quinta-feira, 3 de junho de 2010

35121 até 35130

1

O quanto do sonho
Ainda compus
Na falta de luz
No rito medonho
E quando o componho
O todo conduz
Ao medo outra cruz
E nela o bisonho
Momento gerado
Porquanto negado
Restando sem nexo,
Assim se pudesse
Em reza ou em prece,
Mas tanto perplexo.

2

Azuis céus eu tento
E busco horizontes
Por onde despontes
Sem ar violento
Se ainda apresento
Caminhos e pontes
Ou seco tais fontes
E morro sedento
No pouco que resta
A face sem fresta
A boca voraz,
O peso em mortalha
No quanto retalha
E tanto desfaz.

3

Em diafaneidades
Os sonhos se vão
E deixam no chão
As velhas saudades
Norteias e invades
Ou mesmo em senão
Sedentos virão
Olhares e grades,
Restando o passado
E dele tomado
Não vejo um sinal
Que possa traçar
Um dia a vagar
Tal mar minha nau.

4

Que fuljam estrelas
No céu dos meus sonhos
Em dias tristonhos,
Difícil contê-las
Mas quando bebê-las
Momentos risonhos
E nada enfadonhos,
Poder percorrê-las
Vagando este espaço
Aonde me traço
Sem troça ou desvio,
Assim percorrendo
O mundo estupendo
Que em sonhos eu crio.

5

Estrofes e rimas
Momentos em paz,
Aonde se traz
As velhas estimas
E quando redimas
Deste erro voraz
Ou tanto mais faz
Se tens as vidimas
E nelas o vinho
Aonde o caminho
Percorro num ato,
O tanto em promessa
A sorte tropeça
E assim me desato.

6

Levantem nos céus
Os olhos sombrios
E quando vazios
Ausência de véus,
Nos vãos fogaréus
Os mesmos tão frios
E neles vadios
Seguindo os meus léus
Repasso e reflito
O quanto finito
O olhar se desponte
No vago caminho
Aonde mesquinho
Matei o horizonte.

7

Porquanto emoções
Geradas no medo
E tanto procedo
Em tais divisões
E nelas serões
Ou versos, segredo
Bebendo do ledo
No quanto me expões.
Assisto ao meu fim
E morrendo assim
Não tenho mais chance
O sol de neon
A falta de tom
O nada se alcance.

8

Os dias, as sodas
Os tantos venenos
Olhares pequenos
Além do que rodas
E tanto sem bodas
Os mansos serenos
Quisessem amenos,
Porém logo podas,
E matas o quanto
Pudesse, entretanto
Ainda vigora
A morte sem rumo,
O beijo em que espumo
O tempo devora.

9

Das tais castidades
Aonde resguardas
Enquanto sem guardas
As noites invades
Em sonhos, saudades,
Por quanto inda aguardas
Diversas as fardas
Rompante em grades,
Vasculhas em ti
O que percebi
E tanto negaste
A noite vazia
Em tal companhia
Imenso contraste.

10

A vida sem alma
O canto sem nexo
O farto perplexo
Ainda se acalma
Nas ânsias da palma
No peso do sexo
O corte no plexo
A morte sem trauma,
O fardo que leve
O tempo se breve
Ou mesmo se atroz,
Ouvindo distante
Grito fascinante,
Ausência de voz...

Nenhum comentário: