terça-feira, 29 de junho de 2010

39201até 39300

1
101

O medo de sonhar ditando a vida
E traz a cada instante nova queda
A sorte num momento em vão se veda
Deixando esta ilusão em despedida
Querendo até quem sabe a consumida
Verdade aonde o todo não se enreda
O passo para frente em vão se arreda
E o canto em dissonância diz partida
Ausente dos meus olhos o desejo
E nada se aproveita em vão ensejo
Somente esta mortalha costumeira
Quem dera se pudesse ter ainda
A luz quando a verdade além se finda
Embora outro cenário esta alma queira.


Orvalhada manhã
O dia traça em sol
Beleza no arrebol
Aonde era malsã
A sorte se desnuda
E vejo em claros tons
Momentos belos, bons.
Porém decerto muda
O clima quando vês
Além da claridade
O medo esta saudade
A vida sem porquês
Gerada em abandono,
Que agora eu desabono.

2

Um vento tão suave
Traçando aonde eu quis
Talvez ser mais feliz
Sem nada que isto agrave,
Mas perco o rumo e o entrave
Adentra e por um triz,
No mundo um aprendiz
Quisera ser uma ave,
Porém atados pés
Alheio às crenças, fés
Adentro a escuridão
E o vento em mansa brisa
Aos poucos se matiza
E gera um furacão.

3

O sol emoldurando
Um dia sem igual,
O mundo em magistral
Caminho segue brando,
Porém às vezes quando
Eu penso no cristal
Mudando o ritual
O todo se negando
O mundo transformado
O amor diz do passado
Presente é sombra e guerra,
O quanto ainda havia
Deveras de algum dia
Ao longe já se encerra.

4

Fantástica beleza
Há tanto anunciada
Depois da madrugada
O dia em tal certeza
Expondo sobre a mesa
A sorte desenhada,
E assim tão bem traçada
Não resta uma surpresa,
Mas quando se percebe
A bruma em plena sebe
Cenário se transforma,
E toma nova forma
Aonde se concebe
O amor que nos deforma.

5

A mão de um deus artista
Pudera traduzir
Divina a se sentir
Quem tanto não resista
Ao quanto em ti se avista
E sendo um elixir,
Quem sabe no porvir
A dita já revista
Persista em claridade
Ou mesmo se desbota?
Assim a vida anota
O quanto dela brade
E cobra com seu ágio
Depois deste naufrágio.

6

Em plástica divina
A sorte poderia
Traçar a fantasia
Que agora me alucina,
E tanto cristalina
A luz de um belo dia
Aonde em poesia
A sorte me domina,
Mas vejo e nada resta
Senão a mera fresta
Por onde a lua vaga,
E morto desde agora
Jamais o sol se aflora
Distante desta plaga.

7

Meu coração amante
Procura a redenção
Sabendo que virão
Quem sabe noutro instante
Embora não garante
Sequer a dimensão
A dor ou emoção
No todo doravante,
Vestígios e sinais
Procuro muito mais
Que mero traço quando
O mundo em tez sombria
Agora mata o dia
E a chuva desabando.

8

A bordo do meu sonho
Apenas dor e medo,
No quanto me concedo
E creio mais risonho
O dia que proponho
Agora morre ledo
E muda o velho enredo
E nada mais componho,
Resisto o quanto posso,
E sei quanto foi nosso
O belo amanhecer,
A tarde já sonega
A vida em trevas, cega
A luz não posso ver.

9


Um passarinho voa
Vagando pelo espaço
E quando além eu traço
Dos sonhos a canoa
A vida outrora boa
Agora em tal cansaço
Prepara o que desfaço
E sigo em vão; à toa.
Mergulho no passado
E bebo o já traçado
Embora inda relute,
O passo não se vendo
Aonde sou remendo
Já nada mais me escute.

10

Apaixonante sonho
Pudesse ainda ter,
Quem sabe conceber
Um dia mais risonho?
Mas quando em vão me enfronho
Nas ânsias do querer
O máximo é perder
O rumo em tom bisonho,
Vagara sem destino
E quando não domino
Meu passo segue alheio,
Depois de tantos anos
Exposto aos velhos danos,
Encontro enfim um veio.


11

No trilho desta luz
Aonde pude ver
O sol amanhecer
E nada mais compus
Senão quanto reluz
Imerso no meu ser
O tempo de viver
Ao qual jamais me opus,
Resido na esperança
E quanto mais avança
O passo se percebe
O quanto foi sutil
O amor quando me viu
Ausente desta sebe.

12


Minha alma quieta além
Do quanto pode um dia
E jamais poderia
Viver o quanto tem
De sonho sem alguém
Aonde produzia
A luz mesmo sombria
Negando qualquer bem,
Organizando a vida
Sabendo da partida
E nela me entranhando,
O vândalo pensar
O medo de sonhar,
O amor em contrabando.

13

Vento em minha narina
Trazendo o teu perfume
E logo me acostume
Porquanto me fascina
A sorte que alucina
Domando remo e lume,
No todo já se aprume
Em tez diamantina,
Vestígios de outras eras
Agora tu temperas
Com ânsia em tez macia
E vivo a poesia
Na qual tu me entregaste
A vida sem desgaste.

14

Uma essência sentindo
Em ares mais sutis
E tento enquanto quis
Viver momento lindo,
Aonde já deslindo
Além da cicatriz
O sonho, um chamariz
E nele prosseguindo
Vencendo qualquer medo
E nisto me concedo
Além do que pudera,
Jamais eu poderia
Pensar em novo dia
Se é viva esta quimera.

15


Num átimo embriaga
Quem tanto quer a mais
Que meros funerais
Ou ponta de uma adaga,
A sorte não naufraga
E enfrenta os temporais
Sabendo em ti meu cais
Vencendo qualquer chaga,
Adentro sem limites
E sei que me permites
Realizar meu sonho,
A ti sem mais defesas
Inúteis fortalezas
Inteiro eu me proponho.

16

A vida além do cais
Ou mesmo após tempestas
E nela também gestas
Momentos desiguais
Vencidos os fatais
Delírios em que emprestas
Adentro pelas frestas
E quero muito mais
Que mera consistência
Ou dura penitência
Aonde a sorte ancora,
A vida não tem preço
E tudo que eu apreço
Aos poucos vai embora.

17

Delícia desta paz
Depois do vendaval
Momento magistral
E nele sou capaz
De crer no que se faz
Em rito divinal
Podendo sem igual
Viver de modo audaz,
Tenacidade e sonho
É tudo o que eu proponho
A quem se deu assim,
Vencidos os temores
Agora reinam flores
Domando o meu jardim.

18

Além do que eu preciso
A vida já meu deu,
O todo sendo meu
No farto e no conciso,
Embora o prejuízo
Perceba, nego o breu
E tudo se embebeu
Além do Paraíso,
Resumos destas horas
Aonde me decoras
Com brilho incomparável,
O dia após a noite
Sem dor e sem açoite,
Sem medo imaginável.

19


No orvalho da manhã
No canto de um pardal,
O tempo matinal
Moldando este amanhã
Pudesse ser assim
E ter no olhar o sol,
E sendo um girassol
Exposto em tal jardim,
Bebendo colibris
Entrando em ventanias
Cevando poesias
Percebo então feliz,
Mas quando nada disto
O quanto inda resisto?

20

Percebo quase incerto
O rumo que tramara
A sorte sendo amara
O tempo já deserto,
E morro mal desperto
Enquanto esta seara
Aonde se espalhara
O risco, o riso aberto,
O manto não cobrira
Além desta mentira
E nela te entregaste,
Perdendo a direção
Meu canto morre em vão
Sem ter sequer uma haste.


21


Na maciez do canto
De um pássaro feliz
O quanto mais te quis
E agora não garanto
Sequer se me adianto
Ou quedo em cicatriz,
Gerando ausente bis
O risco de um quebranto,
Teimando contra a fúria
E nela a grande incúria
Gestando o sofrimento
Procuro estar atento
Mas nada me garante
Somente que eu me espante.

22

Um sonho e nada mais,
Delírios de um poeta
A vida não completa
Em fúrias, temporais,
Pudessem de cristais
As sortes, mas deleta
A vida e se repleta
Turvos mananciais.
Ouvindo a voz do vento
No quanto me atormento
Procuro pelo menos
Alguma sorte aonde
O todo já se esconde
E trama seus venenos.

23


Um beijo da alvorada
Traduz o sol que eu quero
Não forte e nem tão fero
Sequer manhã gelada,
A messe anunciada
E nisto sou sincero
Dissesse o que venero
Moldando em paz a estrada,
Revejo cada engodo
E piso neste lodo
Aonde tu te espalhas,
Não quero que esta vida
Mostrasse tal ferida
Herdada em vãs batalhas.

24


O quanto já se espraia
O coração de quem
Procura por seu bem
E sem areia ou praia
Ao longe sempre traia
E quando a noite vem
Sozinha sem alguém
O sonho em vão desmaia,
Resisto enquanto ainda
A vida não deslinda
A morte que há de vir,
Pudesse acreditar
Quem sabe no luar
Amor hei de sentir...

25

Debaixo deste sol
Deitando em fogaréu
Olhando para o céu
Procuro o meu farol
E sei que na verdade
Distante estás de mim,
O todo chega ao fim
E assim a paz degrade,
Debalde imaginara
A luz em nova senda,
Sem nada que me atenda
A vida nunca é clara,
Apenas o abandono
E dele, sim, me adono.

26

Por onde ondeia a vida
Em ares, mares, luas
Estrelas seminuas
A sorte sendo urdida
Seara consumida
E nela continuas
Vencida pelas ruas
Morrendo em despedida,
Negando alguma sorte
A quem já não suporte
Sequer um passo aonde
O mundo se traduz
E nega qualquer luz
Apenas sempre a esconde.

27

Amor tão transbordante
Já não comporta a vida
Aonde vi saída
Apenas adiante
O passo se agigante
E molde a despedida
No quanto fora urdida
A morte degradante,
Resumo em paz ou guerra
O quanto se desterra
De mim em nova senda,
Já não resisto enquanto
Ainda tento e canto,
Sem nada que me atenda.

28

A luz que um dia veio
Trazer a redenção
De quem sabe o verão
E morre sem receio,
O mundo sigo alheio
E vejo desde então
A fácil solução
Ou mesmo o vão rodeio,
Encontro o que talvez
Deveras já não vês
E nem sequer sonhaste,
O mundo não conheço
E cada vão tropeço
Tramando outro desgaste.


29

Que importa ser feliz?
O tempo não responde
Por quanto a vida esconde
O todo que eu bem quis,
Apenas chamariz
Da dor em grande fronde
E nada me responde
Ao bem quando eu o fiz,
Gerando nesta ausência
Apenas a demência
E o medo de seguir
Não deixo para trás
Sequer o que se faz
Diverso em meu porvir.

30

A vida não promete
Nem mesmo poderia
Trazer um novo dia
Aonde se arremete
O verso em tom vago
E quando mais mergulho
Encontro o pedregulho
E nele corte e estrago,
Resumos deste tanto
Em dor e medo apenas,
Também tu me envenenas
E assim eu não me espanto
Com chuvas e granizos
Nem dias imprecisos.

31


Um rasgo de saudade
Aonde quis deveras
Vencer as minhas feras
E nada mais invade
Somente esta verdade
E nela destemperas
Moldando outras quimeras
Trancando a vida em grade,
Repete-se esta história
E nela tão inglória
A senda que permite
Viver ao menos isto,
E logo se desisto
Alcanço o meu limite.

32

O quanto no meu quarto
A luz se fez ausente
Olhando para frente
O nada mais descarto
E tento estando farto
O verso previdente,
Mas logo se freqüente
O corte em falso parto,
Mereço alguma chance?
Mas nada mais alcance
Sequer o brilho quando
O mundo noutra face
Aonde o medo grasse
Já tudo deformando.

33


De tanto que sofri,
Buscando alguma messe,
Mas nada mais se tece
Ou traz o amor em si,
O quanto me perdi
E nisto a vida esquece
O passo onde padece
Ausente enfim de ti,
Restando muito menos
Do quanto em mais amenos
Momentos eu pensava,
Do amor já sem fiança
A sorte não se lança
Apenas cevo a lava.

34


O quanto me fartara
Do sonho que não veio,
Do mundo sempre alheio
Da noite jamais clara,
Negando o que se ampara
Um mero devaneio
E nele sem rodeio
O corte preparara
Aprofundando a pele
E quando mais se atrele
Menor a minha luz,
Das sobras o que resta
Apenas mera fresta
Aonde em vão me pus.


35

A lua já fugiu
Distante deste olhar
E tanto a procurar
Um ar claro e gentil,
Aonde se previu
O medo a se espalhar
E gera novo altar
Deveras mais sutil,
Resumo o verso enquanto
Ainda me garanto
Ou tento um novo traço,
Restando dentro em mim
O medo já sem fim,
E nele eu me embaraço.

36

Vedete luminosa
A lua em nua face,
Aonde quer que passe
Sublime e majestosa
Derrama sobre a rosa
A prata que entrelace
E assim porquanto grasse
A senda maviosa
Resume-se me beleza
E quando esta certeza
Adentra uma alma triste,
Percebo quão divina
A luz que me domina
E Deus, eu sei existe!

37

Depois que já partira
Além do quanto eu vi
O amor que existe em ti
Agora é vã mentira
E nada se retira
Do pouco onde provi
O medo que senti
A sorte acerta a mira,
E reina no vazio
Gerando o desvario
Por onde eu mergulhava
No quanto eu acredito
Ou mesmo no infinito
Seara amarga e brava.

38

O amor se perdeu quando
O mundo no começo
Depois deste tropeço
Em nada se formando,
O corte aprofundando,
O sonho, este adereço
O vago em recomeço
O medo outrora brando
Não vejo mais a lua
E nela se flutua
Uma alma cristalina,
O passo rumo ao nada
Sonega uma alvorada
E a morte me domina.

39

Meu coração não quer
Saber de novo brilho
Deveras andarilho
Procura esta mulher
Aonde se vier
Verás o farto trilho
E nele se polvilho
O sonho que puder
O risco mais cruel
Ausente sonho e céu
Apenas medo e treva,
O todo se perdendo
O mundo em tal remendo
A morte, o medo ceva.


40

Saber do novo parto
Aonde nada havia
Negando à fantasia
O quanto em ti reparto
E logo estando farto
Recebo em poesia
O todo que inda havia
Além da sala e quarto,
O beijo mais atroz
Alguém escuta a voz
Que vem do coração,
Não tento outro caminho
E sei quanto é mesquinho
O passo em solidão.

41

Na parede, jurei,
Apenas o vazio
E quanto o desvario
Tornar-se regra e lei
Do nada que trarei
O mundo eu desafio
E o canto ora desfio,
Pois nele me entranhei,
Resumos de outros tantos
Momentos entre espantos
E quedas, quadras, regras,
Assim como partiste
O coração mais triste,
Aos poucos desintegras.


42

Não quero mais sentir
O vento promissor
De um dia feito amor
Ou mesmo no porvir
O quanto a dividir
E nisto o destemor
Permite outro louvor,
Quem sabe a redimir?
O pranto não sossega
Uma alma torpe e cega
Cansada de lutar,
Eu vejo e não respondo,
E nisto também sondo
As ânsias do luar.

43

No carnaval da vida
A sorte não promete
E nada de confete
Desfile em avenida,
Apenas a ferida
E nela se repete
O todo que compete
A quem quis a saída,
Mortalha em teia fina
O quanto me alucina
Mereço alguma luz?
Do passo em falso, a queda
Nem mesmo o sonho seda
Quem tanto não reluz.

44

Em cinzas quarta feira
Dos sonhos ora vejo
E sei do meu desejo
Aonde nada queira
Somente a traiçoeira
Vontade em ar sobejo
De um velho e vão lampejo
Ausente esta bandeira,
Recolho meus pedaços
E sei o quanto escassos
Os dias sem alguém
Por isso é que inda luto
Embora em pleno luto
E nada ainda vem.

45

Versejo e não me canso
O tempo não desfaz
A sombra mais voraz
E nisto algum remanso
Aonde em bom descanso
Pudesse mais tenaz,
Porém já nada traz
Quem sabe ao quanto eu lanço
A voz em dolorida
Estância desta vida
Apenas o non sense
E nele sem certezas
As frias correntezas
Aonde a dor compense.

46

Amores nesta vida
São cenas bem diversas
E quando desconversas
Pensando na ferida
Há tanto resumida
No rumo aonde versas
E bebes das dispersas
Manhãs, face sofrida,
Mergulho no teu braço
E quando me desfaço
Também eu quero além
Do farto desenhar
Em lúbrico sonhar
Do amor mero refém.

47

O que ficou aqui?
Somente o medo e o pranto
E nada mais garanto
Do pouco que sorvi,
Morrendo eu renasci
Nos braços do quebranto
E quando ainda espanto
A vida que há em ti
Eu tento uma defesa
E sei quanto sou presa
Das ânsias mais vulgares,
Morrer em pleno tédio
Sem medo e sem remédio
Aonde palmilhares.

48

Vadio coração
Já não suporta mais
Momentos tão iguais
Em tardes de verão,
Cansado em solidão,
Ourives dos fatais
Delírios terminais
Aonde se verão
Somente este destroço
E mesmo quando posso
Procuro este vazio,
Pois nele sempre veio
O amor já sem receio
E assim eu me recrio.

49

A mentira do amor
Traindo quem sonhava
Agora em fúria e lava
Transforma em sofredor
O mero sonhador
Que ainda luta e trava
Com toda escassa e brava
Vontade de calor,
Resumo a minha lida
Na falta de saída
No medo de seguir,
O corte na raiz
Além do que eu mais quis
Não deixa algum porvir.

50

O quanto desengana
O olhar de quem se dera
Ausente primavera
A vida soberana
Jamais leda e profana
Aonde destempera
E mata esta quimera
Enquanto já se dana,
Resumo de um passado
E nele adivinhando
O medo do futuro
Procuro e não encontro
Em pleno desencontro
O mundo em vão perduro.

51

De fraudes ando cheio,
Mentira após mentira
O todo já retira
O canto onde incendeio
E gera novo veio
O coração em tira
Errando qualquer mira
Vivendo assim alheio,
Cansado de sonhar
E nada a se mostrar
Somente esta ilusão,
E tento novamente
Embora saiba, mente
Demais um coração.

52

Agora nada levo
Sequer no olhar um brilho
Vagando noutro trilho
A morte então eu cevo,
Pudesse ser a mais
Do quanto já se dera
Ausência em primavera
As cores outonais
Inverno dentro da alma
E nada mais terei
O corte dita a lei
E o medo não me acalma,
Amando a fúria imensa,
Pois nela há recompensa.

53

Sossego meu cantar,
Depois de tanto medo,
O coração mais ledo
Ausenta este pomar
E sabe desfrutar
Apenas do segredo
E quando em tal degredo
Eu pude adivinhar
O fim da minha vida
Em cena já suprida
Por dores e fastios,
Resumo cada verso
No olhar agora imerso
Nos dias mais sombrios.

54

Não quero a claridade
Nem mesmo outro país
O mundo por um triz
Deveras já degrade
E mostre esta verdade
Além do quanto eu fiz,
O passo, este infeliz
No risco quando invade
Deixando para trás
O que me satisfaz
Resumo o meu caminho
Em pedra, dor e mágoa
A sorte então deságua
No coração sozinho.

55

Mas eis que em ti reparo
Os meus momentos duros
Em tempos mais escuros
E nunca me preparo,
O verso não ajuda
Nem mesmo a sorte abusa
Da faca mais confusa
Ou quem sabe a miúda
Por quanto pude outrora
E nada mais teria,
A vida em agonia
Agora se demora,
E sei o quanto pude
Ausente juventude.

56

Embarco no vazio
E bebo este cansaço
O olhar aonde traço
Quem sabe um desafio,
Não vendo mais estio,
Agora segue o espaço
E dita novo passo
Aonde eu me recrio,
Resumo o meu viver
Na fúria do querer
No céu em véu imenso
E quando em solidão,
Terrível amplidão,
No fim eu teimo e penso.


57

Escrito na minha alma
Em medo e dor e pranto
O quanto me adianto
E nada mais acalma
Aplaca o coração
Apenas o saber
Do sonho e do prazer
Ausente direção
Vestindo a fantasia
Que tanto não coubera
Ainda esta quimera
Em mim já resistia
Vencendo o quanto pude
Audaz ou mesmo rude.

58

Amor se verdadeiro
Resiste aos temporais
E sei do quanto o cais
Deveras traiçoeiro
Se eu tento e já me esgueiro
Em dias sempre iguais
Perdido sem jamais
Saber do costumeiro
Caminho aonde adentro
E tendo além no centro
Somente a ingrata forma
De quem se fez atroz
Calando a minha voz
E aos poucos me deforma.

59


Trazendo, no seu lume
O olhar incandescente
No quanto se apresente
E assim não me acostume
Por vezes tal ardume
Ou mesmo iridescente
Caminho aonde eu tente
E ainda vago rume,
Percebo a queda após
E sem ter mais a voz
De quem se fez mais firme,
Não basta esta certeza
No quanto sobre a mesa
A vida não confirme.

60

O dia em claridade
A morte se assemelha
E cada vã centelha
Ainda toma e invade
Gerando outra vertente
E nela me perdera
O mundo entorpecera
Quem tanto teme e sente
Ausente dos meus dias
As melodias mortas
Abrindo velhas portas
Aonde te escondias
Esbarro em meus demônios
Diversos pandemônios.

61

Se no calor do afago
Pudesse adivinhar
O quanto a sonegar
Depois do sonho eu trago
A morte nos meus cantos
E sigo sempre alerta
A sorte não desperta
E gera desencantos
Aonde no passado
Pudesse ser além
E sei quando retém
O passo lado a lado
De quem se fez ausente
E agora se apresente.

62

A dor não se derrete
Nem mesmo se adiara
Estrelas, vã tiara
Ao longe a dor compete
E tudo se reflete
Em noite imensa e clara
Porquanto inda tentara
O corte, o canivete
A morte noutra face
Aonde quer que grasse
Domina plenamente
E tudo o que inda resta
Esvai em plena fresta
Na qual a vida mente.

63


No mar de calmaria
Que tanto desenhei
O mundo noutra grei
Jamais se mostraria
Vencendo o dia a dia
No tanto que lutei
Agora mergulhei
Na lua mais sombria
Distante dos meus olhos
Apenas colho abrolhos
E nada dos florais
Canteiros entre trevas
Assim também me cevas
E ditas vendavais.

64

Veleiro da ilusão
Ao longe deste cais
Transcende aos vendavais
E trama em direção
Aonde a negação
Soubera muito mais
Os dias invernais
Agora somarão
Com toda esta geleira
Uma alma traiçoeira
Jamais conhece a paz,
Mortalhas que inda teço
Amor, mero adereço
Que a vida às vezes traz.

65

Amor, um lago calmo
Depois de tempestades?
No quanto desagrades
Talvez redima em salmo,
Porém já não me acalmo
E tanto quanto invades
Rompendo as minhas grades
Os sonhos logo espalmo
E vivo do passado
Aonde fui feliz
Quem sabe o que já fiz
E versa noutro enfado
Medonha face exposta
Talvez seja a resposta.

66

O quanto é traiçoeiro
O verso de quem ama,
Se vivo em vera chama
Apenas nevoeiro,
O canto derradeiro
No todo não se trama
E a morte inda reclama
Decerto o seu parceiro,
Um dia pelo menos
Quem sabe dos venenos
Talvez encontre enfim
Antídoto real
Ou mesmo em ar igual
Ofídico jardim.

67

É vale mais florido
O que tu me vendeste
E logo após bem este
Aonde resolvido
O passo percebido
E nele me teceste
O rumo onde embebeste
O manto repartido,
Sou caricato e errático
O quanto não sou prático
Traduzo em fantasia,
Morrendo ao léu me esgoto,
E tento estar remoto
Em mera poesia.

68

A poesia plena
De luz e de vaidade
Deveras na verdade
Ainda além acena
E digo sem ter pena
Do quanto desagrade
O verso em liberdade
A vida mais serena,
Mesquinhos dias tento
E sei do forte vento
Aonde nada resta
Senão esta mortalha
Que aos poucos já se espalha
Em senda mais funesta.


69

A fonte da esperança
Já não conheço mais
Os dias, seus cristais
A morte agora alcança
Penetra a fina lança
E toma os terminais
Caminhos sem o cais
Medonha tal mudança
E nela a minha dor
Em tanto destemor
Pudesse ainda crer
Diversa da verdade
Aonde se degrade
O quanto há desprazer.

70

Rebelde coração
Jamais me obedecendo
Agora envelhecendo
Procura a dimensão
Diversa e desde então
Reduzido a remendo,
Enquanto não atendo
A tola ingratidão,
Mesquinho camarada
Adentra a madrugada
E busca no vazio
O quanto ainda posso
E sendo este destroço
À morte enfim sacio.

71

Amor, em cada parte,
Pudesse desenhar
O quanto deste olhar
Deveras se reparte
E sigo sem tal arte
Navego céu e mar,
Cabendo-me esperar
Sabendo desencarte
Da vida e nada mais
Enquanto em sensuais
Desenhos do passado
Agora o desolado
Hermético legado
Responde-me: jamais!

72

Além deste universo
Talvez exista um rumo
E quando além me esfumo
Ou mesmo me disperso,
Não tendo mais reverso
O tempo me acostumo
O corte aonde aprumo
O manto ora submerso,
Negando alguma luz
E mesmo se me opus
Jamais verei a sorte
De quem procura o canto
E logo me adianto
Sem ter quem me suporte.

73

No verde esmeraldino
Do olhar de quem amei,
Agora noutra grei
Completo desatino,
O quanto me fascino
No sonho que guardei
E nele me entranhei
Sementes do destino,
Vestindo esta ilusão
Teimando em mesmo grão
Não vejo outro caminho,
Cevara em alegria
E agora não teria
Sequer a dor e o espinho.

74

Acordo e nada vejo
Senão este terror
Aonde desamor
Mudando num lampejo
O rumo que ora almejo
E sinto a decompor,
Cerzindo em plena dor
O nada onde prevejo
O fim somente o fim
E quando o meu jardim
Sem nada mais florido
Jogado em tais daninhas
E nele desalinhas
A flor desta libido.


75

Acalentando ao velho
O sonho mais audaz
Agora tanto faz,
Somente escaravelho
Resume a realidade
Do corpo decomposto,
O mundo em tal desgosto
Gerando o que inda brade
Na ausência da esperança
No peso do porvir
O quanto a pressentir
E o nada onde se lança
Vencido caminheiro,
O passo é traiçoeiro.

76

Acordo dentro em mim
O que inda resta vivo
E disto sou cativo,
Por isto é que inda vim,
Depois de ver o fim
Apenas sobrevivo
E quanto mais me privo
A dor é tão ruim,
Mergulho no passado
E vejo lado a lado
Alado sonho e sinto
O quanto ainda havia
E agora em fantasia
Somente morto e extinto.

77

Amor brandura e dor
Diversos elementos
E sei dos sacramentos
Aonde meu andor
Pudesse além da flor
Diversos sentimentos
E quando em desalentos
Percebo o tentador
Caminho onde me afasto
E sinto agora gasto
Em poucas horas, quando
O risco não assumo
E perco qualquer rumo
Na morte me guiando.

78

O quanto diz da trama
A morte noutra senda
Aonde se desvenda
O nada que reclama
E bebo deste drama
E nisto não se entenda
Jamais o quanto a lenda
Produz a sorte e a lama,
Resumos de uma vida
Alheia em despedida
E morta há tantos anos,
Dos cortes mais profundos,
Os dias vagabundos
Puindo os velhos panos.

79


Ao manso traz loucura
O amor dito paixão,
Tomando este timão
O quanto se procura
E nada mais o cura,
Sequer outra emoção
Vagando desde então
Nas sendas da amargura,
O parto renegado
O dia desolado
O medo a cada passo,
E assim depois de tanto
Apenas me garanto
No todo que desfaço.

80

O quanto em destempero
A vida faz de mim
Ausente algum jardim
A sorte sem esmero,
O grito o medo o caos
O plano insaciado
O risco já traçado
Distante porto e naus,
Vislumbro apenas isto
O resto que sou eu
E o todo se perdeu
Enquanto em vão persisto,
Respiro pelo menos,
E sorvo estes venenos.


81

Do amargo desta vida
O quanto pude crer
No sonho a se tecer
Mostrando uma saída,
A sorte desobriga
Quem tenta nova luz
Ainda se me opus
Na senda mais antiga
A porta se emperrando
O corte da navalha
A fúria já se espalha
E torna desde quando
O mundo se pensava
Além da mera trava.


82

O quanto temperasse
A vida em alegria,
No fundo poderia
Vencer qualquer impasse,
Mas logo vejo a face
Do mundo em heresia
E nada me inebria
Tampouco me desgrace
Mortalhas já teci
O todo sei aqui
Distante do meu passo,
Cratera mais profunda
Aonde a morte inunda
No dia a dia eu traço.

83

Na luz de quem foi terna
Eu vi o teu olhar
E agora a caminhar
Sem ter qualquer lanterna
A vida não se externa
Nem deixa mais tocar
A senda onde vagar
Nem mesmo já se interna
O sonho dentro em mim
Ao menos vejo o fim
E sei que se aproxima
Outono? Nada disto
Inverno onde eu persisto
Mudando todo o clima.

84

Amor mantendo a chama
Serena da esperança
No quanto em vão se lança
E logo já reclama
Traçando o velho drama
E nele a confiança
Jamais dita a mudança
Ou mesmo muda a trama,
Eu quis acreditar
Nas ânsias do lutar
E ver outro momento,
Mas sei quanto foi vão
Os dias só trarão
Imenso sofrimento.

172

85

Não quero e não podia acreditar
Que a vida me levasse a tal caminho
E quando me percebo mais sozinho
Cansado de teimar e de lutar
No tempo aonde tanto fui buscar
A flor e na verdade eu vira espinho
O quanto procurara e se adivinho
Não deveria nunca procurar;
Apenas resumindo a minha história
Na farpa que penetra merencória
E nisto não escapo e sigo aquém
Do quanto poderia e nunca tive,
Aonde simplesmente sobrevive
O nada meramente me contém.

86

Aprendo com meus erros, mas somente
Acreditar na cura não releva
O tempo onde vivera em medo e treva
Negando a qualquer chão sua semente,
O peso do viver não apascente
Enquanto dentro da alma sempre neva
O medo dita a regra e mata a ceva
Aonde quis outrora uma nascente
A morte me pegando devagar,
Aos poucos sinto a vida navegar
Por mares tão diversos do que eu sou,
Depois de tanta luta nada veio
Somente a solidão, e neste anseio
O tétrico caminho me restou.

87

Andara tanto tempo em busca de
Momento aonde um dia poderia
Vencer a noite amarga e tão sombria
E nela cada queda já se vê
O manto do passado diz por que
A sorte na verdade não traria
Sequer outro momento de alegria,
Um mundo muito alheio é o que se crê,
Resumo de uma vida em vagos tons,
Os sóis que ora mergulho de neons
E neles frialdade tão somente,
Enquanto inda lutara pela sorte,
Talvez inda encontrasse quem suporte,
Porém agora a própria luz só mente.

88

Egresso dos meus ermos; nada vejo
Somente este reflexo do que eu fora,
Uma alma em voz sombria, sofredora
E neste emaranhando sem desejo
O todo não passando de um lampejo
A morte se aproxima tentadora
E o quanto ainda vejo em redentora
Imagem deste nada que trovejo.
Ousando outro caminho aonde outrora
A seca de esperança desancora
O barco e leva além em tal procela,
Fastio toma conta do meu ser
Cansado tão somente de viver,
O pouco que me resta o sonho sela.

89

Negar a própria luz e ser talvez
O quadro mais espúrio em tez sombria
O marco do meu passo não havia
Senão este decrépito que vês
Especular anseio em altivez
E nele qualquer forma de ironia
Permite ao coração vital sangria
Marcando minha pele de uma vez,
O manso já não vive e morto embora
A sombra do que fora ora devora
E não deixa restar sequer um ar
Do todo se perdendo a cada instante
Aonde o meu demônio se agigante
Não pude e nem devia imaginar.


90

Aprendo com a dor, e isto me basta
Não tenho outra saída e vejo enfim
O quadro dissipando dentro em mim,
Imagem na verdade turva e gasta,
O passo quando muito já me afasta
E aproximando agora do meu fim,
O pranto não rolando e sigo assim
Até que determine esta nefasta
Realidade aonde eu dessedento
O mar em tênue tom entregue ao vento
E o sofrimento atroz; inda o contenho,
O peso do viver ora me enverga
O quanto quis sonhar e não se enxerga
Porquanto o meu caminho é mais ferrenho.

91

Não vejo mais sinal de qualquer lume
E sinto desabrida tempestade,
No pouco onde se resta o que degrade
Ainda vivo aquém do que o costume,
Por mais que na verdade ainda rume
Buscando qualquer cais que bem agrade,
Alheio ao quanto mata a realidade
A sorte noutra face não aprume,
O medo de singra tal oceano
E ser deveras mártir, desengano,
Resulto do vazio e volto a ser,
Apenas o que pude conhecer
Depois de tanta luta inutilmente
A vida em sordidez nada desmente.

92

Encontro em meus escombros a verdade
E sei que nada resta senão isto
Pudesse caminhar, mas não insisto
O passo retomando a realidade
Demonstra o que deveras se degrade
E o tempo é terminal, nele eu persisto
E sinto a dor decerto e se eu resisto
O que move meu dia? Uma saudade.
O manto se puindo enquanto eu vejo
Apenas mera sombra de um desejo
E aquém do quanto pude e não mais tento,
A morte se mostrando alheamento
E nela se cerzindo esta ilusão,
O corpo em mais total putrefação
Minha alma se perdera há tantos anos
Em meio aos mais terríveis desenganos.

93

Propósitos diversos, vozes vagas
E medos tão somente e nada mais
Aonde poderia haver um cais
E os dias com terrores tu me alagas
E sei das minhas ânsias quando tragas
Os riscos de sonhar em atos tais
Medonhos caricatos ancestrais
Arcando com meus erros, as adagas
Penetram mais profundo dentro em mim
E sei quanto mereço ter no fim
Somente a ingratidão a companheira
De tantos anos vejo lado a lado,
O ritmo tantas vezes demonstrado
Na face mais amarga e traiçoeira.

94

Assino com meu sangue o testamento
Aonde se pudesse acreditar
Nos ermos onde devo caminhar
Embora novo rumo em desalento
Pudesse tão somente e nada tento
Singra este terrível mero mar
E ter onde poder já descansar
Depois de tanta dor e sofrimento.
Rascunhos de ilusões, o que inda restam
E os dias no futuro sempre atestam
Os cantos em sofrível decadência,
A morte salvadora se aproxima
E nada possa então mudar tal clima
Certeza de um final em inclemência.

95

Acolhes a verdade quando somes
E vês os meus espectros por aí
O todo há tanto tempo já perdi
E nele cada fúria que consomes
Demonstra realmente minhas fomes
E morto há quantos anos, percebi
O alheamento enorme que há em ti
E o sonho em tuas mãos; apenas domes.
O manto desgraçado de um vivente
Que tantas vezes segue e apenas tente
Sobreviver aos ermos onde pude
Sangrar a cada verso inutilmente
E sei do quanto fora plenamente
Audaz na minha frágil juventude.

96


Esboços de uma vida em alegria
Apenas a saudade dita as normas
E quando na verdade me deformas
Talvez seja por pura hipocrisia
Decerto pouca coisa ainda havia
O corpo em tais fantoches já transformas
E toma dos demônios suas formas
E bebe o que inda resta em vã sangria,
Acordo e nada vejo singro além
Do quanto ainda resta e me provém
A tempestade dita o meu caminho,
Enquanto realmente sou mesquinho
O manto que cobria mal ou bem
Agora se demonstra mais daninho.


97

Alheio ao que inda possa apresentar
Não vejo mais saída e tento ao menos
Vencer os meus tormentos e os serenos;
Porém já nada resta em seu lugar.
O dia totalmente a naufragar
Meus passos são deveras tão pequenos
E quando imaginava mais amenos
Apenas os venenos a tocar,
O risco se apresenta enormemente
E ainda quando um brilho busque e tente
Profana realidade me entranhando
O mundo em ar jocoso trás consigo
Somente o que me resta, o meu jazigo,
Presente tão real quanto nefando.

98

Jamais pude senão ver podridão
Nos ermos de minha alma em dor e medo
E quando alguma luz quero e concedo
Apenas outras trevas tomarão
Lugar aonde quis a imensidão,
O mundo se mostrando em desenredo,
O corte aprofundando e sem segredo
Mortalha toma a sua dimensão,
Ainda não pudesse acreditar
No dia aonde pude mergulhar
Sombria realidade dita o fim,
O manto desvendando esta promessa
O dia na verdade não começa
E a morte se anuncia cedo, assim.


99

Organizando o passo em tal senzala
Aonde a sorte toma com terror
O quanto poderia ser amor,
Porém tanto silêncio alma se cala
E sabe ser deveras a vassala
E nisto se desnuda sem rancor
Procura qualquer luz e o refletor
Há tanto se afastara desta sala,
Tomando mais um gole de café,
A sorte prosseguindo e tal galé
Atada em doridos tornozelos,
A morte se aproxima a passo largo
O canto há tanto tempo agora largo
E restam tão somente pesadelos.


100

O medo de sonhar dita a verdade
E traço com meu passo a turbulência
Aonde poderia uma ingerência
Traçando com temor a falsidade
O mundo não permite que se agrade
Do todo no passado em penitência
A morte sem sequer qualquer clemência
É tudo o que sobrara, e traz saudade
De tempos idos onde fui feliz
E agora a cada dia se desdiz
Apenas demonstrando o meu final,
E sei do risco imenso de sonhar,
A queda se anuncia a divagar
Bebendo cada gota em funeral.

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