quarta-feira, 21 de abril de 2010

HISTÓRIAS DE UM REPENTISTA VOLUME O8

1201
AMO VOCÊ!
Peguei a montaria deste vento,
Em cima do corcel que tanto sonhas...
Amada, como é belo o pensamento,
Trazendo tantas luzes mais risonhas.
O caminho que leva, o bem querer,
Me deixa em tua casa toda noite....
Vivendo tanto amor que vou viver
Impeço que te invada o frio, açoite...
Princesa, com certeza, serás minha;
O tempo que durar a nossa vida.
A noite sem teus olhos, tão sozinha;
A lua se despede, tão perdida...
Eu tenho tanta coisa pra dizer,
Resumo numa só: amo você!
X
1202
Eu quero uma canção que me acalante,
E faça com que possa adormecer,
De cores verdadeiras, dor espante,
E que me ajude sempre, pra valer...
Eu quero essa canção que não se canse
De sempre acalantar quem já sofreu,
Que em todas as distâncias sempre alcance
Ouvidos de quem teve e se perdeu...
Eu quero na canção que me preparas,
Acordes que me acordem, me dominem;
As notas misturadas, perlas raras,
Que ao mesmo tempo mostrem, descortinem;
O futuro mais brilhante que sonhei,
Ao lado da mulher que desejei...
X
1203
Através dessas formas, das visões
Que sempre adivinhava meu desejo;
Palpitam sem sentido corações
Num turbilhão divino onde te vejo.
Surgiste neste céu, estrela amada;
Rolando qual cometa, confundindo.
A noite sem te ter, não vale nada,
Aos poucos teu amor me decidindo.
Rasgando este universo, alma infinita,
Queimando nestas sombras, meu mormaço.
De formas delicadas; tão bonita,
Domina certamente cada espaço.
Aspiro teu amor a cada dia,
A cada pensamento e poesia!
X
1204
Vivendo as ilusões da mocidade,
Exponho os sentimentos mais profanos.
Amores que desejo; imensidade,
Que neguem totalmente os abandonos.
Na curta duração de nossa vida,
Pondero com Fortuna, os meus anseios.
Não quero a juventude enfim perdida,
Vivendo em tempestade meus receios...
Eu quero tanto amor que possa vir,
Não mais que esse favor da minha sorte.
É tudo que consigo transfundir
Da vida em minhas veias, meu suporte...
Eu quero teus suspiros de prazer,
Promessas de que, enfim, possa viver!
X
1205
Meu sonho penetrando no meu peito,
Um bravo deus emerge do passado.
Tramando cada dia mais perfeito,
Empurra meu amor para o teu lado...
Caminhos de florais tão olorosos,
Perfumes que roubei de teu jardim
Os campos perfumados, dolorosos,
Um mundo de prazer dentro de mim.
Meu sonho vai tomando toda a casa,
Deitando-te na cama que pensei.
A vida assim depressa já me abrasa,
Nas chamas do teu corpo mergulhei..
Amor vem invadindo, me incendeia
Floresce no meu sonho, em lua cheia...
X
1206
Amor manancial forte e divino
De forma tão sutil, belo e augusto;
Na fonte do desejo cristalino,
Renasce um sentimento tão robusto.
Invade sem ter pena a mente humana,
Sereno, nos demonstra a liberdade.
Tanta sinceridade nos emana,
Ao mesmo tempo traz felicidade.
Amor universal, gigante, imenso.
Imanta tão diversas emoções.
Transgride tantas normas, vai intenso;
Criando em nossos sonhos ilusões.
Amor de eterna vida, em nossos dias;
Reflete nossas dores e alegrias...
X
1207
Não quero essa amargura, amada lua;
Saudades dos seus raios prateados.
Beleza feminina sempre nua,
Os raios tão perfeitos, encantados...
Não quero essa tristeza, sem luar...
Dançando com os galhos do arvoredo,
Ensina-me querida, a tanto amar.
Desvendo devagar, os seus segredos...
Não quero tanta dor, querida amante.
A fantasia imensa que me trazes.
Embora quase sempre é inconstante,
Mulher que se demonstra em loucas fases...
Ó lua, meu amor por ti não cessa,
Espero teu carinho, vem depressa!
X
1208
ESTOU APAIXONADO POR VOCÊ!
Se eu fosse essa serpente assim sedenta,
Que toca no teu corpo invade tocas;
Vivendo essa paixão tão violenta,
Caçando meus caminhos, tantas locas.
Virias com delírios ou rancores,
Saberias vontades de te ter.
Explodirias tantos estertores,
Cevando nossa vida em teu prazer.
Enrosco minhas pernas, tuas coxas;
Nos olhos revirados, flamejantes.
As marcas das mordidas, rubras, roxas,
Nas ânsias, nos carinhos latejantes...
E a serpe louca e quase sem juízo,
Por certo levaria ao paraíso...
X
1209
Tua boca voraz me toma inteiro,
Pantera que me encanta e me devora.
Fazendo de meu corpo teu canteiro,
As vias do prazer, cedo decora.
E corta com as garras carinhosas,
No desejoso grito de vingança.
As noites são assim, deliciosas,
O céu em pouco tempo já se alcança...
Uivos loucos, luxúria, gozo e cio.
Nos olhos da pantera sem sarcasmos,
Prazeres se demonstram, cessa o frio,
Em bocas e sussurros, seus espasmos...
Deitada do meu lado, a dor descarta,
E dorme, calmamente, mansa e farta...
X
1210
AMADA...
E Vênus procurava quem seria;
Aquela que por ter delicadezas
E formas que gerassem alegria,
Dentre todas as damas e princesas.
Encontrou teu sorriso mais dileto,
Encontrou tuas formas, maviosas.
Percebendo que amor pra ser completo
Traz espinho e perfume, lembra rosas...
Por isso, minha amada, te escolhi,
Companheira das dores, fantasias;
Da doçura que mostras, percebi,
Amargura que trazes noutros dias...
A beleza que emanas, corpo e alma,
Ao mesmo tempo dói, mas logo acalma...
X
1211
Deitada em minha cama, tão lasciva,
Carnívora, insensata e mais voraz.
A noite que passamos, convulsiva,
Nas ânsias deste amor, bem mais audaz.
Os seios tão macios, cios, bocas...
Prolífero desejo canibal.
Palavras vão saindo sempre roucas,
As pernas se entrelaçam no final...
Numa explosão fantástica, as estrelas,
Encharcam nossa cama, sem juízo,
Procuro, sem sucesso, em mim contê-las,
Em nosso amor, sem tréguas fanatizo,
E quero em cada noite mais e mais,
Amor assim eu sei, nunca é demais!
X
1212
Os versos em que nego fingimento,
Compostos em palavras mais sinceras.
Espero que não sejam como o vento
Nem como um sentimento solto às feras.
Eu quero meu amor por ti, sentido,
Com a doce certeza que contém.
Não deixe que me leve o triste olvido,
Impeça que te venha o vil desdém.
Eu quero nosso amor pleno em ternura,
Sabendo-se real contentamento.
Imerso em tal beleza e em brandura,
Vivendo sem sequer um sofrimento...
Eu quero o vivo amor que não desfaz,
Trazendo em tempestades, toda a paz...
X
1213
Donde vinha a tristeza tão estranha
Que dominou, por vezes, minha vida?
Subia, em vertical, com dor tamanha,
Deitada tão somente, em voz perdida...
A dor que simplesmente me tomava,
Vertida nas sessões de nostalgia.
Um anti-sol que sempre iluminava,
Formando um só delírio em fantasia...
Minha alma arrebatada, quis fugir.
O campo das estrelas, meu descanso.
Seguido tal cometa sem pedir,
Os olhos infinitos; não alcanço...
Meu lenitivo em forma de ungüento,
O nosso amor, sereno e violento...
X
1214
Tão grande meu amor, descomunal,
Desperta um sentimento mais feliz.
Rolando meu desejo pelo astral,
Saudade deste amor que sempre quis.
Não quero a sensação de estar sozinho,
Eu quero o teu amor bem junto a mim.
Perdendo essa noção de ter um ninho.
Vivendo sem certezas, sou assim...
Eu sinto a forte brisa do passado,
Eu sinto o gosto doce da emoção.
Amada, como é bom te ter ao lado,
Trazendo pr’essa vida uma ilusão...
Eu quero teu amor singrando espaços.
Deitado, sutilmente nos teus braços!
X
1215
Eu quero a sedução destes teus olhos,
Eu quero esta beleza feita flor
Que traz tanta alegria, tantos molhos,
E faz brotar assim, meu grande amor...
Eu quero neste orvalho matinal,
Matar a minha sede e meu desejo.
Levando a fantasia no embornal.
Deitando em meu amor, um doce beijo...
Sonhando com amor, distante mundo,
Carinhos que preciso quando afagas.
Deste dilúvio, tonto, já me inundo,
Buscando teu amor, infindas plagas...
Eu quero ser acaso sem ocaso,
De tanto amor que tenho, até me caso!
X
1216
Meu coração dispara pensativo,
Lembrando deste amor que me deixou,
Na rosa que vivia não mais vivo,
Saudades deste tempo; mas já vou...
Não posso me prender aos falsos sonhos,
Nem posso destruir o que não veio.
Ressurjo nos caminhos mais risonhos,
Em busca de teus mares, sem receio...
A vida assim passando, se completa
Nos tantos que vivemos sem temer.
Se penso que talvez seja poeta,
Eu quero, no teu mundo renascer...
Espero por momentos de alegria,
Trazendo ao nosso amor, a poesia...
X
1217
Na volúpia das noites que tivemos,
Rolando em nossa cama, sem segredos.
Ardentes nossos sonhos, pois sabemos,
Que a vida não permite tantos medos...
Eu quero essa nudez que me prometes,
Na cama que sonhamos abandonos...
As histórias de amor não mais repetes,
Não somos nem escravos, sequer donos...
Nós somos complementos, sem temor.
Nós somos igualdade e divisão.
Amamos com certeza o mesmo amor,
O sangue em diferente coração.
Agora não consigo mais fugir,
Do amor que sempre foi de repartir..
X
1218
Os teus olhos tão profundos
Nessa noite, meu luar...
Depois de vagar mil mundos
Tanta beleza encontrar!
Nos meus sonhos de amores,
Nas esperanças de amor;
Esquecendo tantas flores,
Encontrei a magna flor.
Tens o gosto que procuro,
A maciez que sonhei.
Tanto amor assim, eu juro;
Nesta vida, não pensei...
Neste amor que sempre quis,
Certeza de ser feliz!
X
1219
Amor, quando penetro em tal floresta,
Meus sonhos se desfazem sem sentido.
De tudo que quisera, nada resta,
Depois de tanto tempo, decidido...
Visando uma saudade que não quis,
Vivendo uma quimera que não pude.
Por mais que se quisera ser feliz
A dor dentro do peito é triste e rude.
Não sabes do que tive no passado,
Não sabes do que trago em minha mão,
O canto que pensara aprisionado,
Aos poucos se liberta em teu perdão.
Amar é navegar sem ter fronteiras,
Trazendo as tempestades, companheiras!
X
1220
Segredo não desvendo nem segrego,
Apenas não consigo transbordar.
O canto prometido, sem sossego,
Levanta minhas velas, leva o mar...
Amor que me sacode, impertinente,
Não deixa minha nave vir serena.
O quanto que te amei, amor pressente,
A vida que queria, de amor, plena...
Quem fora meu princípio será fim,
Quem fora precipício, salvação.
O mundo que guardei todo pra mim,
Em volta do teu mundo, sem perdão...
Amor que em minhas pernas se enroscava ,
Carregando minha alma, como escrava...
X
1221
Depois destes meus versos que te fiz,
Depois deste meu tempo, enfim, sozinho.
Sonhando eternamente, ser feliz,
Percebo em minha flor, dorido espinho...
Não chore, minha amiga, estou aqui.
Não deixe que a saudade te maltrate,
Bem sabes que também já me perdi,
A dor que nos desfaz, nosso combate...
Querida tantas vezes fomos sós
Os ombros se apoiando mutuamente,
De tanto que sofremos, nossos nós
Estão guardados; firmes, nossas mentes...
Amiga em teu carinho, meus carinhos.
Decerto não estamos mais sozinhos!
X
1222
Amor que tantas vezes me promete
O sonho que não trouxe, na verdade.
Por tantas vezes, triste me acomete
Saber de que vivera em falsidade.
Amor que imaginei ser mais audaz,
Por certo se escondeu dentro de ti.
Amor vai se mostrando assim falaz,
Eu sinto que este amor eu já perdi.
Mas nada desanima um coração
Que em versos vai buscando nova fonte.
Em meio às alegrias, o perdão,
Trazendo um novo sol neste horizonte...
Das folhas que se secam as sementes,
Brotando nos amores mais ardentes...
X
1223
Amar demais assim nunca faz mal,
Se sabes que este amor também te quer.
Porém como uma regra universal,
Precisa ter amor se amor quiser.
Delícias que senti nas nossas noites,
Ligeiras esperanças se mostraram.
Chamando nossas almas pr’a pernoites
Que sempre em tantos dias demoraram...
Queimando nossas faces, os prazeres,
As bocas se procuram, sem parar.
Amada como é bom sabor, saberes,
Banquete dos desejos de te amar...
Eu quero teu amor pra sempre assim,
Amor quando é demais nunca tem fim...
X
1224
Minha retina ofuscas com teu brilho,
Tu és todo esse encanto, minha fonte...
Meu sonho te seguindo perde o trilho,
Procuro pelos rastros no horizonte...
Nos mares e nos céus, altas montanhas,
Amor já preparou sua emboscada,
Em busca destas luzes, sim, tamanhas,
Encontro com minha alma apaixonada...
Eu quero teu amor bem mais que pude,
Nas loucas caminhadas mais soturnas...
Por vezes te pareço um tanto rude,
São as ânsias divinas e noturnas...
Entendo tanta dor que não pretendo,
Nos braços de quem amo, vou morrendo...
X
1225
Procurar sem parar amor primeiro
Que me traga o mar, fogo e tempestade.
Que seja nossa cama o cativeiro
Que tenhas teu desejo, uma vontade...
Estando no teu braço, ganho a vida,
Estando nos teus sonhos, sou feliz.
A noite que tivemos, foragida,
Num átimo se fez o que se quis.
Eu quero em ti, vagar perpetuamente.
Buscando em tal naufrágio, sedução.
E refazer amor, continuamente,
Vivendo intensidade da emoção.
Eu quero mergulhar no amar profundo,
Sentindo o meu amor, maior do mundo...
X
1226
No templo deste tão imenso afeto,
Incertos pensamentos buscam colo.
Amar passou a ser meu predileto
Sentido que, com ele, me consolo.
Nas bárbaras loucuras que fazemos,
Nos loucos sentimentos que trocamos.
Aos poucos os sentidos nós perdemos,
Depois de tantas lutas, nos amamos.
E sinto teu prazer em profusão,
Gritando nos orgásticos momentos.
Vivendo tão intensa, essa paixão,
Que emerge nos desejos mais sedentos.
Eu quero mergulhar nesse oceano.
Livrando nosso amor de cada engano...
X
1227
Tu és tão bela, amada primavera.
As flores que nasceram em teus braços,
Formando uma alegria que me espera,
Deitando meu calor em teus abraços...
Essa luz na alma, mansamente acesa,
Aumentam os assédios da ternura.
Amor que é tão fugaz se torna presa,
Nas magas soluções duma candura...
O vício de buscar tanta beleza,
Por vezes, nos cegando esconde o belo.
Precisa-se saber com tal firmeza
Que amor nunca se esconde num castelo.
No lago mais vazio, com certeza,
Encontro o meu amor, minha princesa...
X
1228
Amores em cristais rememorados,
Nas ânsias dos desejos mais altivos.
Abraços de casais enamorados,
Mantendo os sentimentos sempre vivos...
Sem nuvens estes céus comemorando,
A noite que se criva em diamantes.
Assim como os casais, vou namorando,
Aquela que sonhei, sonho abrasante.
Deitada no meu colo, tão serena,
Desnuda e tão dolente, minha amada.
A noite de vazia fica plena,
A vida fica lúbrica, encantada;
Amada, como é bom estar contigo,
Amor que é sem juízo e sem castigo...
X
1229
Amor, um fulminante sentimento,
Lavrado no triunfo da verdade.
Sabendo-se forjar do sofrimento,
Roubando desse escuro, a claridade.
As marcas que deixaste; meu amor;
Ocupam coração, ocupam mente.
Lembrando-me do olhar tão tentador,
Descubro o seu agir, mais sabiamente.
Domina minhas mãos, meu riso e glória.
Amor que se demonstra onipotente,
Reverte todo o rumo desta história;
Como um celeste sólio reluzente.
Vou louco, mudo, mísero, perdido,
Aos braços deste amor, com dor ungido...
X
1230
O meu canto ideal, enlanguescente,
Cintila nos teus olhos, tranqüiliza...
Tramando meu sonhar resplandecente,
Sereno e tão macio feito brisa...
Numa limpidez tanta que me acalma,
Transportando o teu nome pelo espaço.
Reflete toda esperança de minha alma,
Incrustada nos versos que te faço.
O meu canto ideal ter trará paz,
A mesma paz que quero nos meus dias.
Poder saber que nunca fui capaz
De poder te negar tais fantasias...
Louvando essa beleza, intensa e pura.
O canto que proponho à formosura!
X
1231
Os amores gentis procuram lumes
Nos olhos mais sinceros que se acendem.
Tal qual todas as flores e perfumes
Que em tua bela tez já se recendem.
E todos meus desejos sequiosos
Procuram em teu corpo uma candura.
Sabendo que teus olhos luminosos
Irradiam as formas da ventura...
Nos céus que me promete, minha amada;
No colo em que busquei delírio e gosto.
Da força que me traz doce cilada,
Beleza formidável do teu rosto....
Nestes amores nossos, tão gentis,
Por certo encontro um fim: ser mais feliz!
X
1232
Amor que nos sufoca e deixa louco,
Não vê que a claridade quer espaço.
Um peito tão gemente grita rouco
Querendo uma alegria sem cansaço.
Querida, não precisa assim temer,
A vida que te entrego por inteiro.
Amor tanto desejo enfim te ter,
De tantos sentimentos, o primeiro...
Amor não se discute, só se vive;
Amor não se maltrata, se semeia.
Caminhos que passei, por onde estive,
Ficaram noutra vida, como alheia.
Eu sinto tua falta a cada dia,
Por isso meu amor; mais alegria!
X
1233
Amiga não permita a tirania
Que certas amizades nos impõem.
Castrando assim a nossa fantasia,
Aos poucos asfixia e decompõem.
Mordazes sentimentos não combinam
Com doces emoções e tanto apego.
As vidas tão unidas se destinam
A transmitir a paz e o sossego.
Eu quero teu carinho libertário,
Não quero teu amor que me sufoque.
A lágrima não cabe no cenário,
Uma amizade busca um outro enfoque.
Eu quero a plenitude sem tormento,
Não quero uma fogueira em fogo lento...
1234
Deitado, nesta noite, sem ter sono;
Lembrei dos velhos tempos que passamos.
Depois de tanto tempo em abandono,
Descubro agora, o quanto nos amamos!
Mostravas majestade em cada beijo,
Desenhos vigorosos perfumados;
Mirada de esplendor e de desejos,
Vagos caminhos todos, alentados.
Fervor com que me dera ao nosso caso,
Vivia em desespero mais profundo.
Deixando nosso barco neste acaso,
Não posso te esquecer um só segundo...
Neste esplendor guardado nas retinas,
Distante dos teus olhos me dominas...
1235
APAIXONADO POR VOCÊ
Qual guerreiro que luta sem parar,
Nossas noites em loucos desafios.
Fazendo das batalhas, tanto amar,
Deitando em nossas camas, nossos rios.
Na enchente do prazer, se transbordando,
Dilúvios e torrentes, as cascatas...
Aos poucos neste amor vou me afogando,
Embrenho por teus bosques, tuas matas.
E sinto este pulsar do coração,
Em sôfregas torturas da ternura.
Vibrando com tamanha sensação,
Deitando nestes rios, as venturas.
Que trazem para o amor, essa emoção,
Que fazem deste amor, inundação!
1236
TEU CORAÇÃO
Teu coração tão doce, em tal ternura,
Vibrando nos acordes da paixão.
Rompendo toda mágoa e desventura,
Fazendo deste amor nosso refrão...
Do sol formoso em tarde sempre cálida.
Das nuvens que esvoaçam, sem parar...
A mão tão carinhosa. A noite pálida,
As ondas e os destinos, preamar...
Evoco esses momentos tão ditosos,
Espero a mansidão deste cenário.
Os beijos que trocamos; tão nervosos,
Jamais teremos dias temerários...
Apenas a promessa tão ardente,
Viver o nosso amor, eternamente!
1237
QUERO O TEU CARINHO
Tomando-me em teus braços, noite mansa,
Eu quero ansiosamente teu carinho.
Por mais que sei que medo sempre alcança,
Não vejo solução sem ser sozinho.
Minhas armas deixadas noutro canto
São versos e verdades que não toco.
Minhas esporas se perdem, puro espanto.
Um coração sem rumo, já reboco.
São tantos os pedaços que carrego
Daquele que se foi quando te amei.
Refeito do que fui sempre me nego
Carpindo cada noite que sondei.
Mas sinto que se muda a paisagem,
A cada nova trama, uma viagem...
1238
AMOR...
Te conto, em teu ouvido, esse segredo;
Que raras vezes sinto que escutaste.
Mas trago um verdadeiro, intenso medo,
De ser em tua vida, simples traste.
Não venho das estradas que sabia
Nem venho te trazer gosto mofado.
Refeito dessa eterna ventania;
Que fez a tempestade do passado.
Sou velha tentação que não se cala
Sou quadro que esqueceste na parede
Num canto abandonado desta sala.
Apenas sensação de transe e sede.
Mas venho te dizer do que não tento,
Amor que sempre peço, não invento!
1239
EU QUERO TEU AMOR
Nada mais do que sempre imaginara,
Meus versos se perdendo sem destino.
Amar é descobrir como é tão cara
A vida que sonhei desde menino.
Eu quero te saber bem junto a mim,
Num sonho tão divino; ser feliz.
Não quero te perder. Viver, enfim,
É ser decerto, tudo o que se quis.
Eu sinto teu sorriso convidando
À vida que pretendo maviosa.
As mãos que te carinham vão plantando
Milhares de desejos, minha rosa...
Eu quero teu amor, não mais duvide.
É mar em quem a vida se divide!
X
1240
A noite iluminada te trazia
Aos braços que esperavam, tão ardentes.
A vida num momento reluzia
Meus olhos explodiam, mais contentes.
A graça de te ter junto comigo,
O verso que cantava meu amor.
Durante todo o tempo que persigo,
Encontro em meu caminho, bela flor...
Eu quero me entregar tão cedo e tanto,
Sentir dos teus carinhos, os favores,
Tramar nas madrugadas, os cantos
E mergulhar nas águas dos amores.
Que louvam esperanças, e ventura,
Amor que me clareia em noite escura!
X
1241
Amiga, quanto tempo em nossa vida,
Sentindo o sentimento quase morto.
A porta da saudade construída,
O mar, pura falésia, nega porto.
Buscando se encontrar, distante mar...
Sabendo que não temos quase nada.
Vencido por procelas, sem parar,
A noite se mostrando des’perada...
Amiga, quando os ventos atormentam,
E toda uma tristeza desce brusca.
As mãos abandonadas não esquentam,
A gente se perdendo nesta busca...
Amiga, tanto amor que já perdi...
A sorte é que estavas bem aqui!
X
1242
Na margem deste rio onde me deito,
Ouvindo a cachoeira no seu canto.
Sentindo esse frescor, tão satisfeito,
Sabendo desta vida, puro encanto...
Nas águas deste rio em que mergulho,
Nadando uma esperança sem final.
Amor que tanto quero quanto orgulho,
Por certo é;nosso amor, celestial...
Eu quero o teu amor, mais verdadeiro,
Nas danças e promessas, tanta luz.
Amor que quando vem, é sempre inteiro.
E em meio a tantos brilhos, se produz...
As águas, as cascatas, este véu...
Só falta o meu amor pr’estar no céu!
X
1243
Na beleza do sol que se levanta,
Numa explosão fantástica do dia.
Imensa claridade que me espanta
Uma fotografia da alegria.
Assim como este sol em forte brilho,
Teus olhos quando acordo me iluminam...
Nos reflexos das luzes, maravilho;
E seus raios divinos me dominam.
Fulgor estonteante desses sóis,
Em ambos o calor que tanto busco.
Da noite que tivemos, nos lençóis
Macios com carinho louco e brusco...
Flutuo em cada olhar, teu e do sol,
E deposito a vida em tal farol...
X
1244
Por vezes tão difícil a caminhada...
As pedras que encontramos são pesadas.
Eu busco meus amores nesta estrada,
As pedras impedindo m’as passadas...
Eu sinto a impiedade desta vida,
Em tantos fardos rudes que carrego.
Saber que a madrugada vai perdida,
Saber que o meu futuro, eu mesmo nego.
O peso do que tive não é pouco,
A carga que levara, tão dispersa.
Aos poucos sensação de ficar louco,
Ouvindo dos amores, tal conversa.
Não deixe que essa dor, assim, prossiga.
Demonstre meu amor, que és minha amiga!
X
1245
As ânsias de viver eternamente,
Nas danças e promessas mais felizes,
Sabendo que te amei tão docemente,
A vida se esqueceu das cicatrizes.
Eu quero em cada canto maciez,
Encantos de perfumes e de flores.
Amando vou perdendo a lucidez
Mergulho sem temer sequer as dores.
Nas ânsias deste amor tão infinito,
Eu vejo meu retrato refletido
No rosto do desejo que acredito,
No tempo de viver sem ser sofrido.
Eu quero as concessões do nosso amor,
Que invade, sem temer, por onde for...
X
1246
Eu quero teu caminho, pura prata,
Seguindo por teus passos luminosos.
Amor que quando chega me arrebata,
Matando tantos dias dolorosos.
Eu quero tua luz sem desafeto,
Eu quero esta volúpia em meu caminho.
Vivendo nosso amor, assim completo,
Sabendo que em prazer me desalinho.
Nos dentes que me cravas meus delírios;
Nas rondas que fazemos pelas noites,
Prazeres tão imersos em martírios,
As bocas se procuram, como açoites...
Eu quero em nossas noites, as injúrias,
Vibrando em tantas tramas e luxúrias...
X
1247
Nas tantas opulências dos lençóis,
Nas marcas desse amor que já fizemos.
Tramando em nossa cama, pernas, nós,
Aos poucos, nos carinhos, concedemos...
Nas doces sensações nossas ternuras,
Se encontram sempre e sempre, a cada dia.
Trazendo com certeza tais venturas
Que vibram nosso amor em alegria.
Eu quero ser sereno e ser completo,
Eu quero ter teu corpo junto ao meu.
Depois dormir, tão pleno e mais repleto,
Sabendo que o amor não me esqueceu.
Depois de tantas noites ocas, brancas,
Saber de nossas vidas, loucas, francas...
X
1248
Meu coração, qual pássaro sem ninho,
Vagando tanto tempo sem ninguém.
Na ilha dos prazeres, tão sozinho,
Na espreita de encontrar um novo bem...
Nas flores entreabertas a promessa
Da nova primavera que não vinha.
Eu pensei que depois desta conversa,
Depois de tanto tempo, fosses minha...
Meu coração precisa timoneira,
Vagando sem destino, mar e mar...
Por certo, minha amiga e companheira;
Durante muito tempo quis te amar...
Agora descobri toda a verdade;
Maior que o triste amor, tua amizade...
X
1249
Lua de minha vida; soberana,
Senhora de meus sonhos mais felizes.
A noite nos teus braços se abandona,
Envolta nas ternuras dos matizes...
Ilumina a pupila dos meus olhos,
Ilumina o desejo desse amor.
Trazendo as alegrias, tantos molhos,
Fazendo minha vida em esplendor.
A noite que promete rubra aurora
Palpita no meu corpo enluarado.
Amada como é bom te ter agora,
Vestida em salvação, doce pecado...
Que a lua que te trouxe, em prata chama,
Espalhe aos quatro cantos quem te chama!
X
1250
Neste rio dourado em que se banha
Desnuda totalmente uma sereia;
Vontade de saltar também; tamanha
A beleza por sob a lua cheia.
Neste rio de sonho, uma ilusão;
Numa alegria tanta me parece,
Que rola dos espaços emoção
De ter essa magia em que se tece.
Teares prateados, bela lua;
Formando em tantas rendas um desenho
De tal grandeza que, em amor flutua;
Refazem os caminhos de onde venho.
E sinto neste sonho tal desejo,
Entregue neste rio, já me vejo...
X
1251
Vencendo tanto medo que eu trazia
Das noites que passara sem ninguém.
Sonhando com delícias de ambrosia,
Deitando tão sozinho, a noite vem...
E traz essa vontade de voltar
E traz esse desejo de te ter.
Sabendo que jamais terei luar,
Aos poucos, sem vontade de viver...
Depois de certo tempo sem certeza,
Aguardo meu amor perto de mim.
Deixando minha vida na incerteza,
Sem rumo e sem destino, sigo assim...
Mas sei que depois dessa tempestade
A lua irá trazer a claridade!
X
1252
Minh’alma sonhadora quer um porto
Onde possa parar e descansar,
Depois deste futuro quase morto,
Depois de tanto tempo flutuar...
Quero o teu recanto e teu remanso,
Quero o teu carinho e teu afeto...
Distante da esperança que eu alcanço,
Vivendo nesse jogo predileto...
Amar passou a ser um desvario,
Um sonho sem igual, forte e risonho.
Descendo meu amor trafego um rio
Que perde-se em cascatas mais medonho...
Sou teu amante triste e vaporoso,
Porém do nosso amor, mais orgulhoso...
X
1253
Amor, quando penetro em tal floresta,
Meus sonhos se desfazem sem sentido.
De tudo que quisera, nada resta,
Depois de tanto tempo, decidido...
Visando uma saudade que não quis,
Vivendo uma quimera que não pude.
Por mais que se quisera ser feliz
A dor dentro do peito é triste e rude.
Não sabes do que tive no passado,
Não sabes do que trago em minha mão,
O canto que pensara aprisionado,
Aos poucos se liberta em teu perdão.
Amar é navegar sem ter fronteiras,
Trazendo as tempestades, companheiras!
X
1254
Não quero aborrecer-te com lamentos.
Meus versos tantas vezes são piegas.
Seguindo a direção de tantos ventos,
Minha alma, eu já percebo que navegas.
Ao menos se tivesse solução;
Quem sabia não seria mais feliz.
Eu fujo da diaba solidão,
No fundo a mulher que sempre quis.
A vida que tivemos se consente
E sinto que se sente mais esquiva
Não falo desse amor mais tristemente,
Embora tantas vezes dele viva.
Não falo desse amor qual fora morte,
No fundo ando contente com tal sorte...
1255
TE AMO, QUERIDA...
Quando, os olhos fechados, te percebo;
No cheiro tão macio dos teus seios.
Aos poucos tantas luzes eu concebo
E vivo em paz na vida, sem receios...
Não somos mais as ilhas pedregosas
Atóis tão isolados no oceano.
As frutas dos amores, saborosas,
Inundam cada palmo, cada plano...
Guiado por perfumes que exalaste,
Deitando meu desejo sobre o teu.
Fazendo desse amor, puro contraste,
Cálice onde alegria já bebeu.
Inebriada, a vida quer festejos,
De camas, de carinhos, de desejos...
1256
VIVENDO TANTO AMOR...
Falar deste meu canto sem paragem
Nas margens deste mar que nunca veio.
Fazendo sem amo qualquer bobagem;
Vivendo tanto amor, vou sem receio...
Eu quero este perfume quando exalas,
Eu quero a sensação de liberdade,
Ouvindo o teu respiro quando falas,
Em tudo que tiver, felicidade...
Eu quero um só momento do teu lado.
Eu quero a vida inteira se puder.
De tanto que te amei,vou encantado,
Irei seguir teu rastro onde quiser.
Tu és o que sonhara em minha vida,
Vivendo tanto amor, assim, querida...
X
1257
Não cante a voz humana em mais verdade
Palavras que soltamos nos retornam
Por tantas vezes mera qualidade
De versos e cantigas nos adornam...
Não posso prometer-me mais enganos,
Se tantas vezes fui abandonado.
Amar quem dera fosse, nos meus planos,
Saber que estás aqui, sempre a meu lado...
A sorte, tantas vezes tão avara,
Não trouxe a prometida recompensa.
A vida se mostrando mais amara,
De tanto que maltrata sempre cansa...
Por isso companheiro; sempre digo,
O braço em que me apóio é teu, amigo!
X
1258
Amor, em convulsões, beijando a areia;
Trazendo nos meus sonhos, tantas mágoas.
Ao mesmo tempo cega e me incendeia,
Depois, vem sorrateiro e lança as águas...
Amor que me decora em suas manhas;
Devora mansamente as fantasias.
As dores dos amores são tamanhas,
Depois das tempestades, alegrias...
Além do céu fechado, uma esperança;
Saber dessas venturas do prazer.
O olhar apaixonado sempre alcança,
O mundo tão feliz que pensa ter.
Eu quero esse destino mavioso,
Nas tramas deste amor delicioso...
1259
QUERO O TEU AMOR
Carregando meus sonhos nas espáduas,
Atravesso os desertos, sem temer.
Areias, tempestades, marchas árduas,
De tudo que vier, mas vai valer...
Desertos esquecidos, tenebrosos;
Deixados em minha alma, sem descanso.
Por vezes, os caminhos pedregosos,
Valoram o destino que eu alcanço...
No fundo deste céu tão azulado,
O sol tão inclemente, me embeleza.
O rumo, por sinal, desencontrado,
Transforma-me, por vezes, simples presa.
Mas quero teu amor, vale as viagens,
Passando por enganos, mil miragens...
1260
COMO É BOM PODER SONHAR
Florindo, no teu corpo, tal jardim
De flores ideais, tão aromáticas.
Sementes deste amor, as guardo em mim,
São todas por si mesmas, emblemáticas;
As mãos tão imortais das fantasias,
Nos sonhos resplandecem de verdade.
E dão um tal sentido às alegrias
Nos inundando enfim, felicidade...
Espaços que circundam o infinito
Dos braços da mulher que tanto almejo.
Vivendo a perfeição deste meu rito,
Sabendo quanto enfim eu te desejo.
Amada, como é bom poder sonhar,
Em tua plenitude, naufragar...
1261
NOSSO AMOR
Amor; não quero o medo que te assusta,
Nem quero o gosto amargo que vivemos.
As contas com a dor, meu peito ajusta,
Manhãs inesquecíveis já rompemos...
Agora nossa aurora está nublada,
Mas ventos de promessas já chegaram.
A noite que dormimos, minha amada,
Aos poucos, os silêncios se falaram...
No toque que senti de tua pele,
Amando sob as tramas dos lençóis.
Aquela que dizia que repele,
Se encontra mais pertinho, velhos nós...
Quem sabe a solidão tão prometida,
Permita nosso amor, minha querida..
1262
ESCRAVO DA PAIXÃO
Cochilo,sem querer do coração,
Deixando sua porta entreaberta.
As garras tão felinas da paixão,
Aproveitaram área tão deserta...
Ao ver que já não tinha mais saída,
Deixei meu coração mais indefeso;
Minha alma, simplesmente distraída,
Entrou no mesmo barco tão coeso...
Jazendo neste canto, fico mudo;
Aguardo as novidades mais calado.
Lutei assim demais, lutei com tudo,
Agora pelo amor aprisionado...
Cativo, de tal forma, na verdade,
Não sonho nem sequer com liberdade!
1263
MEU BEM...
Quando, enfim, natureza tão pujante,
Resolveu conceber uma alegria;
No momento mais belo, deslumbrante;
Deu vazão à completa fantasia.
Quando, enfim, nos seus sonhos mais profanos,
Eros, enamorando-se da vida.
Ao sentir em minha vida, os desenganos,
Refaz a minha estrada vã, perdida...
Quando todo esse universo em reboliço,
Fulgurando em milhares de desejos;
Tramando tal beleza, luz e viço;
Trazendo divinais, loucos cortejos;
Ao ver o meu caminho, sem ninguém,
Trouxe-me a maravilha em ti, meu bem...
1264
MEU GRANDE AMOR...
Quantas vezes chorei por ter perdido
Um sonho que pensara ser perfeito.
Pensava ter futuro decidido,
Em pouco, tudo em vão, findo, desfeito...
Quantas vezes as mágoas foram tantas,
Que nada me bastava, nada, nada...
Deserto, meu jardim, perdia plantas,
Na ausência da mulher por mim amada.
Quantas vezes, jogado em algum canto,
Meu canto quase mudo, não falava...
Tomado pela dor e pelo espanto,
A vida, pouco a pouco se acabava...
Agora, que te encontro, meu amor;
Conheço o bem da vida, salvador...
1265
TE AMO...
Que fosse por um dia, minha amada!
Somente em poucas horas, se pudesse...
Não peço em minha vida, quase nada.
Cantando em oração, fazendo prece.
Te juro, me esconjuras, mas te quero,
Te curo, não me aturas, mas te peço.
Te imploro, não me curas, mas te espero.
Te venero, me negas, nem despeço...
Apenas quero o colo que prometes,
Apenas quero um dia prá te ter.
Apenas aos desejos que remetes,
A noite nos teus braços, meu prazer...
Te quero minha amada, pela vida;
Sem dia de chegar a despedida...
X
1266
Fugindo duma noite tão sombria,
Deitado no teu corpo, salvador.
Lá fora, uma cortante ventania,
Aqui dentro sentindo o teu calor...
Quando os anjos aos quais tanto pedi
Remansos e descansos mais que acalentem,
Respostas encontrei estando aqui,
Nos seios e nos braços que me esquentem...
Amada, no teu colo, meu caminho.
Num turbilhão de sonhos e desejos.
Não quero sensação de torvelinho,
Eu quero mergulhar em tantos beijos...
Delírios que, implacáveis, não descansam.
Prazeres que meus olhos sempre alcançam...
1267
AMANDO SEM TER MEDO
Quando tu dormes minha bela amada,
No fundo dos meus sonhos, te emolduro.
Fazendo em minha alcova, t’a morada,
Amor que em tanto tempo, vai maduro...
Não sinto mais ciúmes, mas eu te amo.
Não sinto mais os medos, mas te quero.
Não vejo tempestades, nem reclamo,
Amor que em tanto amor, com tanto esmero.
Na calma deste mar, sem as procelas,
Navego meu saveiro, em calmaria.
Aberto todo o peito, e tantas velas,
Deslizo pelo mar da fantasia...
Não temo mais sequer u’a viração.
Amando sem ter medo da paixão!
1268
O MEU ENORME AMOR POR TI
Amo o tempo que passa e nunca volta,
Amo os olhos tão belos da morena.
Amo amor que por vezes me revolta,
Mas sempre, novamente vem e acena...
Amo a beleza argêntea desta lua,
Refletindo teus olhos neste mar.
O meu canto de paz se continua
Mal sabendo em meu verso te encontrar.
Sonho de vida doura meu futuro
E pousa nos teus braços, borboleta.
O manto em solidão que foi escuro,
Não deixa que mais erros eu cometa.
Eu quero seu amor, rosa amarela,
Que a noite, em maravilha, me revela...
X
1269
Num êxtase divino te persigo,
Recendes tantas rosas, teus perfumes.
Por vezes encantado, não consigo;
Esqueço nossas crises de ciúmes.
São versos que abandono, sem sentido.
São ruas sem saída, quase nada...
Vivendo desse amor que não duvido,
Sabendo que te tenho, minha amada;
Mesmo assim me embaraço neste amor,
Que sei ser muito mais que merecia.
Jorrando em nossa vida, com fervor,
A febre de te amar, já me vicia.
Eu quero mergulhar neste oceano,
Do amor que sempre nega o desengano..
X
1270
Por mais que seja rude a natureza
E trame, com destino, tantas dores.
As formas delicadas da beleza,
Por muitas vezes negam os amores...
O fio que nos traz felicidade,
Que prende à vil matéria sempre corta.
Deixando tão somente uma saudade,
Atada a esperança semi morta.
Nas horas mais sinistras desta vida,
Amiga, com certeza estás aqui.
Não pense que, de amor, foste esquecida;
Enquanto tanto amor já me perdi...
Sabendo que da sorte, vou logrado;
Amiga, como é bom te ter ao lado...
1271
MEU DESTINO É AMAR...
Guardado em tristes claustros, meu amor;
Em busca dos caminhos da verdade.
Tempera com saudades e pavor
A frieza da amarga austeridade.
Pretendo que sementes refloresçam
Nos jardins esquecidos do meu peito.
E novas aventuras aconteçam,
Amar é meu destino e meu direito.
Minha alma tumular já quer as asas,
Voando para os braços que sonhei.
Nas noites mais sonhadas, tantas brasas,
Guardadas desde os tempos que te amei...
Espero tua volta, em meu jardim;
Perfumes desta rosa, dentro em mim...
X
1272
Eu sempre te amarei
Eu sempre adorarei o belo mar,
Distante de meus olhos, mar sagrado...
Nos ventos que me levam, sem parar;
Destino marinheiro; ventos, fado...
Eu sempre te amarei, concreto amor.
De tantas tempestades e bonanças.
Naufrágios, calmarias, de terror
Vertendo nos abismos, esperanças...
Nos braços formidáveis e discretos,
Concertos e sereias, vou inteiro.
Meus sonhos, albatrozes prediletos,
Mergulho totalmente, timoneiro...
O mar se misturando na amplidão,
Embarco os olhos, braços, coração!
1273
Louco de Paixão!
Dançando sobre os sonhos, indolente;
Nessa semi nudez que me domina.
Segredos de donzela e de serpente;
Aos poucos, docemente, me alucina...
As ondas que tu mostras, nesta dança;
Forjando nos meus olhos, um delírio.
A noite nos teus braços, sempre avança;
Mistura de desejos e martírio...
Dançando nosso amor, sem perceber;
Hipnotizado fico e não reclamo...
A cada novo dia, perceber,
Que sempre e tanto mais. Ah! Como eu te amo!
Nas mesclas de ternura e tentação,
Aprisionado e louco de paixão!
1274
SONHOS DE AMOR.
Ó minha amada musa, em teus palácios;
Os sonhos; deposito em toda noite.
Sonhando com teus olhos violáceos,
Perco-me sem futuro que me acoite.
Guardando na lembrança tais castelos,
Vivendo um grande amor que nunca veio.
Cultivo, tantos sonhos com rastelos,
Nos vagos destas noites, sem receio...
Quem dera ser poeta p’ra cantar
Na lira teus caminhos, minha amada...
Raios alabastrinos do luar,
Roubados dos meus sonhos, madrugada...
Venha descansar; te espero aqui;
Em meio a tantos sonhos, me perdi...
1275
Tão Bom te Amar!
Amor de divinal propriedade,
Caminho sem temer cortes profundos.
Mascaro essas surpresas da saudade
Vivendo em meu amor, diversos mundos...
Meu coração se veste de desejos,
Refaço cada passo, não disfarço;
Tropeço e me levanto, peço beijos.
Meu grito; não reprimo, solto esparso.
Nas trevas que deixei, cedo, p’ra trás,
As brumas que vieram sorrateiras,
Nesta alvorada plena, encontro paz,
As luzes se rebrilham, verdadeiras...
As flores vão brotando devagar,
Perfumes nos jardins... Tão bom te amar!
1276
MEUS VERSOS DE AMIZADE
Deixando que esse dia trague a sorte
Que se escondera há tempos; trapaceira.
Buscando noutro rumo; novo norte,
Fazendo da alegria uma bandeira.
Misturo sentimentos e palavras,
Nem sempre são irmãos, mas se conhecem.
As mãos que propõem em minhas lavras,
As mesmas, quando unidas, ‘stão em preces.
Eu quero me esquecer desta tristeza,
Que forma, no meu canto, um verso duro.
Louvar, assim, a vida e a beleza;
Tentando clarear o céu escuro.
Meus versos de alegria, amor e paz;
Amiga, na amizade, valem mais...
1277
MINHA AMADA.
Das noites que tivera; sim me lembro,
Dos olhos tão tristonhos e distantes;
Duros dias sofridos de setembro,
O peso desta vida nos semblantes...
Passando por momentos dolorosos,
O peso da saudade machucava...
Os sonhos se tornaram pavorosos.
Um mar de solidão se aproximava...
Mas quando te encontrei, tudo mudou.
Teus olhos de promessa e de aconchego,
Vazio coração reflorestou
Da tempestade e dor, fez-se o sossego...
Setembro que me trouxe uma quimera,
Termina nos teus braços, primavera!
X
1278
Essa aurora trazendo tanto encanto,
Por detrás das montanhas, vem surgida.
Mostrando tal beleza que me espanto,
Fazendo com que brilhe nossa vida.
O sol irrompe lento e carinhoso,
Nos seus raios aquece sem queimar.
Desse amor que me trazes; orgulhoso,
Encontro mil motivos p’ra ficar.
E quero em nossa cama, teu carinho,
E quero em nossa vida, uma esperança.
Do amor intenso e belo, nosso ninho,
Convite para o dia já me alcança.
Aurora nos guiando qual farol,
E vamos de mãos dadas rumo ao sol!
1279
A VOLTA DO GRANDE AMOR
Profunda calmaria no meu peito
Depois de tantos dias sem te ter.
Sabendo que do amor, insatisfeito,
Durante tanto tempo, te perder...
Sem rios, sem verdor, também sem matas,
Em meio a tal deserto, sentimento...
A força que em teus braços, me arrebatas,
Vencendo as tempestades, mau momento...
Invejas desta sorte que eu trazia,
Levaram teus olhares mais distantes.
Matando com a minha fantasia;
Deixando os firmes pés tão vacilantes.
Porém o mesmo vento, enfim, te trouxe,
Tornando o meu viver, calmo e mais doce...
1280
AMAR SEM MEDO...
Depois desta borrasca em juventude,
Passando por terrível solidão;
Vazio, sem saber da plenitude
Que encharca todo jovem coração.
Depois da timidez que me afligia,
No manto da saudade e da tristeza;
Era; amar, tão somente fantasia,
Deixada em algum canto, sem beleza.
Depois das noites brancas, sem ninguém,
Depois do medo cego, sem carinho...
Agora quando a madrugada vem,
Olhando para ti, não vou sozinho...
Aprendo, a cada dia, esse segredo,
Amar é ser feliz, e perco o medo...
X
1281
Amor, neste lugar onde persigo
Os rastros dos teus passos melindrosos.
Não sei por quantas vezes eu consigo
Saber de nossos sonhos mais formosos.
Preciso me encontrar, sem te temer.
Porque em meus olhos surge tal imagem
Da morte e da vontade de viver,
Em luta que pernoita essa visagem.
Assim parte, assim some, em cada rosto,
Quer me punir, amor, por ter sabido
De cada sentimento, assim mal posto,
Depois de tanto tempo já perdido...
Meu amor, perseguindo cada passo,
Já me perco, envolvido em seu cansaço...
X
1282
A Noite entre magias e delícias
Deitado sobre os sonhos, minha vida.
Se não vierem horas, em carícias,
Eu Quero te sentir, em mim, perdida...
Eu Quero uma surpresa a cada canto,
Um pensamento assim, mais libertário.
Entre tantos os quais sempre me encanto,
O sonho de viver neste cenário...
As Íntimas lembranças, cruzam sonhos,
Os Sonhos que não mais poderei ter.
Relembro mais detalhes, são medonhos,
Mas sangram nosso amor, nosso viver.
Na viuvez em vida que restou,
Certeza desta lua, que brilhou...
X
1283
A vida tantas vezes duvidosa
Promete o mais bonito alvorecer
Depois de tanto tempo tão vaidosa,
Mal sabe quanto tem que percorrer.
Palpita um tal desejo no seu peito.
Que insatisfeito marca eternamente.
Viver é procurar pleno direito
Saber amar assim, completamente.
Não vejo outra saída senão essa.
Felicidade bate em sua porta.
Não fie seu amor em vã promessa,
Se bem que a bela estrada é sempre torta.
Não tema mais os cortes, cicatrizam,
Nem sempre essas tormentas já te avisam...
X
1284
A lua vai sedenta e vaga mundo.
Buscando por paisagem mais bonita.
Em toda esta amplidão, bem mais profundo,
Certeza de viver, sempre palpita...
Escoam meus sentidos pelas matas
Descendo as cachoeiras mais velozes.
Nos ouros destes campos, tantas pratas,
Em meio a sentimentos mais ferozes.
No seio ardente da mulher que quero,
Na boca que tremula a cada beijo.
Vivendo teu sentido em que me esmero.
Sabendo que no fim vence o desejo.
No mar que se arrebenta, tanta espuma,
Amor tão delicado, não se esfuma...
X
1285
Não temo tal mordaz caricatura
Que fazes deste amor que se perdeu.
Amando simplesmente encontro cura,
No braço que entregaste, um sonho meu.
Amada como o fogo nos consome,
Assim como a tristeza nos devora.
Matando em nosso amor, a minha fome,
Percebo uma alegria sem ter hora.
Desculpas para amar, não necessito,
Amar é minha sina e disto gosto.
Apaixonadamente sigo o rito
Nos braços de quem amo, logo encosto.
E vejo em meu amor, a plenitude;
Amor traz alegria e mais saúde...
X
1286
Quando te vi, sonhava, é quase certo...
Entre os raios do sol iluminada,
Felicidade estava ali por perto
Ao rastro da beleza assim sagrada...
Eu te olhava sentindo teu frescor
Pressentindo que tudo iria ter
A maga companhia dum amor
Nascedouro em tal noite de prazer...
Ah! Tantas ilusões a vida tece
Em nossos corações desavisados.
Depois de tanto tempo amor fenece
E nos faz parecer mais derrotados.
A vida se refaz em novo canto,
Talvez nova emoção, um outro encanto...
X
1287
Quando sentires ventos carinhosos
Batendo nos umbrais de tua casa,
Quando invadir perfumes olorosos,
A noite, lentamente tudo abrasa.
Tu me ouves com ternura e mansidão
Depois da ansiedade que vivemos
Depois de tanta dor no coração,
Os sonhos mais dourados que tivemos...
A noite em nossos braços infinita,
Rodando sem ter medo mais de nada,
Tu és a mais perfeita e mais bonita
Futuro está em ti, ó doce amada...
Nos ventos carinhosos; calmo e terno,
Certeza deste amor que quero eterno...
X
1288
Na dor tão solitária da saudade,
Nos versos que te fiz, minha querida.
O medo de encontrar fatalidade
Que ponha mais em risco nossa vida...
Andando pelas trevas do passado,
Encontro muitos rastros do que fui.
Por vezes desse amor me vi privado,
Castelo que sonhara, cedo rui.
Mas tenho uma esperança em ramaria,
Da árvore mais frondosa do arvoredo.
Passando por floresta mais sombria
Agora, do teu lado, perco o medo...
Amor que me impedira de ter ninhos,
Clareia todas pedras dos caminhos!
X
1289
Perfume que inebria todo o canto,
Que tento transportar da realidade.
Não tenho tantas cores deste encanto,
Faltando tanto brilho e claridade.
No quadro que imagino nosso amor,
Uma aquarela rara em finas cores.
Pintando meu desejo em esplendor
Sabendo que estarei por onde fores...
Só quero neste aroma, meu futuro,
Matando meu passado no presente.
Quem veio deste céu por mais escuro,
Eterna claridade já pressente.
Pois venha minha amada, a vida chama,
Não fique mais aí, alma reclama...
X
1290
Quando sinto teu corpo perfumado
Deitado no meu colo, tão divina.
Percebo por que estou apaixonado
Pela bela mulher, sempre menina...
E quando te pressinto adormecida,
Depois de tanto amor que a gente fez;
Depois da cavalgada enlouquecida,
Sentindo em teu cabelo, a maciez...
Depois de nossa noite, mil venturas,
Depois de saciados os desejos.
As mãos procuram toques de ternuras,
Os lábios inda querem tantos beijos...
Um olhar tão dolente me inebria,
Iluminando uma vida antes sombria...
X
1291
Não quero uma ilusão sem ter sentido
Nem quero o sofrimento da saudade.
Amor que se pensara dividido,
Noutro amor vai buscando liberdade.
Não posso desmentir o que te sinto
Nem posso mais ousar nova vertente
Delírios de viver amor extinto
Renasce no meu peito novamente.
De tanto que te amei ; a alma queria
Tua alma dentro da alma assim atada.
Amando tanto amor com alegria,
Eu penso quanto quero a minha amada.
Não vejo mais sentido sem te ter.
Preciso deste amor para viver!
1292
VOLTA MINHA AMADA
Bebendo da saudade quase um rio,
Depois de tanto tempo sem te ver.
Viver sem teu amor é desafio,
Mas tento, mesmo assim, sobreviver...
Falar do nosso amor é dolorido,
Mas falo com meus versos mais felizes.
Depois de quase tudo decidido,
Amor sem ter amor; tantos deslizes...
Mas venho te pedir, quero perdão!
Não sei de quê, mas mesmo assim te peço.
Talvez inda me reste uma emoção,
Desculpas sem motivos, te confesso.
Bebi da tal saudade, assim, demais,
De tanto que bebi, não cabe mais...
X
1293
Deus me fez tão feliz por conhecer
A beleza estampada neste astral,
Toda a força do lume sideral
Encontro em fatal brilho de prazer.
No mundo, simplesmente quero ter
De todo esse universo, num aval,
Fortaleza que invade todo o ser
Fazendo meu viver sensacional.
Quero o gosto das fontes maviosas,
Quero essa sutileza que domina;
As noites de prazer, voluptuosas.
Neste brilho dos olhos da menina,
As cores do infinito que Deus pinta
Copia destes olhos toda a tinta...
X
1294
Afeiçoado ao canto que fizeste
Em plena consciência já te digo.
Amor que sempre quis e que me deste,
Aos poucos, nos teus passos, sempre sigo.
Eu vivo sem saber se terei porto
Ou paços que prometes e não dás.
Um sentimento atroz e quase morto,
Aos poucos transtornando toda a paz.
Eu peço que perdoe esse meu canto
Em forma de um alerta necessário.
Deixando pouco a pouco teu encanto
A vida vai mudando seu cenário...
Eu quero teu amor, isso não nego,
Porém, sem emoção, eu não sossego!
X
1295
Cansado de esperar felicidade,
Por vezes me imagino tão sofrido...
Andando sem ter rumo, na cidade,
Caminho muitas vezes percorrido...
Meus olhos imaginam a mulher
Que foi e prometeu não mais voltar.
Espero pela dor que, se vier,
Talvez mate a vontade de cantar.
Mas logo, a tua voz meu grande amigo;
A voz de quem viveu bem mais a vida;
Quem sabe dos caminhos o perigo.
Me diz que é necessária a paciência
Meu velho me demonstra experiência!
X
1296
Onde te encontrarei, querida agora?
Perguntando, procuro em todos bares...
Vou pelas madrugadas, sem ter hora.
Vagueando sem rumo, até altares...
Nas praias, nas areias, parto agora;
Nas ondas que se quebram, todos mares..
Não me importa sequer: chove lá fora,
Não meço nem procuras nem lugares...
Nos jardins, rosas planto, seus espinhos;
Nos olhos, colho pranto, amada some...
Ando pobre, mendigo teus carinhos.
A solidão feroz já me consome...
Quem me dera poder já te encontrar.
Perdido, te persigo no luar!
X
1297
No peito exausto sinto o renascer
Após essa tormenta tão divina
Vibrando em nosso canto vou viver
As águas da cascata cristalina...
Rasguei essa saudade tão vazia,
Deixei essa tristeza moribunda
Beijando tua boca que eu queria
Vivendo essa emoção demais profunda...
Da flor que imaginava em meu jardim,
Do sonho que pedira e não tivera.
O mundo prometido, sei enfim,
Deixando a solidão, pobre quimera...
Eu quero poder ter o teu carinho,
Invisto em nosso amor, em nosso ninho!
X
1298
Amo esta noite intensa e sussurrante
Tremendo em nossa cama sem parar.
Navego por teu corpo, caminhante
Em busca dos prazeres de te amar.
Na areia onde esse mar se arrebenta,
Em ondas nosso caso desenrola.
Paixão tão insensata e violenta
Meu pensamento, alado, já decola...
E sinto essa presença, que é perene,
Da boca que bendiz e que me xinga.
Não sinto tanta dor que me envenene
Ao vê-la seminua amor se vinga...
E volto qual um cão abandonado,
Lambendo tuas mãos, apaixonado!
X
1299
Esse mar se elevando em véu de escumas,
Trazendo a sensação de majestade.
O vento transformando tantas dunas
Reflete em quente areia a claridade...
Nas glórias de saber que te encontrei
Depois desta imprecisa caminhada,
Agora que percebo o que sonhei
Reflexos multicores, minha amada...
Na brônzea maravilha desta tez,
Deitada nesta praia, tão molemente;
Pressinto que chegou a minha vez
De ter as alegrias em torrente.
Meu mundo que em tristezas foi sozinho,
Virou sonho, de amor e de carinho...
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1300
Depois de tantos dias, vou insone;
Buscando a realidade que perdi.
Mergulho na saudade, triste cone,
Em plenos pesadelos, me emergi.
Nos crivos da paixão nunca passei,
Nas garras da esperança não sou nada.
Nos pântanos, minha alma desejei,
Desnuda, plena em sangue decorada...
As flores que quisera não brotaram
Espinhos apontados para mim.
As lâminas do amor que me cortaram
Aos poucos não restou nada no fim.
Por isso minha amiga vou disperso,
Dedico ao teu apoio, esse meu verso...
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1301
Durante tanto tempo imaginei
Que o mundo terminasse logo ali.
Tão distantes caminhos que deixei,
De tão grande esse mundo, me perdi.
Pessoas que julgava que existiam
Por trás do grande mar ou da montanha.
Decerto meus caminhos não veriam,
Embora uma vontade assaz tamanha.
Percebo como é bom poder te ter
Amiga que talvez eu nunca veja.
Minha alma emocionada sabe haver
A beleza de outra alma que deseja.
Existimos, portanto isso é real,
Embora, ouça dizer: É virtual!
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1302
Amores sem amores são terríveis,
São bárbaros destinos, mal secreto.
Os olhos sem amor são impassíveis.
O tempo vai passando tão discreto.
As horas solitárias são bizarras,
O sol vai escondido, tão nublado.
Quimeras demonstrando fortes garras,
O tempo de viver, acorrentado...
Eu sinto dilaceram-se meus sonhos,
Depredam meu futuro, velhas chagas.
Quem dera se tivessem mais risonhos,
Os mares que se encrespam, fortes vagas...
Amiga, pois eu sinto a mão mais forte,
Apoio com o qual encaro a morte!
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1303
Amiga como é bom poder sentir
O vento do prazer que sempre traz
De tanto que passei venho pedir
Um pouco de esperança e mansa paz.
Nas guerras mais bizarras tão estúpidas,
Nas bocas mais carnudas do desejo.
As horas que vivi; decerto cúpidas,
Sentindo a precisão do falso beijo.
Se tanto me negaram um afeto
Senti como tais dores são incríveis.
Jogado neste canto qual inseto
Em meio a tantos risos impassíveis...
Não fora essa amizade que cultivo,
Cativo sempre fui: não sobrevivo!
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1304
Amor se repartindo em muitas cores,
Diversas esperanças já consome...
Em tal jardim morrendo tantas flores,
Sem vida, pouco a pouco, tudo some...
Se amor se entrega sempre à uma Fortuna,
Por vezes me enaltece, mas já morre.
Por forças e desejos que reúna,
Aos poucos tanto amor não me socorre.
Vencendo esses meus medos de encontrar,
Depois de muitos anos, teu amor.
Sabendo que morrer sem saber mar,
Vivendo o que mais quero, com ardor...
Amor que em si jamais se vangloria,
Aos poucos se tornando fantasia...
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1305
Tua imagem raiada já cintila,
De teus olhos a vida resplandece
Deitada em maciez tanto tranqüila
As mãos unidas trazem nova prece.
Cantando o nosso amor, cedo propaga,
Em versos tão serenos de brandura.
A vida em tais prazeres já se alaga
Tornando essa turva água em água pura.
Em todas as canções louvando flores
Que espalhas nos jardins com teu carinho
Recebo com afeto tais olores
Sabendo que jamais serei sozinho.
Assim na sutileza deste olhar,
Aprendo novamente o que é amar!
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1306
Que sejam mais carnais nossos desejos
Trazendo um palpitar nesses anseios,
Sem medo, sem temor sem tantos pejos.
As mãos vão deslizando nos teus seios...
Que sejam nossos sonhos loucos rumos,
Em busca das visões alucinadas.
De todos os prazeres tantos sumos,
Nas somas das manhãs anunciadas.
Nas horas mais orgásticas e fecundas
Sonhos, palpitações, tremer de pés.
As bocas se procuram mais profundas,
Tocando nossas vidas de viés...
Eu quero te saber completa em ânsias,
Sentir de teu carinho, essas fragrâncias.
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1307
As minhas mãos unidas com as tuas,
Às volúpias do amor nos entregamos.
À noite nossas bocas, loucas cruas,
Nestes desejos todos mergulhamos.
Nas selvas que buscamos nosso arrimo,
Nas pernas que sentimos tão coladas.
O teu amor intenso tenso, estimo,
As trocas e carícias esperadas.
Meus olhos nos teus olhos não se cansam,
No fogo desse amor, uma centelha.
As bocas sequiosas já se avançam.
Minha alma de tua alma, tão parelha...
Nos céus que te proponho sem receios,
A doce sensação, teus belos seios...
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1308
Revejo tais mistérios, toda a fúria,
Que trama o fervilhar deste desejo.
Na cama se contorce na luxúria
Revolta com as ânsias deste beijo...
A carne se explodindo vai ao céu.
Mergulho meu amor em tantos pomos.
Bebendo desta abelha todo o mel,
Devoro desta fruta vários gomos...
E sinto depois disso, um abandono
Que traz esta delícia tantos sucos...
Dormito inebriado, fundo sono,
Os medos se esgotaram, vãos, caducos...
Cansado, desmaiando; mas lascivo,
Refaço-me no amor e sobrevivo...
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1309
As pétalas das flores que senti
Nos mágicos perfumes no jardim.
Aos poucos revirando o que vivi,
Não sinto quase nada. Estou no fim...
Cansado de dizer em vão teu nome,
Nas ruas, nos desertos e nas praças...
Aos poucos cada vez que a noite some,
Tu sabes do que falo, mas disfarças.
Eu sinto que não posso mais te ter
Eu sinto que meus versos se perderam.
Quem fora tanta coisa não quer ser,
Meus olhos, os teus olhos, se esqueceram...
Mas resta tão somente uma ilusão.
Quem sabe a noite traga o teu perdão?
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1310
Em tua delicada formosura
Gerada neste etéreo sentimento.
Rompendo toda a dor duma clausura
Com a força impassível deste vento.
Não sinto mais os dramas da vivência
Nas forças indizíveis que bloqueiam
Causando tantos medos, inclemência,
Nas amplas armadilhas que incendeiam.
Maravilhosamente embriagado
Pelas fontes divinas, dolorosas,
Que trazem os espectros do passado
E forjam novas noites mais saudosas.
Mas sinto que na luz deste luar,
Poderei novamente me encontrar...
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1311
Beleza que encontrei com tal prazer
Nos olhos da mulher que sempre quis.
Sabendo que depois irei sofrer,
Mas vale, por instantes, ser feliz.
Eu quero a maciez deste teu rosto,
Envolto nos meus lábios sem juízo.
Meu coração aberto, vai exposto,
Querendo te buscar, meu paraíso...
Não posso te pedir que tu me queiras,
Da forma que te adoro, assim, sem fim...
Amor; irei vagando tantas beiras,
Sabendo que acharei dentro de mim.
Eu amo esta mulher que está distante
E tão próxima, viva e delirante!
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1312
Nesta opulência plena de desejo,
Desfilas pelas praias rigidez.
Te seguem tantos olhos em cortejo,
Vou calado, esperando a minha vez...
Nas delicadas formas me deslumbras
Com toda essa certeza, te pretendo.
Teus olhos vão brilhando nas penumbras
As distâncias, aos poucos, vou vencendo...
No teu frescor de brisa, encantamento,
Na maciez da seda, tua pele...
Não posso te esquecer um só momento.
Em ti vou mergulhar, amor compele.
E sinto o teu perfume inebriante.
Vivendo o pleno amor, sempre constante!
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1313
Dessas velhas tristezas diluídas
Nas almas que morreram sem perdão.
As sombras siamesas, nossas vidas,
Procuram pelo vale da emoção.
Somos ermos, herméticos e famintos.
Da pedra que nos fez, tantas rudezas.
Desejos qual vulcões morrendo extintos.
Vencendo nossos medos e defesas...
Não quero me insurgir contra este fado,
Nem quero me olvidar destes castigos.
Quem fora tempestade leva um fardo.
Sabendo das escoras e perigos...
Mas sinto que talvez tenha a saída.
Seguir sem temer nada em nossa vida!

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