quinta-feira, 3 de junho de 2010

35181 até 35190

1

Tantas vermelhidões
Na pele esfolada
Numa ânsia calada
Nos tantos senões
E neles repões
A sorte fadada
Ao mesmo vão nada
Em fartos porões.
Restando a neblina
Que quando alucina
Domina o cenário,
A morte se vendo
O quando desvendo
No mal necessário.

2

As velhas feridas
Os olhos calados
Os dias fadados
As sortes perdidas,
As ânsias urdidas
Em dias gelados,
Os ritos riscados,
Ausências de vidas,
Cumprindo a palavra
O nada se lavra
No nada que crio
E tento outro rumo
E quando me esfumo
Restando o vazio.


3


Ainda estas chagas
E nelas a face
Do quanto desgrace
As vidas em pragas,
Resisto ao que tragas
E vendo este impasse
Aonde se trace
Em tépidas plagas,
O corte o passado
O mundo negado
A bruma se entorna,
E o farto sonhar
Aonde a vagar
A vida transtorna.


4

Bebendo do sangue
Que tanto pudera
Sentir-me tal fera
Em lodo, num mangue
Até quando exumo
O corpo sem vida
O vento a saída
E nela sou fumo,
Aprendo a mortalha
E risco outro luto
No quanto reluto
Ou quanto se espalha
Da fúria sombria
Na ausência do dia...


5

Em sendas abertas
Nos riscos e ritos
Os dias finitos
Aonde desertas
As portas cobertas,
Os olhos aflitos
Pudessem tais mitos
E neles despertas
A morte a senzala
E nada te cala
Nem bala ou adaga,
Assim se porfia
A sorte sombria
E beija e me afaga.

6

O tanto escorrendo
Nos olhos a morte
Traçando outro corte,
Ou gozo estupendo,
A vida, um adendo
No quanto suporte
Ainda comporte
O medo desvendo,
Refaço outro trilho
Enquanto polvilho
De dores e medo
O tanto que possa
A porta a palhoça
E nada concedo.

7

Descendo tais rios
Por onde se tece
O quanto em benesse
Velhos desafios
E tantos dos fios
A sorte obedece
No todo padece
Ainda em sombrios
Caminhos searas
E quando declaras
Palavras sem nexo,
Do todo que fora,
Sorte redentora
Ausente reflexo.


8

Do todo quis tudo
E nada se via
Ainda agonia
E nela me iludo,
Sem tanto, contudo
Saber da sangria
O quanto porfia
O corte miúdo,
O peso da vida
Quando sendo urdida
Nas tramas do não,
Encontro o restolho
E logo o recolho
Bebendo o senão.

9

Se ainda estou vivo
Ou sorvo a mortalha
O corte atrapalha
E nele me crivo
Resulto do privo
E tento o que espalha
Num fogo de palha
No olhar mais cativo,
Resumo esta senda
Aonde se estenda
O nada que sou,
Resumo do vago,
O parto onde trago
O quanto restou.

10

Caminho nervoso
Por entre montanhas
E sei destas sanhas
Ausência de gozo,
O fardo jocoso,
As horas que lanhas
As ânsias já ganhas
Dia pedregoso,
Pergunta sem nexo
Olhando o reflexo
Perplexo espelho
E tento outra sina,
O quanto alucina,
Em nada aconselho.

Nenhum comentário: