quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOLUME 4

HISTÓRIAS DE UM
REPENTISTA
VOLUME 4
801
Tanto te quero amor, ensandecido,
Te busco nesta brusca ventania.
Vencendo quem deveras foi vencido
Amor vem invadindo a poesia...
Ninguém pode falar assim do amor,
Sem penas a cumprir se for escasso.
Vou vivendo buscando o esplendor
Que possa me impedir de tal fracasso.
Amor, voando livre borboleta,
Se acoita no meu peito sem descanso.
Vibrando nos espaços, meu cometa,
Envolto em tanto amor, quem dera, manso.
Nas asas deste pássaro sem nexo,
Paixão plural de amor, é medo e sexo...
X
802
Espero uma manhã que nunca vem
Nas asas deste sonho que não quero.
Depois de tantos anos, vem alguém,
Tramando o mesmo rumo, que eu espero.
Sonatas, cançonetas, serenatas...
A noite tem promessas de esperança
No ritmo desses rios e cascatas
A noite tão silente já se avança...
Amiga, não te falo mais que sinto
Saudades do que fui e não mais sou.
Amor que eu já senti, se vai, extinto,
Não deixa nem mais marcas que trilhou...
Só resta uma certeza: cedo ou tarde
O que me salvará; tua amizade!
X
803
Eu me esquecera sempre do detalhe
De tuas mãos regando meus desejos...
O tempo se passando sem entalhe
A natureza ardida dos teus beijos.
Azedos os sorriso que me davas.
Em mel retribuía sem sarcasmos,
Nos olhos eu fingia tantas travas
Levando nossa vida nos marasmos...
Agora que já perco o fino traço
E deixo que as abelhas vertam mel,
Esqueço finalmente teu abraço
E parto sem ter asas para o céu.
Eu sei que solidão irá chegar,
Ao menos estou livre para amar!
X
804
O silêncio queimando me transforma
Nada pior que o eco do vazio...
Amor quando mutável, cada forma,
Que nasce dele mesmo; amor, recrio...
As luzes coloridas se misturam
E tramam novas cores e matizes.
Amores quando amores se procuram
Nos tornam mais felizes/infelizes...
Desse sal que entranhaste tolamente
As lágrimas são feitas e refeitas.
Amar é ser cativo livremente
Alargar essas ruas tão estreitas,
E também estreitar-se na saudade,
É conhecer em dor, felicidade...
X
805
Ao golpe desferido pelo tempo
Nas desditas eternas, nas arenas,
Por vezes encontrando um contratempo
Nas lágrimas que fingem tolas penas.
Descubro que o amor é sempre assim,
Começa com desejos e carinhos,
“Carinhos e carinhos sem ter fim”
Depois de certo tempo: Enfim, Sozinhos!
Renascem os amores, depois morrem.
Renascem os amores, noutro tom...
Amores renascidos não socorrem,
Renascer o mesmo amor? Raro dom...
Só sei que dessas lutas que travamos,
Só resta o tanto quanto nos amamos!
X
806
Conhecer as mulheres? Quem me dera...
São esfinges complexas, puro enigma,
Desta tão mansa flor uma pantera,
A mulher nunca tem um só estigma...
É por vezes macia e tão dolente,
Envolvente se quer, depois repele...
Tão confusa te fala claramente,
Nos carinhos suaves, pura pele...
Se tem a sutileza quer conquista,
Amor tão sereno e tão simplório...
Acredite se queres dar na vista,
Mas que jamais invada o território...
A mulher sempre sabe o que mais quer...
Inda mais na presença da mulher!
X
807
Tanto eu te amo e por isso não te quero
Mas se não quero te amo mesmo assim.
Se em metade que sou me desespero,
Noutra metade estou até no fim...
Sou calor que te esfria em pleno inverno
Sou o frio que aquece teu verão.
Um arcanjo te levo para o inferno,
Um demônio que ensina uma oração...
Nos meus nãos há promessas desses sins,
Se te afirmo preparo a negação.
Se estou perto, direto dos confins,
Se sou chuva resseco o teu sertão.
Tantas vezes amor traduz o fim
Outras vezes dum ódio amor enfim...
X
808
Que bom o renascer depois de tudo...
As cinzas do que fomos; vento leva...
Por vezes, me sentindo só e mudo,
Buscando a minha luz em meio à treva...
Mas, depois de certo tempo, tão sozinho,
Aprendi me virar sem teus grilhões.
Aberta essa gaiola, passarinho,
Aprende a conviver com tais paixões...
Já sei não voltarás; mas nem preciso.
Os teus passos são teus, os meus? Invento!
Encontrarei talvez meu paraíso,
Pelo menos, decerto, sempre tento...
Amor, pra ser sincero: renasci,
Da morte que encontrava, AMOR, em ti!
X
809
AMOR... Quantos momentos compartilhas
Com tantas alegrias e tristezas...
Prova de que não somos simples ilhas
Envoltas pelos mares e belezas...
Amor que valoriza cada momento,
Em cada pensamento fortalece.
Amor que se permite até tormento,
Amor que vive em guerra em plena prece...
Pois tudo que fazemos em teu nome,
Amor; posso saber que vale a pena.
A chama da alegria que consome
A chama da tristeza nos apena...
Mas, amor que é turbilhão e tão sereno,
Nada feito em AMOR, será pequeno...
X
810
Amor... Nunca envelheça o coração,
Esse envelhecimento envilece.
Dos rancores, tristezas, solidão,
Aos poucos, corroendo, a morte tece.
Não deixe de sonhar com novo dia,
Repleto de esperança e brincadeira.
Uma alegria mata essa agonia,
Cantar e ser feliz, falar besteira...
Dançar, voar, sonhar... É permitido!
Mesmo sozinha, dance. Pensamento...
Jogue fora essa dor. Lote vencido
Não cura e só complica. Traz tormento...
Ame! No amor há sempre essa esperança
De fazer renascer a alma-criança!
X
811
Amor.
Querida, não permita que a tristeza,
Quimera que não deixa a gente ver
Os raios deste sol que, na clareza,
A cada novo dia... Amanhecer!
Amor.
Nunca se esqueça, amada, quanto quero
Teus olhos, teu carinho... Tua paz...
Muitas vezes, nos sonhos, eu te espero,
Mesmo sabendo; não voltas mais...
Amor.
Nossa vida, meus sonhos, esperanças...
Renascem ao ouvir a tua voz.
Revivem tantas luzes... Lembranças.
Saudade me apazigua; tão feroz...
Amor.
Eu sempre te amarei. É claridade...
Somente por amor nasce a verdade!
X
812
Nosso amor alimenta nossa vida...
É pão, é luz, é brilho... Uma esperança
Que nasce a cada dia e revalida
Vontade de viver. Nos faz criança...
Amor que tantas vezes nos transtorna
E nisso, nos transporta livremente,
Depois, mais bonitos nos transforma,
De tantas flores belas, é semente...
Amor que não permita Deus que morra,
Senão nós morreremos pouco a pouco...
Na dor e na tristeza, nos socorra,
Pois sei que em sua ausência, fico louco...
Não quero nem preciso de riqueza...
Por Deus abençoado, com certeza!
X
813
Amiga, nunca tema este deserto,
A vida sempre mostra uma saída...
Às vezes ela está sempre por perto,
Tantas vezes, não vês, tão distraída...
O medo que se assoma com tristeza,
Traz lágrimas que tantas vezes cegam.
Não deixe de buscar uma beleza
Nos mares que teus olhos já navegam...
Por tantas madrugadas somos sós,
Depois ao renascer o velho sol;
Seus raios sobre a dor que é tão atroz,
Nos traz a claridade de um farol...
Em meio a tempestades, um abrigo...
Em plena solidão, meu colo amigo...
X
814
Amigo, em nossas lutas pela vida,
Tantas vezes pensei que estava só.
Acumulando dor e despedida,
Esperança morrendo, feito pó...
Demorei certo tempo sem saber,
Que jamais encontrara solidão...
Nesta espera terrível por viver
Tanto amor; ou quem sabe, uma paixão;
Eu confundia tudo, meu amigo...
Solidão com tristeza e com saudade,
Saudade desse sonho que persigo,
Que um dia possa ter, em liberdade...
Porém, quem tem amigo; tem irmão!
Por certo, nunca teve solidão!
X
815
Não quero te perder querida amiga...
Desculpe pelos erros que cometo,
Sinceramente espero que consiga;
Meus erros eu corrijo, te prometo...
Tantas vezes maltrato quem eu amo;
Isso é tão contumaz em minha vida
Que disso, esteja certa; eu reclamo.
Não deixe que haja em nós, a despedida...
A gente valoriza quando perde,
Assim as coisas são; infelizmente...
Se obedecermos tudo que nos pede
O coração: sozinhos, de repente...
De tanto que sofri, minha alma voa...
Por isso, minha amada, me perdoa.
X
816
Quem me dera ter olhos para ver
Esse sol que jamais eu tinha visto,
Depois de tanto tempo sem saber
Nem perceber sequer que eu inda existo...
Andando pela vida, sem futuro;
Tramando tantos sonhos, sem por que...
O chão em que pisava; sempre duro,
Buscava o meu amor. Ah! Mas, cadê?
Agora que te encontro, minha amada,
Agora que estás aqui por perto.
Agora que esta vida iluminada,
E surges como oásis no deserto.
Eu passo a descobrir, de novo, a vida...
Por meio destes olhos teus, querida...
X
817
Amor? Por que vieste assim, tão forte?
No outono com vigor de primavera...
Amor que não pergunta, traz a sorte.
Amor que sempre esteve, desde outra era...
Amor que não mais resisto, nem respiro...
Amor com plenitude mais vital.
Amor quando em teus braços eu me atiro,
Amor que é tanto da alma quão carnal...
Amor que é tempestade e traz ciúmes...
Amor que é claridade em plena treva,
Amor que sempre encharca de perfumes,
Amor que em pleno estio; triste, neva...
Ao ver assim aflito, respondeu:
-Simplesmente por que somos tu e eu!
X
818
Querida, não me julgues, por favor.
Bem sei que errei demais durante a vida...
Cumprida entre tristeza e muita dor.
Eu peço, não me julgues mais, querida...
Se tanto tropecei na caminhada,
Se tanto me feri em tanto espinho.
Entenda por favor, ó minha amada.
Por isso é que fiquei sempre sozinho...
Quem sabe; uma esperança se renova,
Enfim eu poderei ser mais feliz...
A dor que trago na alma já te prova
Que és tudo, nessa vida, o que mais quis...
Por isso, companheira, deixa estar...
Quem julga, quase nunca sabe amar!
X
819
Não duvides do amor que eu já te trago,
Ele é feito de dores do passado,
Nasceu num coração que é puro estrago,
Durante muito tempo, abandonado...
Não duvides sequer do meu desejo.
Pois ele renasceu das duras trevas.
Sonhando com carinho e com teu beijo,
Seguro tuas mãos; e tu me levas...
Não duvides assim de quem sofreu...
Duvidar é se achar em pleno mar,
Ao sabor das correntes se perdeu
E depois, talvez nunca, retornar...
Minha amada não quero te perder.
Necessito de ti para viver!
X
820
Nós devemos lutar por nossa vida!
Vida! Não é somente uma existência...
Não desperdice a vida assim, querida...
Viver não é cumprir só penitência...
E saiba da importância que tu tens,
Nas horas mais difíceis, abra o peito...
Não faça dos amores teus reféns,
Amar e ser feliz; NOSSO DIREITO!
Nunca desistas duma boa luta,
Lutar é viver, lute sem ter medo.
Não há ninguém melhor no mundo. Escuta
A voz do coração, ouça um segredo:
Viver é ter prazer, dor... Repartir...
O resto não é vida. É existir...
X
821
Interessante quando nós pensamos
Na vida em suas dores e alegrias...
Tantas vezes sabores encontramos
Nas coisas que vivemos, nossos dias...
Quem sabe do amargor da solidão
Conhece todo o mel desse prazer.
Quem guarda todo o doce da emoção
Recebe todo o fel quando perder...
A vida se refaz, meu companheiro,
Não temas esse amargo que te toma.
Nem penses em doçura o tempo inteiro.
A vida se resume nessa soma...
Seria tão ruim se a vida fosse,
Só mel ou fel, por isso é agridoce...
X
822
Paço do Lumiar, talvez um sonho,
Cravado no Brasil, nascido em luz;
Com nome tão brilhante e tão risonho,
A claridade na alma reproduz...
No mundo dentre trevas, injustiças,
Medonhas discrepâncias e quimeras.
Crivado de maldades e cobiças,
As ruas, capital, entregue às feras.
Vivendo neste mundo tão terrível
De repente, uma luz chama atenção...
Surgida na palavra, na cidade,
Que em si nos demonstrando a solução
Quem sabe de viver felicidade...
A vida sempre está no limiar.
O sonho neste paço, Lumiar...
X
823
Não deixe tua vida pra depois...
Isso não, ser feliz é ter urgência...
Tristezas, alegrias, ou nos dois,
A vida nos demonstra a competência.
Amiga, teu amado não demora...
A noite não será por certo longa.
Quem sabe, não discute, faz agora.
Que o tempo é tempo certo e não se alonga...
Viver é plenitude do desejo,
Desejo é plenitude do viver.
Futuro luminoso te antevejo,
Não tema; isso é bem fácil perceber.
Abrindo o coração, a porta aberta,
Expulse a tal tristeza, esteja alerta!
X
824
Nunca planeje a vida; ela nos trai...
Os dias não repetem nem as horas...
É certo: se subiu, decerto cai.
Se ris hoje, amanhã; saiba, tu choras..
A fruta que hoje é doce, foi azeda,
Depois que amadurece, fica boa...
O fogo que se queima em labareda
Nas cinzas se devora, depois voa...
O gosto delicado sobre a mesa,
Amor transforma a dor no teu sorriso.
Viver é sobretudo, uma surpresa.
Por isso faça aqui seu paraíso...
Não tema teu futuro, Deus provêm.
Depois, o fim, escuro, e mais ninguém...
X
825
Querida, não espere que o futuro
Apareça do nada, sem ter luta...
Porém não fique aflita; do chão duro
Nasce a bela flor, mas seja astuta...
Retire todas urzes do caminho;
Não deixe que o temor se sobreponha.
A flor quando é bonita traz espinho;
A vida recomeça assim que sonha...
No fundo, tu serás a vencedora;
Os medos sempre acabam no final.
Tu sabes que há um Pai que já te adora,
Te fez e criou todos, afinal...
Querida... Tu terás as recompensas;
Mais cedo que imaginas ou que pensas...
X
826
Diante dos teus olhos, tudo muda,
A dor que sempre vinha, não vem mais...
No brilho que transmitem, tanta ajuda,
No lume dos teu olhos, plena paz!
Os olhos que recendem tantas luzes,
Irradiam caminho mais escuro.
Mostrando onde se encontram duras urzes.
Promessa tão feliz de bom futuro...
A claridade brota e vem direto
Tornando os olhos meus bem mais brilhantes.
Nos olhos da ternura e manso afeto,
Inundações divinas e constantes.
Teus olhos são tão plenos: claridade.
Te peço, nosso amor: felicidade!
X
827
De toda uma tristeza, sofrimento.
Meu riso se espalhando em alegria.
O fim de tanta dor e do tormento
Invadindo o meu mundo todo dia.
Me sinto mais liberto e mais cativo
No amor que sepultou essa tristeza.
Sentindo finalmente que estou vivo.
Entrego o coração, tenho certeza!
A dor que se desmancha em pleno abismo,
Saltando sem sequer olhar pra trás.
Trazendo em nosso amor tal otimismo
Mostrando: ser feliz, eu sou capaz!
Fazendo deste sonho pleno mel,
Nos braços de quem amo, vou ao céu!
X
828
Seguindo tua sombra, eu caço a luz...
Decerto que parece assim bisonho.
A sombra que da luz já se produz
Demonstra como é belo o nosso sonho...
Eu sigo teu caminho, minha amada,
Pois sei como é tão belo, iluminado.
De flores e de luzes, tua estrada,
Garante ao meu futuro um doce fado...
És toda uma certeza de que um dia,
Irei ter plenitude em alvorada;
Caminho que traduz tanta alegria,
Depois de minha fria madrugada...
Eu sigo tua sombra pr’onde for.
Pois sei que nela está MEU GRANDE AMOR!
X
829
O teu perfume, amada, o teu aroma...
Mistura de fragrâncias divinais...
As mãos tão delicadas, bela soma
De deusas e belezas naturais...
Por vezes me enlutando de tristezas,
Procuro o teu perfume dentre as flores...
Em nenhuma encontrei delicadezas
Que possuis, minha amada, em seus olores...
Por favor não me deixes, primavera,
Eu te quero comigo, eternidades...
Tenho medo que a vida, besta fera,
Te carregue de mim, fatalidades...
Mas por isso te quero sempre aqui...
Primavera dos sonhos, que vivi...
X
830
Quando te sinto, lúbrica e sedenta,
Deitada nos meus braços, sedutora...
A vida em esperanças se arrebenta
Em minha alma que é sempre sonhadora...
Nos teus olhos tristezas preservadas
Deste tempo sofrido, sem amor...
Minhas mãos te buscando, t’as estradas,
À procura do mar, pleno calor...
Observando teu rosto em convulsões
Que somente o prazer nos propicia,
Tanto amor vem jorrando aos borbotões
Nesta dor que enlouquece e que vicia...
E de tanta ternura, então me inundo,
Não há maior beleza neste mundo!
X
831
Caminho pelas ruas, noite adentro...
Buscando meu descanso, que não veio.
Do amor que se deseja, desconcentro,
Sozinho; pois negaste amor e seio...
Procuro meu remanso, um só carinho,
Ao fim de uma ilusão, quimera bruta.
Não mais irei dormir assim sozinho.
Preciso companhia, até de puta...
Eu sei que não devia mais pedir,
Pois vives noutros braços, mas te peço...
Não deixe que a saudade viva aqui,
Das dores e tristezas me despeço.
Me dê o teu amor, mais uma vez.
Senão a noite engole-me, talvez...
X
832
O meu peito doendo tua ausência,
Na presença da morte que adivinho...
Te peço, meu amor, tenha clemência,
Não me deixes aqui, morrer sozinho...
Sou criança e preciso do teu seio,
Sou poeta e desejo o teu amor...
A saudade tão próxima já veio,
Agora talvez chegue o desamor...
A presença me cura da saudade,
Desamor se combate com carinhos...
Meu destino: buscar felicidade,
Que só vejo nos nossos mansos ninhos...
E se amor estivesse aqui, querida.
Mais eterna seria tua vida!
X
833
Nos teus rastros segui, eternamente...
Languidez e ternura na nudez.
E deitado sob ti, tão calmamente,
Lembro-me quando a vi, primeira vez...
Estavas tão desnuda e me assustei,
Com as marcas profundas que carregas.
De toda essa beleza, imaginei,
Tal pureza que ao ver-te já te negas...
Mas tão bela, decerto, no teu brilho,
Nosso amor continua. Eu inda te amo,
E cada vez que te vejo, maravilho,
Tantas vezes, em versos, eu te chamo...
Nos meus sonhos estás tão bela e crua
Cada vez te amo mais, amada lua...
X
834
De toda uma alegria, nada resta
Somente a solidão, triste quimera.
A dor que a tanto amor, o fim empresta,
Demonstra como a vida só, é fera...
Amor quando se acaba, solto ao vento,
Dos olhos, tanta dor, lacrimejando...
O sonho de viver, pressentimento,
Aos poucos, como tudo, se acabando...
Quem fora companheira, leva a vida...
E deixa, em seu lugar, este vazio.
Sabendo deste fim, minha querida,
Não deixe que vivamos neste frio...
Por isso, minha amada, fica comigo,
De certo irei dormir, findo o perigo...
X
835
Maior amor; no mundo, te garanto,
Jamais existirá que o nosso amor.
Amor que se traduz em tanto encanto,
Encantos e desejos, olor, flor...
Eu quero t’a nudez na minha cama,
Nas tramas que confundem nossas coxas.
Aos poucos acendendo nossa chama,
Depois as tuas pernas, mansas, frouxas...
Amor que se deseja eternamente
Mas mente nessa eterna gratidão,
Se forma coração, desejo e mente,
Se sente no explodir dessa emoção.
Depois no regozijo do depois,
O gozo no cansaço de nós dois...
X
836
Tu quando me levaste pelas ruas,
Andando quase sempre lado a lado.
Depois nas nossas bodas, bocas cruas,
O tempo de viver, tão separado...
Eu via em tua boca o meu desejo,
Mas nada do que vinha em recompensa.
Apenas negação de cada beijo,
A vida se fazia vaga e tensa...
As horas se passando, sem amor...
Os dias derrotados, todos brancos;
Quem fora meu amor, perde o fulgor,
Sorrisos disfarçados, meio aos trancos...
Depois de certo tempo continuas,
Nesse infinito amor de vocês duas...
837
Amor que tão distante não percebo
Qual fora tenebrante solidão.
Dos ventos que, sozinho, inda recebo,
Não vejo nem sequer uma emoção...
Amor que não me sai do pensamento,
Embora se transborde em amargura.
Vagando minha noite em sofrimento,
Eu sinto, nesta aurora, uma ternura..
Quem sabe meu amor, ao se levar
Por ondas inclementes, venha à praia.
A lua refletida neste mar,
Abraça tantas ondas e desmaia.
Talvez quando retorne traga a luz,
Qual lua que no mar se reproduz...
X
838
Passado esse momento, a boca espreita
O beijo que promete, mas não vem...
A carne tão sedenta, insatisfeita,
Procura a companhia d’outro alguém.
Que sei me negará tal primavera
Nas seivas prometias meu deleite...
Depois de tanto tempo nesta espera
Duvido que teu corpo inda me aceite.
Mas tento, sem nenhuma garantia,
E peço teu carinho; estou tão só.
Te sinto revoltosa em rebeldia,
Em vão; te peço então que tenhas dó.
De quem tanto partiu quanto voltou,
E saibas, quanto tempo, sempre amou...
X
839
A nossa tarde juntos, nossa vida...
Outonos que sabemos já se vão...
Amor quando em promessa, despedida,
Compartilhamos mesma solidão.
Amor que nos uniu, sem desespero;
Na tarde que despenca em rapidez.
Eu sinto esse agridoce do tempero
Tal fosse nosso amor que assim se fez.
Amor vitorioso, mais sagrado,
Vencendo tantos medos, preconceitos.
Agora que vivemos lado a lado,
Em plena lucidez, tão satisfeitos.
Sabemos construir felicidade
Nas asas deste amor em liberdade...
X
840
Quero a tenacidade deste amor
Que teima quase sempre em te querer.
Vivendo sem saber do teu sabor
Bastando simplesmente o te saber.
Eu quero esta esperança sem ter fim
De ter dentro dos olhos teu sorriso
Que é muito do que tenho sendo assim
Amor que mesmo longe é paraíso.
Eu quero o gosto doce dessa língua
E sorver cada gota dp teu mel.
Amor que não pretendo ter à míngua
Nas asas deste canto vou ao céu...
Amada, como é bom querer-te bem.
Em ti eu sei prazer de amar alguém...
X
841
Tanto quero querer, quero tanto,
Quanto tanto te quero meu bem.
No querer que te quero sem pranto
Vou viver de querer-me, ninguém...
Amor, quero. Mas quero quem queira
Amor meu. Sem amor, eu sou nada.
Neste nada que sou, vou sem beira.
Sem ter sol, sem manhã tão sonhada.
Mas te espero acordar ao meu lado.
E viver o que fomos, amor.
O meu canto, te espera acordado,
Eu espero te dar meu calor...
Mas te vejo distante do sonho
Deita aqui... Venha cá... Te proponho...
X
842
À noite, caminhando tão segura,
Passando pelas ruas sem temor.
Embora carregando a desventura
De tanto tempo em busca de um amor.
Que jamais retornara; triste bem,
Que se fora nas ondas deste mar.
À noite no silêncio do ninguém,
Em meio à tantas pedras, divagar...
Procura por notícias; mas, nenhuma.
Nem mesmo novas más, só um vazio.
As pedras já conhece, de uma a uma.
De tanto perguntou para este rio;
Que sabe desemboca em pleno mar...
Rio entretanto leva, sem buscar...
X
843
Eu quero tanto amor de ti Maria,
Que nada mais seria tão urgente.
Amor que tanto amou não amaria
Se fosse minha amante, de repente...
Nem que surgisse olhar de piedade
Nos olhos que procuram teu encanto
Nem mesmo assim em toda claridade
A vida me traria um novo canto.
Entretanto Maria não me quer...
As horas se passando, traiçoeiras.
Traduzesm tantas vezes a mulher
Que guarda suas mágoas costumeiras...
Prostrado no teu colo quero os seios,
Que restam tão somente em meus anseios...
X
844
Alguém gritando ao longe, grito forte,
Envolto nas penumbras, tanto frio.
Se meu olhar seguisse esse teu norte,
O mundo não seria tão vazio...
Escuto cada vez mais forte o grito
Da voz que pouco a pouco reconheço.
Se meu amor não fosse tão maldito,
Talvez a salvação tivesse apreço...
A voz que tanto grita, alucinada,
Por um momento chego a confundir...
E foste, meu amor, na madrugada,
Deixando quase nada a repartir...
Agora reconheço essa aflição.
Eco de sua voz, meu coração...
X
845
Meu olhar ansioso te esperando
Não voltas do que foste nem vieste.
O tempo de viver já vai passando
O vento que trouxeste não reveste.
Desisto desta busca sem sentido,
Sentindo que este frio não se esgota.
Amor quando em amor mal resolvido
Das dores ultrapassa sua cota.
Mas venho com meus olhos mendicantes,
Buscando o que não sei nem mais queria.
Quem teve tantos dias delirantes,
Só lembra dos momentos de alegria...
Mas sei que não desejo nada enfim,
Apenas teu fantasma vivo, em mim..
X
846
Amor que mais desejo; intensamente.
Da forma mais perene e transbordante.
Eu quero o teu amor, de corpo e mente,
E ser, além da vida, teu amante...
Eu quero ter teu cheiro que me entranha
E ter o gosto teu sempre na boca.
Viver de tal amor que me acompanha
Vicia minha vida, e me treslouca.
Eu amo teu amor em meu amor,
Pois eles se completam e se fundem,
De tanto entreguei ao teu dispor,
As nossa almas tontas, se confundem..
Eu amo teu amor sem ter medida,
Não sei mais qual é tua ou minha, a vida...
X
847
Minha dor transporta pelo vento,
Contamina também quem sempre amei.
As coisas mais medonhas que sonhei,
Ao vento se transportam, sofrimento.
Na música que cantas, me acalento,
E mostra o que sempre desejei.
Amor que em minha vida, foi a lei
Agora se dispersa, num tormento.
Lírios roxos decoram a minha alma.
E nada do que tive já me acalma,
A não ser o sorriso do meu bem,
Que a noite carregou p’rá nunca mais,
Não posso sossegar amor, jamais,
Espero pela morte, e ela não vem...
X
848
Teus olhos mais formosos, de alegria,
Inundam os meus olhos sonhadores.
Se valem de perfumes, roubam flores
E marcam minha vida em poesia
Olhos que trazendo sempre o dia
Avalizam os sonhos, meus, amores;
Recebo satisfeito tais pendores
E marcho rumo à glória em fantasia...
Amores quais olhares sempre vejo
Nos mares entranhados de desejo
Espero a mansidão, ternura plena.
E sempre que te vejo e não me vês
Escuso, por ser bela, uma altivez,
Pois sei que valerá, decerto, a pena!
X
849
Amigo, nos meus cantos que fizera,
No peito sem saber por onde estavas.
A vida se encontrando em primavera,
Embora; tão silente, me deixavas.
Não vejo mais sequer um só disfarce
Que possa utilizar, pois vou vencido.
É duro ter que dar minha outra face
Aos cortes tantas vezes desferidos.
Ferido por quem mais, um dia, amara.
Sangrantes esperanças consumidas.
Amar pode ser perla muito rara,
Porém uma amizade vale vidas...
Desculpe se te faço essa canção,
As notas nascem fundo: coração!
X
850
Se nada mais serei senão meus versos
Que tentam ser felizes por si próprios
Vivendo em liberdade, em universos,
Que mesmo a quem faz serão impróprios
Não posso mais ter vida independente,
Me escravizaram; sou, deles, cativo.
Quem dera se pudesse vir urgente
A voz que me fizesse mais ativo.
Desejo estar liberto, não consigo,
Ecoam muito mais do que meu ser.
Vivendo a liberdade que persigo,
Morrendo eles irão sobreviver.
Quem sabe, se talvez um belo dia,
Consiga estar liberto da poesia...
X
851
Da beleza suave da manhã
Na tarde que aproxima, meu crepúsculo.
A vida se demonstra nesse afã
Destrói lentamente cada músculo.
Meus pés estão cansados da viagem
Tão longa pela tarde que se vai.
Não tenho mais desculpas nem coragem.
O tempo, tolamente, já me trai.
Quem dera, no deserto dos meus sonhos,
Renascesse ao final, meu horizonte.
Meus dias se fariam mais risonhos,
Talvez usufruísse desta fonte.
Um vento que se quer um furacão
Na tarde tenta inflar meu coração.
Que morto não conhece mais o mar.
Embora essa saudade de te amar...
X
852
Fadas e gnomos, frágeis criaturas
Siderais te acompanham, nem percebes...
As delicadas bênçãos e ternuras
Estão a cada passo que concebes...
Nuvens, borrões celestes, nas alturas,
Observando teus passos nessas sebes,
Lacrimejam-se plenas, ficam puras,
Trazendo as doces águas que recebes...
Sedenta de carinhos, livre lebre,
Saltando por meus sonhos, nas campanhas,
Ardendo teu amor em louca febre,
Os olhos que te querem, pirilampos...
Nas altas cordilheiras, nas montanhas,
Procuro teu amor por belos campos...
X
853
No tempo que começa em nossa vida
De luz e de alegrias, meu amor.
Que seja um novo ponto de partida
A tudo o que queremos com vigor.
Que tenhamos em paz nossa família,
Num dia a dia pleno de esperança.
A luz que em nossos olhos sempre brilha,
Mantenha bem mais forte essa aliança.
Iremos, com carinho, aos novos dias.
Levando nosso amor como um farol,
Permita Deus que nossas fantasias
Floresçam na manhã, na luz do sol.
Ver a felicidade; sou capaz,
Nos olhos de quem amo. Amor em paz!
X
854
Quero amor de cadeiras nas calçadas
Sentado nestes bancos do jardim
Andando pelas ruas de mãos dadas
Relembro o que melhor existe em mim.
Eu quero ir no cinema de noitinha
E te roubar um beijo, meu amor...
A rua que sonhei que fosse minha,
Pedrinhas de brilhante: um esplendor!
Que pena que esse bosque já morreu
Deixado numa curva do caminho.
De tudo só restou apenas eu,
Guardado no meu canto, passarinho.
Ao rever velhos retratos do passado,
Que bom que inda te tenho do meu lado...
X
855
Ao estender meu peito sobre o teu
Na madrugada fria, quase morta,
Senti que meu destino se perdeu
No colo que onde meu sonho, manso, aporta.
E decididamente fui feliz.
Embora melancólico meu mundo,
Pois com certeza, és tudo o que já quis
Com teu olhar tão calmo e tão profundo.
Tens a doçura calma de que sabe
Que apesar deste sonho tão imenso
De ser livre; que quase não me cabe,
Do modo de viver que é mais intenso.
Depois de tanto vôo e tanto pouso,
No teu colo é que encontro meu repouso...
X
856
Febre da juventude sempre dura
Por mais que nos pareça temerário
Esquecemos de tudo no estuário
Que nos leva e que impede toda cura.
Se temos no caminho, noite escura,
No fundo nosso medo é sempre hilário
Sem sofre por amor será otário
Ao mesmo tempo sonha com ternura
Corcel impaciente não percebe
Que somente quem dá amor recebe
E morre na esperança mais sofrida.
De ter o que pensara ser direito,
Amor quando se encontra, satisfeito
É balsamo que vale toda a vida!
X
857
Ao me veres chorando assim querida,
São enchentes que na alma me transbordam.
De tanto amor que eu tive em minha vida,
Às vezes são saudades que me abordam...
Carrego um oceano sem tamanho
De dores e tristezas, cicatrizes...
Por vezes, das lembranças tanto apanho
Que esqueço como nós somos felizes...
Mas saiba que contigo eu aprendi
Que a vida vale a pena ser vivida
De todo que há de bom que está aqui,
Com certeza a lição foi aprendida.
Então vamos, saltar por sobre o muro
Da dor, e seguir; livres ao futuro!
X
858
Não temo mais invernos nem geadas
Apego meu calor, nossa fornalha,
Depois de tantas lida, tão cansadas
As pernas se descansam da batalha.
A vida que me trouxe tanta neve
Agora se promete fruto e flor
Minha alma com tua alma fica leve
Nas asas do divino e claro amor.
Eu quero me encostar nestes teus braços
Deitar minha cabeça de mansinho,
Dormir aconchegado em teus abraços,
Fazer destes seus seios, o meu ninho.
Amor eu te proponho esse verão
Que nunca tenha inverno ou solidão.
X
859
Eu só quero poder gritar teu nome
Pelas ruas, nas praças , no jardim...
Que a força deste amor tudo me tome
Aos poucos me enlouqueço... Sou assim.
Assim como essa fome não sacio
De ser eternamente todo teu.
Viver sem perceber se é quente ou frio,
Se tem a claridade ou pleno breu.
Viver desesperado de alegria
Rasgando o coração, voando tanto.
De ser feliz demais a cada dia,
Usar a fantasia como um manto.
Saltar por sobre as ondas deste mar
Singrando teus espaços, QUERO AMAR!
X
860
Se eu te peço tanto amor
Tanto amor eu posso dar
Nos caminhos onde for
Te darei sempre o luar
Que carrego no meu peito
Sobre as nuvens que choveram
Nosso amor tem o direito
De tantas dores sofreram.
Quero teu beijo molhado
Nos meus lábios ressequidos
Nosso amor que foi formado
Por tantos dias doridos.
Encontrou agora o rumo,
Nos teus passos o meu prumo...
X
861
Eu pus meu amor num barco
De papel que se levou
Na corredeira fez arco
Pouco depois naufragou...
Não me esqueço quanto dói
A saudade, minha amada.
Outro barco se constrói
Depois vem outra enxurrada...
Eu só peço a Deus do céu
Que não deixe mais sofrer
Tanto barco de papel
Tanto amor que vai morrer.
Naufragando o coração;
Qual será a solução?
X
862
Coloquei minha saudade
Num balão e já soltei.
Agora com liberdade,
Sem amarras, eu voei.
Nos céus voando liberto
Encontrei o meu caminho,
Incrível! Estava perto,
Nas asas do passarinho.
Que me levou para a casa
Me deu comida e abrigo,
Acendeu lareira e brasa,
E falou tanto comigo.
Aprendi: não há perigo
Se você tem um amigo!
X
863
Meu amor que talvez nunca voltasse
Se não fosse o amor assim atento
Vivendo tanta vida sem disfarce
Amor nunca me sai do pensamento.
Quero viver amor sem medo e tédio
Na eternidade simples do segundo.
Amor que tanto amor é livre assédio,
Invade conturbando esse meu mundo
Feito de sombras mortas e tão quietas.
Mas, amor, com as garras afiadas,
Traz as revoluções, as mais completas,
E rompe essas barreiras mal armadas
Deixadas pelas dores da incerteza,
E leva o coração na correnteza...
X
864
Vento e solidão
Batendo na porta
Meu amor acorda
Te peço perdão.
Senão, porta aberta,
Vento faz a festa
Amor tampa a fresta
Esteja sempre alerta.
Sinto o gosto triste
Do vento que bate
Amor não maltrate
É tudo o que existe.
Mate a solidão.
Abra o coração!
X
865
Eu quero o amor tranqüilo da manhã,
Com o gosto mais doce que puder.
Na sensação mais pura e sempre vã
Dos olhos de menina da mulher.
Desta mulher amada e tão serena
Deitada no meu colo, olhar distante...
Na boca tão sedenta e sempre amena
Que mostra meu caminho mais constante.
Eu quero amor molenga e dorminhoco
Que mantenha uma chama sempre acesa,
Que venha sutilmente, pouco a pouco,
Mal percebi, descansa em minha mesa
O gosto desta fruta tão madura
Nos lábios lambuzados de ternura..
X
866
De tanto amor que tenho e que carrego
Pesando devagar nas minhas costas.
Como é possível crer no que já nego
Amor que tanto quero quanto gostas.
Vencendo minhas dores e quimeras
Fazendo dos meus versos minha luz.
Tramando a poesia em primaveras
Da mesma forma mansa que seduz.
Eu quero teu carinho em meu carinho.
Despido de segundas intenções.
Sabendo que de noite vou sozinho
Procuro tanto amor, as ilusões...
Meu tempo de te amar não se demora.
Quem ama sabe e nunca vai embora...
X
867
Te quero plenamente nos meus versos
Que embalde tantas vezes te remeto.
Os sonhos que tivemos,tão diversos,
Por vezes tantos erros que cometo.
Andando pelos vastos pantanais
Charnecas e desertos sei de cor.
O canto que nos une sempre traz
As flores que fenecem por rancor.
Nas nossas juventudes esquecidas
Nas curvas e nas raias deste rio...
Amor que salvará as nossas vidas,
Da morte sem saudade, do vazio...
Amor que não permite tantas dores
Se forem nossas luzes, morrem flores...
X
868
Somando meu amor com esperança
Encontro em teu amor o resultado
Dançando sem saber a mesma dança
A vida que procuro é ao teu lado...
Mas quando a noite fria se voltar
E a bruta solidão quiser me ver,
Proclamo essa vontade de te amar
Como a vontade plena de viver.
Não sei se vencerei meus tantos medos
Nem sei se isto dará a plena paz.
Os olhos que choraram sem segredos
No fundo desta noite a morte traz.
Mas quero teu carinho mansamente
Enquanto a vida for pura semente...
X
869
Quem dera se meu sono fosse manso
Em volta da lareira, quento o frio.
O colo de quem amo, meu remanso,
Depois de tanto tempo por um fio...
As cordas do meu velho violão
Depois de tanto tempo sem tocar
Faltando tão somente o mi bordão
A noite me convida a procurar.
Os cantos esquecidos na gaveta
Nas salas deste velho coração
Que sabe muito bem e se completa
Nas noites e luares do sertão.
No colo desta serra e da morena
Que ao longe, tão distante inda me acena...
X
870
Não falo deste sono que não chega
Nem canto inutilmente estes meus versos.
Amor que tanto tive não se nega
Nem mesmo nos tormentos mais diversos.
Amor que sempre tramo e já me aflige
Não venço nem sequer serei vencido.
Os rumos desta vida quem dirige
Amor que se negara dividido.
Agora que pressinto tua ausência
Nas noites mais doridas, sem teus braços.
Aqui, deitando longe dos abraços,
Espero a tua lúcida anuência
Para deitar de novo meu cansaço,
Teu colo, meu caminho e meu regaço...
X
871
Se não fosse a vida esse disfarce
Que tento usar a cada novo dia.
Amor que se tocando face a face
Nem sempre sobrevive em alegria.
Eu quero teu amor, mesmo distante,
Embora; eu acredite, nunca queiras.
Por mais que se demonstre delirante
Precisas de outro bem em tuas beiras.
Sou frágil, sou nefasto, sou fantasma,
Que sonhas e não podes mais tocar.
Andando pelas ondas sou um plasma
Embora, como um plasma possa amar.
Desculpe se nunca fui o que sonhara
Apenas o que resta e nunca ampara...
X
872
Amor Distante
Certezas de que nada tanto fui
Embora abarrotado de esperanças.
Amor que sutilmente, vai e flui,
Descansa nas alturas onde alcanças.
Meus passos são retrógrados, insossos,
Recebes as lufadas do carinho.
Embora não mereça os alvoroços,
Decerto minha sina é ser sozinho...
Não deixo essas pegadas no deserto
Por certo nada sou do que sonhei.
Amor quando distante morre perto
Tão perto que jamais te esquecerei...
Amada me perdoe se não vivo
Se sou um simples sonho, então te privo...
X
873
Nas minas e nos mares que inventei
Nos passos mais cansados pela praia.
Do mundo onde jamais eu viverei
Um olhar se cansando quer que eu saia.
Não sei se sou restante ou sou um nada
Apenas não aposto mais meu sonho.
Nas horas em que quero minha amada
Distante deste mundo que proponho.
Alado qual corcel qual colibri
As asas arriadas pelo chão.
O mundo onde viera não mais vi,
Restou esse fantasma coração.
Que segue mendigando um só carinho
Em busca da certeza vai sozinho...
X
874
Não meço mais os medos nem os pés
Que meto pelas portas da saudade
Se vivo ou se virei só de viés
Depende desse sol, da claridade.
Não minto quando canto meu amor.
Mas sinto que perdi essa meada.
A cama tão sozinha a meu dispor
Demonstra que uma noite não é nada.
Apenas as histórias que contaram
De fadas, de princesas e castelos,
Terminam onde amores aportaram
Deixando em seu lugar os meus rastelos.
Que trazem toda dura realidade.
Fantasmas nunca dão felicidade...
X
875
Passando com meus passos tua porta
Aberta não permite minha entrada.
A noite se aproxima e cai tão morta
Depois da curva; sinto, não há nada...
Nem mesmo o gosto fero da pantera
Que em garras afiadas me sorrira.
De mim quase que nada já se espera,
Nem mesmo um fogo brando, quiçá pira...
Sou neve, não aqueço ou determino,
Sou frio, nunca fui e nem serei.
Do sonho que vivera esse menino
Morrendo na vontade que passei.
Meus olhos; adormeço, sem futuro.
Meu canto se esvaindo, quieto, escuro...
X
876
Amor que enaltecendo, sigo em frente,
Sem temer sequer dores nem espinhos.
Amar demais passou a ser urgente,
Vivendo em nosso amor, tantos carinhos...
Eu tenho esta certeza que não morre,
De ter uma verdade dentro em mim,
Nas horas mais doridas, me socorre.
Transcorre com beleza e tudo enfim...
Aos poucos entendendo mais a sorte
De ter por tal amor tanta esperança.
Que faz com distante queira a morte,
Que vive e sobrevive na lembrança.
Certeza de este amor que sempre estime,
Amor que me invadindo é tão sublime...
877
Se tenho esses meus olhos mais distantes
Dos olhos de quem disse me querer
Os dias sempre são como eram antes
As horas demorando a transcorrer...
Acendo meu cigarro e, na fumaça,
Os sonhos recomeçam, se misturam.
Quem fora esse menino, numa praça,
As dores se embaralham, não se curam...
Mas tenho tanta chuva que não pára,
Nos lágrimas que seco, sem vaidade.
Na queda nenhum braço me antepara
As minhas cicatrizes da saudade.
Mas tenho teu amor, que nunca cobra,
Amor que sempre tive, e sei, de sobra..
X
878
Por noites e mais noites sem ninguém
Arrasto estas correntes pela casa.
O frio da saudade sempre vem,
Aos poucos tudo toca e tudo arrasa...
Não sinto mais vontade de viver.
Os olhos embotados, nada dizem,
Distante desta luz e do prazer,
Os sonhos e o real se contradizem.
Não vejo mais o brilho que queria
Neste olhar que o espelho envelheceu.
A noite vai morrendo, perco o dia,
O que tivera em sorte, já morreu...
Da minha juventude já perdida
Arrasto este cadáver pela vida...
X
879
As horas se passando, vou sem norte.
Procuro minhas sombras, nada vejo...
Quem dera se encontrasse a minha morte
Na boca da pantera, escarro e beijo.
Vencido pelas noites de cansaço,
Só tendo a solidão p’ra repartir.
Em plena madrugada, sem abraço,
Eu não consigo nem sequer dormir...
Tristeza vai tomando tudo aos poucos ,
Não deixa nem espaços de esperança.
Os gritos lancinantes saem roucos.
A morte, mesmo lenta, já me alcança...
Também não quero a sorte de saber
Da solidão que segue o meu viver...
X
880
Catando meus caquinhos pelas ruas,
Jogado neste canto vou a esmo.
As dores me invadindo, podres, cruas.
Quem dera o nosso amor... Não sou o mesmo...
Carrego esta mortalha que me cobre,
Mas dela tenho orgulho, é minha pele.
Não há força no mundo que recobre,
Que cure quem de tanta dor repele.
Não quero mais abraços nem conselhos.
Meu tempo de sonhar está no fim.
Os olhos se castanhos ou vermelhos
As dores são só minhas, sendo assim
Não peço nem apoio nem migalhas,
As mortes que são minhas, sem batalhas...
X
881
Amigo, nunca espere pela sorte.
A sorte, uma ilusão que logo cessa.
Erguei; nessa batalha, o braço forte.
A luta todo dia recomeça...
Não tema se a verdade não se aflora
No fim ela virá e te liberta,
Quem sabe nunca esquece quando é hora,
Por isso, nesta vida, sempre alerta...
Por vezes a mulher que não sonhamos
Aquela que nos tira do buraco.
Enquanto a quem tanto dedicamos,
Aos poucos te tornando bem mais fraco...
Se queres para as dores, solução,
A chave sempre está no coração
X
882
Minha noite é tão vazia
A chuva lá fora é forte
A minha alma é que se esfria
Vai perdida, a minha sorte.
Moça foi a minha sina
Eu gostar tanto d'ocê
Nesta chuva pequenina
Meu amor; vou lhe perder.
Você brinca com saudade
Com saudade não se brinca,
Assim a felicidade,
Num instante já se trinca.
Venha aqui pro meu colinho,
Não deixe esse amor sozinho...
883
X
Moça num faça comigo
O que vancê qué fazê;
Meu amô num é castigo
Pois ele é tudim procê;
Sô sujeto que trabáio
E gosto de trabaiá
Nesses forró eu num cáio.
Pois nem prindi a dançá;
Mas eu quero seu amô
Eu quero tudim prá mim,
Venha cá faiz o favô
Eu pércizo di carim.
Tanta dô qui tem se cura,
Só na tua fermosura...
X
884
No vigor das palavras tento um canto
Que não traga somente uma tristeza
Inerente, que para meu espanto,
Vai em tudo que faço, com certeza.
Minhas mãos vão cansadas como o peito
De saber como é dura uma saudade.
Pois amar também deve ser direito
De quem vive buscando uma verdade.
Tantas vezes brincando solitário
Outras vezes sonhando veramente.
Meu amor, que é deveras solidário,
Vai voando; liberto em minha mente.
Quando menos espero pelo bote
Eis de novo saltando. O mesmo mote...
X
885
Eu canto simplesmente por prazer.
Desafinada a voz, resta a palavra.
Embora tanta coisa por dizer,
Um lavrador escolhe sua lavra.
Poderia dizer da dor terrível,
Da solidão, do medo e da saudade.
Do mundo que derrama mal incrível
De todas as agruras, na verdade...
Poderia falar deste vazio
Que toma todo peito vem em quando.
Da seca, da miséria ou mesmo o frio,
Que queima; que tortura e vai matando.
Em meio a tanto mal e tanta dor,
Recheio esses meus versos com amor!
X
886
Não deixe que a saudade te consuma;
Aos poucos, se deixar ela te mata.
Dizer-me que com dor já se acostuma,
Mentira. Ninguém ama o que maltrata.
Eu vivo por amar intensamente,
Se tenho ou se não tenho companhia.
A vida vai-se embora, de repente;
Levamos um quinhão de fantasia.
Amiga, guarde sempre uma esperança;
Que a noite não demora, vem depressa.
Não sofra por amor. A vida avança,
De ser feliz, por certo, temos pressa...
Um dia saberás toda a verdade.
Amar é traduzir felicidade!
X
887
Trazendo o bom humor, uma alegria,
A vida se parece bem mais leve.
Assim já vem surgindo um novo dia
Mas sei que esta alegria; morre em breve.
Renasce no sorriso da criança
Que teima persistir dentro de mim.
Não falo tão somente em esperança,
Também no dia a dia ser assim.
Saber que novo tempo logo vem,
Saber que a juventude vem e passa.
Amar a vida sempre nos faz bem,
Deixar que esta tristeza se esfumaça...
Abrir teu peito a força da amizade,
Do amor, é conhecer felicidade...
X
888
Quando, ontem, nos teus olhos procurava
Os versos que escrevi pensando em ti;
Nas horas mais serenas encontrava
Motivos para estar de novo aqui.
Nos meus jardins dos sonhos, tantas flores;
E cisnes passeando em manso lago.
As nuvens desenhando novas cores
Num céu que se pretende ser tão vago.
Nos olhos, pois; levaste meu poema.
Meus sonhos; carregaste junto a ti.
Sem eles como vou seguir meu lema
De tanto que te amei, eu me esqueci...
Preciso de teus olhos, minha amada;
Sem eles não escrevo assim, mais nada!
X
889
Interessante como muitas vezes
Andando solitário pelas ruas
Onde eu procuro nesses tantos meses
Rastros dessas estadas minhas, tuas;
Encontrei os resquícios do que fora
No tempo em que ter amei e em sonhamos.
Nas esquinas, nos bares sempre aflora
Um pouco desse muito quando amamos.
Na mesa, nas cadeiras, nas toalhas,
Neste mesmo garçon, nos bancos, praças...
São como se afiassem navalhas.
Sentindo inda teus braços, como abraças...
Depois de tanto tempo, tantos anos...
Percebo que distantes, nos amamos...
X
890
Mulher que me jogando aos mansos braços
Trazendo tantos sonhos e delícias
Depois de várias lutas e cansaços
Vem salpicando amor entre malícias.
Trazendo tanto rosas quanto espinhos
Forrando meu caminho de flor e urzes.
Decora destruindo nossos ninhos
Ao mesmo tempo beijos e cruzes.
Mulher que proclamando uma grandeza
E um desejo de guerra insaciável
Leva para os meus sonhos a beleza
E o medo de viver, inconsolável...
Mulher que emoldurando minha cama,
Entre mordidas, beijos; diz que me ama!
Eu não te amo do modo mais sereno
Que poderia apenas dar em nada.
Amo tuas vontades, teu veneno,
E a forma de quereres ser amada.
891
X
Tantas vezes caminhos da madrugada
Nos mais distantes sonhos rumos soltos,
Braços adormecidos; noites acabadas,
Pernas em profusão, lençóis revoltos..
Esse cheiro molenga do prazer
Repartido em ternuras e batalhas...
Total escuridão permite ver
Os lábios tão cortantes são navalhas.
A carne transbordante, extasiada,
Rodando, vai girando sem parar.
As bocas se tocando, minha amada,
O mundo nunca pára de rodar...
E tremo em teus carinhos; radiante.
Do amor que a gente fez num puro instante...
X
892
Procuro teu retrato no meu rosto.
Percebo o quanto é bom estar contigo
Nas antigas tristezas, meu desgosto,
Decompostas, não levo mais comigo.
Revigorando as forças que esquecera
Num canto mais recôndito, guardado...
De tudo que na vida mais vivera
Espelho nos mostrando lado a lado...
Eu amo teu amor, nunca se esqueça,
Nós somos tão iguais, o mesmo barro.
Por mais que tanto temo que enlouqueça
Na corda em que te ataste; eu me agarro.
E temos, no conjunto, a mesma face.
Teu rosto no meu rosto, sem disfarce...
X
893
Na nossa noite, loucos, perdidos...
Buscando tanta sede e tanta fome.
Aos poucos os sentidos repartidos
O meu olhar, teus olhos, tudo some...
Nas rosas, nos perfumes, nas espreitas...
Nos jardins que plantamos; nossas flores.
Vorazes nossas bocas, tu deleitas
Com todas as magias dos olores.
Rodamos na tontura que nos salva,
Rolamos na delícia que nos cura...
A noite se promete mansa e alva,
Envolta nos carinhos, na ternura...
E quero teu amor de amor capaz.
Há tanto já perdemos nossos cais...
X
894
Na canção que preparo em serenata
Versos inevitáveis sobre amor.
Que pega, acaricia e que maltrata,
Me leva, nos seus braços, onde for...
As noites que passei, todas em claro.
Olhando essas estrelas e cantando.
De tanto, tanto amor que te declaro,
Nos braços deste amor vou me encontrando...
Serenata que faço; madrugada,
Trazendo uma esperança de viver
Ao lado de quem sempre foi amada,
Nos braços em que quero me perder.
Trazendo lenitivo a tanta dor,
Nos lábios que beijei, em puro amor...
X
895
Meu pensamento busca teu pensar
De forma que pensemos mais unidos.
Os versos que desfilo nesse amar
No mar de tantos sonhos esquecidos...
Tu sabes que vivemos da paixão
À flor da pele, somos tão iguais.
Vivendo nas loucuras da emoção
Em tudo que fizemos, somos mais.
Sabendo quanto ecoam nossos cantos
Nos nossos corações alucinados.
Rolamos nossas camas, rumos, mantos,
Só sabemos viver apaixonados...
Por isso, minha amada meu mergulho
No mar já se explodindo num marulho...
X
896
Não tenho mais recados p’ra te dar...
Eu sei não ouvirias, estou certo.
De tanto que vivi a te esperar,
A tua ausência lembra-me um deserto.
Na noite que se esfria, tanta sede...
Deitado sem ninguém; espero, enfim,
Que chegues, devagar; na minha rede,
E tragas todo amor que tens p’ra mim...
Aí, juntos novamente, minha amada;
A vida não precisa mais recados.
Esta fotografia emoldurada
Trazendo as esperanças, doces fados...
E vejo, adormecida calmamente,
A mesma languidez de antigamente...
X
897
Tuadistância amiga, aconchegante;
Trazendo teu calor tão mansamente.
Ao ver-te me imagino estar diante
Da deusa que sonhara urgentemente.
Estrelas fulgurando em claro céu,
Rolando por espaços magistrais,
Procuro meu recanto no dossel
Depois de navegar dores astrais.
Teu corpo, nos contornos definidos,
Presença dos meus barcos naufragados.
Tocando tão de leve; meus sentidos.
Por mares maviosos, navegados.
Te quero, simplesmente tanto quero...
Amor que glorifica e que venero...
X
898
Quando meu sonho embarca no teu sono,
Misturas as salivas e os sonhos.
Não posso conceber um abandono
Nem dias que se passem mais tristonhos.
O vento que me trouxe não me leva,
Persisto do teu lado, sou cativo...
Na noite que vivemos; tanta treva,
Um sentimento lindo e sempre vivo.
Não quero nem que sofras e nem eu.
As horas percorridas; nossos dedos
Decifram cada sonho que nasceu
Depois de pouca vida e muitos medos...
Eu quero a sensação de liberdade
Imerso no teu corpo, divindade!
X
899
Palavra que te disse, mansa e louca;
Trazendo teu desejo para mim.
A boca procurando tua boca,
No gozo dessas flores no jardim...
Amada, como é bom falar que eu te amo!
Palavras, sentimentos tão profundos...
Qual lobo solitário; tanto chamo,
Meus olhos viajando nos teus mundos.
Deitado sobre a grama e sob a lua,
Ao ver-te em transparências caminhando,
Teu corpo se define e semi-nua;
Aos poucos meu olhar te desnudando...
E sinto teu respiro junto ao meu,
Meu corpo, nosso corpo, se perdeu...
X
900
Não quero mais as noites invernosas
Nem as frias montanhas sem amor.
Jardim que se formara; tantas rosas,
Aos pouco recupera a sua cor...
As águas que caiam; cachoeiras,
Agora mansamente para a foz...
Palavras que trocamos; verdadeiras,
Matando essa saudade tão atroz.
Depois de ter vivido sem carinho,
Depois de ter sofrido essa saudade.
Amor, nunca me deixe mais sozinho,
Preciso te saber, felicidade...
Por vezes me imagino sem ninguém
Nas noites em que o frio vento vem...

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