sábado, 19 de junho de 2010

37721 até 37740

1

Talvez imaginasse outro caminho
Em meio a tal cenário, deslumbrante
Aonde esta verdade se agigante
E mude um mundo vão, tolo e mesquinho.
No quanto muitas vezes vá sozinho
Ao procurar quem sabe algum instante
No pouco ou quase nada que garante
Um resto pelo menos de carinho.
Abandonando assim à própria sorte,
Sem nada que deveras me conforte
Arranco dos meus olhos a esperança,
Amortalhada cena se apresenta
Enquanto a vida segue mais sedenta
E o tempo sem perguntas, sempre avança.

2

Aos raios tão sobejos do luar
Deitando imensidões em tal encanto,
Cobrindo cada leito com seu manto
Argêntea maravilha a se entregar.
Por vezes imagino o meu sonhar
E nele cada passo eu adianto
Buscando esta alegria sem quebranto
Vencendo mansamente, devagar.
Afasto-me decerto da ilusão
E sei dos novos dias que virão
Depois da tempestade passageira,
Porém ao ver a lua em raro brilho,
Além desta esperança agora eu trilho
Nas fráguas do infinito, esta fogueira.

3

Subindo entre as estrelas e o luar,
Meu sonho adentra espaços grandiosos
E os dias do passado, tenebrosos,
Agora noutro rumo, deixo entrar
Iridescente lume a me guiar
E nele tempos novos, majestosos,
Mesmo que sejam tolos e andrajosos
Delírios de quem tenta flutuar,
Um pária se adentrando em ardentias
Diverso deste quando outrora vias
Sedento caminheiro do vazio,
Um passo rumo ao tanto em brilho farto,
Os erros do passado eu já descarto
E novo amanhecer; sem brumas, crio...

4


Tomando este cenário cintilante
Num átimo o corcel do pensamento
Vagando sem destino, bebe o vento
E assim a cada instante se agigante,
No todo onde talvez já não me espante,
Bebendo desta sorte, eu me alimento
Do brilho incandescente e num momento
Um raro e belo sol luar garante.
Penetro tantas sendas tão divinas
E enquanto mansamente me fascinas
A lua se derrame sobre nós,
Dois corpos dessedentam as vontades
Os anjos atravessam nossas grades
Fazendo da esperança a mansa foz.

5

Olhando para além deste horizonte
Aonde bebo imensa incandescência
A lua com sobeja providência
Tramando novo tempo onde se apronte
O passo procurando a viva fonte
E nela se mostrando em tal potência
A vida noutra face diz clemência
E logo amanhecer em mim se aponte.
Deixando no passado qualquer marca
Porquanto a realidade agora embarca
Nos sonhos mais fecundos onde dizes
Dos raros e diversos provimentos
Tocando com ternura os sentimentos
Sanando quaisquer medos, cicatrizes.

6

Reveste-se em dourado o pensamento
Bebendo deste sol maravilhoso,
E quando num caminho pedregoso
A vida se provém em manso alento,
Um novo sentimento teimo e tento,
Vagando sobre um céu tão majestoso,
Deixando para trás o caprichoso
Delírio que tivera em sofrimento.
Não posso mais calar frente à beleza
Estonteante lume dá certeza
De um novo e tão fantástico caminho,
Dos ermos do passado à plenitude
E a cada novo dia mais se mude
Gerando este apogeu que eu adivinho.




7

Deitando além o canto em ares tais
Gestando a maravilha aonde tenho
O olhar fantasioso, e mais ferrenho
Sedento por loucuras e cristais,
Os dias não seriam mais iguais
E quando tanto brilho já retenho,
Vibrando com o sonho hoje contenho
Momentos tão diversos, magistrais.
Ourives da esperança o sol domina
E quando mais além dourada mina
Explode em cores fartas sobre nós,
O amor um prisma raro em tons sutis,
Vivendo muito além do quanto eu quis
Ditando esta alegria em clara voz.

8

Ressoa em mim o farto da manhã
Aonde dessedento o meu anseio,
O sol por entre brumas cedo veio,
E cumpre mavioso o raro afã,
A divindade exposta em tal élan
Tesouro aonde eu sigo e não receio,
Das mais sobejas luzes me rodeio,
E sei da vida outrora vil, malsã.
Aprendo a desvendar o seu segredo
E cada passo um pouco mais concedo
Até que em plenitude já se creia
Depois de tanto tempo, cega e alheia
A vida se transforma em luz e assim
Encontro este Eldorado dentro em mim.

9

Em orações formosas, céu sublime
Dourando com seu sol a minha vida,
Aonde se pensara sem saída
O brilho em arrebol tudo redime,
Assim além do quanto já se estime,
A glória se moldando não duvida
Nem mesmo a tempestade vem e acida
Deidade com ternura ora se exprime.
Suprimo dentro em mim a dor, deveras,
E tento renovar as primaveras
Distantes deste inverno que pressinto.
Talvez seja um lampejo derradeiro,
Mas quando deste sonho um mensageiro
Traduz felicidade, enfim a sinto.

10

Adentrando os diversos mares onde
A vida se renova e traz formosa
A sensação suprema desta rosa
E nela toda a força já responde
E bebo da ilusão em rara fronde
E toda a fantasia generosa
Enquanto a vida molda caprichosa
A turbulência além; eu sei, se esconde.
Cevando este luzeiro dentro em mim,
Adentro com brandura tal jardim
Sentindo em cada flor, o seu perfume,
Assim ao penetrar em rara senda
Apenas a alegria enfim se acenda
Dourando com ternura cada lume.

11

Das sombras do passado, nada trago,
O olhar se propicia em rara luz,
E quando ao mais sublime me conduz
Deixando para trás o medo e o estrago,
As sendas da ilusão, tocando afago,
E tento novo passo em contraluz,
A fúria deste brilho já seduz
Num átimo este céu imenso e mago,
Ourives da emoção, um sol divino
E quando vislumbrando, eu me alucino
Cevando com brandura uma esperança,
Depois das tempestades, a bonança
Um tempo mais suave e cristalino
Aonde o meu olhar ora se lança.

12

Buscava dentre as flores a mais bela,
Tentando procriar felicidade,
E quando no romper da noite invade
A lua desenhada em clara tela
O todo mais fantástico revela
E assim conheço a paz, tranqüilidade,
E nela se concebe a realidade
Aonde a fantasia já se atrela,
Mudando a direção do pensamento,
Um novo e belo rumo eu alimento
Nas doces ilusões de quem se faz
Por vezes cavaleiro sem destino,
E quando nos seus raios me fascino,
Percebo o meu corcel bem mais audaz.

13

Buscava esta presença desde quando
O mundo desenhara em novas cores
Sem nada nem talvez sequer mais dores
O tempo de uma vez se clareando,
E nunca mais em mim se fez nevando
Nem ritos tão cruéis nem dissabores,
E quanto mais audaz ainda fores
O todo neste instante se formando.
Bebendo cada gota deste tanto
Aonde com ternura eu já me encanto
E sei deste cultivo feito em festa,
Do quanto em mim havia e não mais trago
O pensamento gera em manso afago
Caminho aonde o sol, a lua gesta.

14

Vagando neste brilho onde celeste
Pudesse imaginar outra saída
A messe não se vendo repartida
Apenas o caminho onde me deste
O sensual delírio nos reveste
E tanto quanto possa a já sofrida
Manhã por vezes dita a despedida,
E agora noutro rumo ora se investe.
Aprendo na constância da emoção
Vibrando com as luzes desde então
Sabendo o que talvez possa sanar
Das dores costumeiras e fatais,
Beijando os olhos gotas de cristais
Em cada raio imenso do luar.

15

Sabendo-te tão bela e em tal pureza
Não tenho mais sequer outro destino
E quando no teu lado me alucino
Entregue sem lutar à correnteza,
Vibrando por poder ser tua presa
E neste caminhar nada domino,
Apenas vejo o céu mais cristalino,
Minha alma das tempestas fora ilesa.
Decoro cada passo rumo a ti,
E tanto deste sonho eu me embebi
Que agora já não posso mais seguir
Sem tê-la junto a mim no dia a dia,
E quando em raro lume se fazia
Um sol enorme dita o meu porvir.

16

Ouvindo a tua voz, macia e breve,
Percorro este momento em ar suave,
Sem nada que deveras nos agrave
Aonde a corredeira em paz me leve,
O todo neste instante a vida ceve
E como libertária e frágil ave
Supero em plenitude qualquer trave
Não tendo sob os olhos; frio ou neve.
Aprendo a caminhar por entre flores,
E sei aonde vais, e sempre fores
Reinando em absolutas maravilhas
E quando desfilando pelas ruas
Além do passo manso em que flutuas
Diversos lumes raros tu polvilhas.


17

Porquanto no passado em ansiedade
E vida se notara em dor e medo,
Agora com ternura já procedo
Sorvendo esta brandura que me invade,
No tanto quanto tive em tempestade
O dia a dia amargo e mesmo ledo,
Percebo da alegria este segredo,
E gero após o não; felicidade.
No quanto posso mesmo acreditar
E sem temor algum, pois mergulhar
Nas ânsias dos anseios violentos,
Inebriado sonho aonde entranha
Minha alma em tão sobeja e grã montanha
Tocada por diversos, raros ventos.

18

A antiga desventura eu já não vejo,
E teimo com a doce fantasia
E dela meu passado não sabia,
Num ar fantasioso e até sobejo,
Aproveitando assim diverso ensejo
Encontro o que buscara em alegria,
E tendo em meu olhar tal ousadia
O coração desfila em azulejo.
Cedendo aos meus delírios, nada peço,
E quando aos teus desejos me endereço
Refaço a caminhada em luz tranquila,
E o coração em plena liberdade
Adentra e se concebe em claridade,
E a paz neste cenário se desfila.

19

Estando nos teus braços, acolhido
Não tenho outro momento mais feliz,
Vivendo muito além do que mais quis,
A dor se perde em vão, num vago olvido,
Quem sabe e reconhece, não duvido,
Percebe deste encanto um aprendiz
Olhando mansamente nada diz
Apenas apurar cada sentido,
Jorrando dentro em mim tanta pureza,
A vida se desnuda e com clareza
Encontro a realeza em cada passo,
E nisto dessedento a minha fúria
E bebo sem temor, rancor, lamúria
Este caminho raro que ora traço.

20

Minha alma neste instante logo anseia
O todo em plenitude que me dás,
A vida que ceifara em mim a paz,
Agora noutra face me rodeia,
E sinto esta beleza, clara e cheia,
Risonha fantasia mais audaz,
E nada de uma dor atroz, mordaz,
A sorte abençoando ora campeia
E toma todo o espaço e num segundo
Nas sendas mais divinas me aprofundo
Erguendo o meu olhar neste horizonte
Aonde todo o brilho se traduza
E mesmo sendo a vida tão confusa
Um novo rumo em paz à luz aponte.

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