sexta-feira, 14 de maio de 2010

32701 até 32750

32701

Quem seria agora
Se não mais fosse assim
Eu dentro de mim
O quanto devora
Alma quando aflora
Noutra alma enfim
Vê-se logo o fim
Onde se demora
O começo, adentro
E se me concentro
No que fora ou sou
Vasculhando bem
Hoje sou ninguém
Sou o que restou.

32702

Durmo a me sentir
Onde poderia
Nova fantasia
Um velho elixir
E se tanto eu vir
Do que não seria
Morta alegoria
Renega o por vir.
Este itinerário
Quanto temerário
Sem erário ou gozo,
Mesmo assim se faz
Quando mais tenaz
Belo e caprichoso.

32703

Ledo pensamento
Aonde não tramara
Noite sendo rara
Em paz sem tormento
E se me alimento
Do que busco e aclara
Diversa seara
Negando o provento
Mesquinha falseta
Caminhar prometa
Onde não se traz
Nem sequer pretendo
Novo dividendo
Vida feita em paz.


32704

Se existisse ao menos
Entre tantas falhas
As fatais batalhas
Piores venenos
E sem ter acenos
Onde não espalhas
Sortes em cangalhas
Dias mais serenos
Revivendo assim
O que existe ao fim
Deste amanhecer
Nada posso quando
Noutro fado herdando
Tanto desprazer.

32705

Tantas vezes erro
Ou conserto à prazo
O que sem acaso
Não valia um berro
Logo me desterro
E se tento ocaso,
No final defaso
E decerto encerro
Quanto recomeço
No vital tropeço
Se perdera em mim,
Renegar a dita
Mesmo se maldita
É negar-me enfim.

32706

Sinto que seria
O que nunca fora
Alma tentadora
Ou decerto fria
Quando a poesia
Molda a sofredora
Face sonhadora
Tão mordaz se erguia
Nefanda verdade
Quando a lua invade
Noite em trevas feita,
Assim como o brilho
Onde me polvilho
Mal o amor se deita.


32707

Tendo consciência
Do que pude crer
Onde há desprazer
Mera coincidência?
Noutra convivência
Vivo sem poder
Descobrir o ser
Que gere inocência
E transformaria
Outra sintonia
No que já não vejo
Sortilégio e enfado,
Dando o seu recado
Mata o meu desejo.


32708

Fantasmas no limite
Do que seja espelho
E se me aconselho
No fatal palpite
Onde se palpite
Sangue mais vermelho,
Meto o meu bedelho
Por mais que se evite.
Parto após o parto
E partindo assim
Abortando em mim
O que não reparto,
Beijo a tez sombria
Do que seja o dia.


32709

Nada mais recordo
Bem seria o quanto
Tanto desencanto
Pego e logo abordo
E se andando à bordo
Do fatal quebranto
Rasgo logo o manto
Mal consigo e acordo.
Acordos diversos
Entre vários versos
Versões delicadas
Nelas aversões
E se nada expões
Só traduzes nadas.

32710

Quando inconsistente
Consciente passo
Ocupando o espaço
Onde já se ausente
Falso penitente
Quantas vezes traço
O que gera o abraço
Noutro ser que tente
Caminhar contigo
E se assim prossigo
Rumo ao que se quer,
Navegando em mares
Onde procurares
Não ser mais qualquer.

32711
Vencendo este mar
Aonde em anzol
Perguntando ao sol
Pudesse pescar
Bebendo o luar
E neste arrebol
Imenso farol
Diverso toar
Em sendas disperso
Vagando em meu verso
Jangadas e ventos
Percebo onde estou
E tento o que sou
Em fartos momentos.

31712

Coração de outro alguém
Um porto diverso
E se tanto imerso
No amor que contém
Aonde o desdém
Tomasse o perverso
Caminho do verso
Inverso do bem
E nele contanto
Sem verso ou encanto
Mesquinha manhã
Assim o viver
Sem nada conter
A sorte é tão vã.

32713

Ditosa seara
Aonde não vejo
Além do desejo
Que tanto me ampara
E sendo mais rara
A luz do sobejo
E nele o lampejo
Porquanto cortara
A fonte sacia
E traz novo dia
E nele se vê
Além deste olhar
O quanto sonhar
O amor se revê

32714

Fatal despedida
Da sorte sem paz
E ainda se traz
Além desta vida
Serpente e mordida
No bote é capaz
Em cena mordaz
Nela refletida
Semente do quando
Aonde em nefando
Pudesse tecer
Antevendo o zero
E nele eu espero
Ainda colher.

32715

Quem tanto tem pena
Ou canto pudesse
Em nada obedece
Assim molda a cena
Por vezes serena
Em outra enlouquece
E amor dita a prece
Onde se envenena
Riscando este mapa
O quando se encapa
No tanto que fora,
O corte aproxima
Aos poucos a esgrima
Se fez tentadora.

32716

Vou até convenço
E tanto ou não seja
O quando preveja
Ou mesmo me venço
Vencido no imenso
Amor que lateja
Enquanto a peleja
E nela vou tenso,
Atento ao que tanto
Seria portanto
Bem mais do que flui
Maré pós maré
Se sou o que se é
No nada isso influi.

32717

A dor do pensar
E ter outro fato
Sem ser mais ingrato
Não quero lutar
Tampouco em teu mar
Ou mesmo regato
Enclave eu destrato
Podendo aboiar
Vingando seara
A sorte que ampara
Amara ou cruel,
Retira do quanto
O peso do manto
E rouba este véu.


32718

Suspenso num sonho
Expondo o meu rosto
E nele composto
O quanto é medonho,
Vagando reponho
Gerando o disposto
E neste proposto
O tempo bisonho
Gestando outra forma
Enquanto deforma
Informa-se a flama
Disforme figura
Da vida assegura
Enquanto me inflama.

32719

Se estou na vazante
Dos sonhos em risos
Em meus prejuízos
Que tanto adiante
Quem mesmo agigante
Diversos sorrisos,
E neles precisos
Caminhos; levante
Motim dentro da alma
Nem mesmo se acalma
Na paz sem vintém
Vestira o vazio
E tanto desfio
O quanto não tem.


32720

Subindo até mim
De mim já se pondo
No quando me escondo
Mostrando ao que vim,
Restando sem fim
Se o mundo é redondo
E nisto compondo
O quanto há enfim
Das coisas que anseio
Apenas alheio
Seguindo meu rumo,
Depois do que possa
Ser caos medo ou fossa,
Amores esfumo.






32721

Abandonada cena
Aonde se revela
Amor quando se sela
E nela se envenena
Refém da velha pena
Aonde fora cela
Jamais encontra a vela
E ao porto se condena,
Vergando em contrapeso
Ao se mostrar obeso
Quem tanto quis a luz,
No cais abandonado
Mostrando o seu passado
A quem já se conduz.

32722

A brisa aquece a tarde
E trama nova noite
Aonde se pernoite
Quem tanto se retarde
Ainda sem alarde
A vida dita açoite
E quanto mais acoite
Decerto bem mais arde,
Ardis já conhecidos
Em templos construídos
Nos lagos da ilusão
O tanto que se fora
Ainda sonhadora
Agora morra em vão.

32723

À bala, fome ou vício
Não perco a minha senda
E nela se desvenda
Imenso precipício
Voltando desde o início
Amor dizendo em lenda
O quanto toma a venda
Não vendo nem resquício
Do que já fora outrora
E agora não demora
Mortalhas tece logo,
E quando poderia
Viver a fantasia
Em suplícios eu rogo.

32724


Aonde lado a lado
Caminho após o nada
E tento uma alvorada
Vencendo o mesmo fado
E nunca este recado
Em voz entronizada
Pudesse ser alçada
A sorte em que não nado.
Mecânicas diversas
E quando nelas versas
Avesso ao que se fez
Tomada pela dor
Gerando este fator
E nele a insensatez.

32725

Estendo então laços
E procuro a paz
Que nada mais traz
Em dias tão laços
Apenas bagaços
Do quanto mordaz
A vida tenaz
Adentrando espaços
Vagando no nada
Matando esta estada
Estrada em refém
Do pouco que noto
Ainda remoto
E nada contém.

32726

E tanto se mostra
A sorte no quando
Se fez desabando
E tomando a amostra
O corpo se prostra
E morre negando
O tempo nefando
Aonde foi ostra
E cismo sem nexo
E sem o reflexo
De quem não seria
Aquém do que ainda
Não vejo ou deslinda
Fatal fantasia.

32727

Os céus vãos perdidos
Em tantas quimeras
Soltando tais feras
Tomando os sentidos
Os dias urdidos
Nas ondas esperas
E nelas temperas
Diversas libidos.
Mas todo o momento
Dizendo o tormento
Tramando em segredo
A paz noutro tanto
Mordaz desencanto
Condena ao degredo,


32728

Assim era tento
E nela se entranha
A voz mais estranha
Total desalento
E até desatento
Partida já ganha
Descendo a montanha
Expondo-me ao vento
Retroajo ao quando
O dia negando
A sorte morrendo
E tanto se via
Na vã heresia
O sonho se erguendo.

32729

Idade não conta
Quem tanto refaz
Caminho em que a paz
Aos poucos se apronta
E quando se aponta
O momento em que audaz
A vida compraz
Ao todo remonta,
Versando em delírio
Matando o martírio
Em lírios, jardim,
Cevando a esperança
Amor já se lança
Erguendo-se enfim.

32730

Materna alegria
Aonde se vê
O quanto e por que
A vida se erguia
A noite se é fria
E o corte em que crê
Quem nada relê
Do pouco que havia
Estranhos cenários
Momentos corsários
Canários e cantos,
Assim ao se dar
Amor ao luar
Bebendo os encantos.


32731

Acende-se em mim
Vital luminária
Que sei necessária
Por ela inda vim
Buscando o meu fim
Minha alma é corsária
Quanto incendiária
Pequeno estopim,
Chegando ao início
Rondo o precipício
E salto sem asas
Em meio das brasas
Do inferno que cri
Ou lá ou aqui.

32732

Pudera em outrem
Viver o que nada
Em sol destilada
Uma alma contém
E quando se vêm
Luares, calçada
Noite serenada
Dos sonhos além
Voltando à brumosa
Manhã caprichosa
Da rosa perdida
Da senda florida
Ausência sentida
Em verso ou em prosa.

32733

Beleza se erguendo
No tanto que posso
Do ser quase nosso
E quando me vendo
No teu ser vivendo
Meu sonho que empoço
Dos seus já me aposso
Momento estupendo
De dois somos um
Lugar tão comum
Amor ato em uno
O passo seguinte
Enquanto se pinte
As almas reúno.

32734

O chão fosse meu
Aonde pisaste
Embora negaste
O tanto se ergueu
Do pouco ou do breu
Importa o contraste
E mesmo em desgaste
O além já se deu.
Vivendo por ser
Saber o prazer
E volto ao começo,
A sorte, esta dita
Por vezes se evita,
Mas sei que eu mereço.


32735

Desertos que trago
No quarto ou em mim,
No tanto ou no fim,
Na falta de afago
E quando me alago
Do amor sei enfim
Um dia mais clean
Ou noutro um estrago
Qualquer agridoce
Caminho onde fosse
A fossa; apogeu
Voltando do quando
Ou mesmo negando
Um pouco deste eu.

32736

Sonhar e servir
Sentir o se pode
Aonde não rode
O mundo e pedir
O quanto há por vir
Ou mesmo se explode
E nada se eclode
Nem possa impedir
Crisálida da alma
Por vezes acalma
Em outras maltrata,
Viver liberdade
Alçar claridade
Na medida exata.


32737

Incertos momentos
E neles os fatos
Aonde em retratos
Desabo tormentos
Às vezes ungüentos
Em outras extratos
Dos todos exatos
Ou mesmo em proventos
Diversos dos quais
Pudesse bem mais
Que apenas um traço
Descanso ou alcanço?
E quanto ao remanso;
Aos poucos desfaço.


32738

Ondeio por tantos
E nada do quando
Pudesse remando
Entregue aos encantos
Vitrais e quebrantos
As nuvens em bando
O tempo passando,
Distorcidos mantos.
Legado ao não ser
Por onde o poder
Não fosse venal,
Alimento ao todo
O cais, medo e lodo
Ausência de nau.

32739

Nas sombras a luz
Aonde não vejo
Aproveito o ensejo
E o quanto me opus
Agora propus
Vital realejo
Por onde azulejo
Ou mesmo compus
O verso sem mágoa
E nele deságua
Metade de mim,
Pois outra resguardo,
Divido o meu fardo
Completo-me assim.

32740

O mundo se oscila
Pendular espelho
Do quanto aconselho
Ou quanto destila
Na cidade ou vila
O luar vermelho
E se me assemelho
Ao resto da argila,
Porém divindade
Às vezes invade
E nisto redime,
Ainda não vendo
O quanto desvendo
De amor ou de crime.

32741

Desatento ou não
Principio o dia
Inversa e sombria
Aonde o senão
Ser vindo do então
Enquanto se urdia
Raiar ventania
Chover em sertão.
Ser tão nunca ser
Ser vil ou poder
Viver claramente
Ainda não risco
Ou mesmo se arisco
Manter clara a mente.

32742

Ainda era dia
Ou noite talvez
E se já desfez
Aonde se urgia
Surgia outra tez
E nela se via
Seara sombria
Andante se fez
Moinhos em mim
Gigantes diversos
E tanto meus versos
Além do jardim
Vibrando na espera
De outra primavera.


32743

Ou longe ou aqui
Disperso de mim
Por onde não vim
Já reconheci
Caminhos segui
Um campo sem fim
Aceso o estopim
No fundo explodi
E quase pudera
Ainda esta fera
Viver tempestade,
Mas falsa promessa
Aonde tropeça
A felicidade.

32744

O quanto sorrisse
Quem vive o que quer
O pouco sequer
Negando a mesmice
Se amar é tolice
E o todo vier
Seja o que quiser
Além muito disse
O bêbado passo
Aonde desfaço
O pântano, o charco
Amor sendo tanto
Na âncora levanto
Transcendendo ao barco.

32745

Jamais pude ver
Além do que agora
Ainda devora
Sem ser ou poder
Negando o saber
Ausência decora
Aonde quis flora
Não pude colher.
A poda em minha alma
Aonde quis calma
Não deixa sinais,
Do pouco que tento
Mesmo se sedento
Sacio jamais.

32746

Ainda silente
Depois da tempesta
A vida se empresta
Embora se ausente
Ou quando freqüente
Adentrando fresta
Estragando a festa
Porquanto só mente
Sementes alçadas
Somente em calçadas
Caladas da noite,
Vendido em leilão
Venal coração
Procura um pernoite.

32747

Qual luz e falena
Rosa e colibri
O quanto me vi
Numa alma pequena
Mergulho na cena
E quando a perdi,
A dor revivi,
Mas sonho serena.
Resisto ou resido
E quando duvido
Percebo meu erro
Ou mesmo no acerto,
Distante ou mais perto
Condeno ao desterro.

32748

Vagueio sem nexo
E num retrocesso
Outrora o processo
Da vida um reflexo
No quanto o progresso
Deixando perplexo
Procuro por sexo
Anexo ao regresso
Do sonho que existe
E seguindo em riste
Irrita ou consola,
Entranho cometas
Por onde arremetas
Na vida esta escola.


32749

Deixar claramente
Aberto o portal
Sem medo ou venal
Caminho na mente
E quando descrente
Ledo ritual
Bebendo o final
Que o nada apresente,
Retiro o começo
E volto ao tropeço
Arcando com falhas
Enquanto ao meu lado
O risco, o pecado,
São duras cangalhas.

32750

Não pude sonhar
Tampouco pudera
Quem trama a quimera
Esquece o luar
E volta a tocar
Ou já regenera
Em novíssima era
E ofusca seu par.
Tentar horizontes
Iguais quando apontes
Com olhos e dedos,
Seguindo sem rumo
No quanto me esfumo
Desvendo segredos.

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