quinta-feira, 3 de junho de 2010

35231 até 35240

1

Não resta nem sequer teu telefone
Do todo que já fomos e perdi
Olhando minha sombra chego a ti
E passo nova noite dura e insone,
Vagando pelo tanto que te quero
Mergulho no passado e busco ainda
Imagem que ilusão teima e deslinda
Num tempo mais feliz e agora fero,
Restando muito pouco do que tento
E busco inutilmente vida afora
Saudade tão somente me devora
Tomando sem parar meu pensamento,
Vagasse por espaços siderais
Bebesse de teu porto um pouco mais...

2


A dor que já sangrei me dignifica,
Mas nada justifica este não ser
E quando me entranhando o desprazer
O quanto do passado não se explica,
Resoluto caminho em vaga estrada
E penso no que possa, mas não tendo
Sequer do quanto quis um mero adendo
A noite se resume sempre em nada.
Vasculho nos meus ermos e te encontro,
Galgando novo sonho aonde eu possa
Falar desta saudade que se apossa
Gerada pelo imenso desencontro,
Resumo de uma vida num segundo
Aonde no vazio me aprofundo.

3

Meu tempo que perdi nada edifica
Nem mesmo algum resquício resta em mim,
Do tanto que sonhara e sei o fim,
A morte na verdade nada explica
Senão este vazio em que caminho
E basta tão somente algum alento
E quando novo passo ainda tento
Percebo o quanto sou triste e sozinho,
Mergulho nos escombros do que fui
E o todo desejado se transforma,
Apenas o não ser tomando forma
E o quanto ainda resta agora rui,
Bebendo deste vento em tempestade
Restando dentro em mim tanta saudade...


4



A voz que grita aflita sem sinal
Sequer do que pudesse ser reposta,
No quanto do vazio segue exposta,
Morrendo pouco a pouco em vil final,
Do todo nada tendo, sequer sombra,
Mergulho no medonho sonho e tento
Ainda discernir o sofrimento
E apenas o degredo tanto assombra
Quem dera se eu tivesse em mim a sorte
De um dia mais feliz e nada vindo,
Somente este terror e o medo infindo,
Deixando sem sentido qualquer norte,
Saudades vão ditando o dia a dia,
A face que me ronda, mais sombria.

5


Mas teimo em estampar minha revolta
Na face mais temida em duro ardil,
O quanto poderia e não se viu
Do todo que entranhara não se solta,
O peso do viver vergando as costas,
A solidão domina cada instante
E mesmo que deveras se adiante
O tempo só revolve velhas crostas,
Percebo sem perdão cada degredo
Sofrendo cada vez que me recordo,
E quando noutro tempo ainda acordo
Resumo do que fora outrora medo,
Apenas um resíduo terminal
De um sonho que pensara magistral.

6


Procura navegar a nave em mares
Diversos do que tanto procurara,
A noite aonde um tempo se fez clara
Agora novamente sonegares.
Resumo cada verso em solidão
E bebo da saudade e se tropeço
O passo na verdade não impeço
E perco novamente uma visão
Do quanto poderia e se negando
Transborda e me inundando deste fel,
Gerado pelo medo mais cruel,
E nele novo tanto aonde quando
Pudesse ser maior e bem melhor,
Porém o descaminho eu sei de cor.


7

São labaredas, queimam. Minha escolta
É feita por escudos mais sombrios
E sigo sem saber tais desvarios,
Minha alma solitária se revolta
E bebe da saudade e simplesmente
Reproduzindo o nada que me resta
O medo e esta incerteza ainda gesta
O quanto poderia haver na mente.
Meus olhos noutro rumo vão cativos
E tento procurar um novo mundo,
Aonde nos mais ermos me aprofundo
Tentando ter momentos mais altivos,
Resenhas costumeiras, solitárias,
As horas jorram noites procelárias.

8

As marcas do teu beijo, o teu batom
Ainda na camisa, nos meus sonhos,
E quando se mostraram mais risonhos
Ditaram da esperança cada tom,
Mas sei que se perderam neste tempo
Aonde nada traz senão vazios,
E quando percorrendo velhos rios
Apenas corredeiras, contratempo,
Esboço algum sorriso e nada vem,
Somente a solidão já costumeira
E tento novamente outra ribeira,
Porém olhando em volta, sigo aquém
Do quanto ainda em sonho poderia
E nada refletira um novo dia.


9

Nas minhas fantasias lapidando
O sonho recriado a cada instante
Momento mais sobejo se adiante
Transforme o meu caminho bem mais brando
Uma alma percebendo esta vontade
Do quanto poderia ser feliz,
E o tempo muitas vezes já não quis
Deixando qualquer sonho na saudade,
Recrio o meu caminho e beijo a sorte
Aonde todo o tempo se pudera
Tramando a sorte rara e mais sincera
Que tanto poderia e me conforte,
Gerando tanta luz em raro afeto
Aonde na verdade me completo.


10


O deus que é da esperança, enfim, vibrou
Em consonância rara com meu sonho,
Ousando perceber o que componho
Gerado do que dentro em mim sobrou
E quero muito além do simples fato
Aonde poderia mergulhar
Sabendo cada passo e aonde andar,
E nesta sensação eu me retrato
Resulto de outro tempo mais feliz,
E bebo cada gota enluarada
No orvalho noutra senda demarcada
Vivendo eternamente um aprendiz
Sinais de tantas sombras na janela
Do tempo aonde o tempo se revela.

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