domingo, 2 de maio de 2010

31641 até 31650

31641

Sentir o teu perfume em cada verso
É tudo o que eu queria num momento
Aonde com ternura ainda tento
Viver o que pensara em tom disperso,
Assim ao penetrar neste universo
E dele cada instante em doce alento
Matando o que tivera em sofrimento,
E quando a dor enfim eu desconverso
Sagrando com ternura o que já fora
Uma alma tantas vezes sofredora
E tendo no final este delírio
Do amor onde sacio os meus anseios,
Tocando mansamente belos seios,
Deixando no passado algum martírio...

31642
É não ter mais direito ao paraíso
Se não puder sentir o teu perfume
E quando esta incerteza vem e assume
Tornando o meu viver mais impreciso
Pressinto enfim temível prejuízo
Aonde um caminhar sobejo aprume
A sorte de um passado não mais rume
Mudando com ternura amargo siso.
Ascendo ao que pudesse ser assim
Chegando mansamente ao claro fim
E tento discernir outro cenário
E nele se perceba este motivo
E dele com certeza eu sobrevivo
Sabendo quanto amor é necessário.
31643

Perder-te é como, enfim, perder o siso,
E sem ter qualquer sonho, um lenitivo
Se tanto deste encanto assim me crivo
A morte não seria um prejuízo,
Vencido pela insânia se conciso
Caminho vou traçando enquanto vivo,
Rasgando o céu imenso nunca privo
Meu mundo deste mundo onde eu matizo
A sorte de ser teu e ter assim
Certeza de um momento dentro em mim
Cevado com ternura e com encanto,
Perder-te? Nada disso, sigo em frente
E quando alguma nuvem se pressente
Meu verso feito em prece então eu canto.

31644
Curando-me de dores tão insanas.
Vencendo os meus terrores, naturais,
Eu quero ter em ti bem mais que o cais
Embora tantas vezes tu me enganas,
As horas são deveras mais profanas
E nelas beijo sonhos magistrais
Riscando do meu mapa os ancestrais
Terrores em mortalhas desumanas,
E assim ao prosseguir enfrento o vento
Sem perguntar, somente por vivê-lo
Deixando para trás o pesadelo,
Sabendo nos teus braços meu alento,
Assisto ao que se possa acreditar
No amor onde mergulho sem pensar...

31645

Adoças em ternura, o meu viver,
E deixas minha vida mais tranquila
A sorte quando em sorte se destila
Traçando com meiguice o bem querer
Permite que se possa então beber
A glória onde o sonho já desfila,
Na benfazeja luz a clara argila
Aonde se formara o próprio ser.
Já não percebo a dor e longe dela
Beleza incomparável se revela
Mudando este traçado em que eu tivera
Além da imensidão vil solitária,
Agora a vida outrora temerária
Ascende à mais superna primavera...

31646

Raiado no meu quarto, persianas
Abertas permitindo ao belo sol
Tocar a minha pele e um girassol
Enquanto imagens tuas soberanas
Deitando sobre mim loucas profanas
Vontades dominando este arrebol,
E tendo tanto amor raro farol,
Porquanto delicadas as insanas
Delícias que adivinho em ti e bebo,
O amor já não seria algum placebo
E desta maravilha me inebrio,
O quanto se pudesse acreditar
Na intensa claridade a se mostrar
Tocando com ternura este rocio...

31647

Ser teu em cada novo amanhecer,
Deixando para trás qualquer tristeza
Assim ao se tentar em nobre mesa
Beleza sem igual, e perceber
A divindade imensa do querer,
Sabendo deste amor, rara surpresa,
Vivenciando assim com tal clareza
A doce maravilha e poder ter
Além deste momento incomparável,
Um templo com carinho interminável
Erguido sobre escombros do passado,
Da escória, mero pária que já fui,
Agora nova cena em paz influi
Num novo amanhecer tão desejado.

31648

Amor em liberdade se revela.
A solução maior para os problemas
E quando em qualquer luz ou treva algemas
Impedes dos teus barcos forte vela,
Assim uma alma escrava já se atrela
E torna-se servil enquanto as gemas
Que fossem lapidadas, diademas
Traçados com ternura em bela tela,
Pudessem dar a mim esta beldade
Do amor que se transforma enquanto invade
Trazendo a liberdade mais querida,
Porquanto libertário seja o canto
E dele se tecendo o nobre manto
No qual e pelo qual persiste a vida...

31649

No pássaro pousado na janela,
No encanto de um jardim sempre florido
O passo rumo ao tanto decidido
Enquanto a poesia em paz revela
Realidade agora bem mais bela
E cada vez percebo em duro olvido
O quanto do passado foi sentido,
Porquanto este presente em paz se sela,
Vencida cada cela e o cadafalso,
Não vejo mais a sombra de um percalço
E alheio aos meus anseios mais cruéis
Desvendo claramente o passo audaz
No amor que tanta glória ora me traz
Gerando após o amargo, raros méis.

31650

Promessa de uma vida alvissareira.
Transido coração agora sente
O quanto do futuro quer e tente
Trazendo puro amor como a bandeira
Aonde a sorte amarga já se esgueira
Moldando outro momento e tendo em mente
Que toda a realidade se apresente
Conforme a sorte seja companheira,
Resisto aos meus momentos mais doridos
E penso noutros tantos já sentidos
Em paz e mansidão, porquanto em glória
O mundo em tanto amor que ao sonho atenda
Mudando este passado traçado em venda,
Transcende ao que pensa em ser vitória.

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