sábado, 8 de maio de 2010

32151 ATÉ 32200

32151

Muitas vezes perdido, sem ter rumo
Vagara por espaços infinitos
E tanto se pensara noutros ritos
Enquanto com terrores me acostumo,
E quando solitário enfim me esfumo
Ainda ouvindo ao longe tantos gritos
Dos sonhos que matara, frágeis mitos,
Anseio pelo quanto ainda aprumo
E bebo cada gota do passado
Sabendo quanto o tempo fora errado
Vacante coração agora tenta
Após viver intensa solidão
Volver às horas claras de verão,
Porém somente vejo em mim tormenta...


32152


Respingas teus venenos mais sombrios
E teimas contra tudo o que eu pudesse
Vencido caminhante busca a messe
E sabe dos momentos, desafios...
Ainda que pudessem, teimam frios
O amor ao que desejo jamais tece
E tudo o que aprendera agora esquece
Alheios dias morrem, são vazios.
Ressabiadamente nada resta
E tendo a senda amarga e tão funesta
Nem frestas encontrando na janela,
A solidão decora cada cena
E quando a realidade quis amena
Apenas o temor já se revela...

32153


Matando as sensações de serem vívidos
Os sonhos que pudessem me trazer
Ainda alguma forma de prazer,
Porém os meus olhares seguem lívidos.
E tanto poderia ser diverso
Não fosse a solidão vil companheira
E quando a sorte trama traiçoeira
Nas teias deste inferno sigo imerso,
Pensando na possível liberdade
O quanto se fez nada e traduziu
O amor que outrora quis bem mais gentil,
E a própria realidade desagrade,
Restando a quem sonhara o desprazer,
Aguardo em desespero o amanhecer...

32154

Bem sabes que legaste olhos mais frios
A quem só desejava alguma luz,
E o quanto se tentasse decompus
Em tétricos momentos vis, vadios,
Resisto ao que pudesse e ainda tento
Vencer o desconforto em solidão,
Mas sei que novos dias não virão
E apenas coletando o desalento,
Recebo cada verso como fosse
Apenas um momento de ventura,
Mas quanto mais a luz já se procura
Cenário se mostrando em agridoce
Forrando de ilusões o dia a dia,
Porém somente a dor já resistia...


32155

Não disse mais nada
Quem tanto pudesse
Se a vida merecesse
A farsa moldada
Negando esta estrada
Nem mesmo se a prece
O coração tece
Não tenho alvorada,
Esboço de vida
Há tanto perdida
Sem rumo e sem nexo,
Do todo que tento
Apenas tormento
Eu vejo em reflexo.


32156

Quiseste que um dia
Pudesse diverso
E seguindo imerso
Busco fantasia
E nada se via
Somente o disperso
Caminho sem verso
E sem poesia,
Mortalhas tecidas
Nas dores sentidas
Assim se percebe
A morte sem rumo
E quando me aprumo,
Movediça sebe...

32157

O nome mais claro
Amor mais sutil,
Aonde se viu
O quanto declaro
E sendo tão raro
O fato surtiu
Efeito gentil,
E tanto me amparo
No encanto de ter
Amor e poder
Viver cada instante
Sem medo e deveras
Enfrentando as feras
Com luz deslumbrante...


32158

Esqueço a agonia
Tecendo o futuro
E tanto procuro
Mesmo em noite fria
Amor que me guia
E quanto eu te juro
No encanto perduro
Viva fantasia,
Assim eu mereço
Amor sem tropeço
Vivendo esta glória
Que tanto redime,
Na dor que suprime
Recende à vitória...


32159

Retratos tirara
Da sorte bendita
Aonde se grita
Em noite mais clara,
A jóia tão rara
Beleza em pepita
Traçando esta dita
Que tanto me ampara,
Vencer descaminhos
E ter nos meus ninhos
Quem tanto desejo,
Amar e sonhar
Beber do luar
Vital, sertanejo.

32160

Contemplo este instante
E vejo decerto
Deixando o deserto
Caminho distante
Porquanto agigante
Num rumo que é certo,
O mundo em aberto
Sonho delirante
Do tanto que pude
Viver juventude
Embora tardia,
Amor temporão
Renova o timão
E ao éter me guia...

32161

Quando a morte dita a sina
De quem tanto já sonhara
Ao se ver torpe seara
A saudade me alucina
E se tanto uma assassina
Recriando a vida amara
Quantas vezes desampara,
Mas deveras nos domina,
Sendo assim demais ingrata
Tantas vezes nos maltrata
E conquanto posso ver
Na saudade solução
E por vezes perdição
Dor que tanto dá prazer...

32162

Levo a vida deste jeito
Com ternura e com vontade,
Mas se bebo da saudade
Nunca mais tão satisfeito,
Quando a vida toma o pleito
E o passado nos invade
Onde quis a claridade
Turbulência adentra o peito
E se ainda assim a quero
Na verdade sou sincero
Deste gozo mais atroz,
Coração sorvendo gotas
Em estradas sempre rotas,
Inda escuto a tua voz.


32163

Leva longe coração
Doma quem puder sonhar
E sabendo quanto amar
Entorpece a direção
Vejo a minha salvação
Nas entranhas do lutar
E de tanto procurar
Encontrando a solução
Nos anseios de um desejo
Meu amor demais andejo
Já pretende algum descanso,
Mas se tanto ainda sonha,
Alma triste, mas risonha
Novo tempo em luz alcanço.

32164

Fonte aonde dessedento
Cada dia sem pensar
No que possa acreditar
Entregando ao forte vento
O caminho em que atormento,
Mas não canso de buscar
Cada raio do luar
Possa ser o meu provento,
Antes fosse sempre assim,
Este amor já não tem fim
E domina toda a cena,
Mas a vida não traduz
Sempre a intensa e forte luz,
Vez em quando me envenena...


32165

Sorte tem quem já procura
E não deixa de lutar
Quando enfim eu a alcançar
Poderei viver ternura,
Mas agora esta amargura
Vai tomando o seu lugar
E se ainda quis lutar
Muitas vezes com brandura
A certeza não se instala
Quando a luz invade a sala
Posso ver a solidão,
Entretanto ainda quero
Outro tempo menos fero,
Noutras tardes de verão.


32166

A má sorte, esta desdita
Que me impede no caminho
E se tanto me avizinho
Outra luz já se acredita
E se ainda não reflita
Todo afeto, este carinho
Eu cansei de ser sozinho
Onde a sorte me permita
Novo tempo mais tranqüilo
Entre as sendas que desfilo
Encontrar a claridade,
Não me exponho aos temporais,
Mas amar nunca é demais
Mesmo quando desagrade...


32167

Tantas vezes mal eterno
Produzido por vazios
E se ainda quero estios
Não procuro pelo inverno
E decerto se eu me interno
Ao vencer os desafios
Da esperança busco os fios,
E procuro ser mais terno,
Quando a sorte se procura
E deveras já perdura
Noutro rumo, penitência
Mas no amor quando se vê
Tendo agora algum por que
Encontrando esta clemência...


32168

Quem tanto cativa
Uma alma que é sua
Assim continua
Estrada mais viva
E quando se altiva
Enfim perpetua
Bebendo da lua
Alma sempre-viva
Florindo no espaço
No canto que faço
Encontrando a paz
Abrindo o meu peito
Estou satisfeito
Com amor audaz...

32169


Eu vejo esta rosa
Imagino o canteiro
Amor jardineiro
Cena majestosa
E tanto se goza
Do encanto primeiro
Mesmo o derradeiro
Na luz caprichosa,
Certeiro o seu tiro
E tanto prefiro
Assim ser a caça
No tanto que outrora
A seca demora
O amor nunca passa...


32170

Formosa e sublime
Aonde se vê
O amor seu por que
E tanto se estime
No quanto que rime
Conclamo e se lê
Por vezes cadê
E logo redime.
Resisto? Jamais
Aos tais vendavais
Meu peito se abrindo
E tanto pudera
Viver primavera
Momento tão lindo.

32171

Quando na saudade vivo
Procurando algum alento
E se tanto me atormento
Sem amor, meu lenitivo
Do caminho que me privo
Da esperança me alimento
E se ainda tanto tento
De alegrias eu me crivo
E sabendo ser assim
Caminhando até o fim
Sem ninguém aqui por perto,
Nada resta deste que
Cada dia já se vê
Num terrível vão deserto.

32172

Sem canteiro e flores
Sem a luz do dia
Sem a poesia
Sigo aonde fores
Procurando cores
Tanta alegoria
Nada me traria
Fartos dissabores
Beijo a tempestade
E se ainda invade
Cada verso meu
Noutro rumo tento
E se me atormento
Tudo se perdeu...


32173

Procurando estrelas
Neste céu imenso
Quando em ti eu penso
É como revê-las
E se não contê-las
Ando sempre tenso
E num ar tão denso
Como percebê-las?
Tão brumosa noite
Solidão, açoite
Vivo ora sozinho
Sem ninguém comigo
Se o amor persigo,
Onde está seu ninho?


32174

Rosto sem igual
Singular beleza
Sigo a correnteza
Imenso caudal
Ato triunfal
Trama sorte e a presa
Com total destreza
Bebe do fatal
Caminhar em sonho
Quando me proponho
Vejo a claridade
E se ainda quero
Tanto amor sincero
Lua já me invade...

32175

Onde tanto pude
Noutro tanto quero
E se ainda espero
Viva juventude
Em nova atitude
Coração tempero
E se outrora fero
Tudo já se mude,
Nada mais que a luz
Quando me conduz
Clareando a vida,
Outra serenata
Tanto amor maltrata
Mas é a saída...

32176

Canto sossegado
Entre teus abraços
Belos, raros traços
Dia iluminado,
E se do passado
Inda sinto os laços
Percorrendo espaços
Busco o meu legado
Feito em glória e paz
Tanto sonho traz
Alegria além
Do que mais pudera
Viva primavera
Todo amor contém...

32177


Graça viva em mim
Deste amor que busco
Mesmo em lusco fusco
Solidão ruim,
Tanto vejo enfim
O que outrora brusco
Hoje se inda ofusco
O clarão assim
Novo sonho tento
E se neste intento
Eu pudesse a glória
Novamente em paz,
Deste amor audaz,
Vivo na memória...


32178


Numa intensa magia, sedução,
Caminhando sem medo encaro a vida
E sei que em pleno amor eis a saída
Vivendo cada noite a solução
E quando dentro em mim se faz verão
Aonde se pensara enfim perdida
A sorte noutra sorte sendo urdida,
Causando a mais completa sensação
Do todo que se fez em cada passo,
Assim ao mergulhar ainda traço
O tempo de sonhar que é redentor,
Vivendo a plenitude neste instante
Amar e ser feliz, num deslumbrante
Cenário que pretendo recompor...

32179

Amiga um sentimento se edifica
Tramando com ternura nova rota,
E quando a sorte mostra e se denota
Momento em paz a senda agora rica
O todo neste instante modifica
E traz com atenção e não desbota
Amor quando em amor jamais esgota
E nada neste mundo ainda explica
Cenário que se faz em redenção
Mostrando novamente a direção
Na qual e pela qual eu quero tanto
Vislumbro este momento em farta luz
E quanto mais entregue mais seduz
Gerando e eternizando farto encanto...


32180

Tomando um sem juízo coração
O mundo não sossega um só momento
E vivo enquanto amor eu apresento
Sabendo que outros dias mostrarão
Conforme renovada esta estação
Assim ao não viver mais sofrimento
O amor entorna vivo o pensamento
E molda com ternura esta emoção,
Senti-lo e ser deveras seduzido,
No quanto me tocando e já me expondo
Assim no grande amor, eu me compondo,
Deixando uma tristeza em triste olvido,
Mergulho nesta insânia e sou feliz,
Vivendo tudo aquilo que mais quis...


32181

Eu quero a alegria
Do sonho suave
Sem nada que agrave
E quanto podia
Viver fantasia
Tirando esta trave
Amor bela nave
Que tanto traria
A sorte bendita
Assim minha dita
Traduz o momento
Em tanto prazer
Poder te trazer
O agradecimento.



32182


Tanto sonho se pudesse
Neste instante mais feliz
Nada enfim ora desdiz
Este verso feito em prece
E portanto amor se tece
Noutro canto de aprendiz
Ao viver o que bem quis
Sofrimento já se esquece
E se ainda ora receio
Percebendo tanto anseio
Reviver cada momento,
Eu só posso te falar
E decerto demonstrar
Todo este agradecimento...

32183

Onde quero sonhar e te dizer verdades
Outro canto tentando e demonstrando assim
Amor que na verdade eu sei jamais tem fim
E quando solitário ainda vens e invades
Domando o coração matando tais saudades
Arando com cuidado o que fora um jardim
Promessa renovada e nela tudo em mim
Traçando com ternura expressas qualidades;
Ainda que pudesse eu nada mais teria
Somente este poder e nele esta alegria
Cevando com ternura e assim dando provento
Ao sonho mais audaz e dele a primavera
Gerando novo sonho aonde se tempera
O verso aonde eu trague este agradecimento...


32184


Que a cada novo dia se complica
O fardo de viver sem ter medidas,
E quando se percebem nossas vidas
Num ato que decerto nada explica
Uma alma sorrateira sabe a dica
E vê quando demais tantas saídas
Aonde se pensavam já perdidas
No quanto cada sorte o rumo indica.
Assim sem ter somente uma razão
O tempo traz em si a solução
E quando se perdendo do caminho
Por vezes é melhor não ter ninguém
Do que o espinho farto que contém
Quem sabe as armadilhas de um carinho.


32185

Total solidão
Mudando o caminho
E sigo sozinho
Sem ter direção
O quanto é verão
No inverno me alinho
E sei sem carinho
Do quanto se é vão
Amor maltrapilho
Enquanto eu não trilho
Procuro outra senda
Que todo este anseio
Sem medo eu rodeio
Amor que me atenda...


32186


Cabelos ao vento
Partindo sem medo
Aonde o degredo
Não faz alimento
E tanto acrescento
A vida no enredo
E quando concedo
Também me apascento,
Não vejo outra sorte
E tanto comporte
Começo e final,
Rondando esta lua
Minha alma flutua
Num bom ritual.


32187

A doce figura
Dos tempos de outrora
Aos poucos devora
E nada mais cura,
Assim se mistura
E quando me implora
O mundo decora
Com tal amargura
A vida reflete
O que tanto compete
A quem deveria
Viver sem mortalha
A sorte amealha
A dor e agonia.


32188

Tocando de leve
A pele macia
Em tanta alegria
A mão já se atreve
E quando diz neve
A noite se esfria
Onde há fantasia
Amor que se ceve
Servindo de sonho
A quem já risonho
Prevê alvorada,
Depois de momentos
Volvem desalentos
Do tudo, mais nada..

32189

Somando o que fora
Com tanto que eu quis
O rastro não diz
Da alma sofredora
E ainda se ancora
No quanto aprendiz
Momento mais gris
E tudo devora,
Arrasto correntes
E tantos dementes
Os dias que tenho,
Não tendo outro rumo
Meus erros assumo,
Com todo este empenho.


32190

Legado de quem
Pudesse sonhar
E sem o luar
Mais nada convém,
Assim sigo aquém
Do quanto lutar
E tanto mudar
O que nunca vem
Pudesse diverso
Ser manso meu verso
Enfim eu teria
O sol que procuro,
Porém céu escuro
A vida é tão fria...

32191


Perdido, em desespero, olhar ausente
E quando me percebo sem sentido
O todo que pensara resolvido
Agora do meu mundo ainda tente
Fingir que não se fez qual penitente
E teima em renegar o já vivido
E ter noutro momento resolvido
Porquanto em tanta teima sempre invente
Um cais onde pudesse ter apenas
Momentos mais suaves, vidas plenas
E tanto se fizesse em redenção,
Mas quando a realidade toma o rumo,
Os erros muito embora, cedo assumo,
Dominam com vigor a embarcação.

32192

Antenadas as dores mais cruéis
Não deixam que se creia num futuro
E quando alguma paz inda procuro
Os dias entre mágoas infiéis,
Assim ao perfazer em fartos féis
O quanto de incerteza me amarguro
E mesmo mais distante ora perduro
Sabendo quão inúteis meus papéis
Vencido pelo medo nada resta
Somente a noite fria e enfim funesta
Aonde se aprofunda a solidão,
Quisera num momento outra alegria,
Inutilmente a vida fantasia
Ouvindo por resposta sempre o não.

32193

Dos tons mais variados, mil matizes
As cenas se repetem vez em quando,
E tento novo mundo reformando
Após as mais constantes, duras crises,
E quando a realidade contradizes
Tentando vislumbrar um ar mais brando,
A fúria novamente nos tomando
Revive com terror as cicatrizes,
Repete-se deveras esta história
E ainda guardo vivo na memória
Momentos mais atrozes, o que faço?
No todo que reflete o meu presente
Apenas o passado se apresente
E deixa mais profundo cada traço.


32194



Quem sempre fora amante da ilusão
Ao se perder sem nexo sem caminho,
Ainda se encontrando em tanto espinho
Percebe quanto o mundo às vezes vão,
E sendo assim inversa a direção
Do tempo onde tanto quero e aninho,
Sorvendo com ternura cada vinho,
Guardado nas entranhas de um porão,
A vida se concebe mais suave
Bem antes que este mundo vil agrave
Os passos são mais firmes e mais fortes,
Não posso revidar cada tormento,
E quando me ferindo eu apascento
Tentando contornar em paz os cortes...

32195

Quem me dera saber de teus mistérios
Vencer os dissabores mais freqüentes
E quando dos meus sonhos tu te ausentes
Ainda se percebem bem mais sérios
A vida não respeita mais critérios
E tanto quanto podes e aparentes
Os dias serão claros, vivos, quentes
Negando a frialdade dos minérios.
Assim ao se mostrar em plenitude
No quanto cada passo ainda mude
O ritmo de um viver em meio às urzes
Somando nossas forças doravante
O quanto do caminho se adiante
Tomando nossos céus sublimes luzes.


32196

Agora, percebi, é minha vez
E tento disfarçar com verso e som,
A morte se aproxima e neste tom
O encanto doravante se desfez,
Ainda que deveras tu não vês
Repito em descaminho, e tendo o dom
Do sangramento da alma, sei que é bom
Ainda dentro em mim a insensatez.
Restando pouco tempo, nada vejo
E quando noutro mundo outro desejo
Aflora-se tomando o dia a dia,
Deixando para trás o sentimento,
Na solidão deveras me apascento
Somente com a amante poesia.

32197





Nos pântanos nos pélagos e abismos,
Adentro sem pensar em soluções
E quanto mais em fúria decompões
Maiores os tormentos, cataclismos,
E sinto sem pensar que os novos sismos
Causando dentro em mim transformações
Trarão diversos tons e direções
Deixando para trás os otimismos.
Refém deste tormento dia a dia,
Não tendo outra ilusão, a morte eu via
Tomando todo o céu, nublada senda,
Não tendo quem apóie cada passo,
Aos poucos entre os nadas me desfaço,
Sem ter sequer ninguém que inda me entenda...


32198

Percebendo, ansiado, tal fluidez
Gerada pelas fortes correntezas
Os sonhos de outros sonhos meras presas
E neles toda a sorte se desfez,
Ainda que deveras não mais vês
Restando dentro em mim ledas purezas
E sempre sem ter medo nem destrezas
As horas em total estupidez
Realçam descaminhos que conheço,
O amor jamais passou de um adereço
E nada do que tanto mais queria
Renasce após imensos vendavais
Aonde quis inteiro, nunca mais,
Sobrando tão somente a noite fria.


32199

Nas vastidões perdido, pois sei frias
As horas entre medos e tempestas
Ainda abrindo o peito em frágeis frestas
Ouvindo da esperança melodias,
Realço com ternura velhos dias
E quando docemente tu te emprestas
Aos dias mais felizes, inda restas
Trazendo passo a passo as alegrias.
Mas nada disso eu sei ser verdadeiro
Numa aridez imensa o meu canteiro
Sonega qualquer flor e sem perfume
Não tendo solução, seguindo vago,
Das esperanças tolas se me alago,
O amor já sonegando qualquer lume...


32200


O karma minha herança, é mais medonho
E nada conseguindo disfarçar
Nem mesmo o sonho um dia lapidar,
Ainda cada vão teimo e componho,
Restando tão somente este bisonho
Caminho sem ter luz e sem luar
E nele cada dia me entregar
Tentando imaginar algo risonho.
Atrás das esperanças, realidade
E quanto mais feroz assim me invade
Não deixa qualquer dúvida. Perdi.
O tanto que pudesse ser diverso
E agora vendo enorme este universo,
O resto que sobrou desvendo aqui.

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