamidade
Somente necessita da amizade!
X
1545
Quem pensa que o amor é tirania
Se perde sem amor por toda a vida.
Amor não se traduz em vilania,
Em luz se reproduz e dá guarida...
Eu sinto nosso acaso como um caso
Que foi abençoado por um deus.
Não temo nem tremores nem ocaso,
Meus olhos não permitem teu adeus...
Por mais que sempre fomos inconstantes,
Diante deste amor somos concretos.
Sabemos que invejaram; delirantes,
Por isso estamos sendo mais discretos.
Mas veja que assim mesmo vamos fundo,
No grito deste amor, maior do mundo!
X
1546
Amor que se sustenta das entranhas
Daquele a quem devora, sem perdão.
Por mais que minhas dores são tamanhas
Juízo, nunca toma um coração!
Ditoso de quem ama, não discuto,
Embora tanto amor me cause dor,
Nos versos que te faço, tanto luto
Por certo meu caminho é sem temor..
Assim que me encantava, amor chegou,
E veio com macias esperanças.
De tanto que este amor me maltratou,
Vivendo tão profundo nas lembranças...
Agora que te tenho, minha amada,
Lutar contra esse amor, não deu em nada...
X
1547
Amor que me impediu temer a morte
De sorte que não posso mais temer
Nem urzes e nem cruzes, forma forte
O canto que te possa remeter...
E mostro neste canto tal potência
Que mesmo nas desgraças me contém.
Amor vai me ensinando a ter clemência
Com quem passa essa vida sem ninguém.
Coroa um sentimento sem saudade,
Sem dores e sem males, sem tormentas,
Amor que me ensinou a liberdade
Nas asas em que voa, me fomentas...
Minha alma na tua alma, amor nos una,
Formando um forte laço, uma fortuna...
X
1548
Campos mineiros, belos arvoredos,
Luas mineiras, cheiro de café...
Nos sóis mineiros, tantos os enredos.
Nos domingos mineiros, tanta fé...
Silvestres morros, límpida esperança.
Da dança que se entranha neste povo.
Da liberdade, um sonho que se avança,
De ver, desta janela, amor mais novo...
Nos braços encantados da morena,
Que o sol enamorado já bronzeia.
A noite enluarada sempre acena
Com doce tentação de lua cheia.
Tão bela que parece ser um queijo
Desnuda se entregando ao solar beijo...
X
1549
Amor, meu contraponto da existência
Meu verso predileto e mais loquaz.
Amar não é somente coincidência
É mais do que provar-se ser capaz...
A força que se emana deste fogo
Não deixa mais um resto sem abalo.
Amar não é somente um louco jogo
É sonho que me invade, onde me calo...
Amor sem ter juízo já me perde,
Insano me desfaço sem razão;
Aos poucos sanidade vai e cede
Espaço pros delírios da paixão...
É tanto que não posso mais falar
Somente se conhece amando amar...
X
1550
Amor; mesmo esperanças já perdidas
Prometem novos cantos se quiseres.
As horas que vivemos destruídas
Renovam-se nos sonhos que puderes.
Eu sinto que não vale mais a pena
Sentir essa tristeza que se apressa.
Mudemos de sentido a velha cena
Teremos novo amor, assim depressa.
Disperso o sentimento como pólen
Esparso pelo vento, sem destino.
Talvez se algumas flores o recolhem
O dia nascerá tão cristalino...
Não temo a primavera nem outono,
Não quero combinar com abandono!
X
1551
Tanta tristeza guardas no teu peito
Imerso em velhas cruzes do passado..
São cruzes que se acham no direito
Trazerem duro mal, já redobrado...
Na certa uma miragem te enganou
Te dando a sensação de liberdade.
Vestígio deste sonho terminou
Volvendo com tristezas e saudade...
Não fora bom saber das cicatrizes
Que talham em profundas tatuagens.
Mil vezes encontrarmos aprendizes
Que mestres nos encantos, nas viagens.
Mas saiba, companheira de caminho.
Teu mundo, nunca mais vai ser sozinho...
X
1552
Subindo pelas serras, cordilheiras,
No sonho libertário de Simon,
Eu quero fantasias verdadeiras
Ouvindo destas serras, eco e som...
Eu quero a liberdade do condor
Voando pelos céus americanos,
Achando nas montanhas este amor
Liberte-me dos frios, abandonos...
Por terras que percorras, por montanhas,
Por mais distantes mundos que desandes
Não sabes destas dores mais tamanhas,
Encontro meu amor em magos Andes,
Na força e serventia destas lhamas,
Amor que tanto queima quanto chamas...

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