domingo, 2 de maio de 2010

31601 até 31620

31611

Da morte sei a sentença
E se tanto inda pudesse
Não resolve qualquer prece
Do que tanto não convença
Quem espera a recompensa
Que deveras não se tece
Da verdade já se esquece
Mesmo quando mor e imensa,
Vou seguindo cada trilha
Onde o sonho enfim palmilha
Percorrendo as emoções
E os meus versos podem ser
Qualquer forma de prazer
Mesmo quando o não me expões.

31612

Nessa arte de procurar
Na magia de outro encanto
O que ainda em algum tanto
Em qualquer outro lugar
Eu pudesse desvendar
E deixando sem espanto
O caminho em que levanto
Novo sol, tento brilhar.
Resistindo ao que pudera
Assistindo à tal quimera
Que não cansa e inda porfia,
Meu momento se transforma
E deveras torpe forma
Inda tem sua magia...

31613

Sou deveras, meio bruxo,
Quem não é não é poeta
Quando a gente se completa
Meio em lixo meio em luxo,
Tantas vezes num repuxo
Caminhara em linha reta
E depois quando incompleta
Pro outro lado quero e puxo,
Nesta forma de viver
Meio em dor meio em prazer
Poesia eu sinto viva,
Sem ter nada que me impeça
Onde fora só promessa
A verdade sobreviva.

31614
Bala de todo lugar,
Aflorando qual daninha
Onde a rua fosse minha
Já não posso caminhar
O que tanto procurar
Quando a dor já se avizinha
E a tormenta só continha
A vontade de escapar,
Nada resta do que fora
Numa sorte redentora
Novo tempo, desde quando
O meu mundo transformado
Bebe as sendas do passado
E percebo-o desabando.

31615

Carregando meu cartucho
Com as sobras da ilusão
Novos dias não verão
Da esperança em qualquer luxo,
Se deveras fosse bruxo
E pudesse a solução
Ou ter numa antevisão
Um momento sem repuxo
Poderia navegar
Calmaria não impede
Muitas vezes se concede
Seja em terra, céu ou mar
O cais tanto desejado,
Que ora vive em meu passado.

31616
Quis meu tempo de reinar
Sobre todos os sentidos,
Mas agora já perdidos
Nada existe em seu lugar,
A vontade de lutar,
Os caminhos mais sofridos
Entre tantos divididos
O mergulho em alto mar
A saudade do que fora
E devora a redentora
Luz que tanto acreditara,
Mas sem ter qualquer encanto,
Inda tento, busco e canto
A manhã tranquila e clara...

31617

Desse medo que vivia
Tantas vezes bala e fogo,
Ao perder encontro o rogo
E deveras fantasia
Renovando a cada dia,
Mas perdido cedo o jogo,
Cada lei que ora revogo
Logo mata a poesia,
Redimindo o que tivera
Ao saber da dor tão fera
Leda espera atocaiada,
Do que às vezes imagino,
Outra sorte, outro destino,
Traduzindo enfim o nada.

31618

A certeza do perigo,
Cada vez bem mais presente
Da esperança mais ausente
Muitas vezes eu não ligo,
Mas se tento e até consigo
Quem deveras sonho alente
Noutra senda esta aguardente
Onde ainda em paz prossigo,
Caminhar entre espinheiros
Entre os sonhos derradeiros
Pouco resta da verdade,
Hoje sou a mera sombra
Que se tanto ainda assombra,
Dia a dia se degrade.

31619

Traz em suas cercanias,
As angústias que conheço
Onde tanto reconheço
Armadilhas que tu crias
Nada resta, as agonias
Reconhecem o endereço
E cobrando caro preço,
Dominando em dor meus dias,
Eu busquei belo horizonte
Mesmo quando desaponte
O que tanto quis em paz,
A verdade é dolorosa,
Mas deveras também goza
Deste fel que satisfaz.

31620
Meu amor, de tão antigo,
Envelhece mais ainda
Quando a vida se deslinda
E condena ao desabrigo,
Toda a sorte que persigo
Noutra cena bem mais linda,
Ao se ver quanto é infinda
Só se perde e não consigo,
Resistir até quem sabe
Tanta luz inda me cabe,
Mas distante esta lanterna
O meu mundo se obscurece
Mesmo quando a paz confesse,
Alma torpe já se inverna...



31601
Amores; sei de verdade.
E também os enganosos
Novos dias caprichosos,
Mas o velho sempre invade
Para ter felicidade
É preciso nestes gozos,
Os caminhos prazerosos
Onde ausente esta saudade
Não permita o desalento
Quando ainda teimo e tento,
Nada resta senão isso,
O futuro em desalinho,
Entre pedra, dor e espinho,
Cada passo é movediço.

31602

Vivendo minha tristeza,
O que resta desde então
Preparando a negação
Atormenta e com certeza
O saber de uma surpresa
Noutro tempo, evolução
Transformando a viração
Preparando farta mesa.
Quantas vezes poderia
Ter apenas alegria,
Mas o mundo sonegando
Resta em mim somente o frio,
E se ainda desafio,
Mesmo em futuro nefando.
31603

Sua melhor qualidade,
É sonhar e crer no sonho,
Quando vejo e assim proponho
Cada sonho que me invade
Vai cevando a realidade
Num ar calmo e até risonho,
Se em verdade não me oponho
Conheci a liberdade.
Resistindo às tentações
Novos tempos soluções
Para enganos do passado.
Mas a vida não traduz
O que ainda existe em luz,
E percebo sempre ao lado...


31604

Tanta vida essa incerteza
Construindo um novo dia
Onde viva a fantasia
Persistindo em correnteza,
Nada quero fera ou presa,
Tão somente eu poderia
Encarnar uma alegria
E sentir tanta pureza
Que irradias neste olhar,
E deveras desvendar
Os mistérios de uma vida,
Onde a sorte dita a senda
E decerto sempre atenda
Esperança em paz e ungida.

31605


E também sei da saudade,
Em que deveras construí
O que tanto persegui
E por certo nega a grade,
Na certeza que me invade
De outro dia vivo em ti
O melhor estando aqui
Onde amor é realidade,
Mas não posso me esquecer
Deste tempo em que o querer
Nada fora além do vão,
Os enganos permitindo
Novo tempo em paz e infindo
Primavera diz verão.

31606


Carne irá virando estrume
Neste ciclo inevitável
Outro solo sendo arável
Pelo quanto a vida esfume,
Nada resta em tal perfume
Tão somente o degradável
E se tanto interminável
Vida repete um costume
Que já fora abandonado
Futuro bebe passado
Renascendo em mesmo porto
O que tanto fora vida,
Sendo assim restituída
Esperança em sonho morto.

31607
Não vai morrer de doença,
Nem tampouco de tormenta
Quando a vida se apresenta
Noutro tanto em que convença
Da mortalha amarga e tensa
Densa sorte violenta
O que ainda não ausenta,
Mesmo quando segue intensa,
Sendo assim onde pudera
Perceber a primavera,
Novo rumo não se vê
Reafirmo a cada verso
Insondável universo
Sem saber mesmo um por que.

31608

Nem que meu revólver fume,
Nem assim resolveria
O que trança em agonia
E deveras acostume
Com a ausência de algum lume
Onde a luz transformaria
E se tento em poesia
Nada além de algum costume,
Revitalizando assim
O que tanto já perdera,
O pavio aceso e a cera
Vai queimando até o fim,
E depois a parafina
Outra forma determina.

31609

Não conheço quem convença
Este velho caminheiro
Do vazio em que me esgueiro
Ultrapasso a sorte tensa
E se ainda tenho a crença
Nela vejo outro espinheiro,
O meu mundo é verdadeiro
Mesmo quando em dores pensa.
Reincido nos enganos
E se tanto faço planos
Nada tenho em garantia,
Desta incerta noite vã
Revivendo outra manhã
Perfilando um novo dia.

31610
E também sei o perfume
Dos rosais de uma esperança
Quando a voz ao nada lança
Alegria de costume,
Não perdendo quem aprume
Novamente a vida avança
E tentando da aliança
O que ainda trame o lume,
Navegando sem o leme
Quem porfia e nada teme
Vencerá qualquer embate,
Mas se tanto assim combate
Com si próprio, nada vem,
Continua sem ninguém...

Nenhum comentário: