sábado, 29 de maio de 2010

34501 até 34550

34501

Num quieto rincão
A lua derrama
A luz desta chama
Tocando este chão
O beijo e o perdão
Ao longe reclama
Uma alma desama
E tenta outro não.
O vago caminho
O risco, o sozinho
O peso da vida.
A sorte adormece
E o quanto fenece
No sol a saída?

34502

Ao rolar as peças
Vida tabuleiro
No quanto me esgueiro
Ou nada tropeças
Ainda que impeças
Dia derradeiro
Ausente braseiro
As várias promessas
E as teias do nada
Na voz da alvorada
A morte na adaga,
Assim se refaz
O canto sem paz,
A vida em tal chaga.

34503

O tempo é severo
Não deixa paragem
Vagando paisagem
Além do que espero
Se tanto inda quero
Viver outra aragem
Diversa estalagem,
Vazio diz fero
E o canto se espalha
Campos de batalha
A vida sem nexo,
E olhando no fundo
Do vago me inundo
Assim meu reflexo.

34504

Perdendo estas cores
Os céus do passado
O tempo nublado
O campo sem flores
Ainda se fores
Levando o recado
De quem se fez gado
E busca os albores,
Manhã renegada
A fonte traçada
Há tanto sedenta,
A morte se trama
E quando sem drama
Enfim se apresenta.

34505

Dos tantos rigores
Da vida sem rumo
Do tempo em que esfumo
Caminhos em dores
Ausentes amores
No beijo me escumo
E tanto perfumo
Com falsos pendores
O templo já roto
A vida este esgoto
Caminho sem volta,
O mar que buscara
Agora escancara
Uma onda revolta...

34506

Nesta luta homérica
A sorte perdida
Ausência de vida
A sorte quimérica
Distante da América
O tempo a saída
O templo, a rendida
Nesta terra esférica
O giro completo
O mundo eu repleto
Do nada que sou,
E somo o vazio
Enquanto desfio
O quanto restou.

34507

Cavalo ligeiro
Alçando o infinito
E quando inda grito
O tempo estradeiro
Do vão mensageiro
Deveras um mito
Olhar mais aflito
Do nada me inteiro
E sigo esta farsa
Aonde se esgarça
O passo num trote,
Porquanto pudera
Vencer esta fera
Salvar-me do bote.

34508

Reinando a noturna
Canção que se faz
Na luta mordaz
Vital e soturna,
A vida se enfurna
Nas tramas da paz
E quando se traz
Adentro outra furna
E bebo do quanto
Pudesse em encanto,
Mas sei que não veio.
Assim caminhando
Sem rumo, sem bando,
Fatal devaneio...

34509

Os tantos peões
Nos velhos traçados
Os dias negados
Em outras versões
Assim dos tablados,
Outras soluções
Ausentes verões
Em dias gelados,
Quedando sem ter
Ao menos querer
A vida renega
Quem tanto porfia
E sabe sombria
A noite vã, cega...

34510

Diversas jogadas
Saídas e fins,
Ausentes jardins
Buscando alvoradas
Já tanto negadas,
Dispersos chupins,
Os tantos cupins
Casas destroçadas,
E as sortes e os rios
Vagar desvarios
Cevando aridez,
Assim meu caminho
No quanto sozinho
O tempo desfez...

34511

O vento sulino
O canto cigano
A vida um engano
E assim não domino
Vitral cristalino
A sorte sem dano,
O quanto me ufano
Do velho menino
Que ainda alimento
Vital tal provento
A quem busca além
As fráguas, a lua
A vida flutua
E o mundo contém.

34512

Ardentes sonhares
Por onde morena
A lua serena
E quando voltares
Verás os luares
Na fonte que encena
A pele morena
Sobejos altares,
Guitarras e sonho,
O quanto componho
E tanto pudera,
Assim noite afora
A vida se aflora
Já morta a quimera...

34513

Tocando essa pele
A lua desnuda
O quanto me ajuda
E tanto compele
Ao gozo que atrele
A sorte miúda
E tudo se muda
No quanto revele,
Manias e ritos
Vagando infinitos
Dispersos momentos
Entregue aos umbrais
Olhando os cristais
Bebendo dos ventos.

34514

Espalhas sementes
Nos olhos e terras
E quando descerras
Os dias mais quentes
Rondando em dementes
Caminhos encerras
As noites as guerras
Os tempos descrentes,
Galgando o corcel
Alçando este céu
Lunar paraíso,
O vento me leva
Vencendo esta treva
Galope preciso.

34515


Brilhantes semeias
Entre tantas luas
As horas culturas
Enfim devaneias
As luas tão cheias
Diversas e nuas
Deitando nas ruas
Tramando sereias,
Ausente granizo
Meu passo preciso
Meu mundo se faz
Em tantos caminhos
Diversos, dos vinhos
Um gole voraz.

34516

Olhar se fartando
Do gozo da vida
Aprendo a saída
Num tempo mais brando
As nuvens em bando
Vital despedida
O quanto surgida
Em luzes tocando
A pele cigana
A sorte se dana
E o mundo se entrega,
Galgando o infinito,
Distante do grito,
A morte sossega...

34517

A lua vermelha
Deitando nas fráguas
Bebendo das águas
Aonde se espelha,
A sorte é centelha
E nela deságuas
Distando das mágoas
A vida assemelha
Ao sonho mais belo
Risonho castelo
Em meio ao cenário
Total claridade
Da lua que invade,
Do sol estuário...

34518

Ardis soluçantes
Em medos passados
Os dias negados,
Passos adiantes
Cristais diamantes
Os olhos regados
Por tantos recados
Dos cantos distantes.
Vestindo esta lua
A noite cultua
Beleza sem par
A crina o cavalo,
O sonho vassalo
Do imenso luar...

34519

Por sobre alamedas
A lua se espalha
E a fome e a navalha
Não mais te concedas
E quando segredas
A fonte e a batalha
A sorte se atalha
Em tendas e sedas,
Bebendo este sonho,
Há tanto reponho
Meu canto no encanto
Em luzes diversas,
Ao longe as conversas
Sem dita ou quebranto.

34520

Se mesmo tão tarde
Vieste trazendo
O olhar estupendo
Que tanto se aguarde,
O quanto retarde
O amor se fazendo
Além recebendo
E assim se resguarde
Meu passo, meu rumo,
Na noite me esfumo
Com sonhos e festas
Aonde te emprestas
Dos medos descalço
E danço e assim te alço.

34521

A noite rolando
Em luas e sonhos
Momentos risonhos
Um templo mais brando
E o quanto sem quando
Saber dos medonhos
Mergulho enfadonhos
Tormentos em bando.
Mas quando a centelha
Espalha e avermelha
Na chama e na brasa
Cigana presença
De uma alma convença
E a morte se atrasa.


34522

Ausência de vento
Na noite sombria
O quanto se esfria
Total desalento
E assim me alimento
Da falta do dia
Da guerra vazia
Do mundo em lamento,
Atento ao que vem
Buscando outro bem,
Sentindo o delírio
Do tempo em batalha
A faca, a navalha,
A sombra e o martírio...

34523

Roda coração
Nas ondas e ritos
Nos olhos aflitos
Na vida em senão
No medo do vão
Nos sóis infinitos
Os dias e os gritos
Total negação
Do quanto pudera
A vida se espera
E trama outro salto,
Volvendo esta lua
O todo cultua
Um templo enfim lauto.

34524

Nos ventos do norte
O canto da vida
A sorte partida
O rito da morte,
Ao menos suporte
Fatal despedida
E quando surgida
Permita outro aporte,
Restando do vago
O quanto me afago
Nas tramas da lua,
E bebo do vento
Ausente provento,
Minha alma flutua...

34525

Tocando o meu sonho
O verso lunar
O canto do mar,
O quanto componho
Das tramas me ponho
Vencido a vagar
Por tanto lutar
Diverso e tristonho,
Resisto e me entrego
O quanto navego
Sem ter mais timão,
Meu mundo vagara
Bebendo da rara
E bela amplidão...

34526

Espectros dispersos
Entranham em mim,
Galgando o sem fim
E nele se imersos
Os dias diversos
Traçaram assim
O quanto em jardim
Perderam meus versos,
Ausente chegada
Da lua velada
Em sonho e promessa,
Açoda-me o frio
O tempo desfio
E nada começa.

34527

Em risos e ritos
Palavras esparsas
E quando disfarças
As noites em mitos
Outrora em aflitos
Agora nas garças
As sortes e as farsas
Geradas nos gritos
Dos tantos pendores
Das luas e albores
Auroras e luzes,
Caminho em cigana
Vontade se dana
Por onde conduzes.

34528

Bebendo da estrela
Em goles sublimes
No quanto me estimes
Ou quando revê-la
Enfim percebê-la
Bem mais do que rimes
Assim me redimes
Somente em contê-la.
Reviso os meus passos
Ganhando os espaços
Esparsos ao vento.
A lua se entranha
Atrás da montanha
E assim me apascento.

34529

O quanto de limo
Adentra o penhasco
O mundo um carrasco
Que dano e que estimo,
O tanto inda estimo
Sem medo e sem asco,
E quando sem casco
O mundo suprimo
E venço o cansaço
E assim beijo e traço
Lunares caminhos,
Vagando sem ermo,
A vida sem termo,
Ausentes espinhos.

34530

A chave perdida
A sorte danada
O corte outra espada
Adagas da vida,
A morte sentida,
A farsa tocada
A lua enredada
Nas tramas, fugida
O vento da noite
O corte que açoite
E a sanha desfeita,
Assoma-se o medo
Bebendo o degredo
A vida se deita...

34531

Das brisas e ventos
Dias majestosos
Ritos, risos gozos
Diversos momentos
E nele os proventos
Maiores, fogosos
Dias prazerosos
Ausentes tormentos
Vestindo esta lua
Deitada flutua
E bebe este espaço
Seguindo teu prumo
Deveras me esfumo
Também me desfaço...

34532

Olhando esta rosa
Diversa de tantas
Enquanto agigantas
Bela e majestosa
A vida se goza
As dores espantas
E assim me adiantas
Em verso ou em prosa
O quanto se trama
Na fúria e na chama
No rito mais nobre
E o quanto se quer
Do gosto, mulher
Assim se descobre...

34533

Em pétalas várias
A sorte se faz
E tanto ou mordaz
Assim procelárias
Velhas luminárias
O tempo desfaz
E o quanto se traz
Das almas corsárias
Em brumas e medos
Dispersos enredos
Mortalhas tecidas
Nos ermos de um ser
A morte e o prazer
Retalhos de vidas.

34534

Os ventos tocando
A face de quem
Procura outro bem
E tanto negando
O quanto rumando
Mergulho convém
Sabendo o desdém
E nele o comando
Do corte e do vento
E quando alimento
O tempo com nada
Além do que eu possa
A vida destroça
Negando alvorada...


34535

O quanto encadeias
Em versos e luzes
As dores e cruzes
Também incendeias
E tomando as veias
Aonde produzes
Os cortes e as urzes
Matando as sereias
Dos sonhos de outrora
O mar se decora
Do esgoto e vinhoto
O quanto se brinda
À morte que finda
O sonho ora roto.

34536

A voz mais cativa
O tempo se cala
A vida vassala
A morte cultiva
Na fonte que priva
E tanto regala
Quem nada mais fala
Apenas reviva
O gozo do fim
Ausente de mim
Procuro um apoio
Nascente sedenta
A vida alimenta
De nada este arroio.

34537

Já não posso ver
Além do passado
Nem mesmo o recado
Sabendo conter
Nas mãos do querer
O tanto traçado
Ou mesmo negado
Restando o perder,
Montanhas e vales
E quanto mais fales
Maior desafio,
E sigo sozinho
Cevando este espinho
Perdendo o meu fio.

34538

A fonte secando
A morte resolve
O quanto me envolve
O vento que infando
Permite sem quando
O tanto revolve
Passado dissolve
O dia chegando,
Ausente do imenso
No tanto não penso
Seguindo sem rumo,
Galgando promessa
A sorte tropeça
Enquanto me aprumo.

34359

Aonde os mergulhos
Pudessem trazer
Além do querer
Verdades e entulhos
Atrozes marulhos
O vento a conter
A morte a tecer
Os meus pedregulhos,
Resumo meu verso
No tanto disperso
E quando revejo
O tempo não traz
Sequer mais a paz
Tampouco o desejo.

34540

Inútil sonhar
Se o templo desfeito
No quanto me deito
Diverso luar,
Bebendo a fartar
Uma alma este efeito
Do quanto perfeito
Já sei disfarçar
O gozo incontido
O dia se urdido
Nas tramas do medo,
E quando me abismo
E sorvo do sismo,
Além me concedo.

34541

Doçura infantil
Nos sonhos de outrora
O tempo devora
E tudo se viu
Ausente e partiu
No quanto demora
Ou tanto se ancora
Num templo mais vil,
Resisto o que posso
E sei que destroço
Do todo restando
No peito de quem
Sonhara e contém
Ausência tomando...

34542

Quando amanhecer
Nos olhos de quem
Se fez em desdém
Não podendo ver
A luz a tecer
Caminho que vem
Trazendo outro bem
Refeito o viver,
Negando este fato
O quanto desato
Do mundo que um dia
Gerara num sonho
E agora medonho,
A sorte fugia...

34543

Deitando seus braços
Nas sendas distantes
Olhar por instantes
Diversos espaços
E quando em tais traços
Também adiantes
Fardos degradantes
Momentos mais baços
E os dias alheios
Totais devaneios
Em ritos sombrios,
E assim se fazendo
A vida perdendo
Do gozo seus fios...

34544

Um ar tenebroso
O tempo desfeito
E quando me aceito
Diverso do gozo,
Bem sei caprichoso
E quando no leito
A lua faz pleito
Disperso e penoso
Caminhos que faço
Aonde inda traço
Alguma esperança,
Mas sei deste nada
A sorte lançada
A mão não alcança.


34545

Em riscos e ritos
Os sonhos e as sanhas
Além das montanhas
Momentos finitos
E gritos aflitos
Aonde me apanhas
Com medos e ganhas
Os sonhos malditos.
Resisto o que posso
O mundo se nosso
Jamais poderia
Trazer esta cena
Aonde envenena
Ferrenha agonia.

34546


Traçados em seda
Momentos que tento
Aonde este vento
Em paz se conceda,
A vida se enreda
Além do lamento
E assim me apresento
No quanto se veda
A porta e se erguendo
O mar estupendo
Nefasto e sombrio,
Beijando outro tanto
Assim desencanto,
Meu mundo esvazio...

34547

Pudesse em cristal
Traçar os meus dias
Quantas alegrias
Num novo degrau
O tempo outro astral
Vitais fantasias
E quando te erguias
Além bem ou mal
A vida detalha
Além da batalha
Imensa esta paz
E nela o que penso
Agora no intenso
Desejo se faz...

34548

De um manancial
Em águas suaves
O quanto me agraves
Ou fardo venal
Contemplo este igual
Momento, quis aves
Apenas entraves
E o sonho mortal
Da faca em garganta
A voz se levanta
A morte se trama,
Deixando de lado
O quanto traçado
Espelha este drama...

34549

Num canto qualquer
Deixado-me em paz
A vida se traz
Enquanto puder
No quanto vier
Ou mesmo é capaz
Do sonho tenaz
Se tanto quiser
Seguir nova senda
Aonde se entenda
Meu canto e lamento,
Mas quando me vejo
Aquém do desejo,
Entrego-me ao vento...

34550

Qual um caracol
À sombra das folhas
Enquanto recolhas
Diverso teu sol,
Tomando o cenário
O vento sutil,
O quanto partiu
O mundo corsário
Naufrágios e saques
Mergulhos no nada,
Na atroz alvorada
Sentindo tais baques,
Restando o quintal
Refúgio final.

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