domingo, 23 de maio de 2010

33801 até 33850

33801

Vivendo do seu lado, ser amado
A vida poderia ser divina,
Porém ao mesmo tempo em que fascina
Demonstra outro caminho, desolado,
O vento se mostrando variável
A cena se aproxima da loucura
E quando a fantasia já perdura,
Em novo amanhecer, claro e louvável
O mesmo vento traça outro cenário
E perco a direção, seguindo ao léu,
Do inferno ao mais superno e claro céu,
O quanto tudo é mesmo temporário,
Vencer as variantes desta vida
Enquanto fecha a porta traz saída.

33802

Amores que vivemos; fino trato
E nesta galhardia, a tempestade
Gerando com ternura, ainda invade
Promessa de carinho e de maltrato
Acordo em dissonância e vejo o quanto
O mundo poderia ser diverso,
Porém ao mesmo tempo me disperso
E beijo o temporal em novo encanto,
Resumos de uma história que insensata
Permite as dores, luzes, cruzes, riso,
Negando o que pensara em paraíso
E tanto me alivia e me maltrata.
Resisto ao que pudesse ser o fim,
Mas sei desta inconstância viva em mim.

33803

Em teu amor por certo, me retrato
E vejo as várias faces de um amor,
Ao mesmo tempo traz ao sonhador
O mundo em turbulência ou num regato
Suavidade intensa e sendo assim
O quanto poderia e já não vejo,
As tantas ilusões ditam desejo
A flor entre daninhas no jardim,
O riso adentra o pranto e não sacia,
O peso de sonhar vergando a vida
E quando se prepara a despedida,
Tu trazes nos teus olhos fantasia
E tudo se refaz em noite imensa,
A dor trazendo o gozo em recompensa...


33804

Como posso dizer que sou feliz
Se tudo não passara de ilusão
Nesta inconstância imensa esta visão
Esgarça tudo aquilo que mais quis,
O fato de sonhar não mais pudera
Vencer a realidade tão feroz,
E quando ainda penso enfim em nós
Renasce a adormecida e vã quimera,
O amor tem destas coisas, disso eu sei,
Mas não suporto mais o temporal
Ausente de algum porto a minha nau
Já não conhece a paz, sublime grei,
E quando no naufrágio encontra o fim
O mundo não podia ser assim...


33805


Estando aqui contigo, minha luz
Eu posso acreditar numa esperança
E quando este vazio a voz alcança
O medo se transforma e reproduz
As cenas temerárias do passado
Aonde imaginara ao menos paz,
E quantas vezes tudo se desfaz
O corte a cada dia aprofundado,
O medo vai reinando sobre tudo
E tanto quis apenas ser feliz,
O mundo quando atroz mais nada quis
E mesmo assim decerto ainda iludo
O coração com frases, sonhos, versos,
Porém são tão complexos universos...

33806


Depois de viver tanto por um triz
Tentando adivinhar um novo passo
Ao mesmo tempo aquém eu me desfaço
E a vida continua, vaga atriz.
O peso de sonhar vergando as costas
Cenário se transforma e nada vejo
Senão as meras sobras de um desejo
Aonde as noites mortas são expostas
Sonego qualquer luz e assim prossigo
Galgando cada estrela em tom cruel
A treva dominando todo o céu
O medo de sonhar, trago comigo
E sei ser tão difícil prosseguir
Sem ter nada deveras no por vir...

33807

Eu poderia apenas perceber
O quanto em desafios dita a vida
E sei da mesma história enternecida
Aonde no passado vi prazer,
Mas tudo se perdera e sem querer
A porta sonegando uma saída
A morte a cada passo sendo urdida,
Quem sabe noutro espaço eu possa ter
Ao menos um instante e nada além
O quanto do vazio me contém
Negando qualquer passo rumo ao tanto,
E sendo mais distante deste olhar
O brilho mais constante de um luar,
Restando a quem sonhara o desencanto...

33808

Antigamente, a vida era vazia
E nada traduzira ainda a sorte
De quem ao procurar quem o conforte
Noutro caminho espúrio inda se guia,
O resto se perdendo na canção
Longínqua noite expressa este tormento
E quando nalgum sonho eu me alimento,
As sombras demonstrando a negação
Do quanto poderia e não existe
O velho coração, as rugas tantas
E quando na verdade o sonho espantas
O resto se moldando em tom mais triste
Grisalhos olhos buscam horizonte,
Mas nada nem sequer luar desponte...

33809

Não tinha nem sorrisos nem a paz
Tampouco alguma sombra de esperança
A vida noutro fardo e sem mudança
Mostrando a mesma face tão tenaz
Ouvindo a melodia do que tanto
Pudesse em harmonia me trazer
Depois de tantos anos o prazer
Aonde poderia ter meu canto,
Mas sei que na verdade sigo ausente
E bebo esta ilusão e nada vejo,
O quanto do vazio inda prevejo
Sorvendo sem prazer esta aguardente
E nela uma alegria momentânea
Das dores e temores: coletânea...

33810

Corria entre meus dedos, a alegria
E tantas noites vagas, solitárias
As dores entre tantas procelárias
Apenas o que busco o tempo adia
E trama novamente em inclemência
O corte mais profundo, a dor intensa
E quando na esperança uma alma pensa
Sabendo ser apenas inocência
O mundo se transforma e num instante
Sorriso aflora e toma toda a cena,
Mas quando a vida volta e me envenena
A face que pensara deslumbrante
Voltando à realidade num segundo,
Dos medos e tormentas eu me inundo...


33811

Felicidade? Nunca ter, jamais
E procurar a sombra do passado
Aonde muita vez enamorado
Pensara ter ao menos manso cais,
O vento se transforma em temporal
E tudo se transcorre em tom diverso
Quem tanto acreditara agora imerso
Na mesma insanidade que é fatal,
Risonho caminhar em noite clara,
Cenário que em romântica loucura
Durante muito tempo se procura,
Porém a realidade desmascara
E traz em treva e dor, a face amarga
Da vida que a verdade cala e embarga.

33812

Porém, quando chegaste a minha vida
Acostumada aos medos e vazios
Tocando com ternura nervos, fios,
Mudando a mesma história repetida,
Deixando-se antever a claridade
Aonde não havia sequer luz,
O quanto deste sonho ainda pus
No mundo aonde o sonho toca e invade
Gerando novo tempo dentro em mim,
Resgate de outra vida em mansidão
Mudando deste vento a direção
Trazendo um raro brilho, pude enfim
Acreditar nas tramas de um amor,
Ao mesmo tempo duro e sedutor.


33813


A todas as tristezas dei adeus
E busco pelo menos ter visão
De um novo amanhecer e desde então
Os dias se fizeram plenos, meus,
O quanto em alegrias quero a sorte
E tento novamente um rumo manso,
E quando este momento agora alcanço
Mudando com ternura o duro norte
Eu creio finalmente em ter enfim
O quanto imaginara e não pudera
Sabendo ser dispersa a primavera
Numa aridez imensa o meu jardim,
Fascínio pelo menos temporário,
Mudando este caminho temerário...


33814

Por isso é que te peço a paz querida
Durante tanto tempo procurada
E sei que pensaria noutra estrada
Aonde a sorte ao menos vê saída,
Agora se percebe a plenitude
Do sonho feito em glórias mansamente
Porquanto dos meus olhos já se ausente
E quando se apresente tudo mude,
Eu tento acreditar noutro momento
E desta sorte creio ser capaz
Vivendo intensamente a imensa paz
Tocando com ternura o brando vento,
Distante dos meus dias o martírio
Podendo acreditar neste delírio...


33815

Não deixe que este sonho que fascina
Um dia se termine em dor e pranto,
Por isso cada vez que teimo e canto
A sorte noutra face me ilumina,
Assim ao perceber diversa sina
Daquela que eu pensara em tal quebranto
Bebendo da emoção então me encanto
E toda esta ilusão já me domina,
Um anjo que pudesse me guiar
Trazendo entre as estrelas tanta luz,
E quando esta beleza me conduz
Aos mais sobejos raios do luar
Percebo a minha vida em plena paz
No quanto este desejo satisfaz.


33816

Acreditando agora ser feliz
Depois de tantos anos de abandono,
Enquanto da esperança enfim me adono
Vivendo tudo aquilo que eu mais quis
Sabendo este cenário aonde eu fiz
O mundo em novo plano, tento e clono
O dia em claridade; eu telefono
Buscando esta resposta e quando diz
Do amor que também sentes vejo enfim
O quanto desejara e bebo assim
A sorte desejada audaciosa
Minha alma se percebe etérea e clara
E quando toda a sorte se declara
A vida neste instante é majestosa.

33817

Vivendo em claros tons a minha vida
Depois de tantos grises descaminhos
Os dias que passara tão sozinhos
A dita agora trama mais querida
A cena que pensara já perdida
E nela sem saber de teus carinhos
Singrando um mar imenso, vãos espinhos
Percebo a glória intensa enternecida.
Revendo os meus diversos desalentos
Bebendo calmamente novos ventos
Eu posso acreditar noutro cenário,
O amor que agora toca e me domina,
Mudando com ternura a triste sina
Vencendo o pesadelo temerário...

33818

De todos os desejos que eu tivera
Na vida sem sentidos, nada além
Do quanto poderia e não contém
Senão a solidão, a velha fera
Marcada em minha pele, desespera
E toma este delírio, sem ninguém
O quanto poderia e nada vem,
Gerando a dor intensa, esta quimera,
Mas quando te percebo do meu lado,
O dia há tanto tempo desejado
Na aurora delicada em tom diverso
Tocando o meu olhar diz no horizonte
Do quanto tanto amor a vida aponte
Amaciando em paz assim meu verso.

33819



O teu perfume invade esta janela
Trazendo algum alento a quem sofria,
E assim ao se mostrar tanta alegria
A sorte noutra face se revela,
Meu sonho neste instante já se atrela
E bebe com ternura a poesia,
Meu verso com brandura se extasia
E vendo-te desnuda, mansa e bela,
Imagem cristalina que apascenta
Aonde no passado uma tormenta
Agora neste instante claridade,
Prazeres mais diversos vida afora,
Acordo e esta beleza já se aflora
E a paz que tanto busco enfim me invade...


33820

Uma gota de orvalho sobre a flor,
Imagem tão suave que fascina
E vendo da emoção suprema mina
Bebendo cada gota deste amor,
Percebo um novo mundo a se compor
E tanta maravilha me domina,
A cena tão suave e cristalina
Demonstra a maravilha em rara cor,
Um velho colibri enamorado,
Ao tempo destruído e desolado
Revive neste instante este canteiro
Aonde se fizera tão feliz,
E agora como fosse um aprendiz
Mergulha neste sonho, o derradeiro...

33821


Nas pétalas brilhantes desta rosa
Tocada pelas ânsias do rocio
O encanto quanto muito em desafio
Tornando a nossa vida majestosa
O quanto deste amor em vaporosa
Manhã se torna em louco sonho e cio,
O todo se transforma e assim desfio
A sorte muitas vezes caprichosa
Toando dentro em mim velha cantiga
Aonde toda a glória em paz prossiga
Falando deste amor que tanto eu quero
Sabendo ser assim eterno e raro,
E em cada novo verso eu te declaro
Um sentimento audaz, louco e sincero...

33822

Pudesse anoitecer em teus carinhos
E ter esta certeza de um alento,
E quando deste sonho eu me alimento
Buscando desvendar claros caminhos
Os dias do passado em desalinhos
Agora se tocando em forte vento
Deixando no passado o sofrimento
Cevando com doçura raros vinhos,
Permitem novo brilho e sou capaz
De ter a maravilha que assim traz
Aos meus tormentos tantos, solução
E sei da glória imensa desta sorte
Que tanto me apazigúe e já conforte
Mudando desta vida a direção.

33823

A vida nos teus braços tão risonha
Permite caminhar entre espinheiros
Os dias que bem sei são derradeiros
Enquanto cada noite recomponha
A sorte desejosa e nos proponha
Vencer em calmaria os nevoeiros,
Os sonhos do futuro mensageiros
Transformam nossa vida enquanto sonha
Uma alma em paz somente e nada mais,
Vencendo com ternura os vendavais
E tendo este cenário mais tranqüilo
Aonde com imensa claridade
O mundo noutra face agora invade
E nele todo o amor onde desfilo...

33824

Embora toda a rosa tenha espinho
E seja a dor prenúncio do prazer,
Eu quero nos teus braços perceber
O quanto deste sonho eu me avizinho
Bebendo com fartura este carinho
E nele até quem sabe entorpecer
Vencendo cada dia e poder ver
Um manso e mais tranqüilo, claro ninho.
Seguindo cada passo deste encanto
Assim sem ter limites teimo e canto
Tocando iridescente paraíso,
O mundo nos teus braços se mostrando
Cenário mais suave aonde um brando
Delírio se transcorre mais preciso...


33825

Minha alma desejando a plenitude
Do amor quando me invade e nada diz,
Assim eu poderia ser feliz,
Porquanto toda a história já se mude,
Eu sei deste desejo que me ilude
Não sou deveras frágil aprendiz
Nem mesmo o meu passado contradiz
O quanto tanto quero e nunca pude,
Mas vivo este momento e sem pergunta,
E quando a vida toca e nos ajunta
Expressa sem saber esta emoção
Da qual e pela qual lutara tanto,
E quando finalmente em paz eu canto
Sentindo dentro em mim renovação!

33826



De todas essas flores que colhi
Durante a vida inteira agora eu sinto
Depois de imaginar há tanto extinto
O sonho desejado e vejo-o em ti.
Porquanto poucas vezes eu senti
O quanto de delírio ora me pinto
E assim qual fora um vento ou um absinto
Que embora tardiamente enfim bebi
Deixando-me em completa embriaguez
O amor quando demais conforme vês
Domina cada passo e deixa ao léu
A consciência e toma uma razão
Entregue sem sentidos à emoção
Vagando sem voar inteiro o céu...


33827

Na comprida jornada desta vida,
Depois de ter vencido temporais
Agora eu quero muito e muito mais
Após ter encontrado esta saída
Há tanto desejada e não sabida
No amor em que desejo sem jamais
Saber desta inconstância dos cristais
A sorte finalmente sendo urdida
Nos sonhos mais audazes de quem busca
Embora a vida seja amarga e fusca
Tramar ao fim de tudo claridade,
E sei que quando o sonho realizo
Deixando no passado este granizo
Apenas o calor intenso invade...

33828

Os melhores aromas que pensara
Um dia poder ter bem junto a mim
Recendendo ao supremo e bom jasmim
Delírio de uma vida intensa e rara, a
Agora nos teus braços escancara
Qual fora a plenitude de um jardim
Trazendo todo o sonho para enfim
Mudar neste segundo esta seara
E tendo esta certeza doravante
Porquanto a vida seja deslumbrante
Eu posso acreditar noutro momento
Aonde finalmente eu possa ter
Nas ondas mais suaves do prazer
Depois de tanto medo, um claro alento.


33829

Tu és do meu caminho, rosa e brilho
O templo desejado e construído
Deixando toda a dor em triste olvido
Traçando este delírio que ora trilho
E quando ao te sentir sonho eu palmilho
Num mundo renovado e enfim sentido
Depois de tanto tempo já sofrido
Qual fora um mais terrível estribilho,
Ouvindo a tua voz eu posso crer
Num novo e mais perfeito amanhecer
Aonde se dourando imenso sol,
Tocando com ternura a minha pele
Enquanto aos tantos sonhos me compele
Entorna poesia no arrebol.


33830

A rosa tem espinhos e perfume,
Gerando tanto brilho e tanta dor,
Assim também querida a se compor
O amor quando demais, trama em ciúme
Prazer além do quanto se acostume
Poder ao mesmo tempo encantador
Enquanto noutra face é traidor
Diverso caminhar por onde rume,
Tramando tempestade em calmaria,
No quanto trama treva e poesia
Um insensato algoz que nos carinha,
Verdades e mentiras, falsos guizos,
Ao mesmo tempo inferno ou paraísos,
Do eterno e do fugaz já se avizinha.

33831

Amor entre desejo e turbulência
Ao mesmo tempo invade e me destroça
Além do que talvez ainda possa
Tomando com terror e incoerência
Por outro lado gera esta clemência
Enquanto amarga e tanto pode adoça
Gerando a plenitude ou mesmo a fossa,
Traçando sem temor a virulência,
Restando dentro em mim, farta procela
Roubando o velho leme se revela
Um cais feito em naufrágio simplesmente,
Mas sei quanto eu desejo tal loucura
Que quanto mais audaz, maior ternura
E quando mais sincero, eu sei que mente.


33832

As noites que trouxeste em agonia
Gestando em mim o medo em dores fartas
Depois ao mesmo tempo tu descartas
E tramas com ternura esta alegria,
Assim enquanto luzes me traria
Jogando sobre a mesa várias cartas
Enquanto do delírio tu me apartas
Mergulhas nesta insânia em fantasia,
Amar e ser assim, louco caminho
Aonde deste horror eu me avizinho
Também já me liberta sem descanso
Vibrante sensação de guerra e paz,
No quanto num só tempo satisfaz
Por outro lado à treva e à dor em ti me lanço.


33833

Procuram-se nas bocas os anseios
E matam-se vontades, sonhos, medos,
Assim entre delírios e degredos
Caminho por diversos tensos veios,
Enquanto noutra face são alheios
Os ritos entre trevas e segredos,
Os dias solitário morrem ledos,
E tanto me permitem sem rodeios
Etéreas maravilhas, dor e cruz,
No quanto em tempestade reproduz
O porto mais suave, manso cais,
A sorte se mostrando mais diversa
E quando noutro tanto ainda versa
Quebrando ou preservando tais cristais.

33834

Em camas separadas, repartidas
Histórias tão iguais e desejosas,
Assim as noites morrem caprichosas
Traçando paralelas nossas vidas,
E tanto quanto dizes das ungidas
Cenas entre diversas caprichosas
Pacíficas loucuras belicosas
Memórias em delírios construídas,
Agindo sem pensar sequer momento,
Enquanto se transforma em desalento
Permite a imensidão deste segundo
No qual mesmo dispersos nos unimos
E assim em desespero construímos
Em limos, lodos, sonhos, nosso mundo.

33835

Esperas e torturas nos maltratam,
Mas quando estamos juntos outro inferno,
Ao mesmo tempo dita um gozo terno
Ou tanto noutro instante nos desatam
Palavras de carinho desacatam,
Aonde se pudesse luz, inverno,
E quando me afastando em paz hiberno
Nossos desejos voltam e já resgatam,
Momentos entre fúrias e carícias
Desejos delirantes e sevícias
Marcando nossas peles, cicatrizes,
No quanto tu tatuas dentro em mim
Princípio desenhando amargo fim,
Extremas maravilhas entre as crises.

33836

As noites quando estão enluaradas
Distantes destas brumas costumeiras
Dos sonhos e delírios mensageiras
Promessas de divinas alvoradas,
Anseios e desejos noites raras,
Momentos inconstantes, mas felizes
Palavras que me dizes mais suaves
Depois ao mesmo tempo tanto agraves
Assim quando os desejos contradizes
Mudando totalmente a nossa história
A noite se tornando merencória
E a lua se escondendo nas neblinas
Amor em tempestade e calmaria
Enquanto me deslumbra e me sacia
Em outro instante vens e me alucinas.

33837

Porquanto me dominas e transtornas
As horas entre loucos temporais
O quanto te desejo ou muito mais
Depois em nova face tu retornas
E mudas em diversa direção
Gestando inconseqüência em dor e pranto,
E quando neste instante eu já me espanto
Em meio aos vãos degredos, negação
Tu vens e com sorrisos me fascinas
Assim a nossa vida continua
E quantas vezes vejo a própria lua
Deitando fartos brilhos em neblinas
Tocada pela treva simplesmente
No quanto me domina, incoerente.

33838


Não quero prosseguir nesta loucura
Insânia dominando cada cena
A vida que eu queria mais serena
Dispensa qualquer dor, tanta amargura
Só quero ser feliz e na procura
Do quanto a paz mereço em cor amena,
Porém amor transtorna e me envenena
Gerando invés de paz, farta tortura;
Ausente de teus olhos vejo a paz,
Mas quando me aproximo esta mordaz
Vontade de tocar a tua pele
Assim ao mesmo tempo me compele
E trama esta transtorno em minha vida
Só busco, inutilmente uma saída...

33839

Amar e ter apenas a certeza
De um dia em calma e paz, ah quem me dera,
A sorte noutra face degenera
E toma com terror a correnteza,
Não quero caçador sequer a presa,
Apenas calmaria onde sincera
A vida moldaria a primavera
Sem ter sequer qualquer dura incerteza,
Quem sabe no futuro, noutro tempo,
Cansado de tormenta e contratempo
Vivendo tão somente amor em paz,
Distante de loucura e tempestade
No quanto este delírio já degrade
E nunca na verdade satisfaz.


33840

Amar e ter nos olhos o horizonte
Aonde eu possa ver imenso sol,
Vivendo como fosse um girassol
Bebendo e saciando nesta fonte
E assim o meu olhar tranqüilo aponte
Tocado pelo brilho do arrebol
E tendo amor sincero por farol
E dele cada dia que desponte
Tramando a mansidão que necessito,
Vivendo a plenitude do infinito
Traçando com meu sonho este momento
Deixando no passado o sofrimento
Quem sabe pelo menos possa ter
Algum alento feito em bem querer...


33841
Épocas diversas
Feitas luz e treva
Alma quando neva
Inda mesmo versas
Vestes mais perversas
Dor viva e longeva
Onde o vago leva
Negando conversas
Dispersas manhãs
Sortes tão malsãs
Vaga tempestade
Frio após o frio
Quando desafio
O terror me invade.

33842

Como me recordo
Noites temporais
Quando muito mais
Do quanto não acordo
Vou seguindo à bordo
Tempos, vendavais
Onde magistrais
Sonhos novos bordo
Tento ver ainda
Noite bela e infinda
Onde não havia
Resta dentro em mim,
Por princípio e fim
Mera poesia.

33843

Tanto comprazia
Sorte com o vento
Quando o pensamento
Dita esta alegria
Noite em fantasia
Dia em desalento
Quando às vezes tento
Conceber o dia,
Mera circunstância
Farta discrepância
Gera o temporal,
Quem me dera escada
Ventos em lufada
Ausente degrau.


33844

Sorte que assim douro
Com olhar sobejo
Bebo o que prevejo
Novo ancoradouro
Tento algum tesouro
Além do desejo
Mas não mais almejo
Perco o nascedouro
Sangro dentro em mim
Tempo de onde vim
Singro sem saber,
Ausente do sonho,
Nada mais componho
Senão desprazer.

33845

Homem e mulher
Fúria incandescente
Quando se pressente
Haja o que inda houver
Sem medo sequer
Trama esta nascente
Onde se freqüente
O amor se puder,
Verso invade o sonho
Quando recomponho
Estradas de sol,
Perco o meu caminho,
Ledo e sem carinho,
Treva em arrebol.

33846

Busco agilidade
Onde tanto pude
Leda juventude
Morta mocidade
Quando ainda invade
Faltando atitude
E portanto mude
O que já degrade
Risco o nome enquanto
Bebo o vento e canto
Tocando infinito
Quando mais me afasto
O sonho eu desgasto,
Mas ainda grito.


33847

Amoroso céu
Entre nuvens fartas
Quando tu te partas
Prosseguindo ao léu
Gira em carrossel,
Sobre a mesa, cartas,
Passado descartas
Feito em fúria e fel,
Nado contra a fonte
E tendo o horizonte
Sob o olhar imenso,
No passado ainda
Lembrança me brinda
Com terror intenso.

33848


Onde se pensara
Novamente em luz
O quanto me opus
Torna a vida amara
Tento esta seara
Nela já propus
Vivo em contraluz
Sorte se escancara
Nada se permite
Vida sem limite
Luta que não cessa,
Amar sem perdão
Nova direção?
Velha recomeça...

33849

Tocado em nobreza
Olhos mais diversos
Busco nos meus versos
A real grandeza
Tento fuga e presa,
Contos mais perversos
Outros universos
Mesma correnteza,
Sou assim e calo,
Quando tento embalo
Sonegado o sonho,
Mergulho no nada,
Tento nova escada,
Mas me decomponho...


33850

Procurando em vão
Barco, cais e porto,
Hoje semimorto
Sem a direção
Perco o meu timão
Já não me conforto
Beijo amargo e torto
Sonega a emoção,
Risco e arisco arrisco
Onde este confisco
Toma toda a cena,
Morte se moldando,
Onde outrora brando
Verdade envenena...

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