sábado, 5 de junho de 2010

35581 até 35590

1

A sorte já caída
Em meio aos vendavais
E nela busco mais
Do quanto a própria vida
Negasse ou descumprida
Promessa. Mas jamais
Pudesse além do cais
Vencer esta partida,
Encontro o velho espinho
E sei quanto mesquinho
O tempo dita a regra,
O verso não consegue
Seguir e se prossegue
Ausência desintegra.


2

Deitada em fina areia
Beleza sensual
Em sol, em céu e sal,
Divina esta sereia
O quanto me incendeia
Vontade sem igual
Intenso ritual,
A vida segue alheia...
No todo prometido
No gozo e no gemido
Apenas a mentira,
O quanto tu me deste
Em solo mais agreste
O tempo já retira.

3

A vida é picadeiro
Dos circos mais vulgares
E quando procurares
Além do costumeiro
Caminho aventureiro
Em falsos vis altares
Bebendo lupanares
Ou digo do puteiro
O certo, porém turvo
Desejo aonde eu curvo
A estrada mais além
Apenas o vazio
Resume o tanto cio
E nada mais contém.


4

Pudesse ser leão
Aonde mero rato,
E assim se me retrato
Buscando solução
Ausência e diversão
O corte o medo e o mato
No quanto já desato
Bebendo esta aversão,
Resumo no talvez
O quanto não mais vês
Nem tanto mais veria
Da soma que eu quisera
Imensa e rara fera,
Sou mera alegoria.

5

O quanto nunca vinha
Ou mesmo não viria
A sorte a fantasia
Um dia fora minha
Agora se avizinha
Da sorte noutro dia
E tanto mentiria
Enquanto não se aninha
No porte, corte e porto,
Assim vou semimorto,
Mas nada mais me cansa
Nem mesmo esta questão
Da ausência e direção
Da noite turva ou mansa.

6

O quanto vinha vindo
Do tempo que pudesse
Trazer alguma messe
Mas logo já deslindo
O quanto gera o findo
E tenta rumo ou prece
Enquanto nada tece
Ainda assim eu brindo
Na face do farsante
O quanto se adiante
Ou mesmo me renegue,
A parte que me cabe
Nem mesmo já se sabe
Ainda que me cegue.

7


A sorte dando um pulo
No escuro desta vida
No quanto dolorida
Ou mesmo se escapulo
No fundo não engulo
Ausência e despedida,
No quanto fora urdida
E sigo sendo fulo
Pesando em minhas costas
O quanto não me gostas
E o todo renegado,
Assim vou procurando
Perdão e desde quando
Amar fora pecado?

8


Olhar desesperado
Saltando assim de banda
A vida se desanda
Não deixa algum recado
O quanto maltratado
No tempo esta ciranda
A lua na varanda
O verso desolado,
O beijo não permite
Além deste limite
O que desejo tanto,
Mas fico no meu canto
E bebo a sensação
Da viva solidão.


9

O quanto já comeu
Da velha sobremesa
A sorte sem surpresa
Traçando o que foi meu
Enreda noutro breu
E gera com destreza
A imensa correnteza
Aonde se perdeu
O rumo, o nexo o prumo
E quando me consumo
Nas ânsias e vontades
Tu partes para além
E o quanto me contém
Virando tais saudades...



10

O quanto segue após
O tanto se esgotara
A fonte sendo clara
Ainda traz na voz
O jeito meio algoz
Ou tanto se declara
Na porta que escancara
No medo mais feroz,
Resumo o que talvez
Ainda nada vês
Nem mesmo se adivinha,
Se a dor inda persiste,
Se eu ando meio triste
A culpa é toda minha.

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