sexta-feira, 4 de junho de 2010

35401 até 35410

1

tua boca aberta
Draga tempestades
E quanto mais brades
Mais além deserta
A sorte encoberta
Velhas tolas grades
E quantas verdades
Neste falso alerta
Entre medos, sonho
Quando me proponho
Venço os ermos meus,
Ausentando em festa
Abrindo outra fresta
Preparando adeus.

2

Quanto ser herói
Pode me causar
Além do vagar
O que tanto dói
Ou quando se mói
Outro navegar
Entre céu e mar,
Nada se constrói
Rói uma esperança
Onde o vão se lança
E transcorre audaz
Passo inusitado
Bebe do passado
Procurando a paz.

3

Este olhar covarde
Este medo atroz,
No quanto feroz
Tanto quanto tarde,
Nada mais aguarde
Selando esta voz
No que fora algoz
Hoje se resguarde
Apontando a lança
Vaga por lembrança
Embora sutil,
Tento novo enredo,
Mas não me concedo
Onde o nada viu.

4

Um sonho menino
Libertário canto
E quando me encanto
Logo me fascino
Perco e não domino
Resta a queda e o manto
Onde tanto espanto
Lendas do destino,
Sedento viajo
E se tanto eu ajo
Contra a minha fé
Inda trago em mim
Presa até meu fim
Corrente e galé.

5

Quanto mais valente
Passo rumo ao nada
Noutra mesma estada
Nova se apresente,
Nada me apascente
Lenda desvairada
Rota decifrada
Neste olhar urgente,
Falsas as promessas
E se ali tropeças
Peças não se encontram
Olhos buscam cais
Tanto temporais
Já nos desencontram.

6

Surges do vazio
Quando mais tenaz
O caminho traz
Novamente o frio
Descendo este rio
A foz não se faz
Na distante paz,
Tanto desvario
Ritos mais diversos
Entre tantos versos
Promessas e luas
Cenas passageiras
Velhas mensageiras
Em palavras nuas.

7

Deste abismo imenso
Onde me entreguei
Ausência de lei,
Nada me convenço
E quando inda penso
Noutro tanto eu sei
Do que nesta grei
Já não mais compenso
Passo alheio sigo
E se vou contigo
Tento novos rumos,
Mas deveras morto
Sem saber do porto
Distantes meus prumos.


8

Negra tempestade
Noite insana em trevas
E quando tu nevas
O terror invade,
Tanto desagrade
Quanto em fartas levas
Renegando cevas
Cultivando a grade
Liberdade ausente
E por quanto tente
Nada mais se vê
O caminho expressa
A falsa promessa
Feita sem por que.

9

De onde tu descendes?
Nada mais seria
Velha tez sombria
Quando além ascendes
Fogaréus acendes
Plena noite fria
Álgida agonia
Dela não rescendes
Riscos vagos quedas
Nas mesmas moedas
Preços mais diversos
E assim me entregando
Mesmo se nefando
Sonegando os versos.

10

Quando além nos astros
Vejo algum sinal
Deste fato tal
Renegando lastros,
Procurando rastros
Tudo sempre igual,
Ponto mais frugal
Derrubando mastros,
Quedas e naufrágio
Amor cobrando ágio
Peça sobre peça
Nada do que tenho
No vital empenho,
Caminhar impeça.

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