sábado, 5 de junho de 2010

35531 até 35540

1

O quanto ainda sonho
Embora realmente
O tempo já se sente
Às vezes sou tristonho,
Mas bebo e te proponho
O novo se apresente
E tudo novamente
Será conforme um sonho?
Não mesmo, na verdade
Uma ilusão que agrade
É sempre necessária.
Palavra que amacia
O renascer de um dia,
Uma alma libertária.

2

Enquanto encontrarão
Pedaços do que fomos,
Ou mesmo velhos gomos
Num passo tosco e vão
Seguindo a direção
Se além disto repomos
E assim já nos propomos
À força da estação,
Embora em pleno outono
Da primavera adono
E planto uma semente
Aonde possa haver
Resquícios de um prazer
E ainda, ao longe, vente.

3

Adentro em rara praia
Aonde em concha e areia
O tempo que incendeia
Deveras não me traia
Enquanto ainda atraia
O passo da sereia,
Penetra em minha veia
O tempo onde se espraia
Beleza soberana
Que mesmo quando engana
Por não ser persistente
Transforma e me renova,
Coloca então à prova
O que esta alma ora sente.

4

Um místico caminho
Levando para o farto
Do qual se não me aparto
Jamais irei sozinho,
O quanto se é mesquinho
Entrevado no quarto
Bebendo e não reparto
Também tão doce vinho
Que a poesia traz
E nele sendo audaz
O passo me permite
Viver além do tempo
E mesmo em contratempo
Ultrapassar limite.

5

Do quanto me alimento
De sonhos e de fatos
Diversos os retratos
E neles meu fomento
E quando o novo invento
Adentro tais regatos
E neles velhos atos
Renovam pensamento.
O sofrimento dita
A sorte se maldita
Ou se bendita vem,
Mas a alma se madura,
Estável se perdura
Da tempestade além

6

Perdendo o meu vigor
Há tanto não sabia
Que a noite quando esfria
Também tem seu calor
Envolto neste amor
E nele em fantasia
A sorte se traria
Num ar mais redentor.
O peito em primavera
Enquanto destempera
Não teme o que virá,
Sabendo da verdade
O quanto desagrade
Descarto desde já.

7

O tempo não se vê
Somente se percebe
Quando domina a sebe
E dita o seu por que.
No quanto já se crê
Ou mesmo onde se embebe,
Do quanto ora recebe
Voltando ao vão clichê,
Assim se vendo a face
Que diversa se trace
Embora consonante
É necessário ver
Seja ou não em prazer
Futuro está distante.

8

A vida se devora
E traz em cicatriz
Além do que já quis
Em dor ou riso e agora
Ao perceber de outrora
O quanto ou não mais fiz,
Ainda um aprendiz
Que algum saber devora
No olhar vivo horizonte
E quanto mais se aponte
Mais vejo além do quanto
Existe no infinito
E assim neste bendito
Caminho eu me agiganto.

9

O renovar da vida
Na própria vida eu tento
E quanto o sofrimento
Prepara em voz urdida
Nas trevas, despedida
Eu beijo o novo vento
E busco algum alento
E encontro uma saída,
Resumos do que espero
E sendo mais sincero
Não temo o quanto possa
Viver ou padecer
Tranqüilo eu posso ver
No fim, a mesma fossa.

10

A face do inimigo
Conheço neste espelho
E quando me aconselho
Buscando o que persigo,
Por vezes mal consigo
E quando me ajoelho
Metendo o meu bedelho,
Teimando em velho abrigo,
A casa abandonada
Já não me serve mais,
Exposta aos vendavais
Portanto derrubada,
Permite outra morada
No sol anunciada.

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