sábado, 17 de abril de 2010

HOMENAGEM A MARCOS COUTIN HO LOURES E A CARMITA LOURES COMEMORANDO TRINTA MIL SONETOS

Ela é flor da doçura e tão singela
Que, nada pede e não lhe falta nada!
Por ser assim, tão pura e recatada,
Dentre todas as santas, é a mais bela!

Se sofre, ninguém sabe pois, em cada
Momento de tristeza, sempre dela
Aflora uma oração e então, ao vê-la
Recolhida em seu canto, delicada,

Conversando com Deus (assim presumo)
Ela irradia a paz, só conhecida
De quem, da vida, sabe o exato rumo!

Esta mulher, enfim, é tão querida
Que, no seu nome, sinto que resumo
A mais santa mulher que vi na vida!

Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!


MARCOS COUTINHO LOURES


1


“Ela é flor da doçura e tão singela”
Entranha-me o prazer só por poder
Estar no dia a dia e perceber
Que a plena santidade se revela.
Raríssima meiguice em mansidão
Sabendo caminhar entre espinheiros
Sorrisos tenros francos verdadeiros
Mostrando a mais segura direção
Aprendi tanta coisa nesta vida
Em meio aos arranhões, senões porquês
O quanto em falsos passos se desfez
O que jamais pensei em despedida,
Minha alma segue-a: eterna e rara estrela
E eu sou feliz somente por sabê-la!



2



“Que, nada pede e não lhe falta nada,”
Ensina que é possível ser feliz
Aonde o pedregulho contradiz
A sorte em suas mãos, iluminada.
Ao vê-la eu percebi; deveras, Deus
Assim ao percorrer tantas montanhas,
As horas doloridas, mais estranhas
Momentos preparados num adeus,
Podendo conceber a maravilha
De um cais onde pudesse ter enfim
O ancoradouro firme e de onde vim
Minha alma volta e meia em paz já trilha
Do todo que aprendi consigo eu sei
Amor feito em perdão: suprema lei!


3

“Por ser assim, tão pura e recatada,”
Transmite a transparência cristalina
Minha alma por sabê-la se fascina,
E encontra nos seus olhos a alvorada,
Assim eu conheci de perto a sorte
Na plenitude mansa de um olhar
E aprendo a cada dia mais amar
Sabendo deste bem que me conforte,
Enquanto a vida amarga em fel e medo
Palavra em mansidão aplaca a fúria
E mesmo que na vida em tanta incúria
Conhece o caminhar sem mais degredo
Um mundo sem corrente algema e grade
Na libertária força da humildade!



4

“Dentre todas as santas, é a mais bela,”
A calmaria vence os temporais
E tendo a limpidez destes cristais
Singrando mar revolto, firme vela,
E tanta vez eu pude conhecer
Inesgotável fonte de carinho
E quando sei que nunca irei sozinho
Conheço dentro em mim o amanhecer,
Pois mesmo tão distante em outra esfera
A vívida presença que me alcança
Gerindo com ternura uma esperança
E nela toda a glória que se espera.
Pudesse tê-la sempre sem adeus,
Porém; como sem anjos fica Deus?


5


“Se sofre, ninguém sabe, pois em cada”
Tormenta ensina sempre que há um porto
E quando me sentira tão absorto
Pensando no futuro, a tez fechada
Com sua mansidão no olhar mais doce
Uma palavra; ao menos, me dizia
E assim ao renovar minha alegria
Um bálsamo, deveras como fosse,
E tendo esta certeza de um momento
Aonde a vida encontra seu aporte
Ao me ensinar no amor, perdão, meu norte
Em pleno temporal eu me apascento,
Ouvindo a sua voz suave e mansa
Que mesmo hoje distante, inda me alcança.

6


“Momento de tristeza? sempre dela”
Palavra que permita novo sol,
O amor sendo na vida o meu farol
Descreve com primor superna tela,
E desta luz em forma de mulher
Eu aprendi a ter na claridade
Sobeja que decerto inda me invade
E enfrento a tempestade que vier.
Qual lua em noite imensa, sertaneja
Iluminando as trilhas de quem tenta
Vencer em calmaria uma tormenta,
Minha alma sem temor já se azuleja
E sei da eternidade em luzes tanta
Somente por sabê-la, bela e santa!


7


“Aflora uma oração e então, ao vê-la”
Rezando com seu terço, toda noite
Neste rosário a força contra o açoite
Qual fosse num deserto a guia/estrela
E quando muitas vezes em tropeços
Os dias em penumbras doloridos
Apuro num delírio meus ouvidos
E volto a minha vida aos seus começos
E sinto o seu sorriso junto a mim,
A sua voz macia e redentora,
Aquele que deveras fera fora,
Ao ver tanta doçura crê por fim
Na imensa santidade feita em luz
No amor que tanto guia e me conduz.

8

“Recolhida em seu canto, delicada,”
Presença que deveras não esqueço
O amor ao conhecer seu endereço
Percebe em suas mãos, como as de fada
A maciez e ao mesmo tempo o apoio
Que tanto ainda sinto; mesmo ausente
Carinho que decerto me apascente
Sabendo discernir trigo de joio,
E acima disto tudo, perdoar,
Nas horas mais difíceis é meu cais
Momentos tão sublimes, divinais
Na imensa claridade em luz solar,
As rosas, jasmins, lírios no canteiro
O amor eterno e puro: o verdadeiro!



9

“Conversando com Deus (assim presumo)”
Um anjo que se fez aqui, mulher
E ensinava a enfrentar o que vier
Mantendo com firmeza essência e sumo,
Assim como fizera a vida inteira
De todos os momentos, mãe e amiga
E nela esta beleza que se abriga
Da mais suprema luz, a mensageira.
Vencer as tempestades com ternura
As perdas naturais, saber vencê-las
E quando se percebem mais estrelas
O céu se engrandecendo em tal moldura,
Ao conhecer de perto tanto afeto,
Jesus com seu cordeiro predileto!

10

“Ela irradia a paz, só conhecida”
De quem com Deus conhece o Seu caminho
E quando desta luz em me avizinho
Renovo com certeza a minha vida.
E tendo a cada passo esta certeza
Não temo mais as dores nem a morte,
Sabendo ser tão claro este suporte,
Uma haste em redenção traz a firmeza
A quem ao se embrenhar em noite escura
Depois de tantas lutas vida afora
Enfrenta a fera imensa que devera
Nem mesmo a fúria insana me tortura,
Encontro do passado a claridade
Que mesmo tão distante é forte e invade.


11


“De quem, da vida, sabe o exato rumo”
E tem total controle do timão,
Por mais que estas borrascas se farão
Presentes, com seu braço eu já me aprumo
E sei do caminhar em pedregulhos,
Sem ira, sem cobiça ou vaidade
Sem nada que deveras me degrade
Tampouco me tomando os vis orgulhos,
Eu tenho em meu olhar belo horizonte
E mesmo se brumosa esta manhã
A vida não se mostra nunca vã
Ao ver esta beleza que desponte
Qual fora eterno sol ao me guiar
Com toda a mansidão deste luar...



12


“Esta mulher, enfim, é tão querida”
E tanto me faz bem só por poder
Dizer do quanto existe no meu ser
Daquela que se fez em despedida,
Mas nunca se ausentando dos meus olhos,
Na paz e na completa sensação
De ter no alvorecer a direção
Jardim pleno de rosas, sem abrolhos,
Assim ao me lembrar quando menino
Das belas tardes, noites, dias, luz...
O amor que em tanto amor se reproduz
Gerando este cenário e eu me fascino
Somente por poder ter sido enfim,
Mais uma rosa viva em seu jardim.


13

“Que, no seu nome, sinto que resumo”
A mágica beleza em humildade,
Vencendo com ternura o que degrade
E traça com doçura o sacro rumo,
Alvissareira a vida de quem ama
E sabe perdoar, isso aprendi
E trago sempre vivo, pois aqui
Daquela que se foi mantenho a chama
E chamo vez em quando por seu nome
Durante os meus tormentos tão freqüentes
Os dias que virão iridescentes
A fera dentro em mim que o amor já dome
E faça da tempesta a calmaria
Clamando por meu norte que é Maria.


14


“A mais santa mulher que vi na vida”
Razão destes meus versos e se vê
Na imensidade azul o seu por que
De tantos labirintos, a saída
A sorte foi comigo benfazeja
E pude conhecer assim de perto
Quem tendo um horizonte sempre aberto
Mesmo que tão distante inda azuleja
O rumo deste que se fez poeta
E quando a vida corta e sangra; eu tenho
Divina imagem feita em manso cenho
E toda este caminho se completa
Naquela a quem se fez sobejo mote
E assim encerro aqui neste estrambote:

“Seu nome,
Só podia ser Maria!
Maria, paz infinita,
Maria, também DO CARMO!
Do Carmo, também CARMITA!”

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