segunda-feira, 3 de maio de 2010

31741 até 31750

31741

Lambuzas-me dos méis mais desejados,
E assim vamos fazendo o que se busca
Na própria natureza e mansa ou brusca
As sendas mais gostosas, nossos fados
Porém os guardiões destes “pecados”
Aonde se pudesse com patusca
Mentira quando a vida assim se ofusca
Mantendo estes desejos mais safados
Debaixo das batinas, resguardando
Apenas para os pobres indefesos,
Pensando após os atos quando ilesos
Ou protegidos mesmo pela Cúria
Não posso acreditar “tempos modernos”
Nas velhas heresias, dos infernos
Gerados sobre os frágeis sem lamúria.

31742

E estendo o meu prazer em tuas sanhas,
Sabendo a divindade deste fato,
O sexo no motel, no morro ou mato,
Permite que as partidas sejam ganhas
Assim se deste vale vês montanhas
No gozo um Deus sublime eu já retrato,
Cumprindo a eternidade num doce ato
Deixando para trás tolas patranhas,
E tendo esta certeza aqui ou longe,
Não posso compreender um frei, um monge
Querendo deste tanto qualquer naco,
Que façam destes seres, vis, malucos,
Se tanto querem isso, pois eunucos
Cortando desde o início pinto e saco.


31743

Bebendo do teu néctar me inebrio
E sei que é necessário ser assim,
O amor quando demais e não tem fim
Não deixa qualquer sombra ou desafio,
Descendo com firmeza qualquer rio,
Encontro nesta foz por onde eu vim
O mundo desvendando dentro em mim
O encanto que em meu verso ora desfio,
Não posso acreditar desvio feito
Na marra sem juízo em tolo afeto,
E quando um ser humano que é incompleto
Capado desde cedo em seminário
Permite-se falar de amor? É duro.
Não tendo onde espelhar, o que procuro
É sempre isso eu garanto: temerário.


31744



Adentro por teus vales e montanhas
E sinto-te materna maravilha,
E sei que quando o sonho em ti já trilha
Vencendo e conhecendo tais entranhas
As horas com certeza não estranhas
E sabes deste amor que se polvilha
Enquanto sobre ti o homem palmilha
E sabe preservar naturais lanhas,
Mas quando prostituem tua face,
Porquanto sobre ti o terror grasse,
Matando o que Pai, Javé, Alá,
O que restando em ti é morte e frio,
Amar sem destruir é desafio?
Até que ponto, enfim, resistirá?

31745


Exploro os teus relevos e teus vales,
E sinto-te perfeita embora veja
No olhar da furiosa fera andeja
Terror que em mais terror e agora fales
Com toda fúria expressa nos teus xales
A velha cobertura que foi sobeja
Agora se rebela, pois deseja
Vencer com mais horror terríveis males,
E assim também Igrejas se tornando
Um antro mais feroz, duro e nefando
Matando o que deveras eu espero,
E sendo mais sincero lanço um brado
Num tempo mais atroz e malfadado
É necessário sim: OUTRO LUTERO!

31746

Num ato de carinho e de partilha
Milagre feito em peixe e feito em pão
Há tanto nos mostrara esta lição
Do amor que em pleno amor, amores trilha.
Mas vejo agora em cada ser uma ilha
Tramando solitária direção
E quanto mais se afasta, a negação
Amordaçando a vida, uma armadilha.
Desejo manter vivo em mim o Cristo
Sabendo que por isso eu já resisto
E tento com meu verso este Evangelho,
Soltando a minha voz sem ter proventos,
Fazendo dos meus cantos alimentos
Assim na pregação divina eu já me espelho.


31747


Amor iluminando a nossa trilha,
Permite que se possa repartir
O quanto recebi e no porvir
A sorte noutra sorte já palmilha,
Assim cada palavra que se encilha
Traçada com cuidado e ao cerzir
Tecendo algum alento, possa vir
Trazendo a quem padece a maravilha,
Evangelização? Creio ser isto,
E tendo como exemplo o próprio Cristo,
Não creio nos “cantores do Senhor”
Vendendo o que de Graça lhes foi dado,
Não venham me dizer: “abençoado”
Num espetacular show de “louvor”.

31748

“Amo-te, com o doer das velhas penas”
Que riscam minha dor por estes versos
Que tentam nos dizeres mais diversos
Usar destas palavras mais amenas.

Te busco, amor, por todas as antenas
Pra nos ligar num belo recomeço
Pois tudo que eu peço, é teu apreço...
Minhas noites sem te ter, são tão pequenas!

Tua ausência castiga este esteta!
A dor é companheira predileta,
Mas sigo a tecer os nossos laços

E vou amor, trazer-te aos meus braços,
Fazer surgir pra nós u\'a nova vida
E a dor envergonhada, fuja perdida.

Josérobertopalácio

Amar e ser além, isso é que eu tento
Vencendo com ternura qualquer fúria
E quando se percebe tal incúria
No amor que é sacrossanto, o meu provento,
Deliciosamente quando invento
Momento que pareça ser de incúria,
Gerado após a vida em vã penúria,
Do todo em maravilha eu me alimento,
Sangrentos dias noites desumanas,
E quantas vezes mesmo, tu te enganas
Pensando ser alento o que pudera
Abençoar os dias que virão
No amor quando se vê a solução
Esgota-se em si mesmo uma quimera...


31749

Tu és o raio intenso, claro sol
E por saber do amor inextinguível
De quem se fez o pai em força incrível
Trazendo a cada instante este farol,
O canto que eu desejo agora em prol
Do amor maior e sendo imperecível
Transcende à própria vida em qualquer nível
Por si já me alimenta; um girassol.
Riscando a vida inteira em cada fase,
No tanto que me amaste já se embase
A vida de quem sabe em Ti, o Pai,
Perdoe se exagero ou mesmo engano,
Entrego-me deveras ao Teu plano
Negando a consciência que em si trai.

31750

Minha alma a todo tempo te procura,
E chamo-te de ti e não de vós,
Assim se aproximando a nossa voz,
Respeito-te no amor que sana e cura,
E tendo em teu olhar tanta brandura,
Embora contra os torpes é atroz,
Sabendo deste encanto, cada algoz
Quando incessantemente te tortura
Com tais promessas falas e milagres,
Enquanto noutra face te consagres
Não vêm que vieste em redenção
Não meramente assim de um corpo vão
Porém mais importante uma alma eterna
Que encontra na palavra esta lanterna...

Nenhum comentário: