segunda-feira, 10 de maio de 2010

32251 até 32300

32251

Quando te tenho, imagem bela e pura
A generosa face de um encanto
Entranho o sentimento e quando canto
Minha alma se envolvendo em tal ternura
Encontra toda a sorte que procura
E sabe desvendar enfim, portanto,
A vida noutra face e sem espanto
Perpetuando em mim rara brandura,
Amar e ter somente esta certeza
Do quanto posso ser e mesmo creio,
Vivendo cada sonho sem receio
E nele a sensação de uma clareza
Que possa permitir a quem se deu
Dos sonhos e delírios, o apogeu.


32252

Antiga dor em clara desventura
Gerando dentro em mim este vazio
E quando noutro tanto inda desfio
O verso se propaga em amargura,
A vida vez em quando me tortura
Num sonho tão feroz quanto bravio,
E teimo mesmo quando desafio
A sorte que deveras já não cura.
Perdendo a direção destino roto,
Aonde quis o mundo agora esgoto
O passo noutra luz que não a minha,
Esqueço a cada dia dos meus versos
E quando noutros ritos sigo imerso,
Minha alma continua mais sozinha.


32253


Desceu tudo redondinho,
Coração em fogo e brasa
A saudade não se atrasa
E tomando de mansinho
Cada parte deste ninho,
Dominando toda a casa,
Onde a sorte se defasa
Pensamento em desalinho.
Se eu pudesse pelo menos
Entre tantos mais serenos
Encontrar a solução,
Mas se nada disto existe,
Sigo ainda ausente e triste,
Um barco sem direção.


32254

Minhanossassinhorinha,
O que faço sem a moça
Nada mais do que se possa
Onde a sorte fosse minha,
O meu peito, uma avezinha
Sem ter pouso, não remoça,
Vive apenas frio e troça
Da saudade se avizinha,
Sonho sonhos mais audazes
E decerto também trazes
Esperanças neste olhar,
Mas o tempo não desmente
Onde outrora foi freqüente
Hoje, nada em seu lugar...

32255


Até que um dia partiu
Quem se fez amiga e amante
Noutra senda, velho instante
Se eu pudesse ser gentil,
Mas o mundo já não viu
Nem a cena provocante
E se ainda se adiante
Rumo novo não previu
Quem fez sonho verso e medo
E se ainda aqui concedo
Um momento em paz, eu quero
Que este tanto se repita
Noutra cena, mesmo aflita,
Onde amor seja sincero.


32256


Da sorte só teve um bafo
Quem se fez além de tudo,
E se ainda assim iludo
Deste mundo não me safo,
Canto neste desabafo
E também sendo miúdo
Quando o sonho é meu escudo,
Nos meus pés pedra e sarrafo.
Onde posso caminheiro
Sendo tanto este espinheiro
Verdadeiro precipício.
Resta assim a quem deseja,
Mesmo quando uma alma andeja
Da esperança faz ofício...


32257

Morte sempre bafejou,
Ao sentir minha presença
E se tanto sendo intensa
Muito pouco é o que restou,
Inda mesmo quando vou
E se nada enfim compensa,
Onde a vida não se pensa,
Noutro mundo mergulhou.
Caminhando sem sentido
Vou abrindo cada ouvido,
Escutando ao longe a voz
De quem tanto desejara,
E se a sorte é tão amara,
O cenário então feroz...


32258


Na verdade era um garoto
Quando o tempo em traição
Ao mudar a direção
Trouxe um sonho duro e roto,
E se tanto vivo esgoto
Onde resta meu porão
Não teria solução
Da paixão sequer um coto,
Perco o rumo noutro rumo
E se tanto não assumo
Bebo os restos que me deste,
Assim sendo nada tenho
E em tão tosco desempenho
O meu peito segue agreste.

32259

Tanto sonho praticou
Quem em faca, foice e adaga
Inda mesmo não me traga
O que pouco transformou,
Resta apenas do que sou,
A noção pequena e vaga
Quando a vida em dor alaga
Entre tantos demonstrou
Ser apenas mera sombra
Mesmo quando ainda assombra
Dita a sorte mais atroz,
Não pudesse ser assim
Onde existe o resto em mim,
Eu desato os velhos nós.


32260


Esquecendo as crueldades
Tão comuns do dia a dia
Vou tentando em fantasia
Beber outras claridades
E se em tais intensidades
Não pudesse da alegria
Tomar sorte em heresia
Onde ainda me degrades,
Lua deita na varanda
E se ainda não desanda
Outro tanto pode ser,
Beijo o rumo preferido
Amor sendo este tecido
Que a mortalha quis tecer.

32261

A vida madrasta armando
Outro tempo onde pudesse
E talvez nesta quermesse
Vence quem pudesse em bando
Ser ao menos outro quando
Entretanto nada esquece
Quando a vida me enlouquece
Ar devasso e até nefando.
Tantas vezes vozes ouço
Preparando o calabouço
Onde apenas vejo o fim,
Teço assim minha mortalha
Cada verso hoje batalha
Procurando o que há em mim.

32262


Por cima das tempestades,
Resta sempre este azulejo
Sobressai qualquer desejo
Mesmo quando ainda invades
Com terror ou claridades
E se tanto ainda vejo
Outro céu risco e trovejo
Procurando liberdades,
Ao sagrar em voz tranquila
Quando a vida já destila
Dor imensa preconizo
Noutro tanto o que ora tenho
Apesar de todo empenho
Resta em mim frio e granizo.

32263

Carregando esta desgraça
Onde o gozo poderia
Noutro tempo em heresia
Vida vê quando se embaça
E se ainda em mim já grassa
A temível fantasia
Que tampouco não se cria
Resta apenas a fumaça
Onde quis outro momento
No que tange e me atormento
Risco o nome, mas não posso
Ver além do que não pude
E perdendo a juventude
Sou do todo algum destroço.


32264

Foi-se embora tal menino
Jogatinas do viver
Bebo tanto o desprazer
E se ainda não domino
Perco as rédeas do destino
Réstias deste bem querer
Nas dormências do saber
Onde tanto quis o tino.
Mas navego contra as ondas
E se quando sonhos sondas
Vês o fim afigurado,
Tanto posso quanto quero
Ser deveras manso ou fero,
Sombra amarga do passado.

32265

Não escapo do que resta
Nem pudesse ser diverso
Se deveras inda verso
Bebo o quadro adentro festa
E penetro cada fresta
No que fora este universo
Mesmo quando vou disperso
Abro o peito onde se atesta
O prazer do que pudera
Ser apenas gozo ou fera
Nada além de mera face
Entre tantas não se esgarce
Vou mentindo este disfarce
Onde o todo já se embace.

32266


Mas, para azar do destino,
Onde quis a providência
Pago em rara penitência
No dobrar de cada sino,
Quero e mesmo desatino
No que tange uma inocência
Sem saber desta clemência
Sigo o resto e não domino,
Pejos vários vastidões
E no tanto que compões
Outros rastros, navegante
Do passado sem futuro
O meu verso sendo escuro,
Noutro mundo eu me agigante.


32267


Na desgraça dando bote
Sem saber de padre ou missa
A minha alma segue omissa
E não vê qualquer rebote
Quando tento novo mote
Onde a sorte se cobiça
A verdade nunca viça
A mortalha esta mascote
Tento ter a indiferença
De quem sabe e se convença
Do lutar sem ter descanso,
Mas no fundo preferia
Viver noite em rebeldia
Do que ter claro remanso.


32268


Resistindo até a morte
Faço assim meu vendaval
E preparo este degrau
No caminho onde comporte
Outro dia mesmo norte
Perco o gosto ritual,
Vou quarando no varal
Esperança onde transporte
Coração aventureiro
Ao gerar novo espinheiro
Faz das tripas o que possa,
Caminhando aberto o peito
Onde tanto contrafeito
Mergulhando em torpe fossa.


32269

Mas um cabra sertanejo
Ao entrar na vaquejada
Já sabendo desta estada
Bebe as sendas do desejo
E se ainda nada almejo
Onde tudo não diz nada,
Reação em disparada
Faço assim cada lampejo
Carpideira sensação
Onde quis a negação
Beijo a boca da serpente,
Risco o nome do abandono
E do medo não me adono,
Por maior que se apresente.

32270

Cascavel diz do chocalho
Onde houvera precisão,
Noutro canto a procissão,
Mergulhando onde navalho
Corte sendo este assoalho
E se tento a direção
Noutro mar embarcação
Não pergunto quando falho,
Cevo sempre em poesia
Outro mote que me guia
Diz da sorte benfazeja,
Nada além deste não ser
Vago em ânsias de prazer
Muito mais que se deseja.

32271

Caminho que jamais perecerá
É feito do calor de uma batalha
Aonde cada voz que se amealha
Expressa o quanto posso e desde já
Sabendo deste tanto em que verá
A força aonde amor agora espalha
Diversa da mostrada na navalha
O quanto cada corte moldará
Na fonte insustentável onde o canto
Traduz esta serpente, desencanto
Mordaz figura feita em treva e medo,
Do todo não percebo sequer resto
E quando ao mesmo tanto não me empresto
Nem mesmo ao mais audaz sonho eu concedo.

32272

Pois o Senhor conhece desses justos
Olhares e quereres a presença
E quando se procura a recompensa
A sorte não traduz sequer arbustos,
Os medos que eu carrego, se vetustos
Do tanto quanto posso me convença
Aonde a luta estéril não compensa
Em passos mais sofríveis, pois injustos.
Medonha face exposta da mentira
Porquanto nela mesma se retira
Apenas o vazio em dores feito,
Abrindo as velhas portas deste templo
No qual, cada mortalha inda eu contemplo
Onde desnudo em dor, amargo peito.

32273


Nem mesmo os pecadores entre aqueles
Que sabem dos momentos mais atrozes
Ouvindo do não ser terríveis vozes
E sabem discernir dos tantos, reles,
E quando os mais sofríveis tu repeles
Bebendo o mesmo fel destes algozes,
Caminhos entre trevas ditam fozes
Aonde as discordâncias vãs atreles.
Sentir este bafejo da esperança
Na qual a sorte às vezes já se lança
E ter qualquer momento em glória e luz.
Mas quando se mostrasse em tal nudez
Diverso do que ainda teimas, vês
No falso caminhar em que me pus.

32274

Os ímpios não resistem no juízo,
Tampouco beberão sobejo vinho,
E quando me percebo mais sozinho
Rendido ao glorioso prejuízo
Pudesse ter nas mãos o mais preciso
Dos todos astrolábios, no caminho
Erguido pelo amor onde me alinho
E tento ser deveras mais conciso.
Risível face exposta deste mero
Terror em turbulência, tolo e fero,
Medonho caricato, dita normas,
E quando te percebes atrelado
Ao vândalo demônio do passado,
Também, tu não percebes, te deformas...

32275

Ao ser como a daninha que se espalha
Tomando este canteiro e destruindo
Podando uma esperança resumindo
A vida num momento em vaga palha,
Assim o quanto possa se atrapalha
E tudo o que julgara mais infindo
Agora se percebe diluindo
Nesta terrível torpe cordoalha,
Assisto ao mais temível caminhar
E vendo mais distante algum lugar
Aonde seja altar e possa crer,
Atrelo o meu caminho ao desconforto,
E sendo uma esperança, um mero aborto,
Não tenho nem aonde me esconder...


32276


Não cairão, prospera em todos atos
Aqueles que se fazem teus parceiros
E sabem dos caminhos verdadeiros
Traçando com carinho, dias e atos,
Mas quando se percebem os contratos
Medonhos e terríveis, corriqueiros
Aonde se pensara nos canteiros
Mergulho nos vazios mais ingratos.
Regatos onde tanto poderia
Haver o privilégio da alegria
Não tendo mais a fonte que o sustenta,
Desértica loucura transcendendo
Ao quanto poderia e não desvendo,
Mostrando a face dura e violenta.


32277

Dá frutos no seu tempo e assim refaz
O quanto de viver valesse à pena
E quando a poesia me serena
Bebendo cada gota desta paz,
Aonde se mostrasse mais audaz,
E nesta sensação que sei tão plena
Aporta-me este tanto que envenena
E apenas o vazio já se traz.
Resisto. Muito embora saiba o quanto
A vida se prepara em dor e pranto
Regando com meu sangue cada pasto,
Mas tento prosseguir mesmo em brumosa
Loucura, pois da senda mais frondosa,
Silenciado, aos poucos eu me afasto.

32278


Qual árvore plantada no ribeiro,
Enraizada bebe em fonte imensa,
Assim também a vida em recompensa
A quem conhece o amor, mais verdadeiro,
Mas quando no vazio um jardineiro
Sem ter sequer do brilho que o convença
Sabendo da aridez em terra imensa,
Apenas destroçado o seu canteiro.
Terreno bem mais fértil, alma pura,
E quando esta presença se assegura
No tanto quanto possa a liberdade,
Rasgando cada fase desta vida
Jogada pelos ermos e perdida,
Em profusão a luz em mim invade.


32279

Medita dia e noite sobre a lei,
Porém ao se pensar por vezes vejo
Distância deste agir do que eu desejo,
E tanto quanto posso, sei que errei,
Disfarço quando busco e se encontrei
O tanto que pudesse mais sobejo
Risonho caminhar? Tanto pelejo
Sabendo que no fim, nada terei.
Ao ver assim a vida se esvaindo
O quanto do passado poluindo
O dia que virá, tal desencanto
Mordaz figura atroz e demoníaca
Aonde se quis ter paradisíaca
Inutilmente o olhar, inda levanto.

32280


Antes, tem seu prazer na lei de Deus,
Quem sabe navegar entre tormentas,
E quando noutro tanto te apresentas
Preparas sem saber o etéreo adeus.
Não vejo com olhares mais ateus
No cântico que entoas e aparentas
As orações dispersas, nelas tentas
Mentir e sonegar os erros teus.
Ocaso de uma vida, meu outono,
E nele cada traço de abandono
Riscando sem perdão medonha face,
No pantanal imenso em que me entranho,
A cada novo não, diverso lanho,
Negando a fantasia que inda embace...

32281


É bem aventurado, com certeza
Quem bebe do sol-pôr cada matiz,
E sendo finalmente mais feliz
Entrega-se à divina natureza,
Aonde a vida em dor e em aspereza
Por vezes sonegando o que se quis
Gerando com terror a cicatriz,
O olhar se emprenha mesmo em tal beleza,
Servir ao Criador e ter decerto
Caminho mais concreto e assim liberto
Poder entre mil cores perceber,
A rara divindade feita em glória
E nela se tramar rara vitória,
Porquanto cada brilho em paz sorver...



32282


Nem de quem escarnece senta à roda
Das ânsias e desejos mais audazes
A vida se renova e bebe em fazes
Enquanto a morte vem e nos açoda,
O fato de sonhar se à dor engoda
E nele cada dia novo trazes
Momentos mais felizes e loquazes,
Deidade se percebe enquanto roda
No eterno carrossel este universo
Elípticos caminhos, luzes várias,
As sortes quando amargas, temerárias
Não deixam que se veja claramente
O quanto de beleza nos rodeia,
E assim uma alma cega segue alheia,
E apenas o vazio se apresente.

32283

E nem dos pecadores, segue a trilha
Quem sabe desvendar claros mistérios,
A vida se mostrando em tais critérios
A quem sempre se entrega, maravilha.
Uma alma se mesquinha e maltrapilha,
Da dura frialdade dos minérios,
Gerando do vazio seus impérios
Porquanto em turbulência vã palmilha,
Não sabe discernir felicidade,
E quanto mais aos poucos se degrade
Não vê qualquer razão, por isso é morta,
Assemelhando ao vago caminheiro
Que em pleno roseiral bebe o espinheiro,
E uma esperança assim com medo aborta.



32284

Homem que não seguir conselhos vãos
E tentar descobrir o claro intento
De quem se fez senhor e dá provento
Trazendo à terra seca, raros grãos
No quanto se repetem velhos nãos
E neles outros tantos eu alimento
Minha alma com ternura e em pleno vento
Percebo quão são férteis estes chãos.
Não vejo outro caminho senão este
E nele mesmo quando percebeste
O tanto feito em luz, preferes cego.
Riscando dos teus olhos o que um dia
No amor e na verdade já se erguia
E, peito aberto, agora em paz navego.


32285

Boa ventura então, aos que confiam
Nos dias que virão em paz e glória,
Assisto a cada passo outra vitória
Nos olhos e nos sonhos que desfiam
Aqueles que com calma não porfiam
Mudando tenramente sua história
Deixando para trás qualquer vanglória
E mesmo os desenganos desafiam.
Assim ao se mostrar inteiramente
Desnudo o coração que se apresente
Na paz de um templo feito em paz, perdão
Sorvendo o libertário caminhar
Percebe que em si mesmo existe o altar
Reflexo do que existe em seu irmão.

32286

Quando acender, su’ira, brevemente
Verás quanto se fez inútil passo
E quando novo rumo ainda traço
Tentando ver ao Pai bom e clemente,
Porquanto dos meus olhos já se ausente
O fardo onde tanto me desfaço
Não posso ter na força do meu braço
Razão enquanto esta alma tosca, mente.
Remeto-me ao futuro em redenção
E vejo na total revolução
A evolução que tanto desejei,
Assim amar e ser além do cais
Permite estes momentos magistrais
E doura co’esperança cada grei...


32287


Para que não pereças no caminho
Depois de teres visto o quanto o amor
É por si só talvez o redentor
E nele não se vê ninguém sozinho,
Ousando com ternura e com carinho
Mudando do teu passo aonde for
E ser um mensageiro sem se opor
Ao quanto mais perfeito etéreo ninho.
Não deixes cada engano te tomar
Fazendo da esperança o teu altar,
Revendo com brandura cada passo
Aonde perfilaste os teus momentos
E deixe-te levar por mansos ventos
Galgando em mansidão, um nobre espaço.

32288

Beijando assim teu filho, fuja da ira
Na qual a insensatez ditando a fera
Apenas tão somente destempera
E a cada novo dia em vão se atira
Não deixes que o temor tome e interfira
Gestando dentro em ti toda a quimera
Aonde um novo dia já se espera
Que seja teu olhar a imensa pira,
Acalentando o sonho, ser feliz,
Enquanto libertário já se quis
Aquele que se fez cordeiro em vida,
Não deixe que a verdade se renegue
O coração audaz, o que sossegue
Sabendo ter no amor clara saída...


32289


Servi, ao meu Senhor, com tal temor?
Não mais quero um chicote invés do abraço
E quando um novo tempo assim eu traço
Falando tão somente deste amor,
No quanto vejo em Ti meu redentor
E assim o sonho ocupa todo o espaço
Estreito dia a dia mais o laço
Amar e perdoar: raro louvor.
A mão que acaricia mansamente
O olhar doce e suave nunca mente
E traz a liberdade qual bandeira,
A morte deste velho entronizado
Onipotente ser ultrapassado,
Figura tão venal qual traiçoeira.

32290

Juiz da terra deixa-se instruir
Somente pelo amor, pela justiça
Aonde se mostrasse movediça
Estrada sonegando algum porvir,
Não deixe de em verdade pressentir
O quanto nossa vida em vida viça
Porquanto uma vingança sempre atiça,
Jamais o coração pode bramir.
A mão que pune saiba que a verdade
Liberta e mostra sempre em claridade
A decisão decerto mais correta,
Quem sabe agir no amor sabe a clemência
E mesmo se distante da inocência,
Uma alma sendo justa se completa...

32291

O quanto se tenta
Na vida um momento
Diverso tormento
Imensa tormenta
A porta arrebenta
E tanto este vento
No qual me alimento
A dor segue isenta
Do sonho voraz
Aonde se traz
O medo e o terror,
Viver plenitude
Enquanto se mude
E beba do amor.

32292

Vencendo o cansaço
Da vida sem nexo
Enquanto eu anexo
A sorte num traço
Galgando este espaço
Porquanto é complexo
E vendo o reflexo
E nele refaço
Caminho sem medo
E assim se eu procedo
Enredo-me em Deus
Vibrante delírio
Distante o martírio
Sonegando o adeus.

32293

Aonde se faz
O templo divino
No quanto o menino
Mostrou plena paz,
O passo se traz
E nele alucino
Mudando o destino,
Deveras audaz,
Recebo esta glória
E mudando história
Meu mundo se trama
Além do vazio
Futuro que espio
Bem mais que esta chama.

32294


Amigo, percebas
O belo momento
Aonde o tormento
Deveras não bebas
E quando recebas
No todo que tento
O raro provento
Enquanto concebas
Momento sincero
Além do que espero
Vivendo em ternura
Assim sem temores
Cevando estas flores
O amor já nos cura.


32295


Na ponta dos dedos
Nos olhos felizes
Em tantos matizes
Diversos segredos
Distante dos medos
E da cicatrizes,
Jamais contradizes
Da vida os enredos,
Sabendo ser tanto
O amor em que canto
Vital frenesi,
Perceba a beleza
Do amor em leveza
Que tenho por ti.


32296

Servil? Não me serve
Nem quero esta face
Ainda que grasse
O quanto conserve
A vida preserve
Quem tanto se trace
No amor sem impasse
Mantendo esta verve.
O passo que dás
Em busca da paz
Aplausos merece,
E assim se traçando
Um tempo mais brando
O amor sendo a messe.


32297

Agora, reis, sejais bem mais prudentes
Em vossos dias vejo a tempestade
E quando este temor o sonho invade,
Os dias são decerto mais dementes
E quantas vezes vejo em envolventes
Caminhos o que traz felicidade
E nela se percebe a qualidade,
Porquanto nossos dias sejam crentes,
Vencer as mais diversas emoções
Saber das tão terríveis tentações
E ter somente em glória este poder,
Assim vosso destino será farto,
Porém se desta senda enfim me aparto,
É como em plena vida, eu me perder...

32298

Ungi meu Rei no monte do Sião
Transcendendo ao amor eternamente
Remetes com ternura o bem que sente
Quem sabe e reconhece a direção
No amor se apaziguando este leão,
No qual se traduzindo plenamente
O quanto deste mundo ora descrente
Precisa conhecer amor perdão,
Ocasos de uma raça sem destino,
E quando distancio e me alucino,
Perdendo pouco a pouco a lucidez,
Estúpido fantoche me apresento,
Num ar soberbo, vago e violento,
Aonde toda a sorte se desfez.


32299

Os despedaça como um frágil vaso
Quem tenta noutro rumo a liberdade
Porquanto cada engano mais degrade
E a vida se aproxima de um ocaso,
O quanto do viver não tendo prazo,
Jamais se negará felicidade
A quem percebe a paz em claridade
E vive sem temor, mesmo ao acaso.
Negar a plenitude desta vida
É ter sem perceber já destruída
A foz de um tempo aonde possa vir
O tanto prometido dia a dia,
E quem sabe da glória e já se guia
Bebendo da alegria, este elixir...

32300

Os esmigalhará, com tua vara,
No amor feito em brandura e mansidão,
O corte trama a vida e a direção
Aonde todo o ser divino ampara,
E assim ao caminhar nesta seara
Sabendo deste amor/embarcação,
Servindo com ternura ao teu irmão,
Portal de um Paraíso se escancara,
Libertas e também serás liberto
Seguindo com firmeza o rumo certo
E nele tu verás a eternidade,
Não deixe de sonhar e de viver
No amor e no perdão todo o prazer,
Libertária se mostra uma verdade!

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