terça-feira, 4 de maio de 2010

31771 até 31775

31771

Mostrando quanto é bom o amor sem fim
Eu tento perceber ainda um sonho,
Embora a cada dia mais tristonho
As lágrimas regando o meu jardim,
Em solilóquio chego e tento enfim
Viver o quanto ainda em vão proponho,
Sidéreo caminhar se inda componho
O mundo desabando sobre mim.
Não pude acreditar em só palavra
E quando esta esperança tola lavra
Colheita indefinida se prevê
Sonetos e sonetos, eis a vida
De quem já sabe ausente uma saída
Do tempo sem saber como e por que.

31772

Atado nos teus braços, a alegria
Ausente do que um dia quis em paz,
A morte com ternura mais audaz
Talvez seja que ainda restaria
Ao velho navegante que porfia
Batalha pela vida é tão tenaz,
Mas quando nem o sonho satisfaz,
É hora de partir, busco a saída.
A praia se aproxima e nela a areia
Enquanto me fascina e me incendeia
Permite pelo menos mansidão;
Penhascos? São comuns a quem tentara
Viver a poesia mansa e clara
E teve em troca amarga escuridão.

31773

Encontro o meu caminho e sigo assim,
Envolto nas brumosas madrugadas,
Ainda que se vejam disfarçadas
As horas do viver chegando ao fim,
Perfilo cada noite e de onde eu vim,
As sensações há tanto degradadas
Pudesse acreditar e ter estradas
Que levem ao princípio, mas enfim,
O quanto resta a quem tanto procura
Exaurido batalho em terra dura,
Tanta amargura dita esta agonia,
Pudesse num sorriso, mas sem tê-lo.
Acolhe-me diverso pesadelo,
O clímax da mortalha o tempo adia...


31774

Vivendo a mais perfeita fantasia
Durante tantos anos, pobre ser,
E quando se tentara amanhecer
O tempo com terror se escurecia,
E nada me traduz a fantasia
Aonde pude inútil, me embeber,
Restando a cada ausência o nada ter
E nele a sorte teima ou mais se adia.
Joguete entre penhascos e oceanos,
A sorte se tramando em tolos danos,
E os planos sonegados simplesmente;
Refaço a caminhada aonde pude
Viver o que me resta em juventude.
Mas mesmo esta ilusão saudável, mente.


31775


Regando a bela planta do jardim,
Com lágrimas; inúteis prantos, perco
Noção do que pudera ser um cerco
Abençoando o quanto existe em mim,
Meu canto sei deveras mais chinfrim,
A poesia nega o próprio esterco
E quando novamente não me acerco
Do todo que pudesse vejo o fim.
Ecléticos momentos, luas novas
E quantas vezes teimas e renovas
Os ermos mais doridos que inda vejo,
Dessedentando a vida em torpe fonte.
Porquanto no final, o nada aponte,
Somente do que eu quis, mero lampejo.

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