terça-feira, 4 de maio de 2010

31775 até 31780

31776

Destino que selamos dia a dia
Por vezes podem ser mais traiçoeiros
Aonde quis roseiras, espinheiros
Aonde quis verdade, fantasia
E nesta maravilha se porfia
Momentos tão diversos, verdadeiros
E neles os meus versos corriqueiros
Prismática e sutil dicotomia.
Assim ao sermos vários num só quarto,
O quanto deste anseio já reparto
E partes noutras tantas ilusões,
Unidas as metades, confluência
Do que se fez em vida divergência
Complementares mundos que compões...

31777


A saudade me assassina
Tanto quanto me alivia
E transporta ao dia a dia
Divergência que domina
E se temos nova mina
Onde a sorte se recria
Noutra tanta, a fantasia
Perfazendo a mesma sina,
Assistindo ao que não somos
E se ainda em vários gomos
Um só fruto amadurece,
Das sementes que criamos,
Sem escravos, donos, amos,
O futuro aos poucos tece...

31778


Sem você minha querida,
Nada posso resgatar
Do que tanto quis amar
E sacia esta ferida,
Vida em vida senda urdida,
Retornando a um só lugar
Bebo o raio do luar
Encontrando esta guarida
Mesmo em pleno temporal,
Outro dia desigual,
Mas idêntica vontade,
Neste sol em carrosséis
São diversos os papéis.
Mas traduzem a unidade.


31779

Sem te ter, minha menina
Sem poder acreditar
No que possa transformar
O que outrora fora sina
Nova estrela determina
Em delírio constelar
Outro tempo a se criar,
Quando a sorte desatina,
Residentes de um planeta
Onde a vida não cometa
Heresias tão banais,
E vivemos contra tudo,
Se também porquanto iludo,
Ilusões eu quero mais.

31780

O que me restou da vida
Foi apenas a certeza
De saber da correnteza
Mesmo ainda sem saída,
Outra sorte engrandecida
E se tento uma surpresa,
Não querendo caça ou presa,
Nossa senda é dividida.
Não te creio deusa e diva,
Mas apenas sempre-viva
Rosa imensa em meu canteiro,
Água, sol, cuidado e amor,
Quando sendo lavrador
Sigo além de um espinheiro.

Nenhum comentário: