domingo, 6 de junho de 2010

35621 até 35630

1

Até nossa cor verde foi roubada
Na falta de esperança sobre a Terra
Aonde mais ao longe se descerra
A face desta imagem desolada
Não sobra deste muito quase nada
A não ser o vazio em vale e serra
E quando a fantasia assim se encerra
A sorte noutra senda destroçada,
Dói quando se imagina no passado
O solo em pleno verde esperançado
Agora em grises tons, nada mais resta
Aonde se vê apenas o vazio
A turva água domina cada rio
Deserto aonde houvera uma floresta.



2



Da terra prometida somos nada,
Apenas vaga imagem do que um dia
Talvez inda reinasse em alegria
E agora não se vê; abandonada.
O amor que traduzisse uma alvorada
E dele a mais sublime melodia
O tempo com certeza não traria
No quanto a dor invade cada estrada,
Perdão aonde a guerra sempre existe
O coração audaz, agora triste
E o mundo a cada passo se degrade
Distante deste canto feito em luz,
No incomparável brilho de Jesus
Amor feito em perdão e liberdade.


3

O sangue respingando em nossa história
Aonde poderia haver de fato
O amor onde decerto eu me retrato
E nele com ternura a plena glória
O encanto que se guarda na memória
Depois de toda instância em desacato,
A fonte já sedenta sem regato
E o corpo abandonado sem vitória,
A falta de horizonte, a dor intensa
E nela nenhum brilho que convença
Ao passageiro o fim desta viagem,
Apenas reina em nós a escuridão
Formada pelo passo sempre em vão
Tornando mais obscura esta paisagem.


4

Na certeza de nunca mais ter paz
Após esta cantiga feita em luz
O mundo abandonado entregue à cruz
Que aos poderosos dita e satisfaz
No quanto se pensara em tom mordaz
No corpo ensangüentado de Jesus,
Ao qual ninguém decerto inda faz jus
Amor já desolado agora jaz
E teimo em canto inglório e sem descanso
Sabendo que ao vazio enfim me lanço
Tentando apenas isso; liberdade
Que a cada novo tempo se transforma
Enquanto a dor domina em tosca forma
E apenas o terror por certo invade.


5

Nos destinos do povo esfomeados
As faces discrepantes da verdade
E quando se percebe a insanidade
Em frases ou caminhos já vedados,
Olhando os mesmo cães dos vãos passados
Na face aonde a vida dita a grade
Quando se espera além a liberdade
Os rumos entre espinhos desolados.
Assim se imaginando alguma chance
Da vida que deveras nos alcance
Em turbulência e lástima somente,
No quanto poderia ser diverso
O mundo continua mais perverso
E neste caminhar o fim pressente.


6

Do imenso cataclismo
Da fúria sem igual
A paz tão magistral
Mergulha num abismo
E quando ainda cismo
Num tolo ritual
Bebendo este venal
Caminho em dor e sismo,
Cinismo tão somente
É tudo que apresente
Quem canta em Vosso nome,
Reinando sobre a terra
Apenas dor e guerra
E a incontrolável fome.

7

Enquanto a ventania
Domina este cenário
O quanto é necessário
E nada se veria
Senão esta utopia
No olhar de algum corsário
Vencido e temerário
Marcado em fantasia,
No amor em paz e em Cristo
Decerto ainda insisto
Tentando acreditar
Que um dia seja além
Do quanto em vão contém
O falso e torpe altar.

8

Ao longe se levanta
O olhar de quem procura
Em noite mesmo escura
A voz onde se encanta
Tomado pela manta
Dos sonhos em ternura,
A sorte se amargura
E a própria luz se espanta,
Viessem de outros mundos
Não fôssemos imundos
Talvez fosse diverso
Do quanto somos vãos
E dizemos cristãos
No inferno mais disperso.

9

Além deste horizonte
Que possa ver agora
O mundo onde se aflora
E nele não desponte
Sequer a glória e a fonte
A fera nos devora
E o medo não tem hora
O corte sempre aponte
No rumo mais ingrato
E quando me maltrato
Numa ânsia insaciada
Eu vejo muito bem
O quanto ainda vem,
Apenas, mero nada.

10

Tomando este arrebol
A velha fantasia
Aonde se recria
Intenso e enorme sol,
A vida segue em prol
Da dor em agonia,
Porém tanto queria
Somente um girassol,
Vagando mansamente
E quando se apresente
A fera insaciável,
O turvo caminhar
Na ausência do luar
Num mundo incontrolável.

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