sexta-feira, 21 de maio de 2010

33501até 33550

33501

Rondando cada instante desta vida
Aonde quis estar eternamente
Vivendo o frenesi onde aparente
A sorte quanto mais é decidida
Na voz de quem deseja em colorida
Manhã o que decerto uma alma sente
E quanto mais o canto é bom, freqüente
Uma alma muitas vezes sem saída
A dolorida imagem do passado
O corte cada vez mais demorado
O peso de sonhar que me lanhava,
O vento em tempestade, o medo atroz
E agora quando em ti encontro a foz
A vida não seria mais escrava.

33502

Cevando com ternura cada fato
Deitando sobre as flores brilho e sol,
O amor quando se entorna em arrebol
Deitando esta ternura eu me retrato
E bebo sem saber da dor maltrato
Tampouco de outra insânia, sigo em prol
Do quanto poderia girassol
Vivendo por viver um solo grato,
Assisto ao que pudesse ser melhor
No corpo extasiado este suor
Deixando marcas tantas nos lençóis
E assim em noite imensa lua cheia
A sorte se transforma e nos recheia
Em plena madrugada tantos sóis...

33503

Abrindo o coração ao que pudera
Sentir sem ter momentos de temor
E quando vejo o canto se propor
Deixando qualquer medo em vaga espera,
Assisto ao renascer da primavera
E beijo com ternura beija-flor
Riscando cada espaço sedutor
Esqueço o meu passado e a vida gera
Além de simplesmente ser feliz
Vivendo tudo aquilo que mais quis
Esboço este sorriso em glória e luz,
Assim ao perceber tanta beleza
Não quero combater a correnteza
À qual por tantas vezes eu me opus.

33504

Eu estarei aí onde seguiste
Com passos mais felizes sol e lua,
Minha alma vai seguindo junto à tua
O velho sentimento sempre em riste
E quando a natureza inteira assiste
O sonho onde a verdade continua
Risonho caminhar em alma nua
Porquanto o próprio amor já seja triste
Eu tento desvendar cada segredo
E quanto mais aos braços me concedo
Procedo como fosse um libertário
Caminho andando em cores mais diversas
Ainda sobre o espaço teimas, versas
Singrando amor imenso e bom corsário.

33505

Ninguém se comparando com aquela
Que a vida me ensinou ser mais além
E quando a realidade nos contém
A vida noutra face se revela,
E tanto quanto posso já se atrela
E bebe da alegria onde convém
Saber da eternidade deste bem
No qual a poesia agora sela,
Medonha face escusa do passado,
Aonde noutro tempo maltratado
Apenas percebera alguma luz,
E quando noutro tanto encanto e riso
Seguindo sem pensar ao paraíso
O próprio desejar já nos conduz.


33506

Fagulhas de uma vida simplesmente
Espalham-se na casa, sala e quarto
E quando todo o sonho assim reparto
O tempo na verdade não mais mente,
Resolvo cada passo onde freqüente
E deixo o coração deveras farto,
E assim ao renovar, viver o parto
A vida noutra vida se apresente,
Eclético luar em luzes tantas
E quando noutra cena tentas cantas
Esbarras dentro em mim e adentra o sonho,
Assim ao me entregar sem perguntar
Bebendo cada gole do luar
O tempo mais feliz quero e componho.


33507

Vivendo por viver já não agüento
Sequer as mesmas ondas do passado
E tanto poderia ter mudado
A direção atroz de cada vento
E sendo assim se tento meu provento
Na força incontrolável do machado
O corpo pelo medo já lanhado
O tempo não aceita outro argumento,
Cercado pela mesma insanidade
E vejo o que talvez não desagrade
Mas cansa este andarilho em torpe sonho,
Aguardo por notícias que não vêm
E sigo novamente sem ninguém
Ao quanto sem defesas me proponho.

33508

Os males que me invadem todo o ser
Adentram pensamentos, sonho e fato,
E quando noutro tanto me resgato
Vencido pelas ânsias do querer
Jogado pelas ruas pude ver
Apenas o que tange em vão retrato
O fato se mostrara mais ingrato
Bebendo cada gole sem saber
Do quanto poderia ser diverso
O mundo sobre o qual quando converso
Arranco estas medalhas do meu peito,
O amor não tendo mais um só alento
Atrocidade dita o pensamento
E assim prossigo embalde insatisfeito.

33509



Estando junto a ti por outro lado,
Depois de ter vencido cada engano
Herdando deste encanto velho dano,
O preço sendo pago do passado,
Vestido pela insânia, retalhado
Caminho prometido agora insano,
O quanto a cada dia mais me dano,
Não tendo novo mundo em mim gerado,
Cadenciando o passo rumo ao quanto
Pudesse acreditar enquanto canto
E teimo contra a fúria das marés
Esqueço cada passo que inda deste
E quando se aprofunda o que reveste
Desvendo a minha vida de viés.

33510

Esqueço minhas dores, ressuscito
Após os mais dispersos passos dados
E quando nos espaços lanço os dados
Tentando versejar sobre o infinito
O corte deste encanto mais aflito
Esbanja com terror tais engradados
Os dias entre dias malfadados
E neste caminhar estendo o rito,
Acordo e com paixão não me proponho
A ter além de apenas mero sonho
Vestir esta fantástica ilusão
Jorrando dentro em mim sangues diversos
Ascendo à maravilha em risos versos,
Agasalhando a morte desde então.


33511

Amor p’ra ser amor ama o amado
Embora muitas vezes não mereça
A sorte quando morta já se esqueça
Do quanto não mais deixa por legado,
E assim ao ter meu sonho abençoado
A vida gira e toma uma cabeça
Rondando cada noite me obedeça
O fato de saber do velho enfado,
Desencadeia a vida noutra vida
E assim se perpetua a nossa história
Porquanto viva tendo esta memória
Do peso que jamais alguém divida
Vencer os meus caminhos mais atrozes
E ter em mesmos tons diversas vozes.

33512

Com gosto, no segundo, do infinito
Aperta o coração este abandono
E sendo sem juízo medo ou dono
O corte que pensara mais aflito
Tentando descrever o já descrito
Rezando na cartilha morto o sono,
Jazendo dentro em mim o velho trono
Cadáver na verdade mais bonito.
Eu sinto e me aproximo do que um dia
Pudesse imaginar em poesia
Não fossem os botecos e calçadas,
Arcar com meus enganos e teimando
Lutar contra este véu fusco e nefando
Em luas quase sempre não alçadas.

33513


Por isso te pretendo como um todo
E deste cada parte é necessária
Apátrida manhã diz procelária
E dela não se vê sequer mais modo
De ter nas mãos o rito dito engodo
Perpetuando a glória quando é vária
Acordo dentro em mim a luminária
E tento versejar quando me podo.
No pântano que expões a cada ausência
Encontro com vontade esta anuência
Do verso feito em treva ou mesmo em luz,
Sombria noite em brumas e neblinas
Querência mais diversa e me fascinas
Enquanto noutro canto me compus.


33514


Sem teu amor, decerto, lodo e frio
Servindo de alimento ou de descanso,
No quanto poderia e não avanço
Apenas seja mero desafio,
E tento aproximar fogo e pavio
E assim enquanto ao nada já me lanço
No beijo sonegado me esperanço
O corte se aproxima em faca e fio.
Resumo noutro verso o meu destino
E bebo cada gole em torpes sanhas
E quantas vezes pensas que me ganhas
Negando cada passo onde fascino
Meu erro contumaz acreditar
Nas velhas ignorâncias de um luar.

33515


Persigo meu amor noutra estalagem
E risco o velho nome de um cenário
Por vezes ou nem tanto necessário
Seguindo sem saber velha viagem,
O medo não produz sequer aragem
E bebo cada gole temerário,
A vida cobra assim imenso erário
E tanto poderia ser a pajem
Do vendaval intenso aonde eu possa
Viver o coração no quanto endossa
A sorte mais audaz em versos feita
E sendo sempre assim nosso futuro
Um passo sem destino pelo escuro
E vejo a minha vida sendo aceita.

33516

Em vastas caminhadas de minha alma
Encontro vendavais e são distintos
Dos dias mais ferozes hoje extintos
Aonde a solidão ainda acalma
Conheço esta verdade e quando a calma
Vencendo os meus temores e os absintos
Bebidos pelos ermos dos instintos
Traçando o que pudera ser um trauma,
Levando sempre a sério o meu caminho
E resolutamente me avizinho
Do fim da mesma história começada
Nos antros do que seja imaginário
O peso do viver traça o cenário
E nele não se vê mais quase nada.

33517


Por dentro deste amor viajo enquanto
Fartando-me do sonho mais audaz
Ninguém se mostraria e quando traz
Diversidade imensa, assim eu canto
E risco sem saber qualquer quebranto
Perdido caminheiro mais mordaz
Peçonhas costumeiras tanto faz
E o preço que se paga vale o manto,
Medonha face expondo a cada riso
E nele novo dia mais preciso
Arcando com os erros costumeiros,
Assino com o sangue cada frase
Porquanto a própria vida já defase
Deixando no passado meus luzeiros.

33518

Ao mesmo tempo dói e me serena
O parto desconexo da razão
E beijo qualquer nova floração
Sabendo desvendar diversa cena
O quanto a nossa lua se fez plena
E o vento prometera a viração
Chamados do passado mostrarão
Apenas a verdade mais amena.
Esgoto com palavras versos frases
O todo que talvez ainda trazes
Imerso no vazio deste mundo
No qual sem ter certeza me adentrando
A farpa cada vez se apresentando
E dela noutro tanto me aprofundo.

33519

Sentindo teu desdém, me desespero
E tento navegar contra as marés
Atando com terror corrente em pés
Os dias entre tantos destempero,
Resisto mais além do que sincero
Caminho permitido sem galés
E quando se percebe outro revés
O vento mais suave se faz fero,
Levado pelo engano costumeiro
Restando dentro em mim ledo luzeiro
E nele poderia até sentir
O fogo da paixão que não viesse
E assim ao mergulhar em sonho e prece
Encontro desvendando este elixir.


33520


E quase me entregando, sem sentidos
Aos tantos desafios, corpo e mente
Tateio contra a fúria novamente
E beijo com ternura os já perdidos
Caminhos entre tantos resolvidos
E nada do que ainda sonho mente,
A voz do meu passado não desmente
Desanda dentro em mim torpes libidos,
O sexo se faz falta ou se promete
O corpo noutro corpo que arremete
A fúria desenhada desde quando
O mundo se fizera em tez diversa
Assim para começo de conversa
Amar jamais seria ato nefando.

33521

Ao mundo que perdido não mais quero
Tampouco quis a glória do não ser
Ao menos poderia com prazer
Viver algum momento mais sincero
E quando noutra face degenero
Perdido entre os caminhos do querer
Vencido plenamente e sem poder
Saber aonde ainda teime espero
Vestir esta mortalha e nela crendo
Beber do quanto fora em estupendo
Momento esta heresia contumaz,
Não teimo mais tropeços pela vida
E quando a realidade se atrevida
Expressa novamente um passo audaz.

33522

De tanto amor que sempre tem havido
Nos ermos das diversas ilusões
Enquanto novamente não expões
O tempo se percebe despedido,
Restando o que pudesse enaltecido
Nas ânsias de outros dias e estações
Agora mais distante dos verões
Inverno dentro em mim enternecido
Resolvo vez em quando algum disfarce
Porquanto a própria vida sempre esgarce
E molde sem sentido verso e frase
Pudesse acreditar no que não creio,
Mas sigo sempre aquém ou mesmo alheio
Ao quanto cada dia mais atrase.

33523

Ávido de saber por onde andaste
Seguira cada estrela em noite imensa
E quando novo tempo me convença
Desta fatalidade onde o desgaste
Ao qual com toda incúria me legaste
Deixando para trás a tarde tensa
E nela se percebe a recompensa
Diversa da que tanto dispensaste
Ocasionando em mim dor e tempero
E gesto mais audaz onde venero
O beijo amaldiçoa e me escarrara
Acordo sem saber se existe ainda
A solução que o tempo não deslinda
Nem mesmo quando a noite se escancara.

33524

No tempo em que vivias outras trilhas
Dispersos caminhares noite afora
A morte quando muito me devora
E nela se preparam armadilhas
E sei que quanto mais cruéis empilhas
Resíduos do que fomos se decora
Cenário sem mortalha trama em flora
Diversa as velhas tocas e não brilhas
Retintas ilusões entre as diversas
E geras sem pensar novas conversas
Adentrando luares entre os sóis
As almas encetando novos rumos
E neles outros tantos geram fumos
Arcando com terríveis girassóis.

33525

Nem sinto, mas causando tal desgaste
Que ainda não pudera acreditar
Toando mesmo quando a divagar
O peso não pudesse ser contraste
O corte se aprofunda e sonegaste
O mundo quando possa imaginar
Outrora descansando devagar
Roubando do caminho o que foi haste
Cansado de seguir sem ter destino
No pouco que me resta e me alucino
Anunciando o fim da velha história
Legando este tentáculo se tanto
Ainda noutro verso teimo e canto
Porquanto seja a vida merencória.


33526

Revivo tais saudades maltrapilhas
Usando do meu verso solidário
E sei o quanto mesmo solitário
Caminho aonde ausente teimas, trilhas,
Rescindo meus engodos armadilhas
E neles outro canto é necessário
Vencer os meus destinos de corsário
E ser o que pudesse em tantas milhas
Andando pelas ruas, multidões
E nelas entre tantas direções
Apenas direciono verso enquanto
No corpo apaziguando esta promessa
A vida noutra vida já tropeça
E cada qual seguindo no seu canto.



33527

Bem sei que nada mais resta do fato
Do qual se pernoitara esta esperança
A boca escancarando outra mudança
E nela com horror eu me retrato
Vestindo da ilusão quebrando o prato
Aonde na passagem nada alcança
Resisto enquanto ao tanto já se lança
O medo noutro fardo, meu destrato.
Ocasionando assim o fim da festa
E quanto mais a gente tenta e gesta
O beijo se adiando para quando
O pântano dissolve em luzes fátuas
Riscando os meus anseios vis estátuas
E o corte cada vez se aprofundando.

33528

Queimaste da gaveta esse retrato
No qual algum sorriso se adivinha
A sorte na verdade nunca minha
E nela com terror velho contrato,
O beijo navegando tal regato
A porta mais trancada e tão mesquinha
Enquanto cada passo desalinha
Outrora venceria este maltrato,
Lavando com meu sangue este passado
Com tantas emoções sempre regado
Risonha madrugada em plena rua,
Mas nada do que fomos continua
O peso verga o corpo já cansado
E a bruma esconde agora toda a lua.


33529


Ao emanar amor em cada poro
Pudesse até pensar noutro momento,
Mas quando mais distante em desalento
Ainda sem presença tua eu choro,
O rosto quando muito digo e imploro
E posso até sentir o manso vento
E quando a solução buscando invento
Nos ermos do vazio eu já me escoro,
O tempo não pudesse ser assim
Quem sabe novamente chegue ao fim
O mundo que pensara mais feliz,
As farpas no caminho, outros dias
E assim enquanto ao longe tu sorrias
O mundo não traria o que eu mais quis.


33530


Sempre, quando te vejo louco fico
E tento disfarçar este abandono
No tanto quanto eu possa já me adono
E o dia em paciência imensa estico,
O quanto se pudesse ser mais rico
Ou mesmo perceber diverso sono,
Mergulho neste mar aonde eu clono
E sei que na verdade não me explico,
Fugacidade dita realmente
O que talvez pudesse, mas somente
A vida traça em cores mais complexas
Palavras que me dizes, tão perplexas
Gerando a cada fato outra semente
Não deixam rotas várias desconexas.


33531

Nos olhos que me mostras, me demoro,
E tento desvendar velho segredo
E desta mesma forma já procedo
Veiculando à sorte onde decoro
O rumo sem saída e não afloro
Sequer do pensamento qualquer medo,
E sendo condenado ao vão degredo
Nas ânsias de um delírio agora ancoro,
Revivo sem certeza cada passo
E quanto mais atroz caminho eu traço
Eu bebo desta espúria insensatez
O verbo se retorna e do passado
Futuro noutro instante desenhando
Enquanto este presente já desfez.

33532


Em tanto amor que tenho me edifico
Embora saiba a queda inevitável,
O solo aonde outrora fora arável
Agora noutro tanto escarifico,
E beijo cada angústia teimo e fico
Bebendo deste sonho que intragável
Pudesse ser ao menos amigável
E o todo se restando não explico,
Resido neste instante aonde eu quero
Saber de outro momento mesmo fero
E ter esta incerteza a me mover
Acasos entre caos e casos fartos
Deixando sempre abertos velhos quartos
Aonde outro momento eu pude ver.

33533


Mas sabes que não volto sem perdão
Tampouco quis assim o recomeço
E sendo mais comum este adereço
E nele novos tempos mostrarão
O verso sem qualquer novo senão
E o vento com meus ermos se do avesso
Não sabe do caminho ou endereço
E morre sem sentido ou direção,
Esgarçam-se palavras entre tantas
Ainda que deveras me agigantas
Não perco a direção em contratempo
O parto sonegara alguma chance
Por mais que no vazio já se lance
A voz não mais concebe rumo e tempo.

33534

Por isso te proponho nova vida
Embora saiba ter felicidade
Não quero mais viver se desagrade
Quem bebe desta sorte, vã bebida,
O vasculhar minha alma em despedida
No quanto realçando liberdade
Deixara como sombra, a qualidade
Amortalhada sorte decidida.
De todas as peçonhas costumeiras
Ainda nas verdades mais inteiras
Ligeiras noites vagam sem a lua
Meu verso preparando enfim o bote,
A vida não procura esta mascote
Enquanto ao léu deveras já flutua.

33535


Abrindo com certeza o coração,
Esqueço qualquer sombra do que eu quis
E vejo este retrato um aprendiz
Perdido sem saber de solução
O verso noutra forma e dimensão
Pudesse transformar o que não fiz
Mereço pelo menos ser feliz,
Mas sei que não conheço esta estação
Acordo e mesmo assim não mais seria
A vida noutro tempo em alegria
Resisto quanto pude, mas somente
O caos ainda vejo em minha frente
E tudo não passara de mentira
Aonde a morte agora em vão me atira;

33534

Pedindo, por favor, não mais divida
A senda desejada em luz tão farta
E quando esta verdade se reparta
Após o que pensara ser a vida,
No fardo desta história percebida
A morte se transforma em cada carta
E quanto mais o medo me descarta
A fonte noutra face soerguida.
Legados do passado dentro em mim,
O vento se mostrara sem um fim
Dos charcos que freqüento, o mais comum
Transcende à própria luta em persistência
E assim ao se perder uma inocência
Voltando novamente a ser nenhum.

33535

Se nada saberia te dizer
Escondo-me debaixo deste vago
E quando no vazio agora alago
O morto se mostrara sem saber
Escondo a poesia e posso ver
O temporal tomando todo o lago,
E quando a realidade não afago
Começo novamente a me perder.
Lesando cada fato desta vida
E tendo sem saber desde a saída
O fim descrito em fúria, medo e morte
No peso mais atroz desta esperança
O corte regenera a temperança,
Mas quando em desamor perco o suporte.


33536


Pedindo-te que fiques por aqui
Depois de ter sentido tanta ausência
De quem se fez apenas paciência
E com toda a certeza já perdi,
O vento se espalhando diz de ti
E não mereço mais tanta inclemência
Negando o que restara em convivência
Ciência deste encanto percebi,
Mas nada se aproxima do refugo
E quanto novamente o tempo alugo
Riscando deste mapa algum sinal,
Eu busco ancoradouros entre tantos
E sinto nos diversos desencantos
O mundo neste velho ritual.

33537

Achando-te começo a me perder
E sei quanto é difícil caminhar
Em meio aos pedregulhos e vagar
Sem ter sequer destino a perceber
O vento do tamanho desprazer
Dourando com ternura o céu e o mar
Gerindo com terror a me tocar,
Enaltecendo a vida em bem querer,
Mas tudo é simplesmente fútil sonho
E quando novamente eu me reponho
Nas variantes todas desta vida,
O quanto percebera em dimensão
Diversa da que trama o coração
Não vejo mais a sorte já perdida...


33538


De amores que mais livre, me prendi
E sei que nesta algema libertária
A sorte não seria temporária
Não fosse o que deveras vejo aqui,
O rumo atormentando percebi
E nele cada noite solitária
Aonde se pudesse a necessária
Vontade de sorver o que bebi,
Ocasos entre fardos ardem tanto
E tento disfarçar e enquanto canto
A cada canto vejo a mesma cena
Desnuda realidade não sonega
E quando caminhara em luz tão cega
A própria realidade me envenena.


33539

Por Deus, abençoada a minha sorte
E sei que não mereço tanta luz
Mas quando a minha senda reproduz
O mundo que deveras me suporte
Eu tendo a sensação de fino corte
Ao qual com temperança não me opus
Diverso do caminho que eu propus
A vida não seria um mero esporte.
Levando para além do mesmo cais
Enfrento novamente temporais
E assisto aos meus momentos mais cruéis,
Resisto o quanto posso, mas insisto
O tempo se mostrara até benquisto,
Porém quando resumo bebo os féis.

33540


Eu te amarei querida até na morte
E mesmo que a mortalha não recubra
Uma alma dolorosa amarga e rubra
O tempo novamente me conforte,
Assim ao caminhar, sobejo e forte
Ainda que deveras não descubra
O quanto a solidão, inda me cubra
Eu posso perceber o fino corte.
Assaz maravilhosa a vida encontra
Ao mesmo tempo tudo desencontra
E segue sem saber de algum alento,
As velhas cordoalhas arrebentam
Palavras do passado me atormentam
Moldando novamente o pensamento.

33541

Vaidade tanto fere quem deseja
Além de meramente algum instante
E sendo a vida assim, tanto adiante
O passo quando a noite já se almeja
O risco de sonhar, velha peleja
Na qual a cada fato mais encante
Quem tanto poderia deslumbrante
Caminho aonde a vida não poreja
O prazo terminando não permite
O quanto deste encanto e vão convite
Ao todo perfilado em fantasia,
Agora nada resta do que eu fui
E quando este passado ainda influi
Futuro com certeza não havia.

33542


Tomando de soberba o coração
A sorte desdenhosa, mas freqüente
No quanto ainda mesmo se apresente
Mudando com ternura a direção
Envolta pelas rédeas do senão,
E o peso se tornara um penitente
Vergão aonde o medo não consente
Nem mostre nova face ou dimensão,
Restando a quem tentara alguma sorte
Apenas o vazio em que comporte
O fardo mais medonho e mais cruel,
Assim não poderia estar contigo
Se tanto me percebo em desabrigo
O velho caminhar exposto ao léu.

33543



Por noites, madrugadas procuramos
E quando não sabemos de outra senda
A sorte com certeza não atenda
Sequer outros propósitos, erramos,
E tanto poderíamos nos ramos
Diversos desta outrora morte ou lenda
Restando a tempestade em que se estenda
A mão aonde nada mais cevamos,
Esgarçam-se momentos mais felizes
E sei dos meus tormentos e deslizes
Atrizes da emoção palavras são
Ações entre pernoites e vergastas
Enquanto em poesia tu desgastas
Procuro novamente a embarcação.

33544

Amor que nos transmita uma emoção
Além dos velhos fatos mais vulgares
E quando com ternura provocares
Vontades em fantástica erupção
Servindo de mortalha ao coração
Os velhos e terríveis vis altares
Tocados pelas ânsias ganham ares
E tramam sem saber novo verão,
Resisto ao que pudesse ser ainda
A sorte noutra senda mais infinda
Retalhos dentre em nós navegam mortos
Dos vândalos caminhos e oceanos
Acumulando em mim diversos danos,
Não vejo nem sinal dos tantos portos.


33545

O mar quando se quebra em quente areia
Depois de tempestades e procelas
Enquanto sonegando lemes, velas
Transcorre sob as ânsias da sereia
E quando esta vontade me incendeia
No quanto possa ser e mesmo atrelas
Não tendo novo rumo já revelas
A lua desairosa mesmo cheia,
E o caminhar vazio em noite escusa,
Do quanto poderia, sempre abusa
Da sorte mesmo quando nada vês
Os meus demônios abro em luz etérea
E quando esta beleza é mais venérea
A vida procurando seus porquês.

33546



Acalma esse calor que queima tanto
E deixa como um fato incontestável
Momento que eu pensara detestável
Mas muda a cada ausência e em novo canto,
Resisto na verdade ao desencanto
E nele beijo a boca do insondável
Caminho aonde o mundo quis arável
E bebo sem saber se ainda é quanto
Farrapos de mim mesmo pela sala,
E tanto quanto pode a voz não fala
Das farsas costumeiras, eiras, beiras
E ainda quando assim foges e esgueiras
Na imensa charqueada dita vida
A movediça sorte não duvida.


33547

Teus olhos, o meu peito se incendeia,
Farturas entre risos gargalhadas
As sortes noutras faces ou estadas
A porta na verdade não permeia
E quando a minha vida devaneia
Vagando sem destino ou galopadas
Manhãs procuram velhas madrugadas
Tentando vislumbrar a lua cheia
Exímio passageiro do vazio
Ainda que pudesse não recrio
Caminho aonde um dia bem soubera
Vencer com calma tantos temporais
E sei que na verdade nunca mais
A vida me trará tal primavera.


33548


Só beijos e desejos meu encanto
Aonde a juventude ainda habita.
A sorte não seria tão bonita
Enquanto em desespero nada canto,
Persisto e procurando sem espanto
Viver a sorte feita em tal pepita
Ainda que esta história não repita
Final eu adivinho ou adianto,
Centelhas entre fúrias e terrores
Ausentes dos meus olhos belas flores
Dos espinheiros guardo na lembrança
O fato de existir e não ter mais
Nos olhos os anseios magistrais
Aonde o meu futuro não alcanç.


33549


Encantos que me trazes, minha amada,
Durante a nossa bela mocidade
Agora quando o inverno toma e invade
Não resta deste todo o mero nada,
Escudos, proteção, mas desarmada
Uma alma com terror já se degrade
E quanto mais audaz o peito brade
Maior esta certeza desolada,
E bebo cada gole da aguardente
Jogada pelos cantos deste quarto
Até que na verdade em sonhos parto
Porquanto outro planeta enfim freqüente
E assim a morte em vida traduzindo
O quanto se pensara outrora infindo.

33550


Não vejo solução senão amar-te
E sendo seu fiel tolo escudeiro
Tentando proteger o corriqueiro
Caminho aonde toda a sorte parte
E sigo sem saber deste descarte
No qual jogado fora num cinzeiro
Amor que imaginara ser braseiro
Ancora noutro rumo, Vênus, Marte...
Peçonhas destiladas num sorriso
Orgásticas palavras? Nunca mais
E o beijo prenuncia os vendavais
O toque mais audaz tanto impreciso
Resenhas entre senhas e cenários
Os dias morrem turvos, temerários.

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